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Paraíba: De 1808 até a República

A chegada de D. João VI (1808) criou esperanças e foi celebrada com festas. Já em 12 de janeiro, quando a nau de João de Castro, da armada que conduzia a família real arribara na enseada de Lucena, a população manifestara a confiança nutrida na mudança da corte. Depois foi-se acentuando a linha de separação entre o norte atrasado e o Sul florescendo ao contato da realeza.

Com a chegada da família real portuguesa no Brasil, entrava em decomposição o sistema colonial no Brasil em virtude das transformações exercidas na colônia tanto na administração, como nas novas ideias implantadas, assim como na abertura dos portos ao comércio das nações estrangeiras, a elevação da colônia à categoria de reino com a criação da impressão régia, e a revogação das leis que proibiam as atividades industriais no Brasil.

Sendo o Areópagos fundado pelo naturalista paraibano Manoel de Arruda da Câmara no ano de 1799 em Itambé com a finalidade de estudar as ideologias da revolução francesa contra o absolutismo monárquico de Portugal e preparou adeptos para o sistema republicano essencialmente democrático com noção da dignidade do homem sem diferenciação de raça.

A ascensão do liberalismo trata-se de processo não apenas político, pelo ideal de independência e funcionamento das novas instituições de poder que animam, mas social, pelas três tendências associadas a camadas distintas da população. Assim, enquanto grupo já relativamente urbanizado de padres e militares, com apoio de alguns senhores de engenho, assumem posições radicais pela Independência e a República, outras facções pretendem transformações mais modestas e cingidas à esfera política, enquanto um terceiro grupo de proprietários reacionários, e altos funcionários ligados à Coroa pretendem perpetuar nossa sujeição a Portugal.

Se, no conjunto, é a ala moderada, signatária da fórmula Independência com Monarquia, que irá prevalecer, dentro da orientação de José Bonifácio. É todavia, a facção radical de padres revolucionários, maçons e republicanos federalistas que escreverá algumas das mais belas páginas da História. Os ideais de liberalismo radical continuaram animando a evolução da Paraíba onde, não por acaso, estourou a revolução de 1817.

O ano de 1817 torna-se, dentro desse processo, um ano chave. É nele que, secundando os acontecimentos de março em recife, a Paraíba toma posição em prol da chamada Revolução Pernambucana que rapidamente galvanizava a cidade da Parahyba cujos sinos repicam em sua honra, com imediata adesão das então vilas de Pombal, Itabaiana, Pilar, Souza, Campina Grande (então Vila Nova da Rainha), Mamanguape e Alagoa Nova.

Os revolucionários paraibanos que se denominaram como patriotas imediatamente enviaram ao Rio Grande do Norte uma expedição militar sob o comando de José Peregrino de Carvalho, com a missão de propagar a causa da república, que já estava proclamada em terras potiguar pelo patriota André de Albuquerque Maranhão senhor de Cunhaú com pouca aceitação pelo povo, e por conta disto José Peregrino permaneceu alguns dias no Rio Grande do Norte para ajudar a André de Albuquerque Maranhão na sua sustentação à frente do governo, porém no final do mês de Abril José Peregrino foi chamado de volta a Paraíba, e a república potiguar acabou se desmoronando em virtude do assassinato do patriota André de Albuquerque Maranhão dentro do palácio do governo.

No retorno de José Peregrino de Carvalho a Paraíba ele encontrou a república bastante enfraquecida em seus movimentos em face do bloqueio praticado em todas as partes pelas forças legais que acarretavam um desânimo nas hostes republicanas da Paraíba, e por conta disto João Alves Sanches Massa e Matias da Gama Cabral marcharam contra as forças rebeldes do Coronel Amaro Gomes Coutinho para um confronto que se realizou no dia 5 de Maio em Tibiri que levou as forças republicanas a baixar as armas com a capitulação de Amaro Gomes Coutinho no dia 6 no improvisado quartel armado no Convento de São Bento quando jurou obediência e vassalagem ao Rei Dom VI, e que com isto a Paraíba foi restaurada, e para compor o governo em caráter provisório foi chamado os legalistas Gregário José da Silva Coutinho, o Capitão João Soares Neiva e o Vereador Manoel José Ribeiro de Almeida que ficaram em plena liberdade para atuarem conforme os termos da capitulação e por conta disto no período do dia 6 a 13 de Maio ninguém foi punido ou molestado.

A exceção de José Carneiro da Cunha que era o líder da revolução e que era o líder da revolução e que escapou de ser preso por estar escondido no seu engenho Tibiri nas proximidades de Santa Rita, pois quando procurado por agentes da legalidade se encontrava metido num buraco que fora cavado na choupana de uma escrava de estimação onde permaneceu até que cessou as buscas e seguiu para a cidade do Recife onde se escondeu na casa de um amigo e embarcou para a Inglaterra junto com José da Cruz Gouveia que chegou da Paraíba por outros caminhos.

Com o restabelecimento do legalismo, foi instalado na cidade do Recife uma comissão militar que ficou encarregada de apurar a responsabilidade dos implicados na revolução de 1817, comissão esta que praticou as mais variadas injustiças ao exercer todo tipo de vingança em nome do poder legal, pois as vítimas foram sumariamente condenadas e a primeira a ser executada foi o Tenente Antônio Henrique que comandava a fortaleza de cinco pontas no Recife, e que ao caminhar para o patíbulo onde foi degredado seguiu resoluto e soltou alguns impropérios contra ao absolutismo monárquico até ser empurrado pelo carrasco e a seguir no dia 10 de Maio foram enforcados os Capitães Domingos Teotônio Jorge e José de Barros Lima o Leão Dourado que do alto da forca vociferaram contra a vingança legal e no dia 21 de Maio foram enforcados os patriotas paraibanos José Peregrino de Carvalho, Amaro Gomes Coutinho e Francisco José da Silveira e no dia 6 de Setembro subiram ao patíbulo os seus companheiros de infortúnio os Padres Antônio Pereira de Albuquerque e Inácio de Albuquerque Maranhão.

Esse impulso da emancipação repercutiu profundamente no território paraibano. O número de vítimas marcou o ardor e a expansão do movimento. Mas a luta paralisara as forças produtoras e a represália sangrenta sacudiu, a sanha das comissões militares e de alçada, as bases da sociedade em formação.

Conflagrou-se depois o interior num movimento autônomo, que se concertou com a Confederação do Equador de 1824. Só em Itabaiana houve mais de 100 mortos. A abdicação de D. Pedro I determinou novas agitações. Na noite de 24 de maio, as tropas de linha e o corpo de artilharia amotinaram-se contra o comandante e os oficiais. Era a reação nacionalista com que o governo contemporizou, aceitando como um fato consumado a destituição dos militares “suspeitos de desafetos à causa da liberdade do Brasil. A exaltação política contagiou, no ano seguinte, o interior, convulsionando, principalmente, o sertão do rio do Peixe. A intentona de Pinto Madeira refletiu na zona contigua do Ceará.

A Revolução Praieira (1848) foi mais um fator de desarranjo das finanças públicas e da economia do povo. Encerrou-se com esse movimento o ciclo das combatividades mais sadias. Mas ainda ocorreram os levantes populares do Ronco da Abelha (1852) e do Quebra-Quilos (1874), o primeiro contra a lei do registro de nascimento e óbito, e o segundo contra o sistema métrico decimal. Em 1855 ainda não havia um cemitério na capital e veio o cólera na sua primeira irrupção, com uma ceifa fatal.

Inquietações do Segundo Reinado

Não é verdade haja a Paraíba, como de resto o Brasil, ingressado, após 1849, como tanto insistem os historiadores oficiais, numa era de paz. Se é bem certo que, a nível de cúpula, mantém-se relativo equilíbrio com o revezamento dos partidos liberal e conservador, dentro das formulações do parlamentarismo manipulado pelo Imperador Pedro II, as bases da sociedade continuam inquietas.

É essa a época da Revolta Dos Mickers (1874/1875), no Rio Grande do Sul, dos quilombos do Rio de Janeiro em 1871 e 1978, das insurreições dos anos 1870, de crescimento dos suicídios dos escravos a partir de 1860, da invasão de Mossoró em 1879 e da ampliação do raio de ação das quadrilhas de salteadores nordestino, no plano nacional. do Ronco da Abelha e do Quebra-Quilos, bem como das primeiras manifestações organizadas do cangaço, no plano paraibano.

Para se entender esses movimentos, é preciso levar-se em conta a conjuntura nordestina, depauperada com a transferência do eixo da economia nacional para o centro-sul. O tempo em que a Paraíba possuía o melhor pau-brasil, coletados nas matas do litoral e pejava de açúcar, repartindo com Pernambuco e Bahia a hegemonia econômica da Nação, havia ficado definitivamente para trás. Enquanto a monocultura exaurira os melhores solos, a rotina das técnicas agrícolas e a mesmice dos equipamentos herdadas da colônia conjugavam-se para reduzir a província a uma situação de completa pobreza.

A visita de D. Pedro II, em dezembro de 1859, motivou certa vibração que soou mais como apelo para dias melhores do que como homenagem. Não adveio, porém, nenhum proveito dessa presença real. A seca de 1877 representou a maior calamidade. A Abolição, em cujo advento glorioso madrugou uma parte do Estado, contribuiu para agravar a crise agrícola.                                                                                                                 

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