domingo, 24 de setembro de 2023

China Antiga

A presença humana na região da China é antiga. Pode ter mais de 500 mil anos. Mas pouco se sabe sobre esse tempo. Informações mais precisas surgiram apenas após o século XVIII a.C.

Nessa época, as comunidades que viviam onde hoje é a China dominavam a fundição do bronze e das ligas metálicas. Essas comunidades, que com o tempo se tornaram principados, estavam organizadas em torno de cidades-palácios, nas quais havia grande divisão social: num extremo, camponeses, que produziam gêneros de subsistência; no outro nobres, que viviam em vilas muradas, os centros militares, comerciais e religiosos.

O rei, considerado Filho de Céu, desempenhava, sobretudo, a função de chefe religioso e incumbia-se das tarefas administrativas. Aos nobres cabia defender o território contra invasões estrangeiras.

A partir do século VIII a.C., o rei foi se enfraquecendo política e militarmente, enquanto os nobres iam se fortalecendo à medida que se tornavam mais independentes. Entre os séculos V e III a.C., surgiram inúmeros conflitos entre os principados.

Qin Shi Huangdi

Em 221 a.C., Qin Shi Huangdi conseguiu um feito inédito, unificou os principados, fundando o Primeiro Império. Adotou então o título de Primeiro Augusto Imperador de Qin.

Durante seu governo (221-210), Qin impôs medidas comuns a todos os principados. A China expandiu suas fronteiras, ultrapassando os limites do vale do rio Amarelo (Huang Ho). O Império Chinês passou a abranger desde a Manchúria até o norte do atual Vietnã.

Durante sua dinastia, Qin comandou a construção da Grande Muralha, que existe ainda hoje. Além disso, implantou um sistema único de escrita e um sistema de pesos e medidas, construiu estradas e canais, mandou drenar zonas pantanosas e ordenou a exploração de florestas.

Qin iniciou também uma dura política de repressão aos opositores. Mandou queimar (213 a.C.) textos e condenou a morte muitos intelectuais. A rígida política imposta pelo imperador provocou revoltas populares e, após sua morte (210), o Primeiro Império desagregou-se rapidamente.

A dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.) procurou dar continuidade à política de Qin e manter sua estrutura administrativa. Para defender-se dos invasores, prolongou a Grande Muralha. Em termos administrativos, recrutou para o serviço público auxiliares independentes dos príncipes regionais, chamados mandarins.

Durante essa dinastia foi aberta a rota da seda, que facilitou o intercâmbio com o Ocidente. O Império Chinês abriu-se, assim, para influências externas.

Por volta do século I d.C., o budismo, originário da Índia, passou a ter influência na sociedade chinesa. Uma crise agrária levou ao fim a dinastia Han.

A sabedoria chinesa

A princípio, existia na china uma religião que concebia o mundo em três partes: o Senhor, no alto, auxiliado por antigos soberanos mortos; os vivos na terra; e os mortos, cujos vultos continuavam a habitar a terra.

No século V a.C., um filósofo de nome Confúcio elaborou uma linha de pensamento que procurava compreender a sociedade de acordo com a natureza. Assim, a filosofia de Confúcio acabou por influenciar a política. De acordo com o confucionismo, a natureza humana não é má; na verdade é um dom do céu que foi pervertido pelo uso indevido do poder. Para harmonizar a sociedade, o soberano deve, portanto, ter um papel moral.

Após o século V a.C., surgiu com Lao-tsé Zhuangzi o taoísmo, uma escola filosófica e ao mesmo tempo religiosa. Segundo Lao-tsé, o tao é um princípio cósmico que dá origem ao universo.

A escrita chinesa

Na escrita chinesa antiga não há palavras formadas por letras e sílabas representando sons. Os textos chineses antigos eram compostos de desenhos que representavam ideias, chamados de ideogramas. Atualmente existem mais de 50 mil ideogramas na escrita chinesa. Muitos deles foram criados há mais de 5 mil anos e sofreram alterações ao longo do tempo.

Para alguns especialistas, a escrita pode ter surgido primeiro entre os chineses, e não na Mesopotâmia. Essa hipótese é amparada em uma descoberta feita em 1899, no sítio arqueológico de Anyang, na China, onde pesquisadores encontraram uma carapaça de tartaruga de 8,5 mil anos com inscrições semelhantes a alguns ideogramas chineses atuais. Para esses cientistas, os sinais seriam exemplos de uma escrita rudimentar pelo menos 2 mil anos mais antiga que os escritos mesopotâmicos.

A leitura desses sinais funcionava como um verdadeiro oráculo. Os governantes, interessados em saber se seu exército teria sucesso em uma campanha militar, ou se haveria períodos de inundação ou seca, consultavam os adivinhos. Estes colocavam um bastão aquecido sobre carapaças ou ossos de tartaruga, que rachavam por causa do calor. O desenho formado por essas rachaduras era interpretado pelos adivinhos como avisos dos ancestrais.

Arqueólogos já coletaram mais de 100 mil desses ossos com rachaduras. De acordo com os pesquisadores, essas inscrições podem ser classificadas conforme suas formas e seus conteúdos. Com base na análise desses vestígios, os historiadores e outros pesquisadores levantaram importantes informações a respeito da genealogia real da dinastia Shang, que governou a China por cerca de 600 anos, entre os séculos XVIII a.C e XII a.C. As inscrições também permitem a linguistas estudarem a origem dos atuais caracteres chineses, bem como diversos aspectos da gramática chinesa.

As artes marciais

As artes marciais, chamadas em chinês de wu shu, existem a mais de 3 mil anos. São utilizadas ainda hoje como exercícios de concentração, defesa pessoal e treinamento militar.

Algumas dessas artes marciais foram criadas e ensinadas em mosteiros por monges que dedicavam boa parte da vida a praticá-las. Com o tempo, os monges passaram a ensiná-las a outras pessoas, ampliando ainda mais os estilos de wu shu. A arte marcial chinesa mais praticada hoje no mundo é conhecida como kung fu.      

O comércio

Como em outras civilizações, de início os chineses praticavam o escambo, isto é, a troca direta de mercadorias sem o uso de moedas. Mais tarde, em locais e épocas diferentes, moedas, barras e peças de ouro e de bronze foram usadas nas relações comerciais.

Durante a dinastia Han, os chineses mantiveram um intenso comércio com o Ocidente: tinham interesse especial por vidro, pedras preciosas e perfumes e exportavam principalmente especiarias e seda. Havia diversas rotas de comércio, e dentre elas se destacou a chamada Rota da Seda.

Durante a dinastia Han chegou ao esplendor a Rota ou o Caminho da Seda, que por via terrestre ligava a China ao Oriente Médio: passando pelo atual Afeganistão, pelo Turquestão chinês e pela Índia, chegava à Pérsia. Por ela o Oriente enviava ao Ocidente especiarias e seda e recebia vidro, tecido, tecido, cerâmica e moedas de ouro e prata.

 

Índia Antiga

 Há 5 mil anos, a península da Índia era habitada pelos dravidianos. Esse povo era governado por príncipes, conhecidos como marajás. Há 4 mil anos, a península foi invadida por povos arianos, de origem indo-europeia.

Com cavalos e armas de metais (ferro e Bronze), os arianos venceram os dravidianos, impondo seu domínio sobre a região. A fusão cultural desses dois povos deu origem a cultura hindu, fortemente marcada pela religião, o vedismo.

Com base nos preceitos religiosos do vedismo, a sociedade indiana foi dividida em castas. Por esse sistema, os indivíduos eram agrupados de acordo com a origem social e as tarefas que realizavam. As diferentes camadas sociais não podiam se misturar.

As castas estavam fundamentadas na crença da pureza da alma. Acreditava-se que a natureza de cada indivíduo havia sido determinada pelos deuses e não podia ser misturada.

Assim, as castas eram rigidamente hierarquizadas, sem qualquer possibilidade de mudança social. Em outras palavras. Em outras palavras, um indivíduo não podia mudar de uma casta para outra.

Desde seu nascimento, a pessoa sabia onde poderia morar, quem poderia desposar, que atividades exerceria e até mesmo o modo de vestir e o que comer.

Entretanto, os hindus acreditavam na reencarnação, o continuo renascer da alma para alcançar estágio mais puros. Isso significava que em uma vida futura qualquer indivíduo poderia nascer em uma casta mais elevada.

A organização social da Índia compreendia inúmeras castas. No topo da hierarquia, destacavam-se: 

• Os brâmanes – eram os sacerdotes, únicos que tinham acesso aos textos sagrados e eram responsáveis por sua rigorosa aplicação;

• Os guerreiros – que defendiam o território e ocupavam cargos políticos;

• Os mercadores – que se dedicavam ao comércio.   

Havia ainda os párias ou intocáveis. Considerados os impuros, não pertenciam a qualquer casta social. De modo geral, realizavam atividades em que lidavam com animais mortos ou dejetos humanos. Eram sapateiros, curtidores, coveiros, limpadores de fossa.

A formação da Índia

No século III a.C., sob o comando de Asoka, a Índia foi unificada e organizada. Surgia assim o primeiro império indiano.

Durante o reinado de Asoka, foi tolerada a prática de todas as religiões, embora o próprio imperador tivesse se convertido ao budismo.

Surgido no século VI a.C., o budismo conquistava inúmeros adeptos ao negar o sistema de castas e pregar, entre outras coisas, que a realidade era mutável.

Religiões

Como se pode perceber, a religião exerceu importante papel na história da Índia, influenciando, entre outros aspectos, a organização social.

Vedismo, bramanismo e budismo são algumas das religiões que surgiram na Índia. Vedismo e bramanismo são orientados pelos Vedas, conjunto de escrituras sagradas, composto de quatro livros, que reúnem orações, hinos, poemas, preceitos litúrgicos, fórmulas mágicas, lendas e narrativas. O budismo possui origem distinta, não está relacionado ao vedismo nem ao bramanismo.

Vedismo – antiga religião dos hindus, contava com inúmeros deuses, geralmente interpretado como símbolos de força da natureza, como Agni (deus do fogo) e Indra (deus da tempestade). Baseava-se na força do cosmo e nos textos sagrados (Vedas). Os hindus realizavam sacrifícios orientados por um dos livros que compôem os Vedas (Yajurveda).

Bramanismo – religião que tem sua origem no vedismo. Orientada pelos Vedas, sua doutrina tem como preceitos fundamentais o respeito à ordem cósmica, a obediência ao destino e o dever de pureza, base do sistema de castas. O pensamento religioso do bramanismo tem como princípio o Braman (absoluto, totalidade, supremo), do qual tudo deriva, e os diversos deuses são personificação de seus aspectos. Brahma (criador), Vishnu (conservador) e Shiva (destruidor), que formam a trindade, são os principais deuses. Prega que a alma está sujeita a uma sucessão de vidas e renascimentos (reencarnação), que só se esgota ao atingir o grau supremo de pureza (libertação). Após o surgimento do budismo, o bramanismo sofreu uma série de transformações. A partir do século III de nossa era, o bramanismo passou a ser conhecido como hinduísmo.

Budismo – religião fundada por Sidarta Gautama, no século VI a.C. Seus ensinamentos sintetizam-se nos seguintes temas: nada é permanente, a realidade é mutável e não existe nada que seja indestrutível. Sua doutrina fundamental compreende quatro nobres verdades: a vida é dor; a causa da dor é o desejo; o fim da dor é obtido com o fim do desejo; o fim do desejo é obtido com a prática das regras morais e da disciplina ascética. Em resumo, o budismo apregoa que, enquanto o indivíduo não se liberta do desejo, não está submetido ao ciclo do renascimento. 

As origens do budismo

Sidarta Gautama, o Buda (em sânscrito, o Iluminado), nasceu no Himalaia, em 480 a.C. Membro de uma família rica, levou uma vida de jovem nobre até completar 29 anos. Cada vez mais insatisfeito e infeliz por ter uma vida rodeada de luxo, abandonou sua esposa e família e partiu em busca de uma solução para o sofrimento humano.

Contam os indianos que Buda, ao sair pela primeira vez de seu palácio, encontrou a miséria por toda parte, coisa que ele até então não sabia que existia. Iniciou, então uma meditação de 49 dias e alcançou a iluminação, ou seja, o estado de Buda. Passou a pregar seus ensinamentos, que basicamente consiste em superar o desejo para acabar com o sofrimento.

O budismo difundiu-se rapidamente porque a essência de sua doutrina era a salvação daqueles que tivessem uma boa conduta. Ao mesmo tempo, muita gente era contra porque negava o sistema de castas. Além disso defendia os humildes e oprimidos.

Artes e ciências

As artes plásticas indianas, em especial a escultura, são ricas em detalhes e combinam temas religiosos com aspectos da natureza e do amor físico.

Um elemento importante da cultura indiana são as danças, que apresentam uma grande variedade de estilos, refletindo a diversidade de povos, línguas e culturas que convivem no subcontinente.

Com a difusão do budismo, a arte indiana – arquitetura, escultura, pintura, joalheria, cerâmica, tecidos – estendeu-se por todo o Oriente e influenciou a cultura de outras regiões, como a da China e a do Japão.

No campo do conhecimento científico, a Índia destacou-se pela invenção de um sistema de numeração baseada em símbolos – conhecidos hoje como algarismos indo-arábicos, mas a princípio denominados de arábicos, pois os árabes o divulgaram para o mundo. Os indianos também aprimoraram a ideia do valor posicional dos algarismos – o valor dos algarismos depende da posição que ocupa no número –, assim como inventaram um símbolo para o zero.

Índia e China: Um olhar sobre o Oriente

Bem longe do Crescente Fértil, existiam outras sociedades que se desenvolveram ao mesmo tempo que as sociedades que estudamos até aqui. Entre elas as da Índia e da China. Localizadas no Oriente, essas sociedades mantinham contatos esporádicos com os egípcios, os mesopotâmios ou os fenícios.
A China e a Índia eram sociedades bastante diferentes daquelas que até agora conhecemos. As diferenças iam desde a organização política até a concepção de mundo, passando pelos costumes, religião, formas de trabalho, etc.
Essas características provocaram o fascínio e a curiosidade entre os povos das duas regiões. Ao longo do tempo, viajantes, mercadores e estudiosos percorreram o longo caminho que interliga esses dois mundos. Em cada um desses encontros, esses aventureiros desvendaram uma parte da cultura e das riquezas do outro.

1 – Índia

Há 5 mil anos, a península da Índia era habitada pelos dravidianos. Esse povo era governado por príncipes, conhecidos como marajás. Há 4 mil anos, a península foi invadida por povos arianos, de origem indo-européia.
Com cavalos e armas de metais (ferro e Bronze), os arianos venceram os dravidianos, impondo seu domínio sobre a região. A fusão cultural desses dois povos deu origem a cultura hindu, fortemente marcada pela religião, o vedismo.
Com base nos preceitos religiosos do vedismo, a sociedade indiana foi dividida em castas. Por esse sistema, os indivíduos eram agrupados de acordo com a origem social e as tarefas que realizavam. As diferentes camadas sociais não podiam se misturar.
As castas estavam fundamentadas na crença da pureza da alma. Acreditava-se que a natureza de cada indivíduo havia sido determinada pelos deuses e não podia ser misturada.
Assim, as castas eram rigidamente hierarquizadas, sem qualquer possibilidade de mudança social. Em outras palavras. Em outras palavras, um indivíduo não podia mudar de uma casta para outra.
Desde seu nascimento, a pessoa sabia onde poderia morar, quem poderia desposar, que atividades exerceria e até mesmo o modo de vestir e o que comer.
Entretanto, os hindus acreditavam na reencarnação, o continuo renascer da alma para alcançar estágios mais puros. Isso significava que em uma vida futura qualquer indivíduo poderia nascer em uma casta mais elevada.
A organização social da Índia compreendia inúmeras castas. No topo da hierarquia, destacavam-se:
• Os brâmanes – eram os sacerdotes, únicos que tinham acesso aos textos sagrados e eram responsáveis por sua rigorosa aplicação;
• Os guerreiros – que defendiam o território e ocupavam cargos políticos;
• Os mercadores – que se dedicavam ao comércio.
Havia ainda os párias ou intocáveis. Considerados os impuros, não pertenciam a qualquer casta social. De modo geral, realizavam atividades em que lidavam com animais mortos ou dejetos humanos. Eram sapateiros, curtidores, coveiros, limpadores de fossa.

A formação da Índia

No século III a.C., sob o comando de Asoka, a Índia foi unificada e organizada. Surgia assim o primeiro império indiano.
Durante o reinado de Asoka, foi tolerada a prática de todas as religiões, embora o próprio imperador tivesse se convertido ao budismo.
Surgido no século VI a.C., o budismo conquistava inúmeros adeptos ao negar o sistema de castas e pregar, entre outras coisas, que a realidade era mutável.

Religiões

Como se pode perceber, a religião exerceu importante papel na história da Índia, influenciando, entre outros aspectos, a organização social.
Vedismo, bramanismo e budismo são algumas das religiões que surgiram na Índia. Vedismo e bramanismo são orientados pelos Vedas, conjunto de escrituras sagradas, composto de quatro livros, que reúnem orações, hinos, poemas, preceitos litúrgicos, fórmulas mágicas, lendas e narrativas. O budismo possui origem distinta, não está relacionado ao vedismo nem ao bramanismo.
Vedismo – antiga religião dos hindus, contava com inúmeros deuses, geralmente interpretado como símbolos de força da natureza, como Agni (deus do fogo) e Indra (deus da tempestade). Baseava-se na força do cosmo e nos textos sagrados (Vedas). Os hindus realizavam sacrifícios orientados por um dos livros que compõem os Vedas (Yajurveda).
Bramanismo – religião que tem sua origem no vedismo. Orientada pelos Vedas, sua doutrina tem como preceitos fundamentais o respeito à ordem cósmica, a obediência ao destino e o dever de pureza, base do sistema de castas. O pensamento religioso do bramanismo tem como princípio o Braman (absoluto, totalidade, supremo), do qual tudo deriva, e os diversos deuses são personificação de seus aspectos. Brahma (criador), Vishnu (conservador) e Shiva (destruidor), que formam a trindade, são os principais deuses. Prega que a alma está sujeita a uma sucessão de vidas e renascimentos (reencarnação), que só se esgota ao atingir o grau supremo de pureza (libertação). Após o surgimento do budismo, o bramanismo sofreu uma série de transformações. A partir do século III de nossa era, o bramanismo passou a ser conhecido como hinduísmo.
Budismo – religião fundada por Sidarta Gautama, no século VI a. C. Seus ensinamentos sintetizam-se nos seguintes temas: nada é permanente, a realidade é mutável e não existe nada que seja indestrutível. Sua doutrina fundamental compreende quatro nobres verdades: a vida é dor; a causa da dor é o desejo; o fim da dor é obtido com o fim do desejo; o fim do desejo é obtido com a prática das regras morais e da disciplina ascética. Em resumo, o budismo apregoa que, enquanto o indivíduo não se liberta do desejo, não está submetido ao ciclo do renascimento.

As origens do budismo

Sidarta Gautama, o Buda (em sânscrito, o Iluminado), nasceu no Himalaia, em 480 a.C. Membro de uma família rica, levou uma vida de jovem nobre até completar 29 anos. Cada vez mais insatisfeito e infeliz por ter uma vida rodeada de luxo, abandonou sua esposa e família e partiu em busca de uma solução para o sofrimento humano.
Contam os indianos que Buda, ao sair pela primeira vez de seu palácio, encontrou a miséria por toda parte, coisa que ele até então não sabia que existia. Iniciou, então uma meditação de 49 dias e alcançou a iluminação, ou seja, o estado de Buda. Passou a pregar seus ensinamentos, que basicamente consiste em superar o desejo para acabar com o sofrimento.
O budismo difundiu-se rapidamente porque a essência de sua doutrina era a salvação daqueles que tivessem uma boa conduta. Ao mesmo tempo, muita gente era contra porque negava o sistema de castas. Além disso defendia os humildes e oprimidos.

Artes e ciências

As artes plásticas indianas, em especial a escultura, são ricas em detalhes e combinam temas religiosos com aspectos da natureza e do amor físico.
Um elemento importante da cultura indiana são as danças, que apresentam uma grande variedade de estilos, refletindo a diversidade de povos, línguas e culturas que convivem no subcontinente.
Com a difusão do budismo, a arte indiana – arquitetura, escultura, pintura, joalheria, cerâmica, tecidos – estendeu-se por todo o Oriente e influenciou a cultura de outras regiões, como a da China e a do Japão.
No campo do conhecimento científico, a Índia destacou-se pela invenção de um sistema de numeração baseada em símbolos – conhecidos hoje como algarismos indo-arábicos,, mas a princípio denominados de arábicos, pois os árabes o divulgaram para o mundo. Os indianos também aprimoraram a idéia do valor posicional dos algarismos – o valor dos algarismos depende da posição que ocupa no número –, assim como inventaram um símbolo para o zero.

2- China

A presença humana na região da China é antiga. Pode ter mais de 500 mil anos. Mas pouco se sabe sobre esse tempo. Informações mais precisas surgiram apenas após o século XVIII a.C.
Nessa época, as comunidades que viviam onde hoje é a China dominavam a fundição do bronze e das ligas metálicas. Essas comunidades, que com o tempo se tornaram principados, estavam organizadas em torno de cidades-palácios, nas quais havia grande divisão social: num extremo, camponeses, que produziam gêneros de subsistência; no outro nobres, que viviam em vilas muradas, os centros militares, comerciais e religiosos.
O rei, considerado Filho de Céu, desempenhava, sobretudo, a função de chefe religioso e incumbia-se das tarefas administrativas. Aos nobres cabia defender o território contra invasões estrangeiras.
A partir do século VIII a.C., o rei foi se enfraquecendo política e militarmente, enquanto os nobres iam se fortalecendo à medida que se tornavam mais independentes. Entre os séculos V e III a.C., surgiram inúmeros conflitos entre os principados.
Em 221 a.C., Qin Shi Huangdi conseguiu um feito inédito, unificou os principados, fundando o Primeiro Império. Adotou então o título de Primeiro Augusto Imperador de Qin.
Durante seu governo (221-210), Qin impôs medidas comuns a todos os principados. A China expandiu suas fronteiras, ultrapassando os limites do vale do rio Amarelo (Huang Ho). O Império Chinês passou a abranger desde a Manchúria até o norte do atual Vietnã.
Durante sua dinastia, Qin comandou a construção da Grande Muralha, que existe ainda hoje. Além disso, implantou um sistema único de escrita e um sistema de pesos e medidas, construiu estradas e canais, mandou drenar zonas pantanosas e ordenou a exploração de florestas.
Qin iniciou também uma dura política de repressão aos opositores. Mandou queimar (213 a.C.) textos e condenou a morte muitos intelectuais. A rígida política imposta pelo imperador provocou revoltas populares e, após sua morte (210), o Primeiro Império desagregou-se rapidamente.
A dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.) procurou dar continuidade à política de Qin e manter sua estrutura administrativa. Para defender-se dos invasores, prolongou a Grande Muralha. Em termos administrativos, recrutou para o serviço público auxiliares independentes dos príncipes regionais, chamados mandarins.
Durante essa dinastia foi aberta a rota da seda, que facilitou o intercâmbio com o Ocidente. O Império Chinês abriu-se, assim, para influências externas.
Por volta do século I d.C., o budismo, originário da Índia, passou a ter influência na sociedade chinesa. Uma crise agrária levou ao fim a dinastia Han.

A sabedoria chinesa

A princípio, existia na china uma religião que concebia o mundo em três partes: o Senhor, no alto, auxiliado por antigos soberanos mortos; os vivos na terra; e os mortos, cujos vultos continuavam a habitar a terra.
No século V a.C., um filósofo de nome Confúcio elaborou uma linha de pensamento que procurava compreender a sociedade de acordo com a natureza. Assim, a filosofia de Confúcio acabou por influenciar a política. De acordo com o confucionismo, a natureza humana não é má; na verdade é um dom do céu que foi pervertido pelo uso indevido do poder. Para harmonizar a sociedade, o soberano deve, portanto, ter um papel moral.
Após o século V a.C., surgiu com Lao-tsé Zhuangzi o taoísmo, uma escola filosófica e ao mesmo tempo religiosa. Segundo Lao-tsé, o tao é um princípio cósmico que dá origem ao universo.

A escrita chinesa

Na escrita chinesa antiga não há palavras formadas por letras e sílabas representando sons. Os textos chineses antigos eram compostos de desenhos que representavam ideias, chamados de ideogramas. Atualmente existem mais de 50 mil ideogramas na escrita chinesa. Muitos deles foram criados há mais de 5 mil anos e sofreram alterações ao longo do tempo.

As artes marciais

As artes marciais, chamadas em chinês de wu shu, existem a mais de 3 mil anos. São utilizadas ainda hoje como exercícios de concentração, defesa pessoal e treinamento militar.
Algumas dessas artes marciais foram criadas e ensinadas em mosteiros por monges que dedicavam boa parte da vida a praticá-las. Com o tempo, os monges passaram a ensiná-las a outras pessoas, ampliando ainda mais os estilos de wu shu. A arte marcial chinesa mais praticada hoje no mundo é conhecida como kung fu.

O comércio

Como em outras civilizações, de início os chineses praticavam o escambo, isto é, a troca direta de mercadorias sem o uso de moedas. Mais tarde, em locais e épocas diferentes, moedas, barras e peças de ouro e de bronze foram usadas nas relações comerciais.
Durante a dinastia Han, os chineses mantiveram um intenso comércio com o Ocidente: tinham interesse especial por vidro, pedras preciosas e perfumes e exportavam principalmente especiarias e seda. Havia diversas rotas de comércio, e dentre elas se destacou a chamada Rota da Seda.
Durante a dinastia Han chegou ao esplendor a Rota ou o Caminho da Seda, que por via terrestre ligava a China ao Oriente Médio: passando pelo atual Afeganistão, pelo Turquestão chinês e pela Índia, chegava à Pérsia. Por ela o Oriente enviava ao Ocidente especiarias e seda e recebia vidro, tecido, tecido, cerâmica e moedas de ouro e prata.


A crise no Império Romano

 A crise econômica e a ruralização do Império

Uma série de transformações afetaram a vida nas cidades localizadas nas províncias ocidentais, onde se localizava Roma, e a organização do Império começou a mudar a partir do século III d.C. Nessas cidades, o comércio decaiu por diversos motivos. O principal deles foi a diminuição da quantidade de moedas em circulação, que se acumularam nas províncias orientais. Isso aconteceu porque as províncias compravam muito mais produtos do que vendiam.
Entre os séculos III e IV d.C., nos territórios das províncias ocidentais do Império, a população começou a deixar as cidades para instalar-se nas zonas rurais. Com a crise econômica e as invasões dos povos bárbaros, cada vez mais frequentes, a vida nas cidades tornava-se insegura. Além disso, o governo passou a arrecadar mais impostos dos cidadãos, para sustentar os exércitos em luta contra os bárbaros. Consequentemente, as pessoas começaram a se mudar para o campo, pois aí encontravam mais segurança e escapavam da cobrança de impostos.
Na condição de colonos, plebeus pobres, ex-escravos e bárbaros que haviam imigrado para o Império instalaram-se em vilas, grandes propriedades rurais arrendadas por seus donos. Ali eles podiam cultivar um lote terra para sua subsistência e, em troca, entregavam parte da produção ao proprietário. Nas vilas, produzia-se todo o alimento necessário para manter a família do proprietário e as famílias dos colonos que lá viviam. O centro de produção econômica passou então a ser a vila.
Com isso, muitos escravos arrendaram terras dos proprietários rurais, tornando-se colonos. Alguns, com o tempo chegaram a comprar seu próprio pedaço de terra e passaram a ser homens livres. Mas foi também por causa desse sistema que muitos homens livres tornaram-se colonos. O colono não era livre porque estava preso à terra. Ele não podia ser expulso pelo proprietário nem abandonar a terra em que estava fixado. Ou seja, quem se tornava agricultor seria agricultor para sempre.

A ruralização da economia

Com a crise econômica e as invasões dos povos bárbaros, cada vez mais frequentes, a vida nas cidades tornava-se insegura. Além disso, o governo passou a arrecadar mais impostos dos cidadãos, para sustentar os exércitos em luta contra os bárbaros. Consequentemente, as pessoas começaram a se mudar para o campo, pois aí encontravam mais segurança e escapavam da cobrança de impostos. As cidades ficaram então estagnadas. A produção artesanal urbana decresceu e o dinheiro em circulação nas cidades diminuiu. Por sua vez, o campo tornava-se autossuficiente, produzindo tudo o que era necessário para a subsistência das pessoas das pessoas que aí viviam.

As invasões bárbaras

A partir do século III, o extenso território controlado pelos romanos, sobretudo na Europa ocidental, começou a ser ocupado por inúmeros povos, às vezes de forma pacífica, outras vezes pela força. Em sua grande maioria, os povos invasores eram de origem germânica. Dentre eles, destacam-se: os anglos, os saxões, os francos, os lombardos, os suevos, os borgúndios, os vândalos e os ostrogodos.
Para os romanos, bárbaros eram todos os povos que habitavam além de suas fronteiras e não falava o latim. Tinham hábitos alimentares diferentes e de higiene pouco condizentes com os costumes romanos. Mas foi graças à convivência entre esses diferentes povos que surgiu no território europeu uma nova estrutura social. Nela são perceptíveis tanto elementos da cultura romana quanto dos povos germânicos. Essa sociedade, que então surgia, durou pelo menos mil anos. E até hoje podemos notar algumas de suas características, no mundo ocidental, como a forte presença do cristianismo.
Estes povos organizavam-se em função da subsistência. Sua economia baseava-se na caça, na pesca e, principalmente, nos saques de guerra. Agrupavam-se em tribos e algumas delas chegaram a desenvolver atividades agrícolas e pastoris rudimentares. Cada tribo possuía um chefe e a terra era propriedade coletiva.
Os bárbaros eram politeístas, cultuavam seus ancestrais e as forças da natureza, como o trovão, que, entre os germanos, era o deus Thor. O mais importante deus do panteão germânico, entretanto, era Odin, o protetor dos guerreiros.

Este conjunto de povos “não-romanos” achava-se dividido em grupos segundo sua origem, dentre os quais destacavam-se:

- tártaros-mongóis: tribos de origem asiática como os hunos, turcos, búlgaros e húngaros;
- eslavos: originários da Europa oriental e parte da Ásia, compreendiam as tribos dos russos, polacos, tchecos, sérvios, bósnios, entre outras;
- germanos: povos de origem indo-européia, ocupavam a parte ocidental da Europa, que fazia fronteira com o Império Romano: francos, visigodos, ostrogodos, hérulos, anglos, saxões.

Dentre todos os povos bárbaros, os germanos foram os que, com suas invasões, mais contribuíram para a desintegração da parte ocidental do Império Romano e, consequentemente, para a formação do feudalismo.

Nas fronteiras do Império Romano

Durante os três primeiros séculos da era cristã, os romanos, apesar das diferenças de costumes, mantiveram relações pacificas com muitos dos povos germânicos. Mantinham trocas comerciais e, com o tempo, o próprio exército romano passou a contar com grande número de voluntários germânicos em suas fileiras.
Os primeiros grupos germânicos romperam as fronteiras do Império Romano de forma pacífica. Atraídos pelas riquezas e em busca de climas amenos e terras férteis, solicitaram permissão para se fixar no território. Para isso, ofereciam-se como soldados, para defender as fronteiras, ou como agricultores, para cultivar os campos. Os romanos, para proteger suas terras, geralmente aceitavam a oferta.
A convivência pacifica entre os povos germânicos e os romanos foi interrompida pelas sucessivas e violentas invasões, que duraram cerca de dois séculos, acabaram por destruir a unidade do Império Romano, sobretudo da parte ocidental. A principal causa da invasão do império foi a chegada dos hunos à Europa durante os séculos IV e V. originários do leste da Ásia, os hunos passaram a percorrer as regiões ocupadas pelos povos germânicos, empurrando-os ainda mais para dentro das fronteiras romanas. Os hunos, liderados por Átila, tornaram-se famosos pela violência de seus ataques e pela crueldade do tratamento que dispensavam aos que derrotavam.
Ao se estabelecerem no interior do Império Romano do Ocidente, os vários povos invasores foram aos poucos organizando suas sociedades. Muitas delas, com um rei e certa estrutura administrativa, se transformariam em reinos independentes.
A conquista de Roma, determinando a desintegração do Império Romano do Ocidente, originou inúmeros reinos bárbaros, alguns com existência bastante efêmera, conquistados por outros povos mais poderosos. Dentre os reinos bárbaros que se formavam, vale destacar:

- O Reino Visigodo, formado na região da Península Ibérica, seu domínio estendeu-se até o século VIII, quando das conquistas do árabe Tarik. Os visigodos, contudo, refugiaram-se nas montanhas e acabaram organizando vários reinos cristãos que, mais tarde, formariam a Espanha;
- O Reino Ostrogodo, constituído na Península Itálica, após a expulsão dos hérulos, seu rei, Teodorico, destacou-se pela construção da capital Ravena. Este reino acabou sendo conquistado por Justiniano. Imperador de Bizâncio;
- O Reino Vândalo, organizado no sul da Península Ibérica, deslocou-se, em seguida, sob o comando de Genserico, para o norte da África. Tal como o reino ostrogodo, foi incorporado ao Império Bizantino;
- Os Reinos Anglo-saxões, estabelecidos na região que hoje corresponde à Inglaterra, constituíram sete reinos, conhecidos por heptarquia saxônica;
- O Reino Franco: estabeleceu-se no norte da Itália, região da Gália, e transformou-se no principal reino da Idade Média.

As invasões dos bárbaros à Europa ocidental acarretaram mudanças profundas na vida de suas populações: a fragmentação e a desorganização do Império Romano; a formação de vários reinos que além de alguns valores culturais romanos, acabaram por adotar o cristianismo; a intensificação do processo de ruralização, dada a dificuldade de manutenção das atividades comerciais e urbanas, em função da insegurança gerada pelos ataques bárbaros; e a substituição do latim como língua predominante por línguas bárbaras ou originárias da mistura do latim com essas línguas.
Na formação desses reinos foi importante a relação entre os povos invasores e as populações locais. A partir dessa relação se consolidaram as estruturas econômicas, sociais e políticas da Europa ocidental. Por exemplo, a tradição cristã, surgida no Império Romano, tornou-se ao longo do tempo um elo de coesão social, e a estrutura de poder fragmentada seria, por sua herança dos povos germânicos.
De todos os reinos, o que perdurou por mais tempo foi o dos francos. Como não se distinguiam pelo espírito aventureiro, característico de outros povos germânicos, os francos fixaram-se nos atuais territórios da França e da Bélgica, próximos a sua região de origem. Com isso puderam manter suas características culturais. Outro motivo que fortaleceu o reino dos francos foi a ligação que ele estabeleceu com a Igreja cristã.

Francos

Os bárbaros que construíram um Império

Os francos estabeleceram-se na Gália e conseguiram estruturar um poderoso Reino na Alta Idade Média europeia. Esse Reino formou-se e expandiu-se sob o governo das dinastias merovíngia (século V a VIII) e carolíngia (século VIII a IX).
Os primeiros reis francos descendiam de Meroveu. Por isso, os reis dessa dinastia chamam-se merovíngios. Meroveu, na metade do século V, lutou ao lado dos romanos contra os invasores hunos.
Clóvis, neto de Meroveu, venceu os alamanos, os borgúndios e os visigodos, ampliando as fronteiras do reino. Com isso, no final do século V, os francos já dominavam grande parte da Europa central.
A importância de Clóvis aumentou quando ele se converteu ao cristianismo, em 496, depois de derrotar os alamanos. Com a conversão, conquistou total apoio de condes cristãos e bispos da Gália.
Com a morte de Clóvis, em 511, o reino franco foi dividido entre seus quatro filhos, ocasionando rivalidades e disputas entre eles. Por fim, em 628, Dagoberto subiu ao trono e estabeleceu que, daí por diante, os reis fracos teriam um único sucessor.
Após o reinado de Dagoberto, vieram os reis indolentes, assim chamados por não cumprirem as funções administrativas. O prefeito do palácio, uma espécie de primeiro ministro, era quem efetivamente administrava o reino.
Um desses prefeitos, Pepino de Heristal, tornou o cargo hereditário e passou-o a seu filho Carlos Martel. Carlos Martel notabilizou-se por vencer os árabes, em 732, na batalha de Poitiers, detendo a invasão muçulmana na região central da Europa.
Em 743, foi coroado o último rei dos merovíngio, Childerico III.
O filho de Carlos Martel, Pepino, o Breve, incentivado pelo papa Zacarias, depôs Childerico III, assumiu o trono e fez-se aclamar rei. Com isso, iniciou-se uma nova dinastia, a dos carolíngios, nome derivado Carolus (Carlos, em latim). O sucessor de Pepino, o Breve, foi seu filho Carlos Magno.

O Império Carolíngio

Carlos Magno assumiu o trono em 768 e, por suas realizações, é considerado o mais importante rei dos francos. Destacou-se por conquistas militares e pela organização administrativa implantada nos territórios sob seu domínio.
Para as conquistas militares, Carlos Magno organizou um exército forte, do qual faziam parte, além de seus soldados, os grandes proprietários de terras acompanhados de certo número de camponeses equipados para a guerra. Com esse exército, ele expandiu as fronteiras do reino, constituindo o Império Carolíngio.
Nas regiões conquistadas, eram construídas fortalezas e igrejas em volta das quais organizaram-se vilas que, posteriormente, passaram a ser ligadas por estradas. Sendo cristão, Carlos Magno obrigava os povos conquistados a converterem-se ao cristianismo.
No ano 800, em Roma, na noite de Natal. Carlos Magno foi coroado imperador pelo papa Leão III. Com a coroação de Carlos Magno, a Igreja católica pretendia fazer reviver o Império Romano do Ocidente e, ao mesmo tempo, unificar a Europa sob o comando de um monarca cristão.

Organização administrativa

O Império Carolíngio não tinha uma capital fixa. Sua sede era o lugar onde se encontrava o Imperador e sua corte. Em geral, Carlos Magno permanecia por maior tempo na cidade de Aquisgrã (Aixla-Chapelle), em seu palácio com fontes de água quente, onde adorava nadar.
Para administrar o vasto Império Carlos Magno estabeleceu uma série de normas escritas, conhecidas como capitulares, que funcionavam como leis. Essas leis reuniam os usos e costumes do Império. Contou também com o auxílio de:
• condes – responsáveis pelo cumprimento das capitulares e pela cobrança de impostos dos condados, isto é, dos territórios do interior;
• marqueses – cuidavam das marcas, isto é, territórios situados na fronteira do Império;
• missi-dominici – inspetores do rei, que viajavam por todo o Império para controlar a atividade dos administradores locais;
• vassalos – nobres (condes, marqueses) que haviam recebido terras do Império em beneficium. Ou seja, esses nobres podiam desfrutar das terras recebidas, mas tinham o dever de fidelidade ao rei e prestação de serviços, como cobrança de impostos, fornecimento de tropas em caso de guerra.

Renascença carolíngia

Guerreiro audacioso, durante sua vida, Carlos Magno dedicou-se sobretudo às atividades militares, permanecendo analfabeto até a idade adulta. Entretanto, como administrador, preocupou-se em promover o desenvolvimento cultural do Império Franco.
Assessorado por intelectuais, como o monge Alcuíno, o bibliotecário Leidrade e os historiadores Paulo Diácono e Eginardo, Carlos Magno abriu escolas e mosteiros, estimulou a tradução e a cópia de manuscritos antigos e protegeu artistas. Assim, seu governo foi marcado por significativa atividade cultural, que abrangeu os setores das letras, das artes e da educação. Trata-se da chamada renascença carolíngia, que contribuiu para a preservação e a transmissão da cultura da Antiguidade Clássica. Grande parte do conhecimento que temos hoje da literatura da Antiguidade deve-se ao trabalho de coleta e cópia desenvolvido pelos escribas da renascença carolíngia.

Carlos Magno e a educação

Carlos Magno tinha pouca instrução. Com idade avançada, aprendeu a ler e escrever em latim. Valorizou o ensino, promovendo obras para sua difusão em todo o império. Queria funcionários instruídos para ler os textos oficiais, que eram redigidos em latim.
Fundou, ao lado de cada igreja, escolas gratuitas para a população e, nos mosteiros, escolas para os sacerdotes. No próprio palácio abriu uma escola que era frequentada, sem distinção de tratamento, por meninos de famílias pobres e por filhos de nobres.

A fragmentação do Império Carolíngio

Carlos Magno morreu em 814. foi sucedido por seu filho, Luís, o Piedoso, que governou até 840. Os filhos de Luís disputaram, durante três anos, a sucessão do império. Em 843, pelo Tratado de Verdun, o Império Carolíngio foi dividido em três reinos distintos, cabendo a parte ocidental a Carlos, o Calvo; a parte oriental a Luís, o Germânico; e a parte central a Lotário.
O desmembramento do Império Carolíngio pôs fim à tentativa de unificação da Europa ocidental sob o comando de um único monarca cristão.

Aspectos Culturais da Roma Antiga

Por meio de conquistas militares, os romanos construíram um vasto império territorial que englobava diversos povos, dos quais assimilaram elementos que influenciaram sua cultura.
Dentre esses povos, destacaram-se os gregos, cuja arte teve grande influência na cultura romana. Costuma-se dizer que Roma conquistou a Grécia pela força de suas armas e a Grécia conquistou Roma pela força de sua cultura.
Apesar da acentuada influência de outros povos, os romanos desenvolveram uma cultura original. Exemplo disso é o Direito Romano, que até hoje serve de referência para o sistema judiciário de muitas sociedades. Além disso, inúmeros idiomas são derivados do latim, como o italiano, o francês, o romeno e o português. Roma foi o último grande império do mundo antigo.

A urbe romana

Roma era uma cidade organizada, com muralhas, túneis, templos, aquedutos, termas, anfiteatros, teatros, arcos, fóruns e muitos outros prédios públicos. Era uma urbe (‘“cidade” em latim) bem diferente da pólis grega.
Roma foi a cidade que atingiu maior concentração demográfica em toda a Antiguidade. No século II, ela contava com cerca de 1 milhão de habitantes, e o Império Romano com aproximadamente 54 milhões.
No centro desse império, Roma atraía gente de todas as regiões ocupadas, o que provocava constantes crises de moradia. A falta de espaço forçou a construção de casas de madeira e tijolo cru, de condições muito precárias. Muitas vezes, devido a isso, ocorreram grandes catástrofes provocadas por desabamentos ou incêndios.
Em Roma, existia um espaço público que reunia o Senado, a Assembleia, o mercado, as bibliotecas. Conhecidos como Fórum, era considerado por muitos como o centro do mundo.

Pão e circo

Durante o período Republicano, como vimos, verificou-se intenso êxodo rural em consequência das guerras de conquistas. Os pequenos proprietários que haviam perdido suas terras dirigiam-se às cidades procurando garantir sua sobrevivência.
Superlotada, as cidades apresentavam muitas dificuldades, como a escassez de moradias e a falta de empregos, pois a maioria das atividades era realizada por escravos.
Sem meios para sobreviver, a população desocupada perambulava pela cidade. O governo, percebendo a possibilidade de revoltas distribuía pão aos pobres e desempregados, além de oferecer gratuitamente grandes e brutais espetáculos. Todas as grandes cidades romanas contavam com um anfiteatro para a realização desses espetáculos.
Com essas medidas, o governo pretendia desviar a atenção da população, evitando a eclosão de revoltas e rebeliões. Essa política, conhecida como pão e circo, estendeu-se também ao período Imperial.
Nos espetáculos, às vezes, gladiadores profissionais lutavam entre si. A vida do derrotado dependia do público presente: se a maioria levantasse o polegar, ele viveria; se o virasse para baixo, seria morto.
Outras vezes, gladiadores, criminosos ou seguidores de religiões perseguidas, como os cristãos, eram lançados a feras esfomeadas.
Alguns espetáculos, principalmente em ocasiões comemorativas, prolongavam-se pelo dia inteiro e mesmo por dias seguidos.
O coliseu, o principal anfiteatro de Roma, podia reunir mais de 80 mil pessoas. Na sua inauguração, conta-se que o imperador Tito sacrificou num só dia mais de 5 mil animais.
Desde o início do século II a.C., os romanos realizavam também espetáculos com feras. Neles, animais selvagens lutavam uns contra os outros; leão contra leão, leão contra pantera ou touro, tigres contra panteras, touros contra ursos e assim por diante.
Para atender às exigências constantes de novos animais, os governadores das regiões conquistadas tinham de organizar frequentes caçadas. Pessoas a pé e a cavalo, armados de dardos, perseguiam animais ferozes e tentavam encurralá-los em áreas cercadas por enormes redes. Em seguida, fechavam os animais em jaulas, para a longa viagem até Roma e outras cidades do império.

Os balneários

Atração popular das cidades romanas eram os balneários (casa de banhos). Nos maiores centros urbanos havia um para cada zona da cidade. Em geral, as pessoas frequentavam os balneários na parte da tarde. Os cidadãos encontravam-se para tratar de negócios ou, simplesmente, para conversar.

O banho era um ritual longo. Passava-se por diversas salas de aquecimento progressivo, para provocar a transpiração. Um ajudante esfregava o corpo do banhista para, depois, ele descer para uma banheira quente. Finalmente, o banho terminava com a imersão em piscina de água fria.
A pessoa nadava um pouco e, em seguida, saía da água para as mãos de um massagista que, com óleo perfumado, massageava lhe todo o corpo. Nos dias de sol, os frequentadores dos balneários estendiam-se no solarium para um banho de sol.

Os trabalhadores da urbe

Em Roma, como nas demais cidades do império, existiam diferentes tipos de trabalhadores, como carpinteiros, marceneiros, cesteiros, ceramistas, caldeireiros. Toda a produção desses trabalhadores era vendida nas lojas das cidades.
É preciso lembrar que grande parte do trabalho na cidade era executada por escravos. Em sua maioria prisioneiros de guerra, eram eles os responsáveis por qualquer tipo de trabalho, desde os artesanais até os domésticos.

O Direito Romano


Desde criança, o romano era educado para atender às necessidades do Estado e respeitar as tradições e os costumes. Uma série de normas regia a conduta dos cidadãos tanto na vida familiar como na vida pública. Daí surgiram leis que orientavam as relações entre os indivíduos. Reunidas, essas leis formaram códigos jurídicos, que deram origem ao Direito Romano.
O Direito Romano dividia-se em duas esferas: a pública e a privada. O Direito público era composto pelo Direito civil, válido para os cidadãos romanos, e pelo direito estrangeiro, válido para os povos conquistados. O Direito privado regulava as relações entre as famílias.
O Direito foi uma das grandes contribuições dos romanos para as sociedades ocidentais. Seus fundamentos adaptados e reelaborados, foram adotados por diversos povos, servindo de base até hoje para muitas sociedades.

Literatura, arquitetura e arte

A mais conhecida obra literária dos romanos é Eneida. Ela foi escrita pelo poeta Virgílio, a pedido do imperador Augusto. A intenção de Virgílio em Eneida é glorificar a cidade de Roma. O livro escrito em forma de versos, narra a lenda do herói troiano Enéias. Segundo a história de Virgílio, Enéias teria fugido para a península Itálica depois da Guerra de Tróia. Lá, teria fundado Alba Longa, o reino pertencente ao avô de Rômulo e Remo, fundadores lendários de Roma.
A Roma declamada por Virgílio tinha a missão divina de proporcionar paz e vida civilizada ao mundo. O imperador Augusto, por sua vez era o designado pelos deuses para tornar realidade essa missão.
A arte romana foi influenciada tanto por etruscos, um dos povos que ocuparam a península Itálica, quanto por gregos.
Na arquitetura, por exemplo, os romanos herdaram dos etruscos o arco e a abóboda, que aperfeiçoaram, além de desenvolver novas técnicas de construção; dos gregos aproveitaram as colunas. Na escultura, as principais obras romanas foram as estátuas equestre e os bustos.

Religião

Entre os romanos, existiam dois tipos de cultos: o familiar e o público.
Os deuses protetores da família eram os Lares. Os bens e os alimentos estavam sob a proteção de divindades especiais, os Penates. Esses deuses eram cultuados pelo chefe da família junto à lareira, onde o fogo permanecia sempre aceso.
Durante as refeições, os romanos espalhavam junto ao fogo migalhas de alimentos e gotas de leite e de vinho, como oferendas às divindades. Com isso, acreditavam conseguir a proteção dos deuses. Nas festas familiares oferecia-se aos deuses o sacrifício de um animal (boi, carneiro ou porco), que depois era dividido entre todas as pessoas da família.
Além dos deuses ligados à família, havia os que eram cultuados pelos habitantes da cidade. O culto público era organizado pelo Senado. Com ele, os fiéis esperavam obter dos deuses boas colheitas ou vitórias nas guerras.
Também a primitiva religião romana assumiu traços da grega, igualmente, politeísta e antropológica. Algumas divindades latinas confundiam-se com as gregas, como Júpiter e Zeus, Juno e Hera, Vênus e Afrodite, Baco e Dionísio, Diana e Artêmis, romanos e gregos respectivamente.

Império Romano e cristianismo

Durante o reinado do imperador Augusto (27 a.C. – 14 d.C.), nasceu na província romana de Belém, na Galileia, Jesus Cristo. Ao completar 30 anos de idade, Jesus percorreu a Palestina, pregando ao povo uma nova doutrina religiosa – o cristianismo -, que se baseava na crença no deus único. Anunciou que era o messias, envido por Deus. Jesus dizia também que todos poderiam ter acesso ao reino de Deus e obter a salvação eterna. Através da salvação, os homens teriam seus pecados perdoados, sendo recompensados, após a morte, com a glória de viver no Paraíso. Por sua vez, os pecadores descrentes e injustos seriam condenados por Deus ao castigo do inferno. “Amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo” é um dos principais fundamentos da mensagem cristã.

As perseguições à nova religião começam com Nero (ano 54 a 68), numa reação ao crescimento do cristianismo e à recusa dos cristãos em venerar o imperador. Os cristãos são perseguidos até 313, quando o imperador Constantino, pelo Edito de Milão, concede-lhes liberdade de culto e igualdade de direitos, além da devolução dos bens expropriados da igreja cristã.

A ligação entre a Igreja e o Império Romano consolidou-se no reinado de Teodósio, por meio do Edito de Tessalônica (380), que tornou o cristianismo religião oficial do Estado. Se por um lado isso facilitou a propagação da fé cristã, por outro transformou em políticas as divergências religiosas. Qualquer interpretação dos Evangelhos diversa da aceita pelo Imperador e pelo papa passou a ser considerada heresia e seus defensores foram perseguidos.

O Império Romano

Em Roma, a principal característica do governo Imperial foi a concentração do poder político nas mãos do imperador, o qual se colocava acima de todas as instituições políticas da época, inclusive do Senado. Nesse momento, o personalismo do governo acabou por se impor sobre a vida dos romanos, determinando as feições que os diversos setores da existência romana deveriam assumir.

A vitória de Otávio sobre Marco Antônio, coroada com a obtenção dos títulos de Imperator, Augustus e Princips, deu a seu governo um controle absoluto sobre as decisões políticas em Roma. Para isso, Otávio Augusto reduziu o Senado a um mero órgão consultivo. Necessitou ainda contar com o apoio da massa plebeia, implementando nesse sentido a política do “pão e circo”.

Tal política consistia na distribuição de trigo à população mais pobre, além de oferecer espetáculos que a divertissem, como jogos, lutas, etc. Assim, Otávio agradava aos pobres sem, contudo, resolver o problema da miséria reinante em Roma.

Além disso, Otávio conseguiu impor a paz nas fronteiras do império, garantindo a hegemonia romana em toda a região que circundava o mar Mediterrâneo: era a pax romana. Com seu governo, tinha início um período denominado Alto Império, no qual Roma atingiu o ápice de seu desenvolvimento.

O Alto Império (séculos I a.C. – III d.C.)

Com Otávio Augusto iniciava-se a fase mais opulenta da história de Roma, marcada por grandes realizações administrativas e culturais.

O século I foi chamado o século de ouro da cidade de Roma. Otávio cuidou de embelezar a cidade, dotando-a de magníficas construções que estivessem à altura de seu poderio. Além disso, incentivou as artes e as letras, especialmente pela atuação de seu ministro Mecenas, que apoiou financeiramente artistas e escritores, como Horácio, Tito Lívio e Virgílio.

Para administrar a cidade de Roma, o imperador criou o cargo de prefeito, funcionário de sua confiança nomeado para realizar melhorias urbanas. Criou ainda a guarda pretoriana, cuja responsabilidade era zelar pela segurança pessoal do imperador.

Ainda durante o governo de Otávio, numa província do Império Romano – Judá – nasceu Jesus Cristo.

O primeiro Imperador romano morreu no ano 14, aos 76 anos de idade, sendo substituído por Tibério. O governo de Tibério e de seus sucessores, pertencentes a dinastia júlio-claudiana (14-68), foi marcado por intrigas, conspirações, perseguições e descontrole moral e político.

Tibério (14-37) manteve a linha governamental de Otávio Augusto, mas permitiu o crescimento da corrupção e da imoralidade. Durante o seu governo é que Jesus Cristo foi crucificado.

Seu sucessor, Calígula (37-41) teve uma atuação política caracterizada principalmente pelo despotismo e desequilíbrio mental. Além das orgias que promovia, chegou a nomear seu cavalo, Incitatus, cônsul romano. Com Calígula, o despotismo imperial ultrapassou todas as fronteiras, beirando a loucura. Seu cavalo, Incitatus, possuía títulos, prestígio e uma magnifica casa.

Durante o governo de Cláudio (41-54), intrigas palacianas e caos moral foram as maiores características; tendo sido o imperador envenenado por sua esposa.

Sob o governo de Nero (54-68), Roma conheceu o clímax do desregramento moral e político. Este imperador chegou a atear fogo em Roma e culpar disso os cristãos, pois estes se negavam a adorá-lo como um deus. Com Nero têm início as grandes perseguições aos cristãos, que, depois de presos, eram levados aos circos e, em grandes espetáculos populares, mortos por leões e outros animais selvagem, ou ainda por gladiadores (soldados lutadores). Além de vitimar milhares de cristãos, Nero ordenou a morte de sua mãe, irmãos e esposas.

A morte de Nero causou violenta disputa sucessória, pois também os exércitos das fronteiras do império desejavam escolher o novo soberano. Decidiu-se que o poder seria concedido a Vespasiano, comandante do exército do Oriente, o qual dá início à dinastia dos Flávios (69- 96).

Vespasiano, Tito e Domiciano buscaram a restauração financeira e moral do império, além de reprimirem violentamente os judeus na Palestina, ocasionando a Diáspora. Desejavam com isso restabelecer o poderio romano, perdido durante os excessos do reinado de Nero.

A dinastia dos Antoninos (96-192) teve como representantes Nerva Trajano, Adriano, Antônio Pio, Marco Aurélio e Cômodo. Até o governo de Marco Aurélio, Roma pôde contar com prosperidade material e uma equilibrada relação com o Senado, e sob Trajano, foram realizadas as últimas anexações ao império.

Após esta dinastia, o grande Império Romano entra em irreversível processo de desintegração, devido às invasões estrangeiras.

O último dos antoninos foi assassinado no ano de 192, em meio a uma conspiração senatorial, à qual se seguiram intensas lutas civis pela sucessão do trono. Finalmente, exército e Senado concederam o poder a Sétimo Severo, inaugurando-se, assim, uma nova dinastia.

O período dominado pelos Severos (193-235) correspondeu à decadência da Roma imperial. Multiplicavam-se as invasões, aumentava a usurpação nas áreas provinciais, desorganizava-se a produção agrícola em função da falta de mão-de-obra escrava e de segurança no campo, crescia o descontrole financeiro, o que caracterizava um processo de crise geral. Os imperadores dessa dinastia foram Severo, Caracala, Heliogábala e Alexandre.

O Baixo Império (séculos III-IV)

Após os Severos, a decadência romana acentuou-se progressivamente, iniciando-se um período de caos, de anarquia, e invasões, com governos de exceções. A esse período da história de Roma denominou-se Baixo Império.

O século III correspondeu a um período de anarquia militar, quando simultaneamente, várias legiões do exercito romano proclamaram seus comandantes imperadores, ocasionando conflitos armados que afetaram seriamente a produção agrícola, o comércio, enfim, toda a base da economia imperial. Somente entre os anos 235 e 284, Roma teve 26 imperadores, 25 dos quais morreram assassinados.

O descalabro militar, econômico e administrativo facilitava a penetração dos estrangeiros, denominados pelos romanos de bárbaros, que foram ocupando e dominando, pacífica ou militarmente, vastos territórios do império. O fim das conquistas comprometeu o abastecimento de mão-de-obra escrava, o que atingiu de maneira fatal a economia romana.

Nessa fase do Baixo Império, alguns imperadores merecem ser lembrados. Diocleciano (284-305) dividiu o poder romano entre quatro generais (tetrarquia) a fim de obter a paz social. Conseguiu momentaneamente algum sucesso com o Edito Máximo de 301, o qual estipulava um limite máximo pra os preços e salários. Tal medida provocou o desabastecimento de alimentos e o surgimento de ágio, contribuindo para o agravamento da crise.

A força e a extensão conquistadas pelo cristianismo determinaram seu reconhecimento por parte do Império Romano. Foi Constantino (312-337), considerado o último dos grandes imperadores romanos, quem publicou, em 313, o Edito de Milão, concedendo liberdade de culto aos cristãos.

Em 325, em um concílio celebrado em Nícéia, e do qual participou Constantino, ficaram assentadas as bases da doutrina da nova Igreja.

Constantino fundou, ainda, uma segunda Roma, embelezando a cidade de Bizâncio, que passou a se chamar Constantinopla (hoje Istambul). Visando uma maior proteção da fronteira leste, esta cidade assumiu a função de capital oriental do império.

Para reorganizar a produção agrícola, que sofria de falta de mão-de-obra escrava devido ao grande êxodo para as cidades. Constantino decretou a Lei do Colonato (332). Tal medida obrigava o trabalhador rural a permanecer nas grandes propriedades como colono. A lei fixava o homem à terra, tendo o grande proprietário a incumbência de protegê-lo. Substitui, dessa forma, o trabalho escravo pelo trabalho servil.

Entretanto, as medidas de Constantino foram insuficientes para pôr termo à séria crise pela qual passava a economia romana. A constância dos ataques bárbaros levou as propriedades rurais a produzir somente o necessário para o seu consumo, convertendo-se em unidades autossuficientes. Constituem, assim, lentamente, uma nova ordem econômica.

Depois de Constantino, voltou a acentuar-se a decadência romana. Com Teodósio (379-395), promoveu-se a divisão do Império Romano: o do Ocidente, com capital em Roma, ficou a cargo de Honório, enquanto o do Oriente, cuja capital era Constantinopla, foi atribuído a Arcádio. Teodósio fez do cristianismo a religião oficial do império, com o Edito de Tessalônica (em 380).

O processo expansionista dos bárbaros determinou o fim do Império Romano do Ocidente em 476, quando a tribo dos hérulos, chefiadas por Odoacro, derrubou Rômulo Augusto do trono imperial romano. No Oriente, porém, o império manteve-se até 1453, quando sua capital. Constantinopla, foi tomada pelos turcos otomanos.


      

       

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