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O Império Carolíngio

Os romanos chamavam todos os povos que habitavam além de suas fronteiras de bárbaros. Isso pelo fato de falarem uma língua diferente e terem costumes muito diversos dos seus.

Apesar disso, os romanos permitiram que muitos desses povos bárbaros ocupassem parte de seu território. Na qualidade de aliados, eles ajudavam a defender as fronteiras contra invasões inimigas, além de cultivarem as terras e criarem animais.

A presença dos povos invasores no Império Romano aumentaria com a chegada dos hunos à Europa. Assustados com os hunos, os povos que habitavam a região próxima das fronteiras passariam a ocupar o território romano nem sempre de forma pacífica.

Com o tempo e a desagregação do Império Romano do Ocidente, essas ocupações iniciais dariam origem a reinos independentes. No interior deles, estariam presentes tanto costumes romanos quanto dos povos invasores.

Formado na Gália (atual França), o Reino Franco foi o mais duradouro desses reinos.

Ao chegarem à Gália, os romanos construíram grandes vias de comunicação ligando as principais vilas. Essas vias favoreceram o desenvolvimento do comércio e do artesanato. Foram ainda os romanos que introduziram na região técnicas de cultivo de videiras e de fabricação de vinho.

Por um longo período, a região, dominada pelos romanos, ficou protegida contra invasões. Entretanto, no princípio do século V, um povo de origem germânica atravessou o rio Reno e entrou na Gália. Eram os francos. Eles conquistaram grande parte do território, estabelecendo-se no Norte e, sobretudo, no Nordeste.

O Reino Franco

Os primeiros reis francos descendiam de Meroveu. Por isso, os reis dessa dinastia chamam-se merovíngios.

Meroveu, na metade do século V, lutou ao lado dos romanos contra os invasores hunos.

Clóvis, neto de Meroveu, venceu os alamanos, os borgúndios e os visigodos, ampliando as fronteiras do reino. Com isso, no final do século V, os francos já dominavam grande parte da Europa central.

A importância de Clóvis aumentou quando ele se converteu ao cristianismo, em 496, depois de derrotar os alamanos. Com a conversão, conquistou total apoio de condes cristãos e bispos da Gália.


Batismo de Clóvis - rei dos francos

Com a morte de Clóvis, em 511, o reino franco foi dividido entre seus quatro filhos, ocasionando rivalidades e disputas entre eles. Por fim, em 628, Dagoberto subiu ao trono e estabeleceu que, daí por diante, os reis fracos teriam um único sucessor.

Após o reinado de Dagoberto, vieram os reis indolentes, assim chamados por não cumprirem as funções administrativas. O prefeito do palácio, uma espécie de primeiro ministro, era quem efetivamente administrava o reino.

Um desses prefeitos, Pepino de Heristal, tornou o cargo hereditário e passou-o a seu filho Carlos Martel. Carlos Martel notabilizou-se por vencer os árabes, em 732, na batalha de Poitiers, detendo a invasão muçulmana na região central da Europa.

Em 743, foi coroado o último rei dos merovíngio, Childerico III.


Carlos Magno e Pepino o Breve

O filho de Carlos Martel, Pepino, o Breve, incentivado pelo papa Zacarias, depôs Childerico III, assumiu o trono e fez-se aclamar rei. Com isso, iniciou-se uma nova dinastia, a dos carolíngios, nome derivado Carolus (Carlos, em latim). O sucessor de Pepino, o Breve, foi seu filho Carlos Magno.

O Império Carolíngio

Carlos Magno assumiu o trono em 768 e, por suas realizações, é considerado o mais importante rei dos francos. Destacou-se por conquistas militares e pela organização administrativa implantada nos territórios sob seu domínio.

Para as conquistas militares, Carlos Magno organizou um exército forte, do qual faziam parte, além de seus soldados, os grandes proprietários de terras acompanhados de certo número de camponeses equipados para a guerra. Com esse exército, ele expandiu as fronteiras do reino, constituindo o Império Carolíngio.

Nas regiões conquistadas, eram construídas fortalezas e igrejas em volta das quais organizaram-se vilas que, posteriormente, passaram a ser ligadas por estradas. Sendo cristão, Carlos Magno obrigava os povos conquistados a converterem-se ao cristianismo.

O governo de Carlos Magno não tinha uma sede fixa. Com sua corte, que se constituía basicamente de familiares, amigos, membros do clero e funcionários administrativos, viajava de um lugar para outro. As decisões políticas mais importantes, em geral, eram tomadas no palácio de Aix-la-Chapelle, no noroeste da atual França.

No ano 800, em Roma, na noite de Natal. Carlos Magno foi coroado imperador pelo papa Leão III. Com a coroação de Carlos Magno, a Igreja católica pretendia fazer reviver o Império Romano do Ocidente e, ao mesmo tempo, unificar a Europa sob o comando de um monarca cristão.

Administração do Império Carolíngio

Para administrar o império, Carlos Magno contou com funcionários e nobres. Entre os nobres, destacamos:
• os condes: responsáveis por territórios conhecidos como condados;
• os marqueses: responsáveis por territórios conhecidos como marcas, que ficavam nas fronteiras do império;
• os missi dominici: inspetores reais que fiscalizavam os administradores locais. Como líder de um império guerreiro, Carlos Magno selecionou um grupo de 12 homens para formar seu conselho de guerra, conhecidos como os Doze Pares de França. Esses conselheiros participavam de batalhas contra os inimigos dos francos e acabaram se tornando uma lenda no mundo cristão, inspirando obras da literatura medieval e festas populares até mesmo no Brasil, como as cavalhadas.

Carlos Magno e a educação

Carlos Magno tinha pouca instrução. Com idade avançada, aprendeu a ler e escrever em latim. Valorizou o ensino, promovendo obras para sua difusão em todo o império. Queria funcionários instruídos para ler os textos oficiais, que eram redigidos em latim.

Fundou, ao lado de cada igreja, escolas gratuitas para a população e, nos mosteiros, escolas para os sacerdotes. No próprio palácio abriu uma escola que era frequentada, sem distinção de tratamento, por meninos de famílias pobres e por filhos de nobres.

Renascimento Carolíngio

Apesar de ter permanecido analfabeto até a vida adulta, Carlos Magno preocupou-se com o desenvolvimento das artes e da literatura. Durante seu governo, artistas e estudiosos receberam proteção e patrocínio. Além disso, foram construídos mosteiros e escolas.

Nos mosteiros, alguns monges se dedicavam a traduzir e copiar livros de antigos autores gregos e romanos. Assim, preservou-se uma parte da cultura da Antiguidade Clássica.

Em função desse desenvolvimento cultural, historiadores chamam essa época de Renascimento Carolíngio. Porém, a maioria da população permaneceu analfabeta e não teve acesso às obras que foram produzidas ou recuperadas. Essas obras ficaram restritas a uma elite de nobres e sacerdotes que viviam nos palácios e nos mosteiros.

A fragmentação do Império Carolíngio

Carlos Magno morreu em 814. foi sucedido por seu filho, Luís, o Piedoso, que governou até 840. O império ainda se manteve unido, embora tenha enfrentado problemas políticos, como a excessiva influência do clero (sacerdotes da Igreja) sobre o monarca.

Os filhos de Luís disputaram, durante três anos, a sucessão do império. Em 843, pelo Tratado de Verdun, o Império Carolíngio foi dividido em três reinos distintos, cabendo a parte ocidental a Carlos, o Calvo; a parte oriental a Luís, o Germânico; e a parte central a Lotário. O desmembramento do Império Carolíngio pôs fim à tentativa de unificação da Europa ocidental sob o comando de um único monarca cristão.

Essa divisão abriu caminho para que administradores locais (condes, marqueses, bispos) conquistassem mais poder e autonomia. Além disso, a partir do século IX, muçulmanos, hunos e vikings fizeram novas invasões à Europa Ocidental.
Entre o século X e meados do século XV, ocorreram diversas modificações no modo de vida  das pessoas na Europa Ocidental. Com medo das invasões e das guerras, os povos
dessa região reorganizaram-se em busca de segurança. Foi nesse período que muitos castelos foram construídos, pois ajudavam a proteger seus senhores dos inimigos externos.

  

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