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China Antiga

A presença humana na região da China é antiga. Pode ter mais de 500 mil anos. Mas pouco se sabe sobre esse tempo. Informações mais precisas surgiram apenas após o século XVIII a.C.

Nessa época, as comunidades que viviam onde hoje é a China dominavam a fundição do bronze e das ligas metálicas. Essas comunidades, que com o tempo se tornaram principados, estavam organizadas em torno de cidades-palácios, nas quais havia grande divisão social: num extremo, camponeses, que produziam gêneros de subsistência; no outro nobres, que viviam em vilas muradas, os centros militares, comerciais e religiosos.

O rei, considerado Filho de Céu, desempenhava, sobretudo, a função de chefe religioso e incumbia-se das tarefas administrativas. Aos nobres cabia defender o território contra invasões estrangeiras.

A partir do século VIII a.C., o rei foi se enfraquecendo política e militarmente, enquanto os nobres iam se fortalecendo à medida que se tornavam mais independentes. Entre os séculos V e III a.C., surgiram inúmeros conflitos entre os principados.

Qin Shi Huangdi

Em 221 a.C., Qin Shi Huangdi conseguiu um feito inédito, unificou os principados, fundando o Primeiro Império. Adotou então o título de Primeiro Augusto Imperador de Qin.

Durante seu governo (221-210), Qin impôs medidas comuns a todos os principados. A China expandiu suas fronteiras, ultrapassando os limites do vale do rio Amarelo (Huang Ho). O Império Chinês passou a abranger desde a Manchúria até o norte do atual Vietnã.

Durante sua dinastia, Qin comandou a construção da Grande Muralha, que existe ainda hoje. Além disso, implantou um sistema único de escrita e um sistema de pesos e medidas, construiu estradas e canais, mandou drenar zonas pantanosas e ordenou a exploração de florestas.

Qin iniciou também uma dura política de repressão aos opositores. Mandou queimar (213 a.C.) textos e condenou a morte muitos intelectuais. A rígida política imposta pelo imperador provocou revoltas populares e, após sua morte (210), o Primeiro Império desagregou-se rapidamente.

A dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.) procurou dar continuidade à política de Qin e manter sua estrutura administrativa. Para defender-se dos invasores, prolongou a Grande Muralha. Em termos administrativos, recrutou para o serviço público auxiliares independentes dos príncipes regionais, chamados mandarins.

Durante essa dinastia foi aberta a rota da seda, que facilitou o intercâmbio com o Ocidente. O Império Chinês abriu-se, assim, para influências externas.

Por volta do século I d.C., o budismo, originário da Índia, passou a ter influência na sociedade chinesa. Uma crise agrária levou ao fim a dinastia Han.

A sabedoria chinesa

A princípio, existia na china uma religião que concebia o mundo em três partes: o Senhor, no alto, auxiliado por antigos soberanos mortos; os vivos na terra; e os mortos, cujos vultos continuavam a habitar a terra.

No século V a.C., um filósofo de nome Confúcio elaborou uma linha de pensamento que procurava compreender a sociedade de acordo com a natureza. Assim, a filosofia de Confúcio acabou por influenciar a política. De acordo com o confucionismo, a natureza humana não é má; na verdade é um dom do céu que foi pervertido pelo uso indevido do poder. Para harmonizar a sociedade, o soberano deve, portanto, ter um papel moral.

Após o século V a.C., surgiu com Lao-tsé Zhuangzi o taoísmo, uma escola filosófica e ao mesmo tempo religiosa. Segundo Lao-tsé, o tao é um princípio cósmico que dá origem ao universo.

A escrita chinesa

Na escrita chinesa antiga não há palavras formadas por letras e sílabas representando sons. Os textos chineses antigos eram compostos de desenhos que representavam ideias, chamados de ideogramas. Atualmente existem mais de 50 mil ideogramas na escrita chinesa. Muitos deles foram criados há mais de 5 mil anos e sofreram alterações ao longo do tempo.

Para alguns especialistas, a escrita pode ter surgido primeiro entre os chineses, e não na Mesopotâmia. Essa hipótese é amparada em uma descoberta feita em 1899, no sítio arqueológico de Anyang, na China, onde pesquisadores encontraram uma carapaça de tartaruga de 8,5 mil anos com inscrições semelhantes a alguns ideogramas chineses atuais. Para esses cientistas, os sinais seriam exemplos de uma escrita rudimentar pelo menos 2 mil anos mais antiga que os escritos mesopotâmicos.

A leitura desses sinais funcionava como um verdadeiro oráculo. Os governantes, interessados em saber se seu exército teria sucesso em uma campanha militar, ou se haveria períodos de inundação ou seca, consultavam os adivinhos. Estes colocavam um bastão aquecido sobre carapaças ou ossos de tartaruga, que rachavam por causa do calor. O desenho formado por essas rachaduras era interpretado pelos adivinhos como avisos dos ancestrais.

Arqueólogos já coletaram mais de 100 mil desses ossos com rachaduras. De acordo com os pesquisadores, essas inscrições podem ser classificadas conforme suas formas e seus conteúdos. Com base na análise desses vestígios, os historiadores e outros pesquisadores levantaram importantes informações a respeito da genealogia real da dinastia Shang, que governou a China por cerca de 600 anos, entre os séculos XVIII a.C e XII a.C. As inscrições também permitem a linguistas estudarem a origem dos atuais caracteres chineses, bem como diversos aspectos da gramática chinesa.

As artes marciais

As artes marciais, chamadas em chinês de wu shu, existem a mais de 3 mil anos. São utilizadas ainda hoje como exercícios de concentração, defesa pessoal e treinamento militar.

Algumas dessas artes marciais foram criadas e ensinadas em mosteiros por monges que dedicavam boa parte da vida a praticá-las. Com o tempo, os monges passaram a ensiná-las a outras pessoas, ampliando ainda mais os estilos de wu shu. A arte marcial chinesa mais praticada hoje no mundo é conhecida como kung fu.      

O comércio

Como em outras civilizações, de início os chineses praticavam o escambo, isto é, a troca direta de mercadorias sem o uso de moedas. Mais tarde, em locais e épocas diferentes, moedas, barras e peças de ouro e de bronze foram usadas nas relações comerciais.

Durante a dinastia Han, os chineses mantiveram um intenso comércio com o Ocidente: tinham interesse especial por vidro, pedras preciosas e perfumes e exportavam principalmente especiarias e seda. Havia diversas rotas de comércio, e dentre elas se destacou a chamada Rota da Seda.

Durante a dinastia Han chegou ao esplendor a Rota ou o Caminho da Seda, que por via terrestre ligava a China ao Oriente Médio: passando pelo atual Afeganistão, pelo Turquestão chinês e pela Índia, chegava à Pérsia. Por ela o Oriente enviava ao Ocidente especiarias e seda e recebia vidro, tecido, tecido, cerâmica e moedas de ouro e prata.

 

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