domingo, 24 de setembro de 2023

Império Bizantino

A capital do Império Romano do Oriente era Constantinopla, que foi fundada no lugar onde existia a antiga colônia grega de Bizâncio, por isso o império ficou conhecido também como “Império Bizantino”.

Constantinopla
Cidade entre dois continentes

Devido à crise que afetava sobretudo a porção Ocidental do Império Romano, o imperador Constantino, em 330, transferiu a capital do Império Romano para Bizâncio, cidade fundada por marinheiros gregos em 657 a.C.  Situada na passagem do mar Egeu para o mar Negro, Bizâncio era um importante entroncamento das rotas comerciais que interligavam os dois continentes (Europa e Ásia).

Constantino reuniu arquitetos, engenheiros e artesãos para remodelar a cidade, ordenando a construção de novas estradas, casas, igrejas, muralhas e outras edificações. Essas obras, iniciadas em 324, prolongaram-se até 330, e a cidade foi inaugurada com o nome de Nova Roma. Para a população, contudo, a cidade passou a se chamar Constantinopla, em homenagem a seu fundador, e ficou conhecida por esse nome até o século VII, quando voltou a ser designada por seu antigo nome grego: Bizâncio.

A Era de Justiniano

Desde a divisão do Império Romano (395), os imperadores do Ocidente e do Oriente encontravam dificuldades para governar, devido, principalmente, a ameaça das invasões bárbaras. Foi somente no século V, durante o governo de Justiniano (527-565), que o Império Bizantino se tornou mais bem estruturado e se expandiu para reconquistar territórios que haviam pertencido ao Império Romano, Justiniano promoveu campanhas militares, combatendo germanos, persas e eslavos.

Tantas guerras trouxeram grandes despesas: era preciso pagar os soldados, fornecer armas para o exército e sustentar seu abastecimento. Para cobrir esses gastos, os governantes cobravam altos impostos da população.

Como na “velha” Roma, a população pobre de Constantinopla recebia alimentos gratuitamente e se divertia, por exemplo, assistindo às corridas de cavalos no hipódromo. Essas diversões serviam, também, para aliviar as tensões dos grupos sociais descontentes.

Os trabalhadores livres eram mal remunerados, e a moradia tinha preços elevados, obrigando muitas pessoas a viverem pelas ruas da cidade. Mesmo assim, as condições de vida eram consideradas melhores em Constantinopla do que em outras cidades do império.

Em 532, explodiu nessa cidade uma violenta revolta, fruto da insatisfação popular com a opressão geral dos governantes e os elevados tributos – cobrados da população para sustentar os gastos militares e as demais despesas com a administração do império.

A revolta começou, de forma inesperada, no hipódromo, um dos poucos locais públicos onde a população podia entrar em contato mais direto com as autoridades máximas do governo.

Terminada uma disputada corrida de cavalos, houve dúvida sobre quem vencera a competição. O imperador, presente no hipódromo, quis intervir para escolher o vencedor. A multidão. A multidão, dividida entre grupos rivais (as facções políticas dos azuis e dos verdes), gritava nika, nika (vitória, em grego).

As tensões sociais, até então contidas, extravasaram num movimento de protesto contra as injustiças. Do hipódromo, o conflito ganhou as ruas da cidade e adquiriu o caráter de rebelião contra o governo. Durante seis dias, a capital foi pilhada e incendiada. Tropas imperiais foram reunidas para reprimir a revolta, que resultou na morte de quase 35 mil pessoas.

Revolta de Nika

O Hipódromo de Constantinopla era uma grande arena com capacidade para, aproximadamente, 50 mil pessoas. Lá eram realizados espetáculos teatrais, festas populares e corridas de cavalo. Era um dos poucos lugares públicos onde a multidão tinha certo contato com o imperador, que comparecia frequentemente aos espetáculos.

No hipódromo, dois grandes grupos rivais se reuniam e expressavam suas reivindicações ao imperador. Eram os Verdes, do qual participavam comerciantes e artesãos, e os Azuis, compostos sobretudo de aristocratas rurais. Esses grupos mantinham variadas disputas políticas, esportivas e religiosas. Segundo historiadores, eles se pareciam com as atuais “torcidas organizadas”.

Em 532, o hipódromo estava lotado de torcedores Verdes e Azuis. Após uma corrida de cavalos, houve dúvida sobre quem teria vencido a disputa. O imperador Justiniano estava presente e quis escolher o vencedor. Mas os grupos políticos, que estavam divididos entre os dois competidores, começaram a gritar: Nika! Nika! (“Vitória! Vitória!”, traduzido do grego). Cada grupo desejava que seu competidor favorito fosse o vitorioso.

A confusão do jogo tornou-se um violento protesto popular. Do hipódromo, o conflito foi para as ruas e se transformou em uma rebelião com saques, destruições e incêndios. Justiniano pensou em fugir, mas desistiu depois de ouvir os conselhos de sua esposa, Teodora. Ele mandou reprimir os revoltosos, massacrando cerca de 35 mil pessoas.

O estopim da Revolta de Nika ocorreu durante um espetáculo esportivo. No entanto, as causas da revolta eram amplas e profundas. Quando analisadas, revelam, por exemplo, a insatisfação popular em relação aos altos impostos cobrados pelo governo.

O Código de Justiniano

Durante o governo de Justiniano, os juristas bizantinos assimilaram muitos aspectos do antigo Direito romano, adaptando-os às necessidades de uma nova sociedade marcada pelo cristianismo. Esse trabalho deu origem ao corpus juris civilis, uma extensa obra constituída de leis, decretos, normas e códigos, entre eles o chamado Código de Justiniano.

Ao longo do tempo, o Código serviu de referência para a legislação de muitos países ocidentais, como França, Alemanha, Portugal e Brasil.

Economia e sociedade
O controle do Estado

A agricultura e o pastoreio eram atividades fundamentais na economia bizantina. No entanto, a produção de alimentos não era suficiente para atender satisfatoriamente às necessidades da maioria da população. Ao lado da produção agropastoril, o comércio bizantino era uma das principais atividades econômicas do império. Essa atividade era favorecida pela localização de Constantinopla, pois a cidade ficava no caminho de rotas comerciais que ligavam a Europa à Ásia.

Entre os produtos comercializados, podemos citar perfumes, tecidos de seda, porcelanas e peças de vidro – artigos de luxo asiáticos acessíveis à população mais rica da Europa, do Oriente Médio e do norte da África.

No entanto, apesar da importância do comércio, a agricultura era a atividade fundamental da economia bizantina. A maior parte da produção agrícola vinha das grandes propriedades agrárias (os latifúndios), que pertenciam, em sua maioria, aos mosteiros e à nobreza fundiária (proprietária de terras), esta última formada por militares que haviam recebido terras como recompensa por serviços prestados ao imperador. Quase todo o trabalho era feito pelos servos, que dependiam da terra para viver.

O comércio contribuiu para que a vida urbana no Império Bizantino fosse dinâmica. Sua principal cidade Constantinopla, chegou a ter cerca de um milhão de habitantes, seguidas por outras cidades importantes, como Tessalônica, Nicéia, Edessa e Tarso.

Nelas viviam grandes comerciantes, donos de oficinas artesanais, membros do alto clero e destacados funcionários do governo – pessoas que utilizavam artigos de luxo, como vasos de porcelana, tapeçarias e roupas finas de lã e seda ornamentadas com fios de ouro e prata. Além dessa elite, também viviam nas cidades outros grupos sociais, constituídos de artesãos, funcionários de médio e baixo escalão e pequenos comerciantes. Entretanto, a maior parte da população do Império Bizantino era composta de trabalhadores pobres, em sua maioria vivendo no campo.

Por meio de seus funcionários, o governo bizantino controlava as atividades econômicas artesanais e comerciais, supervisionando a qualidade e a quantidade da produção. O objetivo dessa intervenção estatal era controlar os preços e o abastecimento das cidades. A produção estava distribuída em corporação de ofício, formadas por oficinas de um mesmo ramo, como carpintaria, tecelagem ou sapataria, por exemplo.

A vida em Constantinopla era considerada mais confortável do que em outras cidades bizantinas. No entanto, essa condição não era desfrutada por todos. Os trabalhadores livres que ganhavam pouco, por exemplo, nem sempre conseguiam comprar roupas e pagar por uma moradia. Muitos viviam pelas ruas de forma miserável.

Cesaropapismo e ruptura cristã

Justiniano e seus sucessores procuram, por meio da religião, impor sua autoridade e firmar a unidade política do império. Nesse contexto, os imperadores apresentavam-se como os principais representantes de Deus na terra, cabendo-lhes proteger a Igreja e dirigir o Estado. Assim, os imperadores foram chamados. “Vice-reis do Todo-Poderoso”; as suas ordens eram consideradas “ordens celestes” e seu palácio era o “palácio sagrado”.

Se Deus era o centro do Universo, o imperador, como seu representante, devia ser o centro do Estado e da religião, governando os assuntos humanos em nome de Deus. Essa união de poderes (estatal e religioso) é chamada de cesaripapismo ou cesaropapismo, isto é, o comando do Estado e a proteção da Igreja, nas mãos do imperador (que passou a ser chamado de basileu).

O relacionamento entre a Igreja Católica Romana e o Estado Bizantino não foi, porém, pacífico. Houve, ao longo do tempo, depois do reinado de Justiniano, uma série de conflitos teológicos e políticos entre os partidários dos imperadores bizantinos e a hierarquia católica comandada pelos papas. Esses conflitos culminaram, em 1054, com o Grande Cisma do Oriente. O mundo cristão dividiu-se em duas grandes igrejas: de um lado, a Igreja Católica do Oriente, conhecida como Igreja Ortodoxa, com sede em Constantinopla e chefiada pelo patriarca da cidade; de outro, a Igreja Católica Apostólica Romana, com sede em Roma e comandada pelo papa.

Religião e cultura
Integração do Oriente com o Ocidente

A língua predominante em Constantinopla era o grego. Mas o império agrupava povos de diferentes origens, como egípcios, gregos, persas, eslavos e judeus. Essa variedade de povos influenciou a produção cultural bizantina, que mesclou elementos como o idioma grego, a religião cristã, o Direito romano, o gosto pelo requinte oriental, a arquitetura de inspiração persa etc.

No Império Bizantino, a religião oficial era o cristianismo. A Igreja Cristã do Oriente exercia influência sobre diversos setores da sociedade: fundamentava o poder imperial, absorvia boa parte dos recursos econômicos e estava presente em grande parte da vida cotidiana.

A Igreja Cristã do Oriente tinha, entre seus líderes, o patriarca de Constantinopla, que era uma das principais autoridades da hierarquia eclesiástica. Em termos práticos, a autoridade do patriarca subordinava-se ao poder do imperador bizantino, considerado protetor da Igreja e principal representante da fé cristã.

O mundo bizantino foi bastante marcado pelo interesse nas questões religiosas. Gregório de Nissa, um dos padres da Igreja do século IV, deixou registrado que, em todo os lugares de Constantinopla, encontravam-se pessoas envolvidas em debates teológicos. Entre as mais famosas questões debatidas, destacavam-se:

• o monofisismo – doutrina que afirmava que Cristo tinha somente a natureza divina. Sua natureza humana, como alegava a Igreja Católica Romana, era negada.

• a iconoclastia – doutrina que repudiava as imagens dos santos, condenando sua utilização nos templos.

Crise do Império
A conquista de Constantinopla pelos turcos

Uma série de ataques externos foi enfraquecendo a administração central do Império Bizantino. Como consequência, muitos territórios conquistados no século VI acabaram perdidos para exércitos inimigos. Foi somente nos séculos X e XI que o Império Bizantino recuperou parte desses territórios, e Constantinopla voltou a ser sede de importante comércio. A administração tornou-se mais eficaz, a economia estabilizou-se e as fronteiras entre Europa, Ásia e norte da África foram fortalecidas, conferindo mais segurança ao império. A prosperidade durou alguns séculos e deixou suas marcas mais profundas no campo da arte.

Finalmente, depois de onze séculos de existência, bizâncio foi conquistada pelos turcos otomanos, em meados do século XV.

Uma das principais consequências da conquista de Constantinopla pelos turcos foi a migração de intelectuais bizantinos para a península Itálica, levando muitos conhecimentos da cultura clássica, preservada no Império Bizantino. Esse fato teve influência no movimento conhecido como Renascimento. Outra consequência importante do domínio turco sobre Constantinopla foi o aumento nos preços e nos tributos cobrados dos comerciantes europeus que compravam ali mercadorias provenientes da Ásia. Esse fato estimulou europeus ocidentais – como portugueses e espanhóis – na busca de um novo caminho até os fornecedores orientais, contribuindo para o movimento das Grandes Navegações.

A conquista de Constantinopla pelos turcos em 1453 é um marco tradicionalmente utilizado para assinalar o fim da Idade Média.

CIVILIZAÇÃO BIZANTINA

No passado, ela era conhecida como Constantinopla, o principal centro econômico político do que havia sobrado do Império Romano. Foi edificada na cidade grega de Bizâncio, entre os Mares Egeu e Negro, pelo imperador Constantino. (aí o motivo do nome da cidade ser Constantinopla).

Com uma localização tão estratégica, logo foi tornada na nova capital do império. Por estar entre o Ocidente e o Oriente, desenvolveu um ativo e próspero comércio na região, além da produção agrícola, fazendo com que se destacasse do restante do império romano, que estava parado e na crise.

O Império Romano do Oriente tinha por base um poder centralizado e despótico, junto com um intenso desenvolvimento do comércio, que serviu de fonte de recursos para enfrentar as invasões bárbaras. Já  a produção agrícola usou grandes extensões de terra e trabalho de camponeses livres e escravos.

O Império Romano do Oriente ou Império Bizantino conseguiu resistir às invasões bárbaras e ainda durou 11 séculos.

A mistura de elementos ocidentais e orientais só foi possível devido a intensa atividade comercial e urbana, dando grande esplendor econômico e cultural. As cidades tornaram-se bonitas e luxuosas, a doutrina cristã passou a ser mais valorizada e discutida em detalhes entre a sociedade.

De início, os costumes romanos foram preservados. Com direito a estrutura política e administrativa, o idioma oficial foi o latim. mas depois tudo isso foi superado pela cultura helenística(grega-asiática). Com esse impulso o grego acabou se tornando o idioma oficial, no séc. VII.

Um forte aspecto da civilização bizantina foi o papel do imperador, que tinha poderes tanto no exército como na igreja, sendo considerado representante de Deus na terra, (não muito diferente de outras civilizações). o mais destacado imperador foi: Justiniano.

Era de Justiniano (527-565)

Depois da divisão do império romano, pelo imperador Teodósio em 395, dando a parte ocidental para seu filho Honório e a parte oriental para o outro Arcádio. Com essa divisão, criou-se muitas dificuldades entre os imperadores para manter um bom governo, principalmente devido as constantes invasões bárbaras. Por isso no século V, com o imperador Justiniano que o Império Bizantino se firmou e teve seu apogeu.

Com Justiniano, as fronteiras de império foram ampliadas, com expedições que foram até à Península Itálica, Ibérica e ao norte da África. claro que com tantas conquistas houve muitos gastos! Logo já que os gastos aumentaram, os impostos também e isso serviu de estopim para estourar diversas revoltas, da parte dos camponeses, que sempre ficava com a pior parte- ou o pagamento de impostos abusivos ou o trabalho pesado.

Uma destas, foi a Revolta de Nika, em 532, mas logo foi suprimida de maneira bem violenta pelo governo. Com a morte de 35 mil pessoas.

Mas a atuação de Justiniano foi mais expressiva dentro do governo. Um exemplo, entre 533 e 565, iniciou-se a compilação do direito romano. Este era dividido em:

- código: conjunto das leis romanas a partir do século II.

- digesto: comentários de juristas sobre essas leis.

- institutas: princípios fundamentais do direito romano.

- novelas: novas leis do período de Justiniano.

E tudo isso resultou no: corpo do direito civil, no qual serviu de base para códigos e leis de muitas nações à frente. Resumindo: essas leis determinavam os poderes quase ilimitados do imperador e protegiam os privilégios da igreja e dos proprietários de terras, deixando o resto da população à margem da sociedade.

Na cultura, com Justiniano teve a construção da Igreja de Santa Sofia, com seu estilo arquitetônico próprio – o bizantino – cujo o esplendor representava o poder do Estado junto com a força da Igreja Cristã.

Na política, após a revolta de Nika, Justiniano consolidou seu poder monárquico absoluto por meio do cesaropapismo.

Cesaropapismo: ter total chefia do estado (como César) e da igreja( como  o papa).

GRANDE CISMA

Essa supremacia sobre o imperador sobre a igreja causou conflitos entre o imperador e o Papa. Em 1054, ocorreu o cisma do oriente, dividindo a igreja Católica em duas partes:

Igreja Ortodoxa- com sede em Bizâncio, e com o comando do imperador bizantino.

Igreja Católica Apostólica Romana- com sede em Roma e sob a autoridade do Papa.

DECADÊNCIA DO IMPÉRIO

Depois da morte de Justiniano (565), houve muito ataques que enfraqueceram a administração do Império. Bizâncio foi alvo da ambição das cidades italianas. Sendo que Veneza a subjugou e fez dela um ponto comercial sob exploração italiana.

Essa queda não foi imediato, levou algum tempo, o império perdurou até o séc. XV, quando a cidade caiu diante dos  turcos-otomanos, em 1453.  data que é usada para marcar o fim da idade média e o início da idade moderna.

 As consequências da tomada de Constantinopla foram:

- o surgimento do grande império Turco-Otomano, que também foi uma ameaça para o Ocidente.

- a influência da cultura clássica antiga, preservada em Constantinopla, e levada para a Itália pela migração dos sábios Bizantinos.

- com a interrupção do comércio entre Europa e Ásia, ocorre a aceleração da busca de um novo caminho para o Oriente.

SOCIEDADE E ECONOMIA

O comércio era fonte de renda do império. Sua posição estratégica entre Ásia e Europa serviu de impulso para esse desenvolvimento comercial.

O estado fiscalizava as atividades econômicas por supervisionar a qualidade e a quantidade das mercadorias. Entre estes estavam: perfumes, seda, porcelana e peças de vidro. Além das empresas dos setores de pesca, metalurgia, armamento e tecelagem.

Cultura bizantina

No Império Bizantino, viviam pessoas de diferentes povos: egípcios, gregos, persas, eslavos, sírios e judeus. As trocas culturais entre esses povos resultaram na diversidade cultural bizantina, caracterizada por elementos de diversas origens, como a religião cristã, a língua grega, o Direito romano e a arquitetura de inspiração persa.

RELIGIÃO

O cristianismo era a religião oficial do império. O patriarca de Constantinopla era o chefe da Igreja Ortodoxa, mas ele estava subordinado, na prática, ao imperador bizantino, considerado representante de Deus. A religião bizantina foi uma mistura de diversas culturas, como gregos, romanos e povos do oriente. Em Constantinopla, aconteciam diversos debates sobre doutrinas religiosas. As questões mais debatidas eram:

Monofisismo: estes negavam a natureza terrestre de Jesus Cristo. Para eles Jesus possuía apenas a natureza divina, espiritual. Esse movimento teve início no século V com auge no reinado de Justiniano. 

Iconoclastia: palavra que significa “quebra de imagens”. Os ícones eram representações de imagens sagradas, de santos ou de Jesus Cristo. Os adeptos da iconoclastia se opunham ao culto das imagens dos santos e pregavam a destruição das estátuas das igrejas.

A questão iconoclasta estava associada a disputas políticas entre o imperador e os sacerdotes dos mosteiros, que produziam imagens de santos às quais atribuíam poderes milagrosos. Para conter o poder dos mosteiros, o imperador Leão III proibiu a adoração de imagens em 730. A proibição durou até 787 e foi retomada em 813, quando o imperador Leão V procurou novamente estabelecer a iconoclastia, que mais uma vez foi banida em 843.

Após o declínio do Império Bizantino, o cristianismo ortodoxo chegou a outras partes do mundo, inclusive ao Brasil, graças às migrações ocorridas nos séculos XIX e XX. Atualmente, calcula-se que existam no mundo cerca de 250 milhões de cristãos ortodoxos, sendo uma das principais religiões de libaneses, sírios, gregos, russos, ucranianos, sérvios e outros povos da Ásia e da Europa Oriental.

Língua grega e produção artística

Inicialmente, as obras literárias bizantinas eram escritas em latim, mas, com o tempo, a língua grega tornou-se a mais importante do império, sendo utilizada nos textos do governo e da Igreja. O grego era falado na capital e em outras regiões do império.

As obras literárias, em prosa ou poesia, eram manuscritas e recebiam ricas decorações, chamadas iluminuras. Além de escrever obras originais, muitos autores bizantinos também reuniram, copiaram e traduziram textos da Antiguidade greco-romana, ajudando a preservá-los.

Os bizantinos também se destacaram por suas pinturas, mosaicos e esculturas. Os afrescos representando anjos, santos e autoridades religiosas foram um tipo de pintura decorativa frequente no Império Bizantino. Grande parte dessas obras era encontrada nas igrejas e em casas mais luxuosas.

Os mosaicos bizantinos eram feitos geralmente com pedaços de pedras e vidros coloridos, colados sobre um vidro claro e recobertos por folhas de ouro. Os mosaicos bizantinos costumavam representar animais, plantas e figuras religiosas ou políticas. 

Já as esculturas bizantinas serviram principalmente aos ideais religiosos. Feitas em ouro, marfim ou vidro e em baixo-relevo, essas obras podiam ser encontradas tanto em edifícios como em capas de livros.

O Império Carolíngio

Os romanos chamavam todos os povos que habitavam além de suas fronteiras de bárbaros. Isso pelo fato de falarem uma língua diferente e terem costumes muito diversos dos seus.

Apesar disso, os romanos permitiram que muitos desses povos bárbaros ocupassem parte de seu território. Na qualidade de aliados, eles ajudavam a defender as fronteiras contra invasões inimigas, além de cultivarem as terras e criarem animais.

A presença dos povos invasores no Império Romano aumentaria com a chegada dos hunos à Europa. Assustados com os hunos, os povos que habitavam a região próxima das fronteiras passariam a ocupar o território romano nem sempre de forma pacífica.

Com o tempo e a desagregação do Império Romano do Ocidente, essas ocupações iniciais dariam origem a reinos independentes. No interior deles, estariam presentes tanto costumes romanos quanto dos povos invasores.

Formado na Gália (atual França), o Reino Franco foi o mais duradouro desses reinos.

Ao chegarem à Gália, os romanos construíram grandes vias de comunicação ligando as principais vilas. Essas vias favoreceram o desenvolvimento do comércio e do artesanato. Foram ainda os romanos que introduziram na região técnicas de cultivo de videiras e de fabricação de vinho.

Por um longo período, a região, dominada pelos romanos, ficou protegida contra invasões. Entretanto, no princípio do século V, um povo de origem germânica atravessou o rio Reno e entrou na Gália. Eram os francos. Eles conquistaram grande parte do território, estabelecendo-se no Norte e, sobretudo, no Nordeste.

O Reino Franco

Os primeiros reis francos descendiam de Meroveu. Por isso, os reis dessa dinastia chamam-se merovíngios.

Meroveu, na metade do século V, lutou ao lado dos romanos contra os invasores hunos.

Clóvis, neto de Meroveu, venceu os alamanos, os borgúndios e os visigodos, ampliando as fronteiras do reino. Com isso, no final do século V, os francos já dominavam grande parte da Europa central.

A importância de Clóvis aumentou quando ele se converteu ao cristianismo, em 496, depois de derrotar os alamanos. Com a conversão, conquistou total apoio de condes cristãos e bispos da Gália.


Batismo de Clóvis - rei dos francos

Com a morte de Clóvis, em 511, o reino franco foi dividido entre seus quatro filhos, ocasionando rivalidades e disputas entre eles. Por fim, em 628, Dagoberto subiu ao trono e estabeleceu que, daí por diante, os reis fracos teriam um único sucessor.

Após o reinado de Dagoberto, vieram os reis indolentes, assim chamados por não cumprirem as funções administrativas. O prefeito do palácio, uma espécie de primeiro ministro, era quem efetivamente administrava o reino.

Um desses prefeitos, Pepino de Heristal, tornou o cargo hereditário e passou-o a seu filho Carlos Martel. Carlos Martel notabilizou-se por vencer os árabes, em 732, na batalha de Poitiers, detendo a invasão muçulmana na região central da Europa.

Em 743, foi coroado o último rei dos merovíngio, Childerico III.


Carlos Magno e Pepino o Breve

O filho de Carlos Martel, Pepino, o Breve, incentivado pelo papa Zacarias, depôs Childerico III, assumiu o trono e fez-se aclamar rei. Com isso, iniciou-se uma nova dinastia, a dos carolíngios, nome derivado Carolus (Carlos, em latim). O sucessor de Pepino, o Breve, foi seu filho Carlos Magno.

O Império Carolíngio

Carlos Magno assumiu o trono em 768 e, por suas realizações, é considerado o mais importante rei dos francos. Destacou-se por conquistas militares e pela organização administrativa implantada nos territórios sob seu domínio.

Para as conquistas militares, Carlos Magno organizou um exército forte, do qual faziam parte, além de seus soldados, os grandes proprietários de terras acompanhados de certo número de camponeses equipados para a guerra. Com esse exército, ele expandiu as fronteiras do reino, constituindo o Império Carolíngio.

Nas regiões conquistadas, eram construídas fortalezas e igrejas em volta das quais organizaram-se vilas que, posteriormente, passaram a ser ligadas por estradas. Sendo cristão, Carlos Magno obrigava os povos conquistados a converterem-se ao cristianismo.

O governo de Carlos Magno não tinha uma sede fixa. Com sua corte, que se constituía basicamente de familiares, amigos, membros do clero e funcionários administrativos, viajava de um lugar para outro. As decisões políticas mais importantes, em geral, eram tomadas no palácio de Aix-la-Chapelle, no noroeste da atual França.

No ano 800, em Roma, na noite de Natal. Carlos Magno foi coroado imperador pelo papa Leão III. Com a coroação de Carlos Magno, a Igreja católica pretendia fazer reviver o Império Romano do Ocidente e, ao mesmo tempo, unificar a Europa sob o comando de um monarca cristão.

Administração do Império Carolíngio

Para administrar o império, Carlos Magno contou com funcionários e nobres. Entre os nobres, destacamos:
• os condes: responsáveis por territórios conhecidos como condados;
• os marqueses: responsáveis por territórios conhecidos como marcas, que ficavam nas fronteiras do império;
• os missi dominici: inspetores reais que fiscalizavam os administradores locais. Como líder de um império guerreiro, Carlos Magno selecionou um grupo de 12 homens para formar seu conselho de guerra, conhecidos como os Doze Pares de França. Esses conselheiros participavam de batalhas contra os inimigos dos francos e acabaram se tornando uma lenda no mundo cristão, inspirando obras da literatura medieval e festas populares até mesmo no Brasil, como as cavalhadas.

Carlos Magno e a educação

Carlos Magno tinha pouca instrução. Com idade avançada, aprendeu a ler e escrever em latim. Valorizou o ensino, promovendo obras para sua difusão em todo o império. Queria funcionários instruídos para ler os textos oficiais, que eram redigidos em latim.

Fundou, ao lado de cada igreja, escolas gratuitas para a população e, nos mosteiros, escolas para os sacerdotes. No próprio palácio abriu uma escola que era frequentada, sem distinção de tratamento, por meninos de famílias pobres e por filhos de nobres.

Renascimento Carolíngio

Apesar de ter permanecido analfabeto até a vida adulta, Carlos Magno preocupou-se com o desenvolvimento das artes e da literatura. Durante seu governo, artistas e estudiosos receberam proteção e patrocínio. Além disso, foram construídos mosteiros e escolas.

Nos mosteiros, alguns monges se dedicavam a traduzir e copiar livros de antigos autores gregos e romanos. Assim, preservou-se uma parte da cultura da Antiguidade Clássica.

Em função desse desenvolvimento cultural, historiadores chamam essa época de Renascimento Carolíngio. Porém, a maioria da população permaneceu analfabeta e não teve acesso às obras que foram produzidas ou recuperadas. Essas obras ficaram restritas a uma elite de nobres e sacerdotes que viviam nos palácios e nos mosteiros.

A fragmentação do Império Carolíngio

Carlos Magno morreu em 814. foi sucedido por seu filho, Luís, o Piedoso, que governou até 840. O império ainda se manteve unido, embora tenha enfrentado problemas políticos, como a excessiva influência do clero (sacerdotes da Igreja) sobre o monarca.

Os filhos de Luís disputaram, durante três anos, a sucessão do império. Em 843, pelo Tratado de Verdun, o Império Carolíngio foi dividido em três reinos distintos, cabendo a parte ocidental a Carlos, o Calvo; a parte oriental a Luís, o Germânico; e a parte central a Lotário. O desmembramento do Império Carolíngio pôs fim à tentativa de unificação da Europa ocidental sob o comando de um único monarca cristão.

Essa divisão abriu caminho para que administradores locais (condes, marqueses, bispos) conquistassem mais poder e autonomia. Além disso, a partir do século IX, muçulmanos, hunos e vikings fizeram novas invasões à Europa Ocidental.
Entre o século X e meados do século XV, ocorreram diversas modificações no modo de vida  das pessoas na Europa Ocidental. Com medo das invasões e das guerras, os povos
dessa região reorganizaram-se em busca de segurança. Foi nesse período que muitos castelos foram construídos, pois ajudavam a proteger seus senhores dos inimigos externos.

  

Invasões Bárbaras: A era da dispersão

A partir do século III, o extenso território controlado pelos romanos, sobretudo na Europa ocidental, começou a ser ocupado por inúmeros povos, às vezes de forma pacífica, outras vezes pela força. Em sua grande maioria, os povos invasores eram de origem germânica. Dentre eles, destacam-se: os anglos, os saxões, os francos, os lombardos, os suevos, os borgúndios, os vândalos e os ostrogodos.
Para os romanos, bárbaros eram todos os povos que habitavam além de suas fronteiras e não falava o latim. Tinham hábitos alimentares diferentes e de higiene pouco condizentes com os costumes romanos. Mas foi graças à convivência entre esses diferentes povos que surgiu no território europeu uma nova estrutura social. Nela são perceptíveis tanto elementos da cultura romana quanto dos povos germânicos. Essa sociedade, que então surgia, durou pelo menos mil anos. E até hoje podemos notar algumas de suas características, no mundo ocidental, como a forte presença do cristianismo.

Estes povos organizavam-se em função da subsistência. Sua economia baseava-se na caça, na pesca e, principalmente, nos saques de guerra. Agrupavam-se em tribos e algumas delas chegaram a desenvolver atividades agrícolas e pastoris rudimentares. Cada tribo possuía um chefe e a terra era propriedade coletiva.

Os bárbaros eram politeístas, cultuavam seus ancestrais e as forças da natureza, como o trovão, que, entre os germanos, era o deus Thor. O mais importante deus do panteão germânico, entretanto, era Odin, o protetor dos guerreiros.

Este conjunto de povos “não-romanos” achava-se dividido em grupos segundo sua origem, dentre os quais destacavam-se: 

• tártaros-mongóis: tribos de origem asiática como os hunos, turcos, búlgaros e húngaros;

• eslavos: originários da Europa oriental e parte da Ásia, compreendiam as tribos dos russos, polacos, tchecos, sérvios, bósnios, entre outras;

• germanos: povos de origem indo-europeia, ocupavam a parte ocidental da Europa, que fazia fronteira com o Império Romano: francos, visigodos, ostrogodos, hérulos, anglos, saxões.

Dentre todos os povos bárbaros, os germanos foram os que, com suas invasões, mais contribuíram para a desintegração da parte ocidental do Império Romano e, consequentemente, para a formação do feudalismo.    

Nas fronteiras do Império Romano

Durante os três primeiros séculos da era cristã, os romanos, apesar das diferenças de costumes, mantiveram relações pacificas com muitos dos povos germânicos. Mantinham trocas comerciais e, com o tempo, o próprio exército romano passou a contar com grande número de voluntários germânicos em suas fileiras.

Os primeiros grupos germânicos romperam as fronteiras do Império Romano de forma pacífica. Atraídos pelas riquezas e em busca de climas amenos e terras férteis, solicitaram permissão para se fixar no território. Para isso, ofereciam-se como soldados, para defender as fronteiras, ou como agricultores, para cultivar os campos. Os romanos, para proteger suas terras, geralmente aceitavam a oferta.

A convivência pacifica entre os povos germânicos e os romanos foi interrompida pelas sucessivas e violentas invasões, que duraram cerca de dois séculos, acabaram por destruir a unidade do Império Romano, sobretudo da parte ocidental. A principal causa da invasão do império foi a chegada dos hunos à Europa durante os séculos IV e V. originários do leste da Ásia, os hunos passaram a percorrer as regiões ocupadas pelos povos germânicos, empurrando-os ainda mais para dentro das fronteiras romanas. Os hunos, liderados por Átila, tornaram-se famosos pela violência de seus ataques e pela crueldade do tratamento que dispensavam aos que derrotavam.

Ao se estabelecerem no interior do Império Romano do Ocidente, os vários povos invasores foram aos poucos organizando suas sociedades. Muitas delas, com um rei e certa estrutura administrativa, se transformariam em reinos independentes.

A conquista de Roma, determinando a desintegração do Império Romano do Ocidente, originou inúmeros reinos bárbaros, alguns com existência bastante efêmera, conquistados por outros povos mais poderosos. Dentre os reinos bárbaros que se formavam, vale destacar:

• O Reino Visigodo, formado na região da Península Ibérica, seu domínio estendeu-se até o século VIII, quando das conquistas do árabe Tarik. Os visigodos, contudo, refugiaram-se nas montanhas e acabaram organizando vários reinos cristãos que, mais tarde, formariam a Espanha;

• O Reino Ostrogodo, constituído na Península Itálica, após a expulsão dos hérulos, seu rei, Teodorico, destacou-se pela construção da capital Ravena. Este reino acabou sendo conquistado por Justiniano. Imperador de Bizâncio;

• O Reino Vândalo, organizado no sul da Península Ibérica, deslocou-se, em seguida, sob o comando de Genserico, para o norte da África. Tal como o reino ostrogodo, foi incorporado ao Império Bizantino;

• Os Reinos Anglo-saxões, estabelecidos na região que hoje corresponde à Inglaterra, constituíram sete reinos, conhecidos por heptarquia saxônica;

• O Reino Franco: estabeleceu-se no norte da Itália, região da Gália, e transformou-se no principal reino da Idade Média.

As invasões dos bárbaros à Europa ocidental acarretaram mudanças profundas na vida de suas populações: a fragmentação e a desorganização do Império Romano; a formação de vários reinos que além de alguns valores culturais romanos, acabaram por adotar o cristianismo; a intensificação do processo de ruralização, dada a dificuldade de manutenção das atividades comerciais e urbanas, em função da insegurança gerada pelos ataques bárbaros; e a substituição do latim como língua predominante por línguas bárbaras ou originárias da mistura do latim com essas línguas.

Na formação desses reinos foi importante a relação entre os povos invasores e as populações locais. A partir dessa relação se consolidaram as estruturas econômicas, sociais e políticas da Europa ocidental. Por exemplo, a tradição cristã, surgida no Império Romano, tornou-se ao longo do tempo um elo de coesão social, e a estrutura de poder fragmentada seria, por sua herança dos povos germânicos.

De todos os reinos, o que perdurou por mais tempo foi o dos francos. Como não se distinguiam pelo espírito aventureiro, característico de outros povos germânicos, os francos fixaram-se nos atuais territórios da França e da Bélgica, próximos a sua região de origem. Com isso puderam manter suas características culturais. Outro motivo que fortaleceu o reino dos francos foi a ligação que ele estabeleceu com a Igreja cristã. 

REINOS ROMANO-GERMÂNICOS 

A partir do século V, os anglos e os saxões desembarcam nas ilhas britânicas, expulsando os celtas que lá viviam. Suevos e visigodos instalam-se na península Ibérica, borguinhões ocupam a Gália, ostrogodos migram para a península Itálica e os vândalos assentam-se no norte da África. Os francos avançam primeiro sobre os borguinhões, gauleses e visigodos, na Gália e na península Ibérica e, depois, atacam os lombardos ou longobardos na península Itálica.

Francos - Vivem na planície norte do Reno até o século IV. No século seguinte, com a eliminação dos pequenos reinados existentes, unificam-se sob o reinado de Clóvis.

Dinastia merovíngia - Iniciada por Meroveu, em 482. Na sua expansão inicial, elimina os restos do domínio romano ocidental com sua vitória sobre os gauleses. Em 496 triunfam sobre os alamanos e, em 497, convertem-se ao cristianismo, o que facilita a consolidação de suas conquistas e a posterior expansão sobre os borguinhões, visigodos e ostrogodos. Clóvis forma um reino em que se fundem francos e gauleses. Em 561 começam os conflitos internos entre a monarquia unitária e a nobreza, resultando na formação de três reinos distintos. Em 613 Clotário II consegue a adesão da nobreza para reunificar o reino, mas a monarquia se enfraquece e acelera o declínio do poder merovíngio.

Dinastia carolíngia - Em 751, Pepino, o Breve, destrona Childerico III, o último rei merovíngio, e consolida a dinastia carolíngia. Pepino, o Breve, atendendo apelo do papa, derrota os lombardos na península Itálica e coloca Roma sob sua proteção. Após novas campanhas vitoriosas, obriga o rei lombardo a devolver os territórios romanos conquistados. Entrega-os então ao papa para que constituam, junto com o ducado de Roma, o Estado Pontifício. Em 768 Pepino divide o reino entre seus dois filhos, mas a morte prematura de Carloman II deixa o reino em mãos de Carlos Magno.

Carlos Magno (747-814), primogênito de Pepino, o Breve, rei dos francos e imperador do ocidente. Famoso por sua altura (1,92 m) e habilidade política. Aprende a ler aos 32 anos. Durante os 46 anos de seu reinado, promove grande desenvolvimento cultural e realiza mais de 50 guerras, para expandir o cristianismo e Constantino impor sua hegemonia no ocidente. Recebe o título de maior soberano da Europa Medieval. No natal de 800 é coroado imperador do ocidente pelo papa Leão III, que diz "A Carlos Magno, coroado por Deus, vida e vitória". É canonizado em 1165. Após sua morte, o império fragmenta-se.

DESMEMBRAMENTO DO IMPÉRIO 

Luís I, o Piedoso, sucessor e filho de Carlos Magno, se faz coroar pelo papa Estêvão IV. Disputas e guerras sucessórias envolvem os filhos de Luís I e resultam na divisão do Império Franco. Em 840 os irmãos Luís, o Germânico, e Carlos, o Calvo, unem-se contra Lotário, o primogênito herdeiro. A aliança é reforçada em 842 pelo Juramento de Estrasburgo, o mais antigo documento redigido em alto alemão e francês antigo. A guerra fratricida termina em 843, com o Tratado de Verdun, pelo qual o Império Franco permanece dividido em três reinos. A divisão prolonga-se até 987, quando Hugo Capeto é eleito e coroado rei da França.

 

China Antiga

A presença humana na região da China é antiga. Pode ter mais de 500 mil anos. Mas pouco se sabe sobre esse tempo. Informações mais precisas surgiram apenas após o século XVIII a.C.

Nessa época, as comunidades que viviam onde hoje é a China dominavam a fundição do bronze e das ligas metálicas. Essas comunidades, que com o tempo se tornaram principados, estavam organizadas em torno de cidades-palácios, nas quais havia grande divisão social: num extremo, camponeses, que produziam gêneros de subsistência; no outro nobres, que viviam em vilas muradas, os centros militares, comerciais e religiosos.

O rei, considerado Filho de Céu, desempenhava, sobretudo, a função de chefe religioso e incumbia-se das tarefas administrativas. Aos nobres cabia defender o território contra invasões estrangeiras.

A partir do século VIII a.C., o rei foi se enfraquecendo política e militarmente, enquanto os nobres iam se fortalecendo à medida que se tornavam mais independentes. Entre os séculos V e III a.C., surgiram inúmeros conflitos entre os principados.

Qin Shi Huangdi

Em 221 a.C., Qin Shi Huangdi conseguiu um feito inédito, unificou os principados, fundando o Primeiro Império. Adotou então o título de Primeiro Augusto Imperador de Qin.

Durante seu governo (221-210), Qin impôs medidas comuns a todos os principados. A China expandiu suas fronteiras, ultrapassando os limites do vale do rio Amarelo (Huang Ho). O Império Chinês passou a abranger desde a Manchúria até o norte do atual Vietnã.

Durante sua dinastia, Qin comandou a construção da Grande Muralha, que existe ainda hoje. Além disso, implantou um sistema único de escrita e um sistema de pesos e medidas, construiu estradas e canais, mandou drenar zonas pantanosas e ordenou a exploração de florestas.

Qin iniciou também uma dura política de repressão aos opositores. Mandou queimar (213 a.C.) textos e condenou a morte muitos intelectuais. A rígida política imposta pelo imperador provocou revoltas populares e, após sua morte (210), o Primeiro Império desagregou-se rapidamente.

A dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.) procurou dar continuidade à política de Qin e manter sua estrutura administrativa. Para defender-se dos invasores, prolongou a Grande Muralha. Em termos administrativos, recrutou para o serviço público auxiliares independentes dos príncipes regionais, chamados mandarins.

Durante essa dinastia foi aberta a rota da seda, que facilitou o intercâmbio com o Ocidente. O Império Chinês abriu-se, assim, para influências externas.

Por volta do século I d.C., o budismo, originário da Índia, passou a ter influência na sociedade chinesa. Uma crise agrária levou ao fim a dinastia Han.

A sabedoria chinesa

A princípio, existia na china uma religião que concebia o mundo em três partes: o Senhor, no alto, auxiliado por antigos soberanos mortos; os vivos na terra; e os mortos, cujos vultos continuavam a habitar a terra.

No século V a.C., um filósofo de nome Confúcio elaborou uma linha de pensamento que procurava compreender a sociedade de acordo com a natureza. Assim, a filosofia de Confúcio acabou por influenciar a política. De acordo com o confucionismo, a natureza humana não é má; na verdade é um dom do céu que foi pervertido pelo uso indevido do poder. Para harmonizar a sociedade, o soberano deve, portanto, ter um papel moral.

Após o século V a.C., surgiu com Lao-tsé Zhuangzi o taoísmo, uma escola filosófica e ao mesmo tempo religiosa. Segundo Lao-tsé, o tao é um princípio cósmico que dá origem ao universo.

A escrita chinesa

Na escrita chinesa antiga não há palavras formadas por letras e sílabas representando sons. Os textos chineses antigos eram compostos de desenhos que representavam ideias, chamados de ideogramas. Atualmente existem mais de 50 mil ideogramas na escrita chinesa. Muitos deles foram criados há mais de 5 mil anos e sofreram alterações ao longo do tempo.

Para alguns especialistas, a escrita pode ter surgido primeiro entre os chineses, e não na Mesopotâmia. Essa hipótese é amparada em uma descoberta feita em 1899, no sítio arqueológico de Anyang, na China, onde pesquisadores encontraram uma carapaça de tartaruga de 8,5 mil anos com inscrições semelhantes a alguns ideogramas chineses atuais. Para esses cientistas, os sinais seriam exemplos de uma escrita rudimentar pelo menos 2 mil anos mais antiga que os escritos mesopotâmicos.

A leitura desses sinais funcionava como um verdadeiro oráculo. Os governantes, interessados em saber se seu exército teria sucesso em uma campanha militar, ou se haveria períodos de inundação ou seca, consultavam os adivinhos. Estes colocavam um bastão aquecido sobre carapaças ou ossos de tartaruga, que rachavam por causa do calor. O desenho formado por essas rachaduras era interpretado pelos adivinhos como avisos dos ancestrais.

Arqueólogos já coletaram mais de 100 mil desses ossos com rachaduras. De acordo com os pesquisadores, essas inscrições podem ser classificadas conforme suas formas e seus conteúdos. Com base na análise desses vestígios, os historiadores e outros pesquisadores levantaram importantes informações a respeito da genealogia real da dinastia Shang, que governou a China por cerca de 600 anos, entre os séculos XVIII a.C e XII a.C. As inscrições também permitem a linguistas estudarem a origem dos atuais caracteres chineses, bem como diversos aspectos da gramática chinesa.

As artes marciais

As artes marciais, chamadas em chinês de wu shu, existem a mais de 3 mil anos. São utilizadas ainda hoje como exercícios de concentração, defesa pessoal e treinamento militar.

Algumas dessas artes marciais foram criadas e ensinadas em mosteiros por monges que dedicavam boa parte da vida a praticá-las. Com o tempo, os monges passaram a ensiná-las a outras pessoas, ampliando ainda mais os estilos de wu shu. A arte marcial chinesa mais praticada hoje no mundo é conhecida como kung fu.      

O comércio

Como em outras civilizações, de início os chineses praticavam o escambo, isto é, a troca direta de mercadorias sem o uso de moedas. Mais tarde, em locais e épocas diferentes, moedas, barras e peças de ouro e de bronze foram usadas nas relações comerciais.

Durante a dinastia Han, os chineses mantiveram um intenso comércio com o Ocidente: tinham interesse especial por vidro, pedras preciosas e perfumes e exportavam principalmente especiarias e seda. Havia diversas rotas de comércio, e dentre elas se destacou a chamada Rota da Seda.

Durante a dinastia Han chegou ao esplendor a Rota ou o Caminho da Seda, que por via terrestre ligava a China ao Oriente Médio: passando pelo atual Afeganistão, pelo Turquestão chinês e pela Índia, chegava à Pérsia. Por ela o Oriente enviava ao Ocidente especiarias e seda e recebia vidro, tecido, tecido, cerâmica e moedas de ouro e prata.

 

Índia Antiga

 Há 5 mil anos, a península da Índia era habitada pelos dravidianos. Esse povo era governado por príncipes, conhecidos como marajás. Há 4 mil anos, a península foi invadida por povos arianos, de origem indo-europeia.

Com cavalos e armas de metais (ferro e Bronze), os arianos venceram os dravidianos, impondo seu domínio sobre a região. A fusão cultural desses dois povos deu origem a cultura hindu, fortemente marcada pela religião, o vedismo.

Com base nos preceitos religiosos do vedismo, a sociedade indiana foi dividida em castas. Por esse sistema, os indivíduos eram agrupados de acordo com a origem social e as tarefas que realizavam. As diferentes camadas sociais não podiam se misturar.

As castas estavam fundamentadas na crença da pureza da alma. Acreditava-se que a natureza de cada indivíduo havia sido determinada pelos deuses e não podia ser misturada.

Assim, as castas eram rigidamente hierarquizadas, sem qualquer possibilidade de mudança social. Em outras palavras. Em outras palavras, um indivíduo não podia mudar de uma casta para outra.

Desde seu nascimento, a pessoa sabia onde poderia morar, quem poderia desposar, que atividades exerceria e até mesmo o modo de vestir e o que comer.

Entretanto, os hindus acreditavam na reencarnação, o continuo renascer da alma para alcançar estágio mais puros. Isso significava que em uma vida futura qualquer indivíduo poderia nascer em uma casta mais elevada.

A organização social da Índia compreendia inúmeras castas. No topo da hierarquia, destacavam-se: 

• Os brâmanes – eram os sacerdotes, únicos que tinham acesso aos textos sagrados e eram responsáveis por sua rigorosa aplicação;

• Os guerreiros – que defendiam o território e ocupavam cargos políticos;

• Os mercadores – que se dedicavam ao comércio.   

Havia ainda os párias ou intocáveis. Considerados os impuros, não pertenciam a qualquer casta social. De modo geral, realizavam atividades em que lidavam com animais mortos ou dejetos humanos. Eram sapateiros, curtidores, coveiros, limpadores de fossa.

A formação da Índia

No século III a.C., sob o comando de Asoka, a Índia foi unificada e organizada. Surgia assim o primeiro império indiano.

Durante o reinado de Asoka, foi tolerada a prática de todas as religiões, embora o próprio imperador tivesse se convertido ao budismo.

Surgido no século VI a.C., o budismo conquistava inúmeros adeptos ao negar o sistema de castas e pregar, entre outras coisas, que a realidade era mutável.

Religiões

Como se pode perceber, a religião exerceu importante papel na história da Índia, influenciando, entre outros aspectos, a organização social.

Vedismo, bramanismo e budismo são algumas das religiões que surgiram na Índia. Vedismo e bramanismo são orientados pelos Vedas, conjunto de escrituras sagradas, composto de quatro livros, que reúnem orações, hinos, poemas, preceitos litúrgicos, fórmulas mágicas, lendas e narrativas. O budismo possui origem distinta, não está relacionado ao vedismo nem ao bramanismo.

Vedismo – antiga religião dos hindus, contava com inúmeros deuses, geralmente interpretado como símbolos de força da natureza, como Agni (deus do fogo) e Indra (deus da tempestade). Baseava-se na força do cosmo e nos textos sagrados (Vedas). Os hindus realizavam sacrifícios orientados por um dos livros que compôem os Vedas (Yajurveda).

Bramanismo – religião que tem sua origem no vedismo. Orientada pelos Vedas, sua doutrina tem como preceitos fundamentais o respeito à ordem cósmica, a obediência ao destino e o dever de pureza, base do sistema de castas. O pensamento religioso do bramanismo tem como princípio o Braman (absoluto, totalidade, supremo), do qual tudo deriva, e os diversos deuses são personificação de seus aspectos. Brahma (criador), Vishnu (conservador) e Shiva (destruidor), que formam a trindade, são os principais deuses. Prega que a alma está sujeita a uma sucessão de vidas e renascimentos (reencarnação), que só se esgota ao atingir o grau supremo de pureza (libertação). Após o surgimento do budismo, o bramanismo sofreu uma série de transformações. A partir do século III de nossa era, o bramanismo passou a ser conhecido como hinduísmo.

Budismo – religião fundada por Sidarta Gautama, no século VI a.C. Seus ensinamentos sintetizam-se nos seguintes temas: nada é permanente, a realidade é mutável e não existe nada que seja indestrutível. Sua doutrina fundamental compreende quatro nobres verdades: a vida é dor; a causa da dor é o desejo; o fim da dor é obtido com o fim do desejo; o fim do desejo é obtido com a prática das regras morais e da disciplina ascética. Em resumo, o budismo apregoa que, enquanto o indivíduo não se liberta do desejo, não está submetido ao ciclo do renascimento. 

As origens do budismo

Sidarta Gautama, o Buda (em sânscrito, o Iluminado), nasceu no Himalaia, em 480 a.C. Membro de uma família rica, levou uma vida de jovem nobre até completar 29 anos. Cada vez mais insatisfeito e infeliz por ter uma vida rodeada de luxo, abandonou sua esposa e família e partiu em busca de uma solução para o sofrimento humano.

Contam os indianos que Buda, ao sair pela primeira vez de seu palácio, encontrou a miséria por toda parte, coisa que ele até então não sabia que existia. Iniciou, então uma meditação de 49 dias e alcançou a iluminação, ou seja, o estado de Buda. Passou a pregar seus ensinamentos, que basicamente consiste em superar o desejo para acabar com o sofrimento.

O budismo difundiu-se rapidamente porque a essência de sua doutrina era a salvação daqueles que tivessem uma boa conduta. Ao mesmo tempo, muita gente era contra porque negava o sistema de castas. Além disso defendia os humildes e oprimidos.

Artes e ciências

As artes plásticas indianas, em especial a escultura, são ricas em detalhes e combinam temas religiosos com aspectos da natureza e do amor físico.

Um elemento importante da cultura indiana são as danças, que apresentam uma grande variedade de estilos, refletindo a diversidade de povos, línguas e culturas que convivem no subcontinente.

Com a difusão do budismo, a arte indiana – arquitetura, escultura, pintura, joalheria, cerâmica, tecidos – estendeu-se por todo o Oriente e influenciou a cultura de outras regiões, como a da China e a do Japão.

No campo do conhecimento científico, a Índia destacou-se pela invenção de um sistema de numeração baseada em símbolos – conhecidos hoje como algarismos indo-arábicos, mas a princípio denominados de arábicos, pois os árabes o divulgaram para o mundo. Os indianos também aprimoraram a ideia do valor posicional dos algarismos – o valor dos algarismos depende da posição que ocupa no número –, assim como inventaram um símbolo para o zero.

Índia e China: Um olhar sobre o Oriente

Bem longe do Crescente Fértil, existiam outras sociedades que se desenvolveram ao mesmo tempo que as sociedades que estudamos até aqui. Entre elas as da Índia e da China. Localizadas no Oriente, essas sociedades mantinham contatos esporádicos com os egípcios, os mesopotâmios ou os fenícios.
A China e a Índia eram sociedades bastante diferentes daquelas que até agora conhecemos. As diferenças iam desde a organização política até a concepção de mundo, passando pelos costumes, religião, formas de trabalho, etc.
Essas características provocaram o fascínio e a curiosidade entre os povos das duas regiões. Ao longo do tempo, viajantes, mercadores e estudiosos percorreram o longo caminho que interliga esses dois mundos. Em cada um desses encontros, esses aventureiros desvendaram uma parte da cultura e das riquezas do outro.

1 – Índia

Há 5 mil anos, a península da Índia era habitada pelos dravidianos. Esse povo era governado por príncipes, conhecidos como marajás. Há 4 mil anos, a península foi invadida por povos arianos, de origem indo-européia.
Com cavalos e armas de metais (ferro e Bronze), os arianos venceram os dravidianos, impondo seu domínio sobre a região. A fusão cultural desses dois povos deu origem a cultura hindu, fortemente marcada pela religião, o vedismo.
Com base nos preceitos religiosos do vedismo, a sociedade indiana foi dividida em castas. Por esse sistema, os indivíduos eram agrupados de acordo com a origem social e as tarefas que realizavam. As diferentes camadas sociais não podiam se misturar.
As castas estavam fundamentadas na crença da pureza da alma. Acreditava-se que a natureza de cada indivíduo havia sido determinada pelos deuses e não podia ser misturada.
Assim, as castas eram rigidamente hierarquizadas, sem qualquer possibilidade de mudança social. Em outras palavras. Em outras palavras, um indivíduo não podia mudar de uma casta para outra.
Desde seu nascimento, a pessoa sabia onde poderia morar, quem poderia desposar, que atividades exerceria e até mesmo o modo de vestir e o que comer.
Entretanto, os hindus acreditavam na reencarnação, o continuo renascer da alma para alcançar estágios mais puros. Isso significava que em uma vida futura qualquer indivíduo poderia nascer em uma casta mais elevada.
A organização social da Índia compreendia inúmeras castas. No topo da hierarquia, destacavam-se:
• Os brâmanes – eram os sacerdotes, únicos que tinham acesso aos textos sagrados e eram responsáveis por sua rigorosa aplicação;
• Os guerreiros – que defendiam o território e ocupavam cargos políticos;
• Os mercadores – que se dedicavam ao comércio.
Havia ainda os párias ou intocáveis. Considerados os impuros, não pertenciam a qualquer casta social. De modo geral, realizavam atividades em que lidavam com animais mortos ou dejetos humanos. Eram sapateiros, curtidores, coveiros, limpadores de fossa.

A formação da Índia

No século III a.C., sob o comando de Asoka, a Índia foi unificada e organizada. Surgia assim o primeiro império indiano.
Durante o reinado de Asoka, foi tolerada a prática de todas as religiões, embora o próprio imperador tivesse se convertido ao budismo.
Surgido no século VI a.C., o budismo conquistava inúmeros adeptos ao negar o sistema de castas e pregar, entre outras coisas, que a realidade era mutável.

Religiões

Como se pode perceber, a religião exerceu importante papel na história da Índia, influenciando, entre outros aspectos, a organização social.
Vedismo, bramanismo e budismo são algumas das religiões que surgiram na Índia. Vedismo e bramanismo são orientados pelos Vedas, conjunto de escrituras sagradas, composto de quatro livros, que reúnem orações, hinos, poemas, preceitos litúrgicos, fórmulas mágicas, lendas e narrativas. O budismo possui origem distinta, não está relacionado ao vedismo nem ao bramanismo.
Vedismo – antiga religião dos hindus, contava com inúmeros deuses, geralmente interpretado como símbolos de força da natureza, como Agni (deus do fogo) e Indra (deus da tempestade). Baseava-se na força do cosmo e nos textos sagrados (Vedas). Os hindus realizavam sacrifícios orientados por um dos livros que compõem os Vedas (Yajurveda).
Bramanismo – religião que tem sua origem no vedismo. Orientada pelos Vedas, sua doutrina tem como preceitos fundamentais o respeito à ordem cósmica, a obediência ao destino e o dever de pureza, base do sistema de castas. O pensamento religioso do bramanismo tem como princípio o Braman (absoluto, totalidade, supremo), do qual tudo deriva, e os diversos deuses são personificação de seus aspectos. Brahma (criador), Vishnu (conservador) e Shiva (destruidor), que formam a trindade, são os principais deuses. Prega que a alma está sujeita a uma sucessão de vidas e renascimentos (reencarnação), que só se esgota ao atingir o grau supremo de pureza (libertação). Após o surgimento do budismo, o bramanismo sofreu uma série de transformações. A partir do século III de nossa era, o bramanismo passou a ser conhecido como hinduísmo.
Budismo – religião fundada por Sidarta Gautama, no século VI a. C. Seus ensinamentos sintetizam-se nos seguintes temas: nada é permanente, a realidade é mutável e não existe nada que seja indestrutível. Sua doutrina fundamental compreende quatro nobres verdades: a vida é dor; a causa da dor é o desejo; o fim da dor é obtido com o fim do desejo; o fim do desejo é obtido com a prática das regras morais e da disciplina ascética. Em resumo, o budismo apregoa que, enquanto o indivíduo não se liberta do desejo, não está submetido ao ciclo do renascimento.

As origens do budismo

Sidarta Gautama, o Buda (em sânscrito, o Iluminado), nasceu no Himalaia, em 480 a.C. Membro de uma família rica, levou uma vida de jovem nobre até completar 29 anos. Cada vez mais insatisfeito e infeliz por ter uma vida rodeada de luxo, abandonou sua esposa e família e partiu em busca de uma solução para o sofrimento humano.
Contam os indianos que Buda, ao sair pela primeira vez de seu palácio, encontrou a miséria por toda parte, coisa que ele até então não sabia que existia. Iniciou, então uma meditação de 49 dias e alcançou a iluminação, ou seja, o estado de Buda. Passou a pregar seus ensinamentos, que basicamente consiste em superar o desejo para acabar com o sofrimento.
O budismo difundiu-se rapidamente porque a essência de sua doutrina era a salvação daqueles que tivessem uma boa conduta. Ao mesmo tempo, muita gente era contra porque negava o sistema de castas. Além disso defendia os humildes e oprimidos.

Artes e ciências

As artes plásticas indianas, em especial a escultura, são ricas em detalhes e combinam temas religiosos com aspectos da natureza e do amor físico.
Um elemento importante da cultura indiana são as danças, que apresentam uma grande variedade de estilos, refletindo a diversidade de povos, línguas e culturas que convivem no subcontinente.
Com a difusão do budismo, a arte indiana – arquitetura, escultura, pintura, joalheria, cerâmica, tecidos – estendeu-se por todo o Oriente e influenciou a cultura de outras regiões, como a da China e a do Japão.
No campo do conhecimento científico, a Índia destacou-se pela invenção de um sistema de numeração baseada em símbolos – conhecidos hoje como algarismos indo-arábicos,, mas a princípio denominados de arábicos, pois os árabes o divulgaram para o mundo. Os indianos também aprimoraram a idéia do valor posicional dos algarismos – o valor dos algarismos depende da posição que ocupa no número –, assim como inventaram um símbolo para o zero.

2- China

A presença humana na região da China é antiga. Pode ter mais de 500 mil anos. Mas pouco se sabe sobre esse tempo. Informações mais precisas surgiram apenas após o século XVIII a.C.
Nessa época, as comunidades que viviam onde hoje é a China dominavam a fundição do bronze e das ligas metálicas. Essas comunidades, que com o tempo se tornaram principados, estavam organizadas em torno de cidades-palácios, nas quais havia grande divisão social: num extremo, camponeses, que produziam gêneros de subsistência; no outro nobres, que viviam em vilas muradas, os centros militares, comerciais e religiosos.
O rei, considerado Filho de Céu, desempenhava, sobretudo, a função de chefe religioso e incumbia-se das tarefas administrativas. Aos nobres cabia defender o território contra invasões estrangeiras.
A partir do século VIII a.C., o rei foi se enfraquecendo política e militarmente, enquanto os nobres iam se fortalecendo à medida que se tornavam mais independentes. Entre os séculos V e III a.C., surgiram inúmeros conflitos entre os principados.
Em 221 a.C., Qin Shi Huangdi conseguiu um feito inédito, unificou os principados, fundando o Primeiro Império. Adotou então o título de Primeiro Augusto Imperador de Qin.
Durante seu governo (221-210), Qin impôs medidas comuns a todos os principados. A China expandiu suas fronteiras, ultrapassando os limites do vale do rio Amarelo (Huang Ho). O Império Chinês passou a abranger desde a Manchúria até o norte do atual Vietnã.
Durante sua dinastia, Qin comandou a construção da Grande Muralha, que existe ainda hoje. Além disso, implantou um sistema único de escrita e um sistema de pesos e medidas, construiu estradas e canais, mandou drenar zonas pantanosas e ordenou a exploração de florestas.
Qin iniciou também uma dura política de repressão aos opositores. Mandou queimar (213 a.C.) textos e condenou a morte muitos intelectuais. A rígida política imposta pelo imperador provocou revoltas populares e, após sua morte (210), o Primeiro Império desagregou-se rapidamente.
A dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.) procurou dar continuidade à política de Qin e manter sua estrutura administrativa. Para defender-se dos invasores, prolongou a Grande Muralha. Em termos administrativos, recrutou para o serviço público auxiliares independentes dos príncipes regionais, chamados mandarins.
Durante essa dinastia foi aberta a rota da seda, que facilitou o intercâmbio com o Ocidente. O Império Chinês abriu-se, assim, para influências externas.
Por volta do século I d.C., o budismo, originário da Índia, passou a ter influência na sociedade chinesa. Uma crise agrária levou ao fim a dinastia Han.

A sabedoria chinesa

A princípio, existia na china uma religião que concebia o mundo em três partes: o Senhor, no alto, auxiliado por antigos soberanos mortos; os vivos na terra; e os mortos, cujos vultos continuavam a habitar a terra.
No século V a.C., um filósofo de nome Confúcio elaborou uma linha de pensamento que procurava compreender a sociedade de acordo com a natureza. Assim, a filosofia de Confúcio acabou por influenciar a política. De acordo com o confucionismo, a natureza humana não é má; na verdade é um dom do céu que foi pervertido pelo uso indevido do poder. Para harmonizar a sociedade, o soberano deve, portanto, ter um papel moral.
Após o século V a.C., surgiu com Lao-tsé Zhuangzi o taoísmo, uma escola filosófica e ao mesmo tempo religiosa. Segundo Lao-tsé, o tao é um princípio cósmico que dá origem ao universo.

A escrita chinesa

Na escrita chinesa antiga não há palavras formadas por letras e sílabas representando sons. Os textos chineses antigos eram compostos de desenhos que representavam ideias, chamados de ideogramas. Atualmente existem mais de 50 mil ideogramas na escrita chinesa. Muitos deles foram criados há mais de 5 mil anos e sofreram alterações ao longo do tempo.

As artes marciais

As artes marciais, chamadas em chinês de wu shu, existem a mais de 3 mil anos. São utilizadas ainda hoje como exercícios de concentração, defesa pessoal e treinamento militar.
Algumas dessas artes marciais foram criadas e ensinadas em mosteiros por monges que dedicavam boa parte da vida a praticá-las. Com o tempo, os monges passaram a ensiná-las a outras pessoas, ampliando ainda mais os estilos de wu shu. A arte marcial chinesa mais praticada hoje no mundo é conhecida como kung fu.

O comércio

Como em outras civilizações, de início os chineses praticavam o escambo, isto é, a troca direta de mercadorias sem o uso de moedas. Mais tarde, em locais e épocas diferentes, moedas, barras e peças de ouro e de bronze foram usadas nas relações comerciais.
Durante a dinastia Han, os chineses mantiveram um intenso comércio com o Ocidente: tinham interesse especial por vidro, pedras preciosas e perfumes e exportavam principalmente especiarias e seda. Havia diversas rotas de comércio, e dentre elas se destacou a chamada Rota da Seda.
Durante a dinastia Han chegou ao esplendor a Rota ou o Caminho da Seda, que por via terrestre ligava a China ao Oriente Médio: passando pelo atual Afeganistão, pelo Turquestão chinês e pela Índia, chegava à Pérsia. Por ela o Oriente enviava ao Ocidente especiarias e seda e recebia vidro, tecido, tecido, cerâmica e moedas de ouro e prata.


Produção de energia no Brasil

Movimentar máquinas, cargas e pessoas por longas distâncias demanda muita energia. No Brasil, usam-se combustíveis derivados de fontes não r...