O Reino da Iugoslávia (1918-1941)
Com a derrota dos três grandes
impérios (austro-húngaro, o russo e o otomano), a região finalmente se viu
livre da tutela estrangeira. Pelos tratados de Paris, em 1919, garantiu-se a
liberdade dos Reinos da Iugoslávia (formada pela Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro e Macedônia) com capital
A Grande Sérvia e a
Primeira Guerra Mundial
Em 1908 um grupo de jovens oficiais
otomanos deu início a uma revolução que pretendia modernizar o Império Turco,
mergulhando na estagnação. Ao deporem o Sultão terminaram por provocar uma onda
de descontentamento geral contra o domínio otomano. Aproveitando-se da confusão
provocada pelas reformas, o governo da Sérvia aliou-se aos búlgaros e romenos
para dar início a uma guerra que tinha como por objetivo afastar os turcos dos
Balcãs. Foi a primeira Guerra dos Balcãs, de 1911-13, que assegurou a
independência da área. Logo em seguida as ambições da Sérvia voltaram-se para a
formação da Grande Sérvia que visava anexar a Croácia (então sob domínio
austríaco) para desta forma chegar ao Mar Adriático. Os austríacos viram por
trás dessa ambição expansionista os interesses de Moscou. Como os czares da
Rússia não tinham conseguido abrir caminho para o Mediterrâneo devido ao
controle que os turcos exerciam sob as duas margens do Bósforo, estavam-se
utilizando da Sérvia para obter tal fim.
Em julho de 1914 o herdeiro do
trono austro-húngaro, Francisco Ferdinando, foi assassinado com sua esposa
quando fazia uma visita oficial à capital da Bósnia-Herzegóvina, Saravejo. O
autor do atentado era um jovem estudante nacionalista sérvio Gravilov Pincip
que, com aquele ato, desejava protestar contra a presença dos austríacos numa
região que deveria estar na órbita da Sérvia. Para o governo austro-húngaro tal
atentado serviu de pretexto para uma declaração de guerra à Sérvia o que
provocou a mobilização dos protetores dos sérvios, o Império Russo. Em pouco tempo
a Europa inteira entrou em guerra, que se estendeu até 1918.
O Acirramento do Ódio
Aproveitando-se da presença
das tropas nazistas os croatas, que se diziam oprimidos pelos sérvios, fizeram
um grande massacre junto à população civil que vivia na área da Croácia.
Registraram-se mais de 40 mil mortos pelas milícias croatas. Quem terminará por
organizar uma oposição militar à ocupação será o Partido Comunista Iugoslavo
liderado pelo guerrilheiro Josef Broz, conhecido como Tito, que assumiu o
controle das montanhas tornando a vida dos alemães um inferno. Quando a guerra
estava para se encerrar, nos começos de 1945, os guerrilheiros de Tito haviam
derrotado a maioria das 37 divisões que os nazistas haviam enviado para lá, o
mesmo ocorrendo na vizinha Albânia, com os comandados por Hoxa. As matanças
ocorridas devido à presença das tropas estrangeiras e aquelas outras que
seguiram, praticadas contra os colaboracionistas pró-nazistas, deixaram marcas
profundas entre a população local.
O ódio entre as várias repúblicas, formadas depois de 1945, foi contido devido à política hábil e repressiva de Tito. O comunismo aparentemente agia como um elemento integrador que atenuava as diferenças existentes na região (entre católicos, ortodoxos, muçulmanos, entre as culturas alemã, russa e turca) Tito tratou de diminuir a influência dos dois maiores grupos, os sérvios e os croatas, dando estatuto de maior representatividade para os outros. Quando ele veio a falecer em 1980, havia sido aprovada uma constituição que tinha por objetivo alcançar a rotatividade do poder executivo. Em cada período Legislativo seria uma etnia quem assumiria a chefia do governo. Não era possível adotar o sistema democrático na sua totalidade porque se houvesse eleições para a Presidência da República Iugoslava sempre um sérvio as venceria pois eles são a maioria: rapidamente o sistema montado por Tito degenerou numa série de declarações unilaterais de independência.
A guerra civil na Iugoslávia
Até 1991, Iugoslávia era uma
federação socialista formada por seis repúblicas; Sérvia, Eslovênia, Croácia,
Macedônia, Bósnia-Herzegovina e Montenegro. A mais forte e mais populosa dessas
repúblicas era a Sérvia, cujos habitantes professam a religião cristã ortodoxa,
em contraste com os bósnios, que são muçulmanos, e com os croatas, católicos em
sua maioria.
A despeito dessas diferenças,
a Iugoslávia permaneceu unificada durante várias décadas, sob a liderança do
marechal Josip Broz Tito. Em 1980, porém, com a morte do líder, estabeleceu-se
um sistema de rodízio no governo, pelo qual a Presidência do país passou a ser
exercida, a cada ano, pelo representante de uma das repúblicas. Em 1991,
entretanto, a Croácia e a Eslovênia se separaram da federação, declarando sua
independência.
Em represália, o Exército
iugoslavo, controlado pelos sérvios, invadiu os dois países, dando início à
guerra civil. No ano seguinte, a Macedônia e a Bósnia-Herzegovina também se
declararam independentes. A decisão não foi aceita pelos sérvios residentes na
Bósnia, provocando uma rebelião que degenerou em violenta guerra civil no
interior da pequena república.
A Iugoslávia via-se, assim, às
voltas com duas guerras civis: uma envolvendo a Sérvia, a Croácia e a
Eslovênia: a outra colocando em confronto os sérvios e os bósnios na
Bósnia-Herzegovina. Esses conflitos foram suspensos em 1995, por meio de alguns
acordos de paz mediados pelos Estados Unidos. A partir de então, a Iugoslávia
ficou reduzida às repúblicas da Sérvia e de Montenegro.
‘A partir de 1997 teve
início nova guerra civil envolvendo a província de Kosovo, na Sérvia. A Iugoslávia,
que a essa altura contava apenas com as repúblicas da Sérvia e Montenegro,
tentou reprimir o movimento separatista dos albaneses muçulmanos, a maioria da
população do Kosovo. A guerra acabou com o bombardeio da sérvia pelas tropas da
Otan lideradas pelos EUA, em 1999. Com o fim da ocupação da Otan, Kosovo ficou
sob a tutela da ONU, declarando sua independência em 2008.’
Com o fim do conflito, em
1999, e o afastamento do presidente Slobodan Milosevic, a Iugoslávia ingressou
finalmente na transição para a democracia. Em fevereiro de 2003, a República
Federal da Iugoslávia foi declarada extinta pelo Parlamento iugoslavo em sua
última sessão. Em seu lugar foi criado o Estado da Sérvia e Montenegro.
Em maio de 2006, foi realizado
um plebiscito em Montenegro para que a população decidisse sobre a
independência em reação a Sérvia. O resultado indicou a vitória da opção
separatista. Com isso, o Parlamento de Montenegro proclamou a independência de
Montenegro em relação à Sérvia.
Vale lembrar que a Otan, que
interveio no conflito, foi criada em 1949 e reunia os Estados Unidos e países
da Europa na luta contra a suposta ameaça de o bloco socialista avançar sobre
esses países do bloco capitalista. No início do século XXI, o papel da Otan vem
sendo rediscutido, já que a luta entre os blocos não mais existe. Essa foi a
única vez em que as tropas da Otan participaram de um conflito armado.