domingo, 24 de setembro de 2023

Os cretenses e a civilização minoica

Perto do segundo milênio antes de Cristo, a Península Balcânica era dominada pelos cretenses, os quais imprimiram profundas marcas na vida cultural da Grécia Antiga.
Creta é uma ilha com pouco mais de 8 mil quilômetros quadrados, localizada entre o norte da África e o sul da Península Balcânica. Maior ilha do Mediterrâneo, abrigou uma das mais antigas civilizações da humanidade, a civilização cretense, também conhecida como minoica.

A civilização minoica desenvolveu-se a partir de 2000 a.C., na ilha de Creta, situada no mar Egeu, podendo, por isso, ser também chamada de civilização egeia. Pouco se sabe sobre as origens dos cretenses. No entanto, por volta de 2500 a.C., na mesma época em que os egípcios construíam as pirâmides de Gizé, existiam em Creta importantes cidades, como Cnossos, Malia e Festos. Eram cidades controladas por uma aristocracia formada por reis, nobres, sacerdotes e comerciantes.

Nessas cidades, as casas eram de pedra e tijolo, e os palácios ali erguidos funcionavam não só como residências mas também como centros comerciais, cerimoniais e religiosos. Em Cnossos, por exemplo, o palácio ocupava uma área de 20 mil metros quadrados no alto de uma colina.

Os minoicos se destacavam na fabricação de joias, cerâmicas, esculturas e produtos de metal. Também construíram portos e aquedutos.

Para navegar entre as ilhas da região, os primeiros cretenses utilizavam canoas escavadas em troncos de árvores, posteriormente substituídas por embarcações mais sofisticadas. Com elas, realizavam trocas comerciais com povos de lugares distantes, como Grécia e Egito, além de outras regiões do Mediterrâneo, como a Mesopotâmia e a Ilha de Chipre. A marinha mercante dos cretenses se tornou a maior da época e seus mercadores dominaram o comércio mediterrâneo.

Os cretenses tinham no comércio marítimo a base de sua economia, por isso, o poder concentrou-se nas mãos de uma elite comercial, liderada por reis chamados Minos.

Estes viviam em luxuoso palácio, na cidade de Cnossos, capital do reino. Exportavam azeite e vinho e importavam cereais, ouro, prata e marfim. Essas atividades econômicas enriqueceram a população cretense, que estendeu sua influência às ilhas vizinhas.

A civilização cretense é considerada uma das primeiras a ter uma vida econômica dominada pelo comércio marítimo. Ao entrarem em contato com outros povos, os cretenses assimilaram traços de diferentes culturas. Com os mesopotâmicos, por exemplo, aprenderam a trabalhar o bronze; com os egípcios, a fabricar vasos de pedra.

Palácio de Minos em Cnossos

Os Cretenses deixaram poucos vestígios de sua existência e o conhecimento sobre eles só pôde ampliar-se em função da recente descoberta das ruínas de Cnossos e da decifração de sua escrita.

O palácio de Cnossos era uma enorme construção. Possuía um sistema hidráulico único no mundo da época: uma intrincada rede subterrânea de canos de cerâmica trazia água fresca para as banheiras, as fontes e as cozinhas, enquanto outra escoava a água suja. Seus armazéns guardavam cereais, vinho e azeite em grandes vasos de cerâmica (alguns com quase 2 m de altura). Nos depósitos subterrâneos ficavam os cofres de ouro, prata e marfim. Essas riquezas, provenientes de impostos e presentes doados ao rei, eram destinadas as divindades.

Uma característica marcante dos cretenses era o papel desempenhado pelas mulheres: elas ocupavam posição de destaque e desfrutavam de uma liberdade até então desconhecida em outras localidades. Além disso, várias divindades eram femininas e cabia às sacerdotisas o principal papel nas cerimônias religiosas. A importância feminina transparecia na religião, no culto à principal divindade cretense, a deusa Grande Mãe. Isso faz supor que, na ilha, sobrevivesse uma forte influência das sociedades matriarcais pré-históricas.

A Grande Mãe

Nas escavações de Creta foram encontradas muitas imagens de mulheres, de diferentes posições sociais: sacerdotisas, dançarinas, esportistas ou damas da nobreza. Isso indica que na sociedade minoica a mulher participava ativamente da vida da cidade e ocupava lugar de destaque nas cerimônias religiosas.

A civilização minoica terminou de forma violenta. Entre os anos de 1450 e 1400 a.C., a ilha sofreu a invasão dos aqueus, um povo guerreiro da Grécia continental. Eles destruíram os palácios e submeteram a população minoica, impondo-se como seus governantes. Pouco depois, ocorreu uma violenta erupção vulcânica na ilha de Terá, próxima a Creta. O terremoto e o maremoto que se seguiram atingiram Creta com tamanha força que as construções foram ao chão, os barcos e o próprio porto foram para o fundo do mar. Assim chegava ao fim a civilização minoica.

A libertação grega perante o Minotauro

Os gregos possuem uma lenda para explicar sua origem. Tal lenda diz que no interior de um labirinto habitava o Minotauro, mostro com cabeça de touro e corpo de homem. O Minotauro dominava a Grécia, obrigando seu povo a pagar pesados tributos, entre os quais a entrega de jovens gregos para servi-lo. O labirinto, em que se escondia o Minotauro, impedia que os gregos pudessem enfrentar o monstro para libertar a Grécia de seu terrível domínio.

Um dia, porém, um jovem grego chamado Teseu decidiu acabar com o monstro. Auxiliado por Ariadne, uma das servas do Minotauro, penetrou no labirinto, achou o monstro e destruiu-o, conquistando a liberdade para a Grécia.


A lenda do Minotauro estabelece relações significativas com o domínio de Creta sobre o território grego. O nome do monstro deriva da denominação do soberano cretense: Minos. Além disso, segundo recentes achados arqueológicos, o rei habitava um palácio, em Cnossos, formado por inúmeros compartimentos, assemelhando-se muito a um labirinto.

 

Os persas

Em finais do século XX a.C., povos indo-europeus estabeleceram-se no planalto iraniano, a leste da Mesopotâmia. Eram os medos e os persas, que progressivamente formaram pequenos reinos locais.

Essa região possui clima seco e é formada por terras altas, rodeadas por elevadas montanhas, onde somente no sopé há água suficiente para o desenvolvimento da agricultura.

Séculos depois, medos e persas ficaram sob dominação assíria. No século VIII a.C., os reinos medos se uniram e conseguiram liberta-se do jugo estrangeiro, estabelecendo, a partir de então, sua hegemonia no planalto do Irã.

A princípio os persas eram dominados pelos medos. Essa situação se inverteria por volta de 550 a.C. Nessa época, sob o comando de Ciro, os persas dominaram os medos e passaram a controlar a região. Transformando-se em rei unificou os dois povos numa única nação e iniciou a expansão territorial, lançando as origens do império Persa.

Mostrando-se hábeis guerreiros, os persas ampliaram progressivamente seus domínios, até serem contidos pelos gregos no final do século V a.C.

Atualmente, onde antes se estabeleceram medos e persas, localiza-se um país chamado Irã.

Entre os principais monarcas persas, vale destacar:

• Ciro I (559-529 a.C.), o unificador do Estado persa. Com seu hábil exército, conquistou a Mesopotâmia em 539 a.C. e libertou os hebreus que se achavam cativos na Babilônia;

• Cambises (529-522 a.C.), comandante das tropas persas na Batalha de Pelusa, em 525 a.C., quando o Egito foi conquistado e submetido ao Império Persa;

• Dario I (512-484 a.C.), responsável pela organização administrativa do Império Persa.

A organização do império

Os povos dominados pelos persas podiam conservar seus costumes, suas leis, sua religião e sua língua. Eram obrigados, porém, a pagar tributos e a servir o exército persa.

Dário foi o responsável pela organização administrativa do Império Persa, dividiu-o em vinte províncias, chamadas satrápias, as quais eram governadas por vice-reis – os sátrapas – Para facilitar a comunicação entre as províncias, foram construídas diversas estradas, entre elas a Estrada Real que tinha a extensão de 2 400 Km e ligava a cidade de Susa, no Golfo Pérsico, a Sardes, nas proximidades do Mediterrâneo. Por ela passavam os correios reais, o exército e as caravanas de mercadores.

Além disso, o imperador enviava anualmente inspetores especiais, chamados de “olhos e ouvidos do rei”, para ouvir os reclamos dos governados e governantes. Dario I promoveu, também, a intensificação do comércio persa, através do estabelecimento de uma moeda nacional, o dárico.

Durante o reinado de Dario I, os persas entraram em guerra com os gregos pelo domínio da Ásia Menor, nas chamadas Guerras Médicas. Derrotados, os persas iniciaram um processo de enfraquecimento que culminaria na submissão aos macedônios de Alexandre Magno, em 330 a.C.

Extensão máxima do império persa

Mais tarde, depois da dominação macedônia, os persas caíram sob o jugo romano, só ressurgindo de forma independente no século III d.C. No século VII, o Império Persa acabou conquistado pelos árabes, incorporando traços de sua cultura, como a religião islâmica. 

Economia e sociedade persas 

A economia do Império Persa fundamentava-se na agricultura e no comércio. A população camponesa estava sujeita ao pagamento de pesados tributos, fornecendo parte da produção ao Estado e trabalhando nas obras públicas. O comércio alcançou um alto desenvolvimento, facilitado pela construção de estradas que permitiram a comunicação com outras regiões, como Egito, Fenícia, Palestina e Mesopotâmia. A implantação da moeda, o dárico, também beneficiou o comércio.

Partindo do rei, que se encontrava no topo da pirâmide social e era dono de um poder absoluto, as outras camadas mais privilegiadas entre os persas eram os nobres sacerdotes, e comerciantes. Abaixo, na escala social, encontravam-se os camponeses e escravos. Os camponeses realizavam o trabalho do campo, entregando grande parte de sua produção ao governo. Além disso, ainda eram obrigados a se dedicar às obras do governo. Os escravos, prisioneiros de guerra, realizavam os trabalhos mais pesados, como a abertura das estradas e construção dos palácios.

O Estado controlava todas as províncias através dos seus sátrapas e dos fiscais reais, além da força militar persa. Assim, o poder político pôde manter-se concentrado nas mãos do imperador, associado a uma rica elite de burocratas e sacerdotes, sobreposta a massa de camponeses e escravos.

Cultura e religião persas

Na arte, os persas receberam grande influência dos egípcios e dos mesopotâmicos. Fizeram construções em plataformas e terraços, nas quais utilizaram tijolos esmaltados em cores vivas.

Os persas possuíam uma religião dualista, ou seja, reverenciavam duas divindades: Ormuz-Mazda, o deus do bem, da luz, do reino espiritual, e Arimâ, o deus do mal e das trevas. O deus do bem Ormuz, que não é representado por imagens e tem como símbolo o fogo: o deus do mal é Arimâ, representado por uma serpente. Essas duas divindades segundo as crenças persas, confrontavam-se frequentemente e, ao homem cabia a missão de adorar seu criador, o Mazda para evitar o triunfo das trevas. Acreditavam na vida após a morte, onde haveria paraíso para os justos e purgatório e inferno para os pecadores. Esperavam pela vinda de um Messias que um dia salvaria os homens justos, livrando-os dos sofrimentos.       

Os fundamentos dessa religião acham-se apresentados no livro Zend-Avesta, escrito por Zoroastro, também conhecido por Zaratustra. Daí a denominação zoroastrismo ou masdeísmo dada a religião persa, que teve forte influência sobre outras religiões surgidas na Antiguidade, como o judaísmo e o cristianismo, sendo a principal contribuição persa para as civilizações posteriores. Segundo o zoroastrismo, o dever das pessoas é praticar o bem e a justiça, para que no dia do Juízo Final, Ormuz seja vitorioso e, assim, o bem prevaleça sobre o mal. Além disso, aos bons estava reservada a vida eterna no paraíso.

 

 

Os Fenícios

Enquanto os povos semitas brigavam pelo domínio da Mesopotâmia, o mar Mediterrâneo era posse indiscutível de um povo de comerciantes que vivia numa estreita faixa de terra: os fenícios. Esse povo levou adiante a façanha de fazer com que as diversas culturas do Oriente Médio se conhecessem umas às outras.
As origens dos fenícios datam de aproximadamente 3000 a.C., época em que diversos agrupamentos de um povo que se autodenominava cananeu se estabeleceram no Oriente Médio, em uma região chamada Canaã, próximo ao atual Líbano.
Uma série de disputas de terras entre os povos que habitavam Canaã forçaram os cananeus a se estabelecerem em uma estreita faixa de terra, situada mais próximo ao mar.
Embora tivessem o mesmo idioma e a mesma cultura, os cananeus não criaram um Estado unificado, sob o governo de um único rei. Seus povoados, que ao longo dos séculos se transformaram em cidades, tinham administração própria. Por isso, são chamados de cidades-Estado. Esse foi o caso das cidades de Biblos, Sídon, Tiro, Ugarit e outras.

Os fenícios foram os grandes navegadores da Antiguidade, chegando até o Mediterrâneo ocidental e o Atlântico. Além disso, dizemos que eles ensinaram o mundo a ler, já que inventaram o alfabeto que usamos hoje.

Dispunham de poucas terras férteis para o desenvolvimento das atividades agrícola ou pastoril, mas contavam com um extenso litoral. Devido a essas características geográficas, que facilitavam mais o contato com o exterior, os fenícios dedicaram-se às atividades marítimas, sendo considerados os maiores navegadores da Antiguidade. Segundo Heródoto, esse povo foi o primeiro a contornar o continente africano, a serviço do faraó Necao.

Grandes comerciantes, comerciavam todos os tipos de mercadorias, inclusive escravos.  Dominaram o comércio do Mediterrâneo durante muito tempo. Fundaram colônias, como Cartago (norte da África) e Cádiz (costa da Espanha).

Localização e clima

A Fenícia era uma estreita faixa de terra entre os montes Líbano e o mar Mediterrâneo. É por essa costa que o Oriente Médio se comunica com o mar Mediterrâneo. O clima da região é variado. Nos vales faz calor e nas montanhas faz frio. A região é muito fértil por causa dos rios que a atravessam. Além disso, suas montanhas eram cobertas por florestas de cedros, cuja madeira era usada para construir barcos. No território da Fenícia, localizam-se atualmente o Líbano e a parte litorânea da Síria.

Um povo de comerciantes e marinheiros

Os fenícios eram um povo semita que se estabeleceu na Síria por volta de 3000 a.C. Logo depois, fixaram-se na região dos montes Líbano e na costa do mar Mediterrâneo. Os gregos os chamaram de púnicos ou penícios, que quer dizer homens vermelhos, porque eles usavam roupas tingidas de vermelho.

Um produto típico dos cananeus era um corante especial para tingir tecidos de vermelho-escuro. Conhecido como púrpura, esse produto era fabricado com base em um pequeno molusco encontrado no litoral da região e vendido por alto preço a diversos outros povos.

Os gregos chamavam a púrpura de phoenicia. Por isso, a região de Canaã passou a ser designada também por Phoenicia (Fenícia), e seus habitantes ficaram conhecidos como fenícios. Outro produto que comercializavam era o cedro, árvore bastante utilizadapara a construção de navios.

Os fenícios foram o único povo que se dedicou exclusivamente ao comércio, fazendo a ligação entre povos e culturas distantes e desconhecidas. Foram os maiores navegantes e descobridores da Antiguidade. As embarcações fenícias navegavam pelo Mediterrâneo levando e trazendo grande variedade de mercadorias. Em muitos dos locais pelos quais passavam – norte da África, regiões da Europa, ilhas do Mediterrâneo –, fundaram feitorias, que mais tarde se transformaram em cidades. A mais famosa delas foi Cartago, que se tornou uma grande potência.

Sua história caracterizou-se pela alternância da hegemonia política das principais cidades-estados. Os fenícios nunca tiveram um país unificado. Sempre foram um grupo de cidades confederadas, que se ajudavam umas às outras, mas eram independentes. A cidade mais forte liderava as demais, embora as cidades mais fracas mantivessem muita autonomia.

Várias cidades se sucederam nessa liderança. As principais foram: Biblos (2500 a.C.-1600 a.C.), cidade que comercializava papiros do Egito. Os gregos chamavam esses papiros de “biblos”, o que deu origem à palavra “livro”; Sidon (1600 a.C.-1300 a.C.) e Tiro (1200 a.C.-900 a.C.), de onde saíam os grandes comerciantes, por mar e por terra.   



Os fenícios foram o primeiro povo do Oriente Médio a fundar povoamentos e mercados no norte da África e na Europa. Exemplos disso são Cartago, no norte da África; Malta, no mar Mediterrâneo; Marselha, na França; e Sevilha, na Espanha. 

A decadência (701 a.C.-333 a.C.) 

O declínio das cidades fenícias começou a partir do século VII a.C, quando foram dominadas por diversos povos, entre eles babilônios, persas, gregos e romanos. Quando os impérios da Mesopotâmia se consolidaram, os fenícios começaram a participar de alianças militares. Nesse momento começou a decadência. Tiro foi saqueada em 701 a.C. pelos assírios e em 574 a.C. pelos caldeus, que a destruíram totalmente. As demais cidades se tornaram dependentes do império persa até que foram dominadas pelo exército de Alexandre Magno, em 333 a.C.

 Sociedade e economia

Assim como a história dos fenícios se confunde com a história dos demais povos do Oriente Médio, a cultura dos fenícios assimilou os avanços técnicos que outros povos desenvolveram e os exportou para as regiões com as quais eles mantinham relações comerciais.

O governo dos fenícios não era igual em todas as cidades. Em alguns casos, era exercido por um rei, hereditário ou eleito. Em outros, era exercido por um conselho supremo. Apesar da existência do rei ou do conselho, quem governava de fato era uma assembleia que reunia os comerciantes mais importantes da cidade.

A sociedade fenícia era constituída de sacerdotes, aristocratas, comerciantes, pessoas livres e escravos. E tinham uma estrutura rígida: sacerdotes e aristocratas ocupavam as posições mais destacadas. A sociedade fenícia tinha também uma camada de homens livres, que eram pescadores, artesãos e agricultores.

A importância da agricultura e da navegação para a sociedade fenícia permitiu o desenvolvimento da Astronomia e da Matemática, vinculado ao cálculo do movimento dos astros. O conhecimento matemático favoreceu também a realização das atividades comerciais, tão presentes em sua economia.

Os fenícios foram o primeiro povo a produzir mercadorias em grande quantidade. Eles organizaram as primeiras “manufaturas”, por assim dizer, nas quais aplicavam os avanços que tinham aprendido com outros povos.

A maior parte dos produtos exportados pelos fenícios era feita nas oficinas dos artesãos, que se dedicavam à:

• metalurgia (armas de bronze e ferro, joias de ouro e prata, etc.);

• fabricação de vidros; fabricação de tecidos finos na cor púrpura (tintura obtida com uma substância avermelhada extraída do múrice; molusco do Mediterrâneo);

De várias regiões do mundo antigo, os fenícios importavam metais, pedras preciosas, perfumes, cavalos, cereais, marfim etc.

A religião

Os fenícios acreditavam em várias divindades identificadas com as forças da natureza, especialmente aquelas que garantiam a fecundidade do solo e que orientavam os navegadores. Adoravam um deus principal em cada cidade, geralmente chamado de Baal, representando o sol, a deusa Astartéia, a fecundidade, às vezes identificadas com a lua. Os outros deuses, como, por exemplo, Dagon, o deus do trigo, manifestavam o caráter destacadamente agrário da região. 

As ciências e as artes

Os fenícios não criaram nenhuma arte própria, pois imitavam tudo aquilo que os demais povos faziam. Mas eles aperfeiçoaram muitas das descobertas de outros povos. Os fenícios aperfeiçoaram a técnica da produção de vidro, inventada pelos egípcios, e aprenderam a tingir tecidos com os caldeus. Foram também grandes armadores de barcos. Sua frota foi a mais poderosa do mundo antigo. Além disso, especializaram-se na produção de armas de ferro e de bronze. As joias e os perfumes feitos pelos fenícios eram muito conhecidos.

Os fenícios também desenvolveram a geografia e a astronomia, que facilitavam a navegação e o reconhecimento das terras distantes. Eles chegaram até o oceano Atlântico. Desenvolveram, também, a geometria e o desenho, que aplicavam à construção de barcos.

Seu mais importante legado para a civilização ocidental foi, contudo, a elaboração de um sistema de escrita prático e simples, fundamentado num alfabeto de 22 letras. Esse alfabeto foi, posteriormente, adotado e aprimorado por gregos e romanos, constituindo-se na matriz de nossa escrita atual.

O desenvolvimento do alfabeto

O comércio colocou os fenícios em contato constante com diferentes povos. Além disso, eles viviam em uma região onde era possível encontrar grande variedade de línguas e escritas.

Há registros da utilização de escrita cuneiforme nos territórios fenícios por volta de 1000 a.C. Esse tipo de escrita era utilizada na região da Mesopotâmia e se disseminou entre os fenícios por meio das trocas culturais e comerciais entre as duas regiões. Além disso, a escrita hieroglífica também foi utilizada em documentos produzidos pelos fenícios, que a assimilaram possivelmente após contatos com os egípcios.

Aos poucos, os fenícios adaptaram esses tipos de escrita às suas necessidades. Para registrar suas transações comerciais, por exemplo, necessitavam de um sistema de escrita flexível e rápido. Assim, criaram um modelo de alfabeto com apenas 22 sinais – todos consoantes. Esse alfabeto utilizava letras para representar os sons das palavras e ficou conhecido como alfabeto fonético.

A invenção fenícia foi transmitida pelo Mediterrâneo, influenciando outros povos da região. Os gregos, por exemplo, incorporaram o alfabeto fonético e acrescentaram a ele cinco vogais, deixando-o com 24 letras, praticamente do modo como conhecemos hoje.

Esse alfabeto, por sua vez, influenciou os etruscos. Das 26 letras do alfabeto etrusco, os romanos assimilaram 21 na criação do alfabeto latino. Composto apenas de letras maiúsculas, o alfabeto latino se espalhou pelo Mediterrâneo, nas regiões conquistadas pelos romanos. As letras minúsculas foram acrescentadas séculos depois, durante a Idade Média.

    

Os Hebreus

A antiga Palestina, denominada terra de Canaã, compunha uma faixa de terra cercada pela Síria, pela fenícia e pelo deserto da Arábia. O vale do rio Jordão era a área mais fértil, favorecendo a prática agrícola e a fixação da população, ao contrário do resto do seu território, que era formado por montanhas e colinas de solo pobre e seco, trilhada por grupos nômades dedicados ao pastoreio.

Os hebreus eram povos de origem semita (os semitas compreendem dois importantes povos: os hebreus e os árabes), que se distinguiram de outros povos da Antiguidade por sua crença religiosa. O termo hebreu significa "gente do outro lado do rio”, isto é, do rio Eufrates.  Os hebreus foram um dos povos que mais influenciaram a civilização atual. Sua religião o judaísmo influenciou tanto o cristianismo quanto o islamismo.

A mais rica fonte da história hebraica é a Bíblia, pois a primeira parte, o Antigo Testamento, é um relato dos principais acontecimentos políticos e religiosos vivenciados pelos hebreus.

Os hebreus, povos de origem semita, a princípio eram nômades que se dedicavam ao pastoreio. Estavam organizados em clãs patriarcais (grupo ligados por laços de parentesco e de tradição), os quais possuíam como autoridade maior o patriarca, (chefe que ocupava os cargos de sacerdote, juiz e comandante militar).

A história política dos hebreus é dividida em três períodos: Períodos dos Patriarcas, Período dos Juízes, Período dos Reis.

Os patriarcas

Os hebreus eram inicialmente, um pequeno grupo de pastores nômades, organizados em clãs ou tribos, chefiadas por um patriarca. Conduzidos por Abraão, deixaram a cidade de Ur, na Mesopotâmia, e se fixaram na Palestina (Canaã a Terra Prometida), por volta de 2000 a.C.

A Palestina era uma pequena faixa de terra, que se estendia pelo vale do rio Jordão. Limitava-se ao norte, com a Fenícia, ao sul com as terras de Judá, a Leste com o deserto da Arábia e, a oeste com o mar Mediterrâneo.

Governados por patriarcas, os hebreus viveram na palestina durante três séculos. Os principais patriarcas hebreus foram: Abraão (o primeiro patriarca), Isaac, Jacó (também chamado Israel, daí o nome israelita), Moisés e Josué.

Por volta de 1750 a.C. uma terrível seca atingiu a Palestina. Os hebreus foram obrigados a deixar a região e buscar melhores condições de sobrevivência no Egito. Permaneceram no Egito, cerca de 400 anos, até serem perseguidos e escravizados pelos faraós. Liderados então, pelo patriarca Moisés, os hebreus abandonaram o Egito em 1250 a.C., retornando à Palestina. Essa saída em massa dos hebreus do Egito é conhecida como Êxodo.

De acordo com a Bíblia, foi durante o êxodo dos hebreus, que Moisés recebeu de Deus a tábua dos Dez Mandamentos (Decálogo), quando atravessava o deserto do Sinai. A partir daí, os hebreus passaram a adorar um só deus, Jeová (ou Iahweh), adotando o monoteísmo.

Os juízes

De volta à Palestina, sob a liderança de Josué, os hebreus tiveram de lutar contra o povo cananeu e, posteriormente, contra os filisteus. Josué – o sucessor de Moisés – distribuiu as terras conquistadas entre as doze tribos de Israel.     Nesse período os hebreus, passaram a se dedicar à agricultura, a criação de animais e ao comércio, tornavam-se, portanto, sedentários.

No período de lutas pela conquista da Palestina, que durou quase dois séculos, os hebreus foram governados pelos juízes. Os juízes eram chefes políticos, militares e religiosos. Embora comandassem os hebreus de forma enérgica, não tinham uma estrutura administrativa permanente. Entre os mais famosos juízes destaca-se Sansão, que ficou conhecido por sua grande força, conforme relata a Bíblia. Outros juízes importantes foram Gideão e Samuel.

Os reis

A sequência de lutas e problemas sociais criou a necessidade de um comando militar único. Samuel procurou completar a unidade das doze tribos hebraicas a fim de fortalecer a posição israelita na luta contra os ocupantes da Terra Prometida.

Os hebreus adotaram então, a monarquia. O objetivo era centralizar o poder nas mãos de um rei e, assim, ter mais força para enfrentar os povos inimigos, como os filisteus.

Com esse propósito, proclamou Saul como rei dos hebreus (1010 a.C.). Saul não teve sucesso na luta contra os filisteus, e, vencido, suicidou-se. Depois veio o rei Davi (1006-966 a.C.), conhecido por ter vencido os filisteus (segundo a Bíblia, ele derrotou o gigante filisteu Golias). Com a conquista de toda a Palestina, a cidade de Jerusalém tornou-se a capital política e religiosa dos hebreus.

O sucessor de Davi foi seu filho Salomão, que terminou a organização da monarquia hebraica e seu reinado marcou o apogeu do reino hebraico.  Durante o reinado de Salomão (966-926 a.C.), houve um grande desenvolvimento comercial, foram construídos palácios, fortificações, a construção do Templo de Jerusalém, criou um poderoso exército, organizou a administração e o sistema de impostos. Montou uma luxuosa corte, com muitos funcionários e grandes despesas.

Para poder sustentar uma corte tão luxuosa, Salomão obrigava o povo hebreu a pagar pesados impostos. O preço dessa exploração foi o surgimento de revoltas sociais.

Com a morte de Salomão, essas revoltas provocaram a divisão religiosa e política das tribos e o fim da monarquia unificada. Formaram-se dois reinos: ao norte, dez tribos formaram o reino de Israel, com capital em Samaria e, ao sul, as duas tribos restantes formaram o reino de Judá, com capital em Jerusalém.

Em 722 a.C., os reinos de Israel foram conquistados pelos assírios, comandados por Sargão II. Grande parte dos hebreus foi escravizada e espalhada pelo Império Assírio.

Em 587 a.C., o reino de Judá foi conquistado pelos babilônios, comandados por Nabucodonosor. Os babilônios destruíram Jerusalém e aprisionaram os hebreus, levando-os para a Babilônia. Esse episódio ficou conhecido como o Cativeiro da Babilônia.

Os hebreus permaneceram presos até 538 a.C., quando o rei persa Ciro II conquistou a Babilônia, e puderam então à Palestina, que se tornara província do Império Persa e reconstruíram então o templo de Jerusalém.

A partir dessa época, os hebreus não mais conseguiram conquistar a autonomia política da Palestina, que se tornou sucessivamente província dos impérios persa, macedônio e romano.

Economia e Sociedade

A vida socioeconômica dos hebreus pode ser dividida em duas fases: a nômade e a sedentária. A princípio, os hebreus eram pastores nômades (não tinham habitação fixa), que se dedicavam à criação de ovelhas e cabras. Os bens pertenciam a todos do clã.  Mais tarde, já fixados na Palestina, foram deixando os antigos costumes das comunidades nômades. Desenvolveram a agricultura e o comércio, tornaram-se sedentários.

Nos primeiros tempos a propriedade da terra era coletiva, depois foi surgindo a propriedade privada da terra e dos demais bens. Surgiram as diferentes classes sociais e a exploração de uma classe pela outra.   A consequência dessas mudanças foi que grandes proprietários e comerciantes exibiam luxo e riqueza, enquanto os camponeses pobres e os escravos viviam na miséria.

Vida cultural e religiosa dos hebreus

Por acreditar num só deus, os hebreus foram diferentes dos demais povos da Antiguidade. Esse Deus lhes dava tudo de que precisavam e, por meio de revelações, fazia-os saber o que queria deles. A Bíblia, que em grego quer dizer “os livros”, conta toda a história do povo hebreu. Também contém um código de leis, o Torá, que regulamenta a família, as riquezas, os contratos e as obrigações. A Bíblia foi também o legado sobre o qual os cristãos construíram uma nova religião a partir da chegada de Jesus Cristo.

A religião atuou como importante fator de identidade nacional, cultural e política dos hebreus. Acreditavam num só deus – eram monoteístas – e na vinda de um messias, um libertador que os conduziria na luta contra as dominações estrangeiras. A característica monoteísta de sua crença serviu de matriz para outras religiões, como o cristianismo e o islamismo.

A religião hebraica prescreve uma conduta moral orientada pela justiça, a caridade e o amor ao próximo. Entre as principais festas judaicas, destacam-se: a Páscoa, que comemora a saída dos hebreus do Egito em busca da Terra Prometida; o Pentecostes, que recorda a entrega dos Dez Mandamentos a Moisés; o Tabernáculo, que relembra a longa permanência dos hebreus no deserto, durante o Êxodo.

 

A organização social dos mesopotâmios

 Política e Sociedade

Uma sociedade politeísta

A autoridade dos governantes era restrita à cidade; muitas vezes, líderes políticos exerciam também o papel de chefes religiosos. Os sumérios eram politeístas, pois acreditavam na existência de mais de 3 mil deuses, e a religião tinha papel fundamental na sociedade.

Para eles, fenômenos naturais, como chuva, seca, enchentes, eram resultado de desejos das divindades. Cada cidade tinha seu deus protetor, e a ele eram erguidos templos, como os zigurates. Os templos eram a instituição mais valiosa da sociedade, centros de riqueza e de poder,e detinham grandes extensões de terra, usadas para a agricultura.

Cabia aos sacerdotes a administração desses templos, o que acabava lhes conferindo, com os governantes, grande influência e privilégios.

A sociedade era estratificada, tendo como categorias menos privilegiadas os camponeses e escravos. Também na Mesopotâmia os escravos eram prisioneiros de guerra e serviam à comunidade como um todo, não sendo propriedade particular.

Acima dos trabalhadores havia a camada composta por artesãos, comerciantes, militares e funcionários públicos. A aristocracia, grupo mais privilegiado da sociedade mesopotâmica, compunha-se dos sacerdotes e familiares do monarca.

Havia sempre uma classe privilegiada que dizia o que o resto das pessoas tinha de fazer. Na sociedade dos sumérios, os juízes eram os privilegiados. Na sociedade dos assírios, os militares ditavam as leis. Os caldeus obedeciam àquilo que os sacerdotes lhes impunham. Além da classe privilegiada, a sociedade dos povos da Mesopotâmia contava com uma corte de nobres, formada pelos descendentes das famílias mais antigas. A grande maioria de homens livres era composta de soldados e lavradores que eram obrigados a construir os canais e os diques quando não havia escravos disponíveis. Os escravos eram, quase sempre, prisioneiros de guerra.

Não podemos esquecer que os povos da Mesopotâmia foram as primeiras sociedades que adotaram um código de justiça: o Código de Hamurabi. Isso pôs fim à arbitrariedade dos juízes, pois os próprios juízes tinham de respeitar o código. O código também fixou as categorias sociais, ou seja, dizia se um homem pertencia à nobreza ou se era um escravo; também organizava a família e a riqueza.

Politicamente, a Mesopotâmia foi governada por monarquias teocráticas em que o poder estava concentrado nas mãos do soberano, tal como no Egito. O rei, os funcionários públicos, os sacerdotes e a nobreza formavam a elite política que controlava as melhores terras, a produção, subjugando e explorando a grande massa da população.

Os territórios que formavam o império podiam ser de dois tipos: existiam as províncias submetidas, ocupadas pelos conquistadores, e as províncias vassalas, isto é, províncias que mantinham seu próprio governo, mas tinham de pagar impostos em troca dessa liberdade vigiada. Além de pagar tributos em ouro e em soldados, as províncias vassalas podiam manter seus costumes; não eram obrigadas a falar a língua do dominador nem rezar pelos seus deuses.

Economia 

As principais atividades econômicas eram a agricultura e o comércio. Os mesopotâmios desenvolveram também a tecelagem, fabricavam armas, joias e objetos de metal; mantinham escolas profissionais para o aprimoramento de fabricação de armas e cerâmicas.

O artesanato e o comércio tiveram um grande desenvolvimento, principalmente com a troca de produtos agrícolas e artesanais por matéria–prima com as regiões vizinhas, através das caravanas que iam da Arábia à Índia. E pelo mar através do Golfo Pérsico, com navios fenícios. Através disso, as cidades tornaram-se importantes polos comerciais.

A Mesopotâmia manteve sempre permanente contato com os povos vizinhos. Babilônia e Nínive eram ligadas entre si por canais e eram as duas cidades mais importantes. A navegação nos rios Tigre e Eufrates era feita em barcos.

Os comerciantes andavam em caravanas, levando seus produtos aos países vizinhos e às regiões mais distantes. Exportavam armas, tecidos de linho, lã e tapetes, além de pedras preciosas e perfumes. Dessas terras traziam as matérias-primas que faltavam na Mesopotâmia, como o Marfim da Índia, o Cobre de Chipre e a madeira do Líbano.

A religião

Os povos da Mesopotâmia eram politeístas, acreditavam em muitos deuses. Cada cidade tinha o seu deus protetor, que se comunicava com os homens por meio dos astros e das estrelas, do vento, da chuva, dos raios e das tempestades. 

Observe alguns exemplos desses deuses:

• Anu (deus do céu);
• Ishtar (deusa do amor e da guerra);
• Enlil (deus do ar e do destino);
• Shamash (deus do Sol e da justiça);
• Ninmah (deusa da terra e da fertilidade);
• Enki (deus das águas, da sabedoria e das técnicas);
• Abu (deus da vegetação e das plantas).

Além desses deuses, os povos da Mesopotâmia acreditavam em espíritos do bem e do mal que lutavam para dominar o homem. Os magos e os feiticeiros eram os encarregados de agradar os deuses por meio de ritos.

Diversos povos da Mesopotâmia acreditavam também que, depois da morte, o espírito da pessoa ia para um mundo inferior, um lugar deprimente e terrível. Assim, não havia a crença em uma vida melhor após a morte. Por esse motivo, homens e mulheres queriam aproveitar ao máximo sua existência e, talvez por causa disso, a juventude era considerada a melhor fase da vida.

Os assírios e os caldeus acreditavam nas mensagens dos astros. Eles foram responsáveis pelo desenvolvimento da astrologia, que ainda hoje é muito popular.

Os mesopotâmicos adoravam diversas divindades e acreditavam que elas eram capazes de fazer tanto o bem quanto o mal. Os deuses diferenciavam-se dos homens por serem mais fortes, todo-poderosos e imortais. Cada cidade tinha um deus próprio, e, quando uma alcançava predomínio político sobre as outras, seu deus também se tornava mais cultuado. No tempo de Hamurábi, por exemplo, o deus Marduc da Babilônia foi adorado por todo o império. 

Os Sumérios consideravam como principal função a desempenhar na vida, o culto a seus deuses e quando interrompiam as orações, deixavam estatuetas de pedra que os representavam diante dos altares, para rezarem em seu nome.

Sacerdotes e templos

Os templos religiosos eram importantes na vida social da Mesopotâmia. Nesses locais, havia culto aos deuses, realização de rituais e recebimento de oferendas. Cada templo era considerado o “lar dos deuses”.

Cada cidade podia ter vários templos. Só na Babilônia, capital da antiga Suméria (no atual Iraque), havia cerca de cinquenta templos dedicados a diferentes deuses.

No templo, os sacerdotes e as sacerdotisas conduziam as cerimônias religiosas e administravam seus bens e negócios. Com as oferendas que recebiam dos fiéis, os sacerdotes acumulavam riquezas em forma de terras, rebanhos ou sementes, por exemplo.

Para controlar as atividades econômicas, os sacerdotes desenvolveram um sistema de escrita e numeração (como veremos mais adiante). Em razão do poder religioso e econômico, muitos sacerdotes tiveram forte influência política, sobretudo nas cidades sumérias.

Reis e palácios

Existem diferentes hipóteses para explicar a origem e o fortalecimento do poder dos reis nas cidades antigas da Mesopotâmia. Segundo uma delas, no início da vida urbana não existiam reis nem palácios. No entanto, conforme as cidades foram crescendo e acumulando  riquezas, elas passaram a correr risco de invasões e saques.

Diante disso, a defesa das cidades tornou-se uma preocupação para seus habitantes, o que levou à organização de tropas e à escolha de um chefe permanente para comandá-las. Esse chefe seria transformado posteriormente no rei.

Nas sociedades da Mesopotâmia, o rei exercia funções políticas e militares. Tinha também liderança religiosa, pois era visto como um representante dos deuses e, por isso, tinha o poder de fazer valer as vontades divinas entre os humanos. A partir do II milênio a.C., o poder do rei passou a ser transmitido a seus parentes, dando origem às monarquias hereditárias.

Os reis e os funcionários do governo também dominaram boa parte das atividades econômicas. Controlavam, por exemplo, algumas oficinas de artesanato, onde eram produzidos objetos de metal, cerâmica, tecidos e mobiliário, entre outros bens. Com exceção da elite, ou seja, pessoas de posição social elevada, a maior parte da população vivia, de certo modo, em regime de servidão. Isso porque era obrigada a:

• trabalhar para o Estado na construção de edifícios (palácios, templos), muralhas, canais de irrigação, diques e celeiros;

• pagar impostos ao Estado, arrecadados em forma de alimentos, rebanhos e sementes.

A imposição dessas obrigações constitui o que alguns historiadores chamam de servidão coletiva. Essa servidão foi comum tanto na região mesopotâmica como no Egito antigo, onde o Estado exercia domínio sobre as terras. No entanto, os camponeses usufruíam da sua posse: eles produziam para seu sustento e o de suas famílias e eram obrigados a entregar parte da produção ao governo.

Aspectos Culturais

A Astronomia - Entre os babilônicos, foi a principal ciência. Notáveis eram os conhecimentos dos sacerdotes no campo da astronomia, muito ligada e mesmo subordinada a astrologia. As torres dos templos serviam de observatórios astronômicos. Conheciam as diferenças entre os planetas e as estrelas e sabiam prever eclipses lunares e solares. Dividiram o ano em meses, os meses em semanas, as semanas em sete dias, os dias em doze horas, as horas em sessenta minutos e os minutos em sessenta segundos.

A Matemática - Entre os caldeus, alcançou grande progresso. As necessidades do dia-a-dia levaram a um certo desenvolvimento da matemática. Os mesopotâmicos usavam um sistema matemático sexagesimal (baseado no número 60). Eles conheciam os resultados das multiplicações e divisões, raízes quadradas e raiz cúbica e equações do segundo grau. Os matemáticos indicavam os passos a serem seguidos nessas operações, através da multiplicação dos exemplos. Jamais divulgaram as formulas dessas operações, o que tornaria as repetições dos exemplos desnecessárias. Também dividiram o círculo em 360 graus, elaboraram tábuas correspondentes às tábuas dos logaritmos atuais e inventaram medidas de comprimento, superfície e capacidade de peso.   

Literatura - No campo literário, o destaque fica para duas obras sumerianas: o Mito da Criação, que resgata a origem do mundo através do mito de Marduk, e a Epopéia de Gilgamesh, que conta a lenda do Dilúvio.

 Direito

Foi na região da Mesopotâmia que se criaram os primeiros códigos jurídicos escritos. Entre os códigos mais antigos, destaca-se aquele que foi instituído no governo de Hamurábi, rei da Babilônia. 

Chamado de Código de Hamurábi, ali estavam reunidas normas sobre diversos assuntos da vida social: crimes (homicídios, lesões corporais, roubos), questões comerciais, divisão social, casamento e herança, entre outros.

Boa parte dessas normas foi estabelecida com base em costumes que já eram praticados entre os povos da Mesopotâmia. Mas, ao organizá-las em um código, Hamurábi reafirmava a importância do rei como aquele que impõe ordem à sociedade.

Princípio de talião

Em muitas sociedades antigas, o criminoso era punido com diversos tipos de revide, isto é, várias formas de vingança. Muitas vezes, esses revides se transformavam em violência sem fim entre grupos rivais.

O Código de Hamurábi instituiu um meio para limitar esses excessos. Era o princípio ou lei de talião, pelo qual a pena seria proporcional à ofensa cometida: “olho por olho, dente por dente”. Os artigos do Código de Hamurábi descrevem casos que serviam de modelos a serem aplicados em questões semelhantes.

Atualmente, as penas do Código de Hamurábi podem parecer brutais, segundo os valores predominantes na atualidade. No entanto, para a época, o princípio de talião foi considerado uma forma de expressão da justiça. Ao mal provocado pelo crime, retribuía-se com o mal previsto pela pena. No Código de Hamurábi também existia a possibilidade de a pena ser paga na forma de recompensa econômica (gado, armas, moedas).

Obras arquitetônicas

O edifício característico da arquitetura suméria é o zigurate, depois muito copiado pelos povos que se sucederam na região. Era uma construção em forma de torre, composta de sucessivos terraços e encimada por um pequeno templo. 

Nas obras arquitetônicas os mesopotâmicos usavam tijolos cozidos (pois a pedra era muito cara) e ladrilhos esmaltados. Preferiam construir palácios. As habitações de escravos e homens de condições mais humildes eram às vezes, simples cubos de tijolos crus, revestidos de barro. O telhado era plano e feito com troncos de palmeira e argila comprimida. As casas simples não tinham janelas e à noite eram iluminadas por lampiões de óleo de gergelim.

Os assírios decoravam suas construções com baixos-relevos, já que não sabiam como fazer tintas para pintar. Também deixaram suas lendas e seus mitos escritos nos muros de seus templos.

Embora a roda do oleiro tivesse sido inventada nos tempos pré-históricos, foram os Sumérios que construíram os primeiros veículos de rodas. Desenvolvendo os conhecimentos adquiridos pelos Sumérios, os Babilônicos fizeram novas descobertas, como o Calendário e o relógio de Sol. Os Caldeus, sem dúvida, os mais capazes cientistas de toda a história mesopotâmica, tendo deixado importantes contribuições no campo da astronomia. Os mesopotâmios também conheciam pesos e medidas.

Podemos citar como legado dos povos Mesopotâmicos, vários elementos de nossa própria civilização, como: O ano de 12 meses e a semana de 07 dias; A divisão do dia em 24 horas; A crença nos horóscopos e os dozes signos do zodíaco; O habito de fazer o plantio de acordo com as fases da lua; O círculo de 360 graus; O processo aritmético da multiplicação.

Estudo dos astros

Preocupados em entender os desejos divinos, os sacerdotes passaram a estudar océu, acumulando, assim, um volume muito grande de informações sobre os astros e osfenômenos celestes. Isso lhes permitiu elaborar um calendário com base nas mudanças de fase da Lua.

Ao estudar as estrelas, eles verificaram que os astros levavam cerca de 360 diaspara ocupar novamente a mesma posição no céu. Com base nisso, associaram o movimentodesses corpos celestes à circunferência e passaram a dividi-la em 360 partes iguais.

Em seguida, empregaram essa divisão para medir os ângulos das figuras geométricas. É por isso que hoje se diz que uma circunferência tem 360 graus.

Os sumérios também tinham um sistema de numeração que tomava como base o número 60. Assim, estabeleceram uma marcação do tempo na qual uma hora durava 60 minutos, e um minuto, 60 segundos. Exatamente como acontece hoje.

O estudo dos astros permitiu aos sumérios o desenvolvimento de um calendário formado por meses lunares de 28 dias. Assim, conseguiam prever com exatidão o melhor momento de semear e colher.

A ESCRITA CUNEIFORME

A necessidade de registrar estoques de alimentos, impostos recebidos, transações comerciais efetuadas e leis expedidas impulsionou os sumérios a desenvolver um dos mais antigos sistemas de escrita do mundo, inventado por volta de 4000 a.C. Eles escreviam na argila mole com o auxílio de pontas de vime. O traço deixado por essas pontas tem a forma de cunha, daí o nome de “escrita cuneiforme”. Com cilindros de barro, os mesopotâmicos faziam seus contratos, enquanto no Egito se usava o papiro. 

De início, as anotações eram feitas com uma haste de bambu em placas de argila úmida, posteriormente postas para secar ao sol. Cerca de 500 anos depois, as hastes de bambu foram substituídas por estiletes com ponta em forma de cunha. Por isso, esse tipo de escrita ficou conhecido como cuneiforme.

Em um primeiro momento, a escrita suméria tinha como base símbolos que significavam palavras. Por exemplo: o desenho da cabeça de um boi queria dizer “boi”; uma tigela significava “comida” – essa escrita foi chamada de pictográfica. Os sumérios utilizavam cerca de 2 mil sinais, mas havia dificuldades para expressar ideias mais abstratas.

Pouco a pouco, foram introduzidas modificações, e os pictogramas passaram a representar sílabas ou sons. Isso permitiu que, por volta de 2500 a.C., o número de pictogramas se reduzisse a 600.

Escribas

Aprender a escrita cuneiforme era uma tarefa que exigia vários anos de rigorosos treinamentos. As aulas eram ministradas nas edubbas, escolas de escribas que funcionavam perto dos templos ou do palácio real.

Em geral, os escribas eram homens oriundos de famílias de posses e frequentavam as edubbas desde o início da juventude. A população em geral, contudo, era iletrada, prevalecendo entre eles a tradição oral.

A escrita cuneiforme se espalhou pela Mesopotâmia, chegando a outras localidades, como o Egito e a ilha hoje conhecida como Chipre.

Em 1986, foi descoberta por arqueólogos, perto de Bagdá, Capital do Iraque, uma das mais antigas bibliotecas do mundo, datada do século X a.C. A biblioteca continha cerca de 150.000 tijolos de argila com inscrições sumerianas. A escrita cuneiforme, criada pelos sumérios, foi decifrada pelos estudiosos ingleses Grotefend e Rawlinson.

Aquilo que é chamado patrimônio histórico material representa todos os objetos criados por povos ou grupos do passado e que resistiram à ação do tempo. Por meio deles é possível conhecer o modo de ser e de viver dos grupos humanos que os produziram.

Entre esses objetos estão ruínas de edifícios, sítios arqueológicos, obras de arte, monumentos,utensílios domésticos etc.

O Iraque tem um rico patrimônio histórico material herdado dos antigos povos mesopotâmicos:ruínas de cidades, zigurates, placas de argila com textos em escrita cuneiforme, esculturase muitos outros objetos.

Mesopotâmia

A região pertencia ao chamado Crescente Fértil, situando-se entre os rios Tigre e Eufrates. A própria palavra mesopotâmia significa “região entre rios” e sua área é definida pela nascente dos rios, nas montanhas da Armênia, até a desembocadura, no Golfo Pérsico.

Trecho do rio Tigre atualmente

A mesopotâmia não possuía proteções naturais (como o Egito, por exemplo, que é cercado por desertos), fato que facilitava o acesso de vários povos à região. Este dado explica o caráter extremamente agitado de sua história política, caracterizado por sucessivas invasões, guerras, ascensão e declínio de diversos reinos e impérios.

Muitos povos dominaram a terra que fica entre os rios Tigre e Eufrates. Para estudar a história da Mesopotâmia, podemos imaginar um painel no qual as luzes acendem e apagam. Essas luzes são intermináveis guerras e conflitos entre povos com línguas e costumes diferentes. Apesar disso, a Mesopotâmia produziu uma das culturas mais antigas do mundo. Lá também surgiram os primeiros impérios do mundo antigo.

Nessa região é que se têm o registro das primeiras civilizações, por volta de 4000 a.C. Neste período começa a estruturar-se o Estado, o surgimento da escrita, o desenvolvimento da economia comercial e a utilização da roda, nos veículos. Além do desenvolvimento de um complexo sistema hidráulico que favorecia a utilização dos pântanos, evitando as inundações e garantindo o armazenamento de água para os períodos de seca. O desenvolvimento propiciou o crescimento nas cidades, algumas superando o número de 10 mil habitantes. As cidades também serviam de defesa militar, centralização do poder e controle das populações.

Localização e clima

A Mesopotâmia fica no extremo oeste da Ásia. Essa região é conhecida como o Oriente Médio, que é diferente do Extremo Oriente, onde ficam a China e o Japão. Os rios Tigre e Eufrates nascem nas altas montanhas da Armênia, percorrem a Mesopotâmia e desembocam, juntos, no golfo da Pérsia. Hoje, essa região é coberta de pântanos e deserto.  Antigamente, as enchentes dos rios formavam uma grande rede de canais e fertilizavam a área, tornando-a ideal para o cultivo de cereais e frutas, e para a criação de gado.

Na Antiguidade, a Mesopotâmia estava cercada de países pobres e desérticos: a Arábia ao sul, o Irã a leste, a Armênia ao norte e, ao oeste, o deserto da Síria. É por isso que todos os povos da Antiguidade quiseram ser donos daquela terra rica. É por isso, também, que a Mesopotâmia foi, durante muitos séculos, o campo de batalha entre os povos semitas e os ários.

Atualmente na região onde se instalaram os povos mesopotâmicos localizam-se dois países: Iraque e Kuwait. Mesopotâmia é o nome da planície que abrange a bacia dos rios Tigre e Eufrates. O principal interesse econômico dessa região é o petróleo.

Povos da Mesopotâmia

Ao longo dos séculos, a Mesopotâmia foi habitada por povos que guerrearam entre si em diferentes momentos. Entre eles, podemos citar os sumérios, os acádios, os amoritas (ou antigos babilônios), os assírios e os caldeus (ou novos babilônios). Esses povos tinham línguas e culturas diversas.

Sumerianos e Acadianos (3500-2000 a.C.)

Os primeiros habitantes da Mesopotâmia foram tribos elamitas. Não sabemos muito sobre os elamitas. Mas sabemos que, por volta do ano 3500 a.C., eles foram dominados pelos sumérios, que se fixaram na caldéia, sul da Mesopotâmia, onde fundaram diversas cidades-estados, como Ur, Uruk, Nipur e Lagash.  Cada cidade era governada por um rei sacerdote chamado de Patesi, que viviam constantemente em guerra entre si pela supremacia na região.

Primeiras cidades

Na Mesopotâmia, foram encontrados vestígios de cidades sumérias como Ur, Uruk, Nippur, Lagash e Eridu, que se desenvolveram por volta de 4000 a.C.

Nas cidades, havia trabalhadores especializados em ofícios diferentes dos das pessoas que viviam nas aldeias. Entre os trabalhadores urbanos estavam os artesãos, que, dominando ferramentas e técnicas próprias, se dedicavam à produção de vários bens. Como exemplos de artesãos, podemos mencionar ceramistas, construtores de carroças, carpinteiros, moedores de cereais (moleiros) e tecelões.

Além disso, as cidades se diferenciavam das aldeias por apresentarem uma população mais numerosa vivendo de maneira mais adensada. Nelas havia diversos tipos de construção, como casas, templos, ruas, pontes e palácios. Dessas construções, destacavam-se os templos e o palácio real, que eram centros de poder.

Ao redor de algumas cidades foram erguidas muralhas protetoras e torres de vigilância. A cidade suméria de Uruk, por exemplo, foi rodeada por uma muralha com aproximadamente 10 quilômetros de extensão.

Os sumérios criaram o modo de vida que foi adotado pelos outros povos que conquistaram sucessivamente a Mesopotâmia. Eles eram nômades da região do Cáucaso e se fixaram no sul da Mesopotâmia. O patesi era o representante dos deuses entre os homens, assim como o papa é o representante do deus dos católicos na terra.

Quando os sumérios chegaram ao sul da Mesopotâmia, começaram a drenar os pântanos e construíram diques e canais para aproveitar a água dos rios Tigre e Eufrates. Além disso, levaram a agricultura para a Mesopotâmia. Por causa disso, a região logo se transformou no “celeiro do mundo”.

Como não havia pedras na região, os sumérios começaram a usar tijolos de barro cozido pelo sol para fazer suas casas. Foi assim que os tijolos foram inventados.

Em pouco tempo, o crescimento das cidades e o aumento da produção de cereais trouxeram a escrita. Para poder armazenar o que sobrava, os governantes precisavam saber aquilo que cada cidade plantava e colhia. E precisavam contar quantas cabras havia no pasto.

Os sumérios inventaram um tipo de escrita que é chamado de cuneiforme. Como eles não tinham matéria-prima para fazer papel, nem papiros, escreviam sobre tábuas feitas de barro. A “caneta” era um pedaço de madeira que tinha o formato de uma cunha. É por isso que a escrita deles é chamada de cuneiforme.

Por volta de 2300 a.C., invasores acadianos conquistaram a região, e seu rei, Sargão I, chamado de “soberano dos quatro cantos da terra”. Tornou-se o primeiro governante a reinar sobre todo o sul da Mesopotâmia. Contudo, nova onda de invasões estrangeiras ocorreu na região, desestruturando o Império Acadiano e possibilitando a retomada da hegemonia política dos sumérios.

O domínio sumério sobre a área não foi, contudo, duradouro: novos invasores apareceram até que os amoritas lograram dominar toda a região conseguindo fundar o Primeiro Império Babilônico.

Aldeias agrícolas

Inicialmente, os povos que viviam na Mesopotâmia eram caçadores-coletores e produziam instrumentos feitos de pedra, ossos e madeira. Aos poucos, alguns desses povos começaram a cultivar vegetais, a criar animais e a permanecer mais tempo nos lugares que ocupavam, formando aldeias sedentárias.

Entre os produtos agrícolas cultivados, podemos citar: cevada, trigo, linho, gergelim, tâmara, cebola e alho. Entre os animais domesticados, destacamos: ovelhas, cabras, porcos e bois.

Na Mesopotâmia, o desenvolvimento da agricultura e da criação de animais começou por volta de 8000 a.C. Para melhorar a produção agropastoril, por exemplo, os sumérios e os acádios aprenderam a controlar a ocorrência de inundações pela água dos rios, pois, na época das cheias, os rios transbordavam e suas águas podiam destruir as plantações. Para impedir que isso ocorresse, povos da região construíram muros e diques capazes de conter a água. Além disso, fizeram canais de irrigação que levavam a água até os terrenos mais secos.

A construção de muros, diques e canais de irrigação foi realizada primeiro pelos moradores das aldeias. Depois, parte dessas atividades passou a ser controlada por administradores de templos e palácios.

Organização das famílias

Nas aldeias da Mesopotâmia, os trabalhos relacionados à agricultura e à criação de animais eram realizados basicamente pelas famílias. De início, eram famílias alargadas, ou seja, formadas por avós, pais, filhos, tios, primos, netos, genros ou noras que viviam em um mesmo local. Mas essa forma de organização familiar modificou-se com o tempo.

No começo do II milênio a.C., há indícios de que essas famílias começaram a ser substituídas por famílias nucleares, formadas apenas por pais, filhos e poucas pessoas próximas.

As famílias alargadas e nucleares foram importantes na organização da vida social. Os líderes das famílias procuravam resolver conflitos internos nas aldeias e defendiam os interesses dos moradores diante das autoridades dos templos e palácios.

O Primeiro Império Babilônico (2000-1750 a.C)

Depois de séculos de lutas quase ininterruptas, a Mesopotâmia, no século XVIII a.C., conheceu enfim a unidade. O rei Hamurábi da Babilônia – capital do império e um dos principais centros urbanos e políticos da Antiguidade –, além de estender as fronteiras do império desde o Golfo Pérsico até a Assíria, conseguiu unificar as cidades da Mesopotâmia e iniciou a construção de uma imensa muralha em volta da cidade de Babilônia. Além disso, ele também elaborou o primeiro código completo de leis de se tem notícia.

O Código de Hamurábi foi o primeiro código social e político da Antiguidade e era composto por centenas de leis compiladas a partir do Direito sumeriano. Dentre elas, destacava-se a Lei de Talião, que preconizava que as punições fossem idênticas ao delito cometido. O código se baseava no princípio do “olho por olho, dente por dente”. Isto é: se uma pessoa matava a mãe de outra pessoa, esta pessoa tinha o direito de matar a mãe daquela pessoa. Isso pode parecer um pouco complicado à primeira vista - mas era assim que eles faziam justiça.

Grandes migrações indo-europeias (hititas e cassitas, especialmente) desorganizaram o Império Babilônico, do qual se originaram reinos menores, rivais e decadentes.

O Império Assírio (1300-612 a.C.)

Os assírios eram um povo que, ante de 2500 a.C. estabelecera-se no norte da Mesopotâmia, na região de Assur.

A guerra era a sua principal atividade: pilhavam as áreas conquistadas e massacravam sua população. Durante o reinado de Sargão II, os assírios conquistaram o reino de Israel e, no de Tiglatfalasar, tomaram a cidade da Babilônia. Também Senaqueribe e Assurbanipal são personagens importantes da história assíria: o primeiro por ter transferido a capital do império de Assur para Nínive e o segundo por ter conquistado o Egito e criado a Biblioteca de Nínive.

A morte de Assurbanipal (631 a.C) e a ocorrência de revoltas internas enfraqueceram o Império assírio. A destruição veio em 612 a.C., com Nabopolassar, o qual, comandando caldeus e medos, povos vizinhos, pôs fim ao Império Assírio e inaugurou o Segundo Império Babilônico.

O Segundo Império Babilônico (612-539 a.C.)    

Derrotados os assírios, a Babilônia volta a ser a capital da Mesopotâmia, agora sob domínio dos caldeus. Durante o reinado de Nabucodonosor (604-561 a.C.) o Império Babilônico conheceu o apogeu. Nesse Período, a palestina foi conquistada, o povo hebreu escravizado e transferido para a Babilônia. Nabucodonosor foi ainda responsável pela construção dos “jardins suspensos da Babilônia” considerados uma das sete maravilhas do mundo antigo.

O rei Nabucodonosor expandiu o império até o Egito. Os prisioneiros das guerras de conquista eram levados para Babilônia como escravos. Dentro da cidade, foram forçados a construir as muralhas e os magníficos Jardins Suspensos.

Jardins suspensos da babilônia atual Iraque

O sucessores de Nabucodonosor acharam que ninguém conseguiria entrar na cidade de Babilônia e começaram a relaxar a segurança. Conclusão: os persas, sob o comando do rei Ciro, dominaram a cidade de Babilônia. A Mesopotâmia tornou-se, então, mais uma província do vasto império persa.

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