domingo, 24 de setembro de 2023

A América Latina no século XX

Os Estados Unidos, há mais de um século, têm considerado a América Latina como uma área de importância vital aos seus interesses econômicos, políticos e estratégicos.
Pode-se afirmar que a origem desse caráter hegemônico dos Estados Unidos em relação à América Latina tomou forma no século passado quando foi idealizada, pelo presidente norte-americano James Monroe, a chamada "Doutrina Monroe" (1823). Por ela os Estados Unidos não permitiram que países extracontinentais se envolvessem em novos projetos colonialistas no continente. Ao mesmo tempo, o governo norte-americano daria toda a solidariedade à independência das nações latino-americanas. A frase-síntese da Doutrina Monroe era: "A América para os americanos". Mais tarde, no entanto, a nobre causa, esboçada originalmente por aquela doutrina, foi desvirtuada pelas pretensões imperialistas dos Estados Unidos, levando alguns latino-americanos a afirmar que sua frase-síntese deveria ser: "A América para os norte-americanos".
O expansionismo dos Estados Unidos se fez, na maior parte das vezes, de forma sutil, utilizando como armas trocas comerciais, fluxo de capitais ou influências socioculturais.
No entanto, se por algum motivo sua hegemonia ou seus interesses fossem ameaçados, a resposta norte-americana não seria sutil. E, essa "falta de sutileza" descambou muitas vezes para o intervencionismo militar, que visava sustentar governos aliados ou depor aqueles que mostrassem hostis às intenções norte-americanas: era a política do Big Stick.
Ao mesmo tempo, grandes empresas norte-americanas foram gradativamente instalando filiais nos países da América Latina, passando, em muitos deles, a controlar importantes setores da vida econômica. Nesse processo de "invasão" econômica, os interesses norte-americanos foram obtendo importantes aliados dentro dos países latino-americanos, representados pelos grandes proprietários rurais ou pelas elites urbanas (banqueiros, empresários etc.).
Os dez anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial foram os mais convulsionados do Século XX. Em meio à depressão econômica, os problemas sociais assumiram proporções catastróficas e a organização política dos países liberal-democratas foi abalada nós seus alicerces. Os governos estabelecidos pareciam impotentes para solucionar os problemas do dia; movimentos radicais de vários matizes clamavam por mudanças drásticas e por todo lado emergiram regimes ditatoriais de cunho ultranacionalista, que anunciavam o fim das liberdades democráticas e o estabelecimento de uma nova "ordem".

No tocante às relações internacionais, a desorganização e a diminuição acentuada do comércio eram características básicas. Este perfil econômico atingia as economias industriais e não-industriais. Um outro aspecto que devemos considerar é a adoção de rígidas políticas protecionistas e reforço dos laços imperiais por parte das potências européias; fracasso da tentativa de criar uma ordem internacional baseada na cooperação (Liga das Nações) e fracasso também dos esforços de desarmamento; e, finalmente, o desafio de novas potências - Japão, Itália e Alemanha - às posições hegemônicas que a Grã-Bretanha e França ainda defendiam dentro e fora da Europa e os Estados Unidos detinham no continente americano e no Pacífico.
A partir do momento em que o poder na Alemanha foi entregue ao partido nazista (1933), reiniciou-se a projeção germânica no plano internacional. Em relação à América Latina, por exemplo, sua presença comercial cresceu rapidamente, graças ao tipo de intercâmbio que propunha, com sucesso, aos países latino-americanos: o comércio de compensação, que significava a troca de produtos por produtos, sem necessidade de intermediação de moedas fortes como a libra ou o dólar, aliás escassas tanto na América Latina como na própria Alemanha.
Um dado importante que marcou a presença germânica em nosso continente era a influência político-ideológica. Serviu de inspiração ideológica para movimentos e partidos políticos latino-americanos. Não podemos esquecer também a influência do pensamento militar alemão na formação dos militares latino-americanos.
Esta interferência alemã preocupava o governo dos Estados Unidos, empenhado, nessa mesma década, em passar uma borracha no passado e apagar as marcas deixadas nos inquietos vizinhos do sul pela política do "porrete grande" {Big Stick e suas variantes, que Tio Sam adotara nos primeiros trinta anos do século XX.

A POLÍTICA DE BOA VIZINHANÇA

No final da década de 20, os governos latino-americanos, cansados dessa vizinhança, começaram a exigir nas conferências interamericanas o respeito ao direito de autodeterminação dos povos e ao princípio da não-intervenção. Foi nesse contexto que Franklin D. Roosevelt elegeu-se presidente dos Estados Unidos (1933) e anunciou uma nova política em relação às nações latino-americanas: a política da boa vizinhança, que se fundava nas seguintes idéias: os Estados Unidos tinham abandonado sua política de intervenção na América Latina; reconheciam a igualdade jurídica entre todas as nações do continente; aceitavam a necessidade de consultas periódicas para resolver os problemas que surgissem entre as repúblicas; e concordava em cooperar por todos os meios para o bem-estar dos povos da América.
Contudo, atualmente, o nível de desenvolvimento econômico dos países latino-americanos não é igual. Três deles, Argentina, Brasil e México, possuem um nível econômico bem superior aos outros. Essa diferenciação entre os três países e os demais sempre existiu, mas só se tornou evidente a partir do processo de implantação industrial, que neles se verificou principalmente após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A industrialização afetou os países latino-americanos de forma diferente. Os pequenos países, como os da América Central, com limitados mercados internos, foram pouco afetados; os de tamanho médio, como Colômbia e Peru, só o foram parcialmente. Já Brasil, Argentina e México passaram por um intenso processo de industrialização e urbanização, o que os afetou não só em seu contexto econômico-social, mas também em seu relacionamento com os Estados Unidos.
Por isso, esses três países passaram a desfrutar de uma autonomia no âmbito diplomático que lhes permitiu, por exemplo, praticar uma política externa independente em relação aos Estados Unidos. Em outras palavras, se quiserem, eles podem não se alinhar com os Estados Unidos em certas questões internacionais. Do ponto de vista econômico puderam participar mais ativamente do comércio internacional, chegando, em alguns casos, a concorrer em condições vantajosas em mercados dominados tradicionalmente pelos países do Primeiro Mundo (por exemplo, países africanos ou do Oriente Médio).
Quando iniciou a Segunda Guerra Mundial, a América Latina era considerada um campo indeciso. Nessa época os nacionalismos autoritários que floresciam na América Latina guardavam grandes afinidades com os fascismos europeus ou almejavam, ao menos, pretensões antiimperialistas. Tudo isso dificultava a realização dos objetivos norte-americanos. Tentando diminuir esta influência do eixo, os Estados Unidos emprestaram capitais para os países latino-americanos investirem na indústria de base, como, por exemplo, na companhia siderúrgica de Volta Redonda, no Brasil.
A guerra contribuiu para desenvolver a política de substituição de importações em quase toda a América Latina.
No plano político, os Estados latino-americanos tornavam-se controlados pela minoria de latifundiários, configurando-se desse modo como Estados Oligárquicos. Como conseqüência a maioria da população era pobre e estava excluída da vida política. As decisões governamentais visavam, exclusivamente, ao benefício daqueles indivíduos ricos.
O mercado interno, por sua vez, tendia a ser pouco desenvolvido, uma vez que os interesses dessa oligarquia estavam voltados para a exportação.
No aspecto social não existia nenhuma preocupação por parte dos governos de estabelecer reformas sociais tendentes à integração das camadas populares. Essa despreocupação decorria da pequena importância do mercado interno para a burguesia agrária ou mineradora.

Revolução e ditadura na América Latina

A Revolução Cubana

Desde 1898, quando Cuba tornou-se independente da Espanha, até 1958, quando era governada pelo ditador Fulgêncio Batista, os governos cubanos sempre contaram com o apoio dos Estados Unidos. A economia cubana, baseada na agroindústria canavieira, era totalmente dependente das importações e dos capitais norte-americanos.
Entre 1956 e 1958, um movimento guerrilheiro, liderado, entre outros, por Fidel Castro e Ernesto Che Guevara, derrubou o governo e seus líderes tomaram o poder em Cuba. O novo governo confiscou e estatizou propriedades norte-americanas e realizou a reforma agrária. Dois anos depois, em 1961, Cuba se proclamou um país socialista.
A Revolução Cubana eliminou o analfabetismo, reduziu a mortalidade infantil e o desemprego no país. O acesso à moradia e à saúde pública foi facilitado. Essa revolução serviu também de exemplo para outros movimentos de contestação na América Latina.
Em 1962, os Estados Unidos decretaram o bloqueio econômico e político a Cuba. Na mesma ocasião, Cuba foi expulsa da Organização dos Estados Americanos (OEA).
No mesmo ano, os governos de Cuba e União Soviética decidiram instalar, na ilha, bases de mísseis nucleares voltados contra alvos norte-americanos. Como resposta, os norte-americanos realizaram um bloqueio naval a Cuba e exigiram a imediata retirada dos mísseis. Os soviéticos desativaram as bases, com a condição de os norte-americanos não intervirem em cuba.

Intervenções na América Latina

A Revolução Cubana significou uma ameaça à influência dos Estados Unidos na América Latina. No auge da Guerra Fria, Cuba era um país socialista na área de influência dos Estados Unidos, o líder do bloco capitalista.
A necessidade de conter movimentos populares ou de esquerda fez com que os Estados Unidos apoiassem golpes de Estado e intervenções militares, eliminando governos democráticos ou populistas, além de intensificar sua presença na região.
A maior parte da América Central e do Caribe vivia desde o século XIX sob influência política e econômica norte-americana. Após a Revolução Cubana, a presença militar dos Estados Unidos se intensificou na região, para evitar que as diferenças sociais, tão presentes naquela parte da América, se tornasse o combustível de revoltas populares inspiradas no sucesso da Revolução Cubana.

Fábrica de ditaduras

Após a Segunda Guerra Mundial, a região assiste à instalação de diversas ditaduras com apoio dos EUA, sob o pretexto de combate ao comunismo. O advento da Guerra Fria acentua a tendência, originária do caudilhismo, de excluir as massas de qualquer participação política. As elites agrárias e, em alguns países, a nascente burguesia industrial aliam-se ao capital estrangeiro, em particular ao americano, para se consolidar no poder. Nesse período, as experiências democráticas são bastante restritas no continente.
A instalação, em Washington, na década de 50, do Colégio Interamericano de Defesa, destinado a coordenar as atividades das Forças Armadas continentais, e a criação, em 1961, na Zona do Canal do Panamá, da Escola do Exército Americano para as Américas põem em prática a política anticomunista. Em dez anos, a Escola das Américas, verdadeiro centro formador de quadros para as ditaduras, diploma 33.147 oficiais latino-americanos.
A política dos EUA, de Eisenhower a Nixon, favorece a permanência no poder de ditadores como o dominicano Leónidas Trujillo, o nicaraguense Anastásio Somoza, o haitiano François Duvalier ou o paraguaio Alfredo Stroessner; e golpes militares em Argentina, Uruguai e Brasil. Esses regimes prolongam-se até os anos 70, como aliados na luta contra o comunismo.

Estratégias anticomunistas norte-americanas

A partir de 1961, ano em que Fidel Castro adotou o regime comunista, as relações entre Washington e Havana foram cortadas, e Cuba aliou-se então a União Soviética.
A adoção do regime comunista por Cuba mostrava a existência de um ponto frágil na política norte-americana de contenção ao avanço comunista na América: a fome e a miséria, causadoras principais das agitações sociais que marcavam a história dos países pobres da América Latina.
Com o objetivo de conter os movimentos rebeldes que poderiam levar os países latino-americanos a copiarem o exemplo de Cuba, e de aumentar o poder aquisitivo das populações desses países, o governo dos Estados Unidos lançou , em 1961, um programa de reformas que se chamou Aliança para o Progresso.
Dentre as propostas reformistas de aliança para o progresso destacamos as que defendiam a necessidade de os governos nacionais acabarem com o analfabetismos, criarem uma política salarial caracterizada por uma justa remuneração, uma política de habitação, educação e saúde que atendesse aos mais necessitados, elaborarem uma política de reforma agrária assegurando ao homem do campo um justo sistema de propriedade. Esse programa de reformas teria a ajuda financeira do governo norte-americano, e em troca os governos dos países beneficiados impediriam os movimentos populares.

OEA e Tiar

A Organização dos estados Americanos (OEA) foi instituída em 1948, na Conferência de Bogotá, e no início dos anos 60 englobava todos os estados americanos, com exceção de Cuba, expulsa da organização em 1962 devido a sua adesão ao regime comunista.
Com a OEA, cuja sede é em Washington, os países americanos assumiram o compromisso de garantir a paz e a segurança do continente, promover o desenvolvimento econômico, cultural e social, como também procurar soluções pacíficas para resolver os problemas que surgissem entre eles.
Do ponto de vista militar o tratado Interamericano de Ajuda Reciproca (Tiar), assinado no Rio de Janeiro em 1952, é uma reafirmação da OEA, na medida em que constitui uma aliança militar de ajuda mútua entre seus membros e de defesa continental contra agressões de países de outros continentes.

Militares no poder

Não foram só os Estados Unidos que se preocuparam com a passagem de Cuba ao socialismo.
Na década de 1960, setores das classes dominantes e militares de muitos países latino-americanos organizaram golpes para assumir o controle do Estado e impedir o fortalecimento dos projetos de esquerda. Há muitos exemplos de golpes militares de direita: o Brasil, em 1964; a Argentina, em 1976; o Uruguai, em 1973.
Nem sempre os Estados Unidos atuavam diretamente na política desses países. Em alguns casos, porém, seu apoio à intervenção militar foi decisivo. O golpe militar no Chile em 1973 é o melhor exemplo.

A ditadura chilena

Em 1970, foi eleito no Chile um presidente socialista, Salvador Allende. O presidente eleito estava realizando a reforma agrária, promovendo a alfabetização, a melhoria do sistema de saúde, nacionalizando as minas de cobre e intervindo no sistema financeiro. Essas medidas, de tendência socialista, provocaram a reação das elites do país e do governo dos Estados Unidos.
Em 1973, com apoio norte-americano, Allende foi derrubado por um golpe militar e morreu durante a invasão do palácio de La Moneda, sede oficial do governo chileno.
O general Augusto Pinochet, o novo chefe do governo, dissolveu os partidos políticos e perseguiu os simpatizantes de Allende. Os opositores passaram a ser presos, torturados ou executados.
Em 1988, um plebiscito decidiu pelo fim do governo de Pinochet. Ocorreram então eleições em 1990 e as oposições elegeram um presidente civil. Apesar dos protestos da sociedade chilena, Pinochet e outros militares não foram imediatamente julgados pelas acusações de torturas e assassinatos de milhares de presos políticos.

A Nicarágua

Um dos mais significativos movimentos revolucionários da América Latina ocorreu na Nicarágua.
Desde a década de 1930 a Nicarágua era dominada por uma ditadura controlada pela família Somoza. Ao pai sucedia o filho e assim por diante. Na década de 1960, um grupo de estudantes e intelectuais organizou um movimento destinado a derrubar aquele sistema de governo. O nome do movimento: Frente Sandinista de Libertação Nacional.
A palavra sandinista vem de Sandino, nome de um herói da Nicarágua. Na década de 1930, Sandino combateu o governo, em nome da liberdade e da independência econômica do país, então dominado por empresas norte-americanas. Convidado a negociar, Sandino aceitou, mais foi traído e assassinado.
Graças ao apoio popular, a Frente Sandinista conseguiu vitórias na sua luta e, em 1979, venceu a ditadura. Somoza foi derrubado e fugiu para o Paraguai. Os líderes da frente assumiram o governo.
Os primeiros decretos do novo governo determinaram a expropriação de todos os bens da família Somoza (que correspondia a 40 % da economia nacional), a criação de tribunais revolucionários, a garantia de liberdade de imprensa e de opinião, reunião partidária e sindical e a estatização de todos os bancos.
Um ano depois começaram os desentendimentos internos. Dois membros não-sandinistas da junta de governo renunciaram; formaram-se também vários grupos anti-sandinistas, chamados de “contras”, armados e treinados pelos Estados Unidos.
Apesar dos esforços do governo revolucionário para erradicar o analfabetismo e a miséria, uma crise econômica aguda afetava o país. Nas eleições realizadas em fevereiro de 1990, a oposição saiu vitoriosa. Violeta Chamorro tomou posse em abril do mesmo ano, pondo fim ao governo sandinista.

Revolução e ditadura na América Latina

 A Revolução Cubana

Desde 1898, quando Cuba tornou-se independente da Espanha, até 1958, quando era governada pelo ditador Fulgêncio Batista, os governos cubanos sempre contaram com o apoio dos Estados Unidos. A economia cubana, baseada na agroindústria canavieira, era totalmente dependente das importações e dos capitais norte-americanos.
Entre 1956 e 1958, um movimento guerrilheiro, liderado, entre outros, por Fidel Castro e Ernesto Che Guevara, derrubou o governo e seus líderes tomaram o poder em Cuba. O novo governo confiscou e estatizou propriedades norte-americanas e realizou a reforma agrária. Dois anos depois, em 1961, Cuba se proclamou um país socialista.
A Revolução Cubana eliminou o analfabetismo, reduziu a mortalidade infantil e o desemprego no país. O acesso à moradia e à saúde pública foi facilitado. Essa revolução serviu também de exemplo para outros movimentos de contestação na América Latina.
Em 1962, os Estados Unidos decretaram o bloqueio econômico e político a Cuba. Na mesma ocasião, Cuba foi expulsa da Organização dos Estados Americanos (OEA).
No mesmo ano, os governos de Cuba e União Soviética decidiram instalar, na ilha, bases de mísseis nucleares voltados contra alvos norte-americanos. Como resposta, os norte-americanos realizaram um bloqueio naval a Cuba e exigiram a imediata retirada dos mísseis. Os soviéticos desativaram as bases, com a condição de os norte-americanos não intervirem em cuba.

Intervenções na América Latina

A Revolução Cubana significou uma ameaça à influência dos Estados Unidos na América Latina. No auge da Guerra Fria, Cuba era um país socialista na área de influência dos Estados Unidos, o líder do bloco capitalista.
A necessidade de conter movimentos populares ou de esquerda fez com que os Estados Unidos apoiassem golpes de Estado e intervenções militares, eliminando governos democráticos ou populistas, além de intensificar sua presença na região.
A maior parte da América Central e do Caribe vivia desde o século XIX sob influência política e econômica norte-americana. Após a Revolução Cubana, a presença militar dos Estados Unidos se intensificou na região, para evitar que as diferenças sociais, tão presentes naquela parte da América, se tornasse o combustível de revoltas populares inspiradas no sucesso da Revolução Cubana.

A Nicarágua

Um dos mais significativos movimentos revolucionários da América Latina ocorreu na Nicarágua.
Desde a década de 1930 a Nicarágua era dominada por uma ditadura controlada pela família Somoza. Ao pai sucedia o filho e assim por diante. Na década de 1960, um grupo de estudantes e intelectuais organizou um movimento destinado a derrubar aquele sistema de governo. O nome do movimento: Frente Sandinista de Libertação Nacional.
A palavra sandinista vem de Sandino, nome de um herói da Nicarágua. Na década de 1930, Sandino combateu o governo, em nome da liberdade e da independência econômica do país, então dominado por empresas norte-americanas. Convidado a negociar, Sandino aceitou, mais foi traído e assassinado.
Graças ao apoio popular, a Frente Sandinista conseguiu vitórias na sua luta e, em 1979, venceu a ditadura. Somoza foi derrubado e fugiu para o Paraguai. Os líderes da frente assumiram o governo.
Os primeiros decretos do novo governo determinaram a expropriação de todos os bens da família Somoza (que correspondia a 40 % da economia nacional), a criação de tribunais revolucionários, a garantia de liberdade de imprensa e de opinião, reunião partidária e sindical e a estatização de todos os bancos.
Um ano depois começaram os desentendimentos internos. Dois membros não-sandinistas da junta de governo renunciaram; formaram-se também vários grupos anti-sandinistas, chamados de “contras”, armados e treinados pelos Estados Unidos.
Apesar dos esforços do governo revolucionário para erradicar o analfabetismo e a miséria, uma crise econômica aguda afetava o país. Nas eleições realizadas em fevereiro de 1990, a oposição saiu vitoriosa. Violeta Chamorro tomou posse em abril do mesmo ano, pondo fim ao governo sandinista.

Militares no poder

Não foram só os Estados Unidos que se preocuparam com a passagem de Cuba ao socialismo.
Na década de 1960, setores das classes dominantes e militares de muitos países latino-americanos organizaram golpes para assumir o controle do Estado e impedir o fortalecimento dos projetos de esquerda. Há muitos exemplos de golpes militares de direita: o Brasil, em 1964; a Argentina, em 1976; o Uruguai, em 1973.
Nem sempre os Estados Unidos atuavam diretamente na política desses países. Em alguns casos, porém, seu apoio à intervenção militar foi decisivo. O golpe militar no Chile em 1973 é o melhor exemplo.

A ditadura chilena

Em 1970, foi eleito no Chile um presidente socialista, Salvador Allende. O presidente eleito estava realizando a reforma agrária, promovendo a alfabetização, a melhoria do sistema de saúde, nacionalizando as minas de cobre e intervindo no sistema financeiro. Essas medidas, de tendência socialista, provocaram a reação das elites do país e do governo dos Estados Unidos.
Em 1973, com apoio norte-americano, Allende foi derrubado por um golpe militar e morreu durante a invasão do palácio de La Moneda, sede oficial do governo chileno.
O general Augusto Pinochet, o novo chefe do governo, dissolveu os partidos políticos e perseguiu os simpatizantes de Allende. Os opositores passaram a ser presos, torturados ou executados. Durante a ditadura civil-militar chilena, cerca de 3 mil pessoas foram assassinadas e aproximadamente 200 mil foram para o exílio.

Em 1988, um plebiscito decidiu pelo fim do governo de Pinochet. Ocorreram então eleições em 1990 e as oposições elegeram um presidente civil. Apesar dos protestos da sociedade chilena, Pinochet e outros militares não foram imediatamente julgados pelas acusações de torturas e assassinatos de milhares de presos políticos.

Paraguai: 1954-1989

Em 1954, um golpe de Estado colocou no poder o general Alfredo Stroessner, que implantou uma ditadura.

Em eleições caracterizadas por fraudes, Stroessner foi eleito presidente do Paraguai por sete mandatos consecutivos. A ditadura paraguaia estabeleceu que para ter acesso às universidades ou aos cargos públicos era necessário filiar-se ao Partido Colorado. Além disso, foi montada uma ampla rede de delação no país, provocando a morte e a prisão de milhares de opositores do regime.

Uruguai: 1973-1985

O Uruguai, assim como outros regimes ditatoriais da América do Sul, fez parte da Operação Condor, uma aliança dos regimes ditatoriais com os Estados Unidos para perseguir as pessoas identificadas como comunistas, socialistas e marxistas. Em 1976, refugiados políticos uruguaios foram capturados e torturados com o apoio das Forças Armadas dos Estados Unidos. 

Peru: 1968-1980

Durante a ditadura civil-militar no Peru, mais de 70 mil pessoas morreram nos confrontos entre Exército e guerrilheiros. Assim como nos demais países da América Latina, a ditadura peruana contou com apoio do governo dos Estados Unidos. 

Bolívia: 1964-1982

Che Guevara, um importante líder de esquerda, que participou da implantação do regime socialista em Cuba, foi morto em 1967 pelo Exército boliviano com ajuda da CIA. 

Brasil: 1964-1985

A CIA colocou em prática uma extensiva campanha de propaganda contra João Goulart, o presidente brasileiro, que acabou destituído e substituído por uma ditadura civil-militar. Ele havia iniciado uma série de reformas que limitava os lucros de empresas transnacionais, incluindo as estadunidenses. 

 A ditadura no Chile 

Em 1970, a população do Chile elegeu como presidente o socialista Salvador Allende, que se candidatou por uma coligação de diversos partidos de esquerda: a Unidade Popular. Seu programa de governo previa a nacionalização de grandes empresas multinacionais, do sistema financeiro e das minas de cobre, ferro, salitre e carvão, assim como o aumento do salário dos trabalhadores e o congelamento do preço de diversas mercadorias. Além disso, o governo de Allende tinha como objetivo aprofundar o processo da reforma agrária no país. Esses projetos causaram preocupação na elite e na classe média conservadora.

Inicialmente, as medidas tomadas pelo governo melhoraram a economia chilena, mas a retaliação dos Estados Unidos – que impuseram sanções econômicas ao país – provocou desequilíbrio na balança comercial e aumento da inflação, acirrando os ânimos da população, que sofreu com o desabastecimento de mercadorias e paralisações. Na campanha para desestabilizar o governo de Allende, os Estados Unidos fortaleceram o setor conservador chileno, do qual fazia parte a cúpula militar do país.

O golpe de Estado 

Nesse contexto, as forças armadas chilenas, apoiadas pelos Estados Unidos e pelo governo brasileiro, executaram um golpe de Estado.

Em 11 de setembro de 1973, o Palácio de La Moneda, sede presidencial do país, foi bombardeado por setores das forças militares.

Apesar da resistência, Allende foi encontrado morto a tiros dentro do palácio invadido. Por meio de um exame realizado em 2011, verificou-se que a causa da morte foi suicídio. 

A ditadura de Pinochet 

Após o golpe de Estado, o general Augusto Pinochet assumiu o poder no país, adotando um programa econômico muito diferente daquele implementado pelos militares no Brasil.

Enquanto o projeto de desenvolvimento econômico brasileiro foi marcado pela direção estatal, no Chile prevaleceu a lógica do Estado mínimo, pautado pela redução do gasto público e do papel do Estado, assim como pela ampliação das exportações e reformas trabalhistas.

A liberalização da economia, no entanto, não foi acompanhada pela liberdade política. A prosperidade econômica do Chile teve como contrapartida o cerceamento das liberdades individuais e a violação de direitos humanos em escala e intensidade sem precedentes na América Latina. No período, a repressão foi brutal. Mais de 40 mil pessoas foram presas, torturadas ou assassinadas pela ditadura chilena.

Aliados e membros do governo Allende que não conseguiram sair do país foram presos ou mortos e nem todos os que deixaram o Chile foram protegidos. Orlando Letelier, ministro de Allende, foi assassinado em um atentado a bomba a mando de Pinochet, mesmo estando exilado nos Estados Unidos. 

O governo de Pinochet dissolveu os partidos políticos e reestruturou as forças armadas para garantir total controle sobre as tropas.

Além disso, os jornais passaram a sofrer intensa censura, e os intelectuais oposicionistas foram afastados de seus cargos nas universidades.

Sob o terrorismo de Estado, a prática da tortura disseminou-se atingindo não só chilenos, mas também estrangeiros exilados que fugiam de perseguições políticas em seus países de origem. 

O retorno à democracia 

O Chile foi um dos países em que o mesmo ditador permaneceu no poder por mais tempo: dezessete anos. Pinochet deixou a Presidência apenas em 1990, depois do plebiscito de 1988 e da eleição de 1989.

No plebiscito, a população deveria votar pela continuidade ou não do governo de Pinochet. As propagandas a favor do “sim” e do “não” foram veiculadas principalmente pela televisão, o que demonstra a influência desse meio de comunicação na política e na cultura da América Latina. Esse plebiscito pode ser entendido como um julgamento público da ditadura. A maioria da população votou “não”.

A ditadura na Argentina

Entre 1930 e 1976, a Argentina sofreu seis golpes de Estado. No último deles, em março de 1976, Isabel Perón, presidente do país na época, foi obrigada a deixar o governo, iniciando-se uma violenta ditadura, que perdurou até 1983.

O governo ditatorial, constituído por uma junta militar, nomeou o general Jorge Rafael Videla presidente e estabeleceu um regime de terrorismo de Estado. Todos os que se opuseram ao governo – operários, estudantes, intelectuais, artistas ou profissionais liberais – foram perseguidos sistematicamente pelo governo militar, que se autointitulou Processo de Reorganização Nacional.

Organismos de direitos humanos calculam que cerca de 30 mil pessoas morreram ou foram forçadamente desaparecidas nesse período, e outros milhares, presos e exilados. Os sindicatos e os partidos políticos foram impedidos de se manifestar, pois a censura se instalou no país. 

Sequestros e desaparecimentos como políticas de Estado Na Argentina, o governo raptou e sequestrou centenas de filhos de ativistas da oposição. Estima-se que 250 adolescentes desapareceram forçadamente e 500 crianças foram sequestradas, muitas delas separadas de seus pais logo após o nascimento.

Centenas de Centros Clandestinos de Detenção, onde se fazia o extermínio dos opositores ao governo, funcionavam tanto em instalações públicas (presídios, quartéis ou escolas) quanto em propriedades privadas. Nesses locais, as pessoas eram torturadas, assassinadas e dadas como “desaparecidas”. 

Formas de resistência e o fim da ditadura 

Entre os movimentos de resistência à ditadura, um dos mais emblemáticos é o das Madres y Abuelas de la Plaza de Mayo (Mães e Avós da Praça de Maio), que desde 1977 se dedica a obter informações sobre o paradeiro de crianças e jovens sequestrados durante a ditadura. Até o final de 2019, o grupo havia conseguido localizar 130 desaparecidos forçados.

Apenas em 6 de dezembro de 1983, a junta militar assinou a própria dissolução. Apesar dos esforços dos militares para destruir arquivos e anistiar-se, a Argentina é hoje o país sul-americano que mais se empenha em investigar os crimes do período ditatorial.

Mais de mil indivíduos que participaram do sistema repressor foram condenados.



Oriente Médio: Uma região de conflitos

O Oriente Médio corresponde à parte ocidental da Ásia, perto da Europa e da África. Nessa região localizam-se Israel, Líbano, Síria, Iraque, Jordânia, Irã e Arábia Saudita, além de outros pequenos países. Durante muito tempo, o Oriente Médio era lugar de passagem dos viajantes e mercadores que transitavam entre a Europa e o Oriente (Índia e China, por exemplo), realizando compra e venda de especiarias.

A maior parte do Oriente Médio pertencia, até a Primeira Guerra Mundial, ao Império Otomano. Com a derrota desse império, a região tornou-se principalmente zona de influência da França e da Inglaterra.
No século XX, muitas mudanças ocorreram no Oriente Médio. Duas delas são marcantes: a descoberta de petróleo e a criação do Estado de Israel. Os dois fatos tornar-se-iam motivos para a eclosão de muitos conflitos na região. Os conflitos no Oriente envolviam o nacionalismo árabe, a questão judaico-palestina e os interesses internacionais pelo controle do petróleo. Por essas características, o Oriente Médio tornou-se, durante a Guerra Fria, um dos maiores focos de tensão entre as superpotências, principalmente após a criação do Estado de Israel.

O petróleo muda o papel do Oriente Médio

A exploração de petróleo começou no Irã em 1902, por iniciativa de companhias inglesas. Em outros países da região, a exploração ocorreu bem mais tarde, quando empresas dos Estados Unidos e da França passaram a participar dessa exploração. Os países árabes produtores fundaram, em 1959, Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), com o objetivo de definir políticas de produção e de preços. (A Opep é integrada também por países não-árabes.)
O petróleo passou a ter, assim, um papel cada vez mais importante no destino do Oriente Médio. Em 1973, por exemplo, na Guerra do Yom Kippur, entre Israel, Egito e Síria, a Opep diminuiu a produção e elevou os preços do petróleo, a fim de forçar os países ocidentais a apoiarem os árabes na guerra. Em 1991, os Estados Unidos atacaram o Iraque – na Guerra do Golfo – para forçar a sua saída do Kuwait, um dos grandes exportadores de petróleo e que havia sido ocupado pelo exército iraquiano.

O nascimento de Israel e o drama dos palestinos

No início da era cristã, uma rebelião na Judéia, província dominada por Roma (mais tarde chamada de Palestina), desencadeou a forte repressão das forças romanas. A partir daí, os judeus foram forçados a migrar para outras regiões da Europa e para a África. Esse movimento ficou conhecido como Diáspora, ou seja, a dispersão dos judeus pelo mundo.
No começo do século XX, numerosos judeus que viviam na Europa e em outros países da Ásia e da África começaram a emigrar para a região da Palestina, então habitada por árabes palestinos. A emigração de judeus para a região se intensificou nas décadas de 1930 e1940, quando o nazismo passou a persegui-los na Alemanha e em outros países ocupados pelo exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial.

• Sionismo: doutrina política criada no século XIX, favorável à reunião de todos os judeus do mundo em um só Estado judaico, Israel.
• Os horrores praticados pelos nazistas contra os Judeus na Segunda Guerra Mundial, o holocausto, também criaram uma situação favorável à criação do Estado de Israel.

Depois da guerra, os judeus obtiveram apoio internacional, pois a opinião pública do mundo inteiro ficou chocada com as atrocidades cometidas pelos nazistas. Surgia, assim, uma mobilização com o objetivo de criar um Estado judaico.
Em 1947, a ONU aprovou a divisão da Palestina em dois Estados: um árabe e outro judeu. A criação do Estado de Israel, em 1948, - com o apoio dos Estados Unidos -, provocou a reação contrária dos árabes, que não aceitaram essa partilha e atacaram os judeus, mas foram vencidos. Como consequência milhares de palestinos foram expulsos de suas terras para dar lugar aos novos colonos judeus que vinham se instalar no país recém-criado.
A partir desse momento, o conflito entre os judeus de Israel e os árabes, especialmente os palestinos, tornou-se permanente. De 1948, quando teve lugar a primeira guerra, até hoje, ocorreram quatro conflitos, todos com desfechos favoráveis a Israel.

A Questão Palestina

Antes de 1948, a Palestina era habitada principalmente por povos de origem árabe, os palestinos. Com a criação do Estado de Israel, os palestinos passaram a viver em campos de refugiados mantidos pela ONU. Desde então, eles passaram a lutar pela recuperação de seus antigos territórios e pela criação de um Estado independente conforme resolução da ONU.
Na luta pela afirmação da soberania palestina surgiu a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), criada em 1964 e liderada por Yasser Arafat, que se tornou o principal representante dos palestinos em sua luta contra o Estado de Israel.

A expansão de Israel

Como Israel representava para os árabes uma séria ameaça – por causa de sua política expansionista e rivalidades religiosas –, estes se prepararam para derrotá-lo. Em 1967, Egito, Síria e Jordânia iniciaram um ataque a Israel, mas o exército israelense contra-atacou e, em seis dias, derrotou as forças árabes.
Em seis dias, os israelenses conquistaram o Sinai, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, as colinas de Golã e a parte oriental de Jerusalém. Mesmo derrotados, Egito e Síria prepararam um novo ataque. Na festa judaica do Yon Kippur (feriado judaico do dia do perdão), em 1973, Israel foi atacado de surpresa. O exército israelense com a ajuda dos Estados Unidos, conseguiu deter a ofensiva árabe, e ganhou a guerra.
Em resposta à vitória de Israel na Guerra de Yom Kippur, os países árabes cortaram o fornecimento de petróleo aos países simpatizantes de Israel, gerando a chamada crise do petróleo, com graves consequências econômicas no mundo todo, principalmente nos países capitalistas.
Em 1982, Israel invadiu o Líbano para atacar os palestinos que lá viviam, pois era de onde eles partiam para atacar o território israelenses. As atrocidades cometidas pelo exército israelense, causando milhares de mortes, provocaram protesto por parte de muitos israelenses, que passaram a exigir do governo um programa de paz. Com essas guerras, principalmente a Guerras dos Seis Dias, Israel aumentou consideravelmente seu território, conquistando áreas antes pertencentes ao Egito, à Síria e a Jordânia. A UNU determinou que Israel saísse das regiões ocupadas, mas o governo israelense não acatou a determinação.

Negociações para a paz

Após as guerras que resultaram na expansão israelense, os governos de Israel e dos países árabes tomaram algumas iniciativas para reverter a tensão e negociar a paz:

• Acordo de Camp David (1978). Com mediação dos Estados Unidos, os primeiros acordos foram feitos entre Egito e Israel e intermediados pelo presidente norte-americano Jimmy Carter, em 1978, em Camp David, Estados Unidos. Esses acordos estabeleciam a devolução da península do Sinai ao Egito e o reconhecimento por parte do Egito, do Estado de Israel. A paz assinada pelo Egito e por Israel, em separado, ocasionou muita revolta entre outros grupos árabes. O presidente egípcio que assinou o acordo, Anuar Sadat, foi assassinado em 1981.

• Desde 1993, autoridades palestinas e o governo de Israel vinham discutindo a criação de um Estado palestino. O resultado concreto dessas negociações foram a criação da Autoridade Nacional Palestina, entidade responsável pela administração dos territórios palestinos, e o controle palestino sobre a cidade de Jericó e a Faixa de Gaza.

Em 1987, os palestinos que viviam na Faixa de Gaza e na Cisjordânia iniciaram uma rebelião contra a ocupação israelense. Esse primeiro movimento espontâneo, levou o nome de Intifada (guerra das pedras), pois eram assim que os palestinos enfrentavam o exército israelense.
Graças a iniciativas diplomáticas de diversos países, em especial da Noruega, no início da década de 1990 palestinos e israelenses iniciaram negociações pela paz. Em 1993, pela primeira vez um representante dos palestinos se reunia com um governante israelense. O representante dos palestinos era Yasser Arafat, presidente da Organização para Libertação da Palestina (OLP), Israel era representado pelo primeiro-ministro Yitzhak Rabim.
Os dois assinaram um acordo pelo qual Israel devolvia aos palestinos a Faixa de Gaza e a cidade de Jericó.
Esse acordo foi seguido de outros dois, um em maio de 1994 e outro em setembro de 1995. Israel devolveu mais áreas ocupadas por eles durante a Guerra dos Seis Dias, como a região da Cisjordânia.
Tanto do lado dos palestinos quanto do lado dos israelenses, houve muita oposição a esses acordos. Muitos palestinos achavam que não se deveria negociar com Israel, pois estes haviam se apoderado de suas terras. Segundo esses palestinos mais radicais. Israel não deveria ser reconhecido como Estado e sim combatido até a derrota final.
Os judeus radicais, por sua vez, achavam que não deveriam negociar com os palestinos, considerados terroristas. Nesse estado de radicalização, um jovem israelense fanático assassinou o primeiro-ministro Rabin em novembro de 1995.
Apesar da oposição de grupos radicais, tanto o governo de Israel quanto o presidente da OLP desejavam levar adiante o processo de paz. Shimon Peres assumiu o cargo deixado por Rabin.
Em janeiro de 1996, ocorreram as primeiras eleições gerais da história da Palestina para a presidência do Autogoverno Interino palestino, na faixa de Gaza e Cisjordânia. O presidente da Autoridade Palestina (AP) e líder da OLP, Yasser Arafat, ganhou as eleições.
O processo de paz foi praticamente interrompido depois que Benjamin Netanyahu assumiu o cargo de primeiro-ministro de Israel em 1996. Ele tentou se reeleger em 1999, mas foi derrotado pelo seu oposicionista Ehud Barak, que reiniciou as negociações de paz. Em outubro de 1999, uma estrada ligando a Faixa de Gaza a Cisjordãnia foi aberta. Além de intensificar as negociações com o governo palestino, em 15 de dezembro de 1999 o governo de Barak iniciou conversações com o governo da Síria.
A construção do “muro de proteção”, separando judeus e palestinos, começou a ser reivindicada depois do início da nova Intifada, em 2000, quando uma onda de atentados terroristas atingiu cidadãos israelenses.
Com extensão prevista de 350 quilômetros, o muro deixa sob domínio israelense Jerusalém Oriental, anexada por Israel em 1967 e onde os palestinos pretendem a capital de seu futuro Estado.
Ao mesmo tempo em que tomava uma iniciativa que poderia auxiliar a paz, o governo israelense continuava a construção, iniciada em junho de 2002, de um “muro de proteção” entre Israel e a Cisjordânia. A construção gerou, desde o início, tensões políticas internas e muitas críticas palestinas e da comunidade internacional.
Em 2003, os Estados Unidos, Rússia, União Europeia e ONU divulgaram um novo plano para a região, o chamado Mapa de Estrada, que promoveria, até 2005, a criação de um Estado palestino, que conviveria pacificamente com Israel. Também esse plano fracassou.
Em agosto de 2005, o governo de Israel decretou o fechamento da Faixa de Gaza aos israelenses e a retirada dos colonos judeus que lá viviam e de quatro colônias do norte da Cisjordânia, facilitando a ocupação da região por palestinos.
A oscilação nas negociações e as constantes mudanças no cenário político internacional e local mostram que a situação permanece explosiva na região e a paz parece distante.

O futuro da Autoridade Palestina

A Organização para a Libertação da Palestina (OLP), criada em 1964 e liderada por Yasser Arafat, gerou a Autoridade Nacional Palestina (ANP) após as negociações de paz de 1994 em Oslo, na Noruega. A ANP se tornou desde então a principal representante dos interesses palestinos.
Com a morte de Arafat, em 2004, iniciou-se um período de disputa entre diversos grupos palestinos pelo controle da ANP. Em janeiro de 2005, Mahmoud Abbas, do Fatah, grupo ao qual pertencia Arafat, venceu as eleições para a Presidência da ANP. Nas eleições parlamentares de janeiro de 2006, porém, o grupo radical Hamas conseguiu vitória.
Pela primeira vez na história da Autoridade Palestina, o presidente e o primeiro-ministro pertencem a grupos diferentes e têm posições distintas: enquanto Abbas defende negociações com Israel, o Hamas é contrário a qualquer aproximação com o Estado judeu que implique fazer concessões.
Hamas é a abreviatura de Harakat Al-Muqawama Al-islamia (Movimento de Resistência Islâmica). O movimento ficou conhecido em 1987, quando se tornou mais atuante na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, ao questionar a política da OLP de aproximação com Israel. O Hamas promove atos beneficentes em regiões de ocupação palestina e foi responsável por diversos atos terroristas contra alvos judeus e em defesa do islamismo.

A revolução islâmica do Irã

No final da década de 1970, o Irã passou por uma verdadeira revolução. O país é riquíssimo em petróleo e era governado pelo xá (rei) Reza Pahlevi, cujo pai fora um general que tomou o poder mediante um golpe de Estado em 1925. Pahlevi governava o Irã com poderes absolutos, e a polícia do governo reprimia com violência todos os opositores.
A maioria da população iraniana é muçulmana. Mas o xá queria modernizar o país. Tornou-se por isso grande aliado dos Estados Unidos, do qual comprava enormes quantidade de armamentos modernos. Preferindo os costumes ocidentais, o xá não respeitava diversos preceitos da religião muçulmana.
Havia muitas pessoas presas por motivos políticos. Numerosos opositores políticos tiveram de sair do país. Um deles era o aiatolá Khomeini, um dos principais chefes religiosos do Irã, que vivia exilado em Paris. Lá gravava fitas cassete com discurso contra o xá Reza Pahlevi. Essas fitas eram levadas clandestinamente ao Irã e divulgadas entre a população. A insatisfação com o governo de Reza Pahlevi chegou ao auge em 1979, quando uma revolta se espalhou pelo país inteiro, obrigando o xá e sua família a fugirem do país.
Khomeini voltou ao Irã e o governo passou para as mãos dos chefes religiosos. Os preceitos do islamismo foram restabelecidos. Um sentimento fortemente antiamericano e antiocidental passou a caracterizar a política do novo governo iraniano.
O governo do Aiatolá Khomeini foi marcado pelo radicalismo islâmico que apontava os Estados Unidos e Israel como principais inimigos dos muçulmanos. Algumas atitudes chamaram a atenção do mundo como a tomada da embaixada norte-americana em Teerã e a perseguição ao escritor Salman Ruschdi. A partir da morte de Khomeini em 1989, lideres religiosos passaram a governar o país.
Em 1997 foi eleito Mohammad Khatami para a presidência da República. Desde que tomou posse, tem implementado uma política de aproximação com o Ocidente. Em março de 1999, ocorreu o encontro de Khatami com o papa João Paulo II; desde 1979, um líder islâmico não participava de um encontro com o papa. No final de 1999, Khatami visitou a França.

A GUERRA IRÃ-IRAQUE (1980-1988)

Antiga Mesopotâmia, o Iraque também é um país rico em petróleo e também conta com imensa população muçulmana. Em 1979, o poder foi assumido por Saddan Hussein, o qual, imediatamente, recebeu forte apoio dos Estados Unidos, interessados em enfrentar o radicalismo islâmico do Irã.
Os atritos entre Irã e Iraque remontavam a 1974 quando ambos disputavam o controle sobre o estreito do Shatt el-Arab, istmo que dá acesso ao Golfo Pérsico. Houve um acordo e Irã e Iraque dividiram entre si o controle sobre a região.
Todavia, em 1979, Saddan Hussein invadiu a parte iraniana, o que originou o conflito entre os dois países. Enquanto o Irã recebeu o apoio da União Soviética, o Iraque tinha como aliados os Estados Unidos, Israel e alguns países árabes preocupados com o avanço do radicalismo islâmico do qual o Irã era nítido exemplo.
Em 1982, os Estados Unidos removeram o Iraque da lista de países que apoiavam práticas consideradas terroristas. Dois anos mais tarde, os dois países restabeleceram relações diplomáticas, que haviam sido rompidas na guerra árabe-israelense de 1967.
A principal fonte de armas do Iraque era o seu velho aliado, a União Soviética. Mas vários outros países, como Grã-Bretanha, França e os Estados Unidos, também forneceram armas e equipamento militar ao Iraque. Os americanos chegaram a dividir informações de seu serviço de inteligência com as autoridades de Bagdá.
Nos estágios finais da guerra Irã-Iraque, os dois países passaram a atacar petroleiros no Golfo Pérsico, com o objetivo de sabotar as exportações um do outro. Navios de guerra da França, da Grã-Bretanha, dos Estados Unidos e de outros países foram enviados para a região, e petroleiros do Kuwait, que estavam sendo atacados pelo Irã, passaram a ser escoltados. À medida em que prosseguia a “guerra dos petroleiros”, os Estados Unidos também destruíram várias plataformas de petróleo iranianas e (acidentalmente, segundo Washington), um airbus iraniano levando a bordo 290 civis.
Depois de dez anos de intensos combates, que devastaram o território e provocaram significativas perdas humanas nos dois países, a guerra acabou sem que um vencedor fosse apontado. Somente a figura de Saddan Hussein saiu fortalecida como principal líder do povo iraquiano.

A Guerra do Golfo

Em agosto de 1999 o Iraque invadiu o Kuwait. O governo do Iraque, chefiado por Saddam Hussein, acusara o Kuwait de prejudicá-lo na venda de petróleo. Segundo a acusação, o Kuwait estaria vendendo petróleo a preços muito baixos. Com isso, o Iraque estaria perdendo cliente e sendo obrigado a baixar também os preços. Saddam exigiu do governo kuwaitiano indenizações pelos prejuízos com a venda de petróleo a preços baixos.
Ele reivindicava ainda partes do território do Kuwait, que, segundo ele, faziam parte do Iraque no passado. Como não foi atendido, invadiu e ocupou o Kuwait com o objetivo de apoderar-se das jazidas de petróleo do vizinho. O abastecimento de muitos países que compravam petróleo do Kuwait estava ameaçado.
O Conselho de Segurança da ONU condenou a invasão e ordenou ao governo do Iraque que retirasse suas forças. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos mobilizam tropas do seu exército, além de aviões de combate e navios de guerra, deslocando-os para a Arábia Saudita, vizinha do Iraque.
Saddam Hussein recusou-se a retirar seu exército do Kuwait. A ONU autorizou então que um grupo de países, encabeçado pelos Estados Unidos, agisse militarmente para libertar o Kuwait. O ataque iniciou-se em janeiro de 1991 e durou seis semana. No final do conflito, o Iraque estava derrotado, e o Kuwait, libertado. Mas as perdas humanas e materiais foram grandes nos dois países.

Guerra do Líbano

O território do Líbano viveu uma guerra civil a partir de 1958, causada pela disputa de poder entre grupos religiosos do país: os cristãos maronitas, os sunitas (muçulmanos que acreditam que o chefe de Estado deve ser eleito pelos representantes do Islã, são mais flexíveis que os xiitas), drusos, xiitas e cristãos ortodoxos. O poder, no Líbano, era estratificado. Os cargos de chefia eram ocupados pelos cristãos maronitas, o primeiro ministro era sunita e os cargos inferiores ficavam com os drusos, xiitas e ortodoxos.
No entanto, os sucessivos conflitos na Palestina fizeram com que um grande número de palestinos se refugiasse no Líbano, descontrolando o modelo de poder adotado, já que os muçulmanos passaram a constituir a maioria no Líbano. Em 1958 explodiu uma guerra civil e os Estados Unidos intervieram na região, impedindo que o Estado libanês se desintegrasse.
A pedido da ONU, os Estados Unidos acabaram retirando suas tropas do país e uma nova solução foi apontada: o governo deveria ser composto pelos líderes dos vários grupos religiosos. Como o número de palestinos refugiados não parava de crescer no Líbano, os guerrilheiros da OLP passaram a agir de forma independente no território libanês. De outro lado, os cristãos maronitas defendiam a expulsão dos palestinos da região.
A nova forma de governo proposta pela ONU não deu certo e, em 1975, começou uma guerra entre as diversas facções religiosas, detonadas pelo atentado cristão que matou dezenas de palestinos e libaneses muçulmanos.
A Síria rompeu sua aliança com a OLP e resolveu intervir no conflito ao lado dos cristãos maronitas. A presença do exército sírio no país causou protestos árabes e resultou na intervenção direta dos Estados Unidos, França e União Soviética. Estes países forçaram o Encontro de Riad, em 1976, que obrigava a Síria a se reconciliar com a OLP e retirar suas tropas do Líbano.
No ano seguinte, entretanto, o assassinato do líder druso Kamal Jumblatt desencadeou uma nova onda de violência que culminou com a incursão israelita na região, que pretendia tirar a OLP do Líbano. Durante a ocupação israelense aconteceram os massacres de Sabra e Chatila. Como o clima no Líbano continuava tenso, os Estados Unidos enviaram suas tropas para o país para defender Israel de seus inimigos. Foi com o apoio norte-americano que o cristão maronita Amin Gemayel chegou ao poder em 1982.
Revoltados com a presença das tropas norte-americanas na região, o quartel-general da Marinha americana foi atacado em outubro de 1983 e causou a morte de 241 fuzileiros. O atentado e a pressão internacional fizeram com que os Estados Unidos retirassem suas tropas do Líbano em fevereiro de 1984. As tropas israelenses também foram retiradas do Líbano, o que enfraqueceu os cristãos.
Os drusos se aproveitaram desta situação, dominaram a região do Chuf, a leste de Beirute, e expulsaram as comunidades maronitas entre 1984 e 1985. De outro lado, o sírio Hafez Assad e seus partidários libaneses detonaram uma onda de atentados a bairros cristãos e tentavam assassinar os auxiliares do presidente Amin Gemayel, que resistiu e permaneceu no poder até 1988.

Setembro Negro...

A Jordânia, comandada pelo rei Hussein, tinha um grande número de palestinos em seu território e via, a cada dia, o crescimento de um Estado palestino dentro do Estado jordaniano. O rei, em função disso, tentava minar a influência dos palestinos na região.
Os palestinos, por sua vez, acreditavam que Hussein era ligado ao Ocidente e buscavam reduzir a sua influência sobre a população da Jordânia.
Assim, em setembro de 1970, as forças militares de Hussein começaram a eliminar a presença armada da guerrilha palestina. A partir daí aconteceram uma série de conflitos entre o exército real e os palestinos. O saldo de mortos chegou a mais de 10 mil, no episódio que ficou conhecido como Setembro Negro.
Vários governantes árabes criticaram a atitude do rei Hussein e a paz foi restabelecida com a assinatura de um acordo no Cairo. Desde então, a guerrilha passou para a clandestinidade e muitos palestinos abandonaram a Jordânia.

Japão, China, Vietnã e os Tigres Asiáticos

 Japão: uma história recente

Até o século XIX, o Japão manteve-se isolado dos demais do mundo, tanto em termos culturais quanto econômicos. Entretanto, a partir de meados do mesmo século, esse isolamento foi sendo rompido.
Em 1853, o governo dos Estados Unidos enviou ao Japão uma pequena frota de três navios de guerra para tentar forçar o governo japonês a mudar sua política e permitir contatos com outras nações. A frota americana, comandada pelo almirante Matthew Perry, invadiu o porto de Tóquio e entregou ao governo uma carta solicitando um acordo comercial com os Estados Unidos.
O acordo foi conseguido no ano seguinte. Outros países assinaram acordos comerciais semelhantes, e, assim, o comércio e as relações diplomáticas entre o Japão e o Ocidente se intensificaram tendo início no Japão um processo de industrialização.
Em 1868, assumiu o governo o imperador Mutsuhito. Seu reinado recebeu o nome de Era Meiji. E essa mudança política foi denominada restauração Meiji. Restauração porque tratava da volta ao trono da dinastia Meiji, depois de um longo tempo de governo dos shoguns, chefes militares que tinham de fato o poder no Japão.
Graças ao desenvolvimento econômico iniciado com a restauração Meiji, o Japão passou a ter uma economia muito forte. Foi constituindo um poderoso exército e criada uma marinha com navios bem equipados.
Entre 1904 e 1906, disputas por territórios levaram o Japão e a Rússia a um conflito armado do qual os japoneses saíram vencedores. Isso contribuiu para que o Japão consolidasse o controle sobre a província chinesa da Manchúria e sobre a Coréia, que, em 1910, foi transformada em colônia.
Durante a Primeira Guerra Mundial, o Japão aliou-se às potências que combatiam a Alemanha. Assim, apoderou-se de colônias alemãs do Oriente depois da derrota da Alemanha.

O Japão na Segunda Guerra Mundial

Os militares japoneses preparavam o país para torná-lo cada vez mais poderoso, tanto econômica quanto militarmente.
No início da Segunda Guerra Mundial, o Japão manteve-se afastado do conflito, mas simpatizava com a Alemanha. Ao mesmo tempo, alimentava hostilidades com os Estados Unidos e preparava-se para atacá-los. Em 1941, aviões japoneses bombardearam a base americana de Pearl Harbor, no Havaí, no oceano Pacífico. O Japão entrava assim decisivamente na guerra.
Embora o Japão tenha inicialmente obtido algumas vitórias militares sobre os Estados Unidos, veio a ser derrotado no final do conflito. Os norte-americanos foram tomando as posições dos japoneses, até encurralá-los em seu próprio território. Em 1945, os Estados Unidos lançaram duas bombas atômicas, uma sobre a cidade de Hiroxima e outra sobre Nagasaki. Diante do efeito devastador das duas bombas, o Japão rendeu-se incondicionalmente.

O Japão após a guerra

Após derrota na Segunda Guerra Mundial, a sociedade japonesa apresentava um cenário dramático, com milhares de vidas sacrificadas e cidades inteiras destruídas pelos bombardeios aéreos. Entre eles, inclui-se o lançamento das primeiras bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki.
No plano econômico, reinava um verdadeiro caos. A produção agrícola e industrial estava arruinada, e o comércio exterior esteve paralisado pela quase total destruição da marinha mercante japonesa.
Oficializada a rendição de Japão, as tropas dos Estados Unidos ocuparam militarmente o país, em nome das forças aliadas. Durante sete anos, de agosto de 1945 até abril de 1952, os norte-americanos, com grande investimento de capitais, passaram a comandar o reerguimento socioeconômico japonês.
A política de recuperação foi dirigida pelo general americano Douglas MacArthur e consistiu numa série de reformas no Japão. Em 1946, por exemplo, já se elaborava uma nova Constituição para o país, inspirada na dos Estados Unidos.
A nova Carta Magna japonesa estabeleceu a criação de um regime parlamentar de seu governo e impôs severas limitações ao papel do imperador, obrigado a renunciar à tradicional origem divina de seu poder.
O objetivo básico das reformas era afastar totalmente a sociedade e a economia do Japão da influência do bloco socialista, que se expandia no continente asiático com a Revolução Chinesa comandada por Mao Tsé-tung. Tudo foi feito para que o Japão se transformasse num lugar seguro para as operações capitalistas na Ásia. Assim, estimulou-se o desenvolvimento industrial japonês com investimentos de capital norte-americano. De inimigo derrotado, o Japão transformou-se no mais importante aliado norte-americano no continente asiático.
Quando, em abril de 1952, o general MacArthur deixou o Japão, a sociedade japonesa exibia uma face inteiramente nova. Nos trinta anos seguintes, a economia japonesa atingiu um espantoso ritmo de crescimento que a transformou numa das mais importantes e competitivas do mundo, destacando-se nos setores eletrônicos, automobilístico e naval. Alguns analistas chamam esse processo de “milagre japonês”.
Nos dias atuais, a economia japonesa ocupa a segunda posição no mundo. Seu PIB representa cerca de 16% do PIB mundial. O poderio de suas indústrias e a força de seu sistema financeiro rivalizam com os norte americanos.
O Japão tornou-se o grande centro capitalista asiático. Em volta desse centro giram outros países, integrados pelos mesmos interesses econômicos: Coréia do Sul, Formosa ou Taiwan, Hong Kong, Cingapura, Tailândia e Filipinas.
Rompendo o isolamento que mantinham com o mundo, característico de boa parte de sua história, os empresários japoneses participam ativamente do comércio internacional, inundando os mercados mundiais com seus produtos industrializados. A outra face do “milagre japonês” foi, contudo, a descaracterização das tradições culturais do país, que se adaptaram ao estilo de vida das sociedades industriais europeias e norte-americana.

A China contemporânea

Os primeiros anos após a revolução foram de fechamento total para o exterior. A preocupação do novo governo era organizar a produção, sobretudo agrícola, a fim de garantir meios de sobrevivência a gigantesca população chinesa. Foram criadas cooperativas, nas quais os camponeses se reuniam para vender seus produtos e onde recebiam apoio financeiro, sementes e adubos para o cultivo. Foram organizadas também comunas, agrupamento de camponeses que produziam gêneros agrícolas, bem como produtos industriais em fábricas autogerenciadas.
Além da produção agrícola, o governo estimulou a exploração de carvão, a produção de aço e de maquinas, a construção de barragens para irrigação e canalização de rios, a construção de usinas hidrelétricas e a fabricação de armamentos pesados. A pesquisa nuclear e de exploração espacial também teve destaque; na década de 1960 a China explodia sua primeira bomba atômica, e na década de 1970 lançava seu primeiro satélite artificial.
Toda a atividade econômica era dirigida pelo Estado, que se responsabilizava pela planificação de todas as áreas da produção. Foi abolida a propriedade privada.
Nas primeiras décadas após a vitória da revolução socialista de 1949, a china manteve um relacionamento muito estreito com a União Soviética. Técnicos soviéticos trabalhavam em projetos industriais e de pesquisa em território chinês. Por volta de 1958 ocorreram desentendimentos entre o governo chinês e o governo soviético, fato que causou a retirada de todos os técnicos da União Soviética.
Devido ao fato de a população chinesa ser extremamente numerosa, boa parte dos trabalhos de construção de barragens e de canais era feita manualmente por milhões de trabalhadores, homens e mulheres, que faziam as tarefas em comum, agrupados em verdadeiros batalhões e seguindo padrões de disciplina militar. A mentalidade comunista, segundo Mao Tse-tung, devia basear-se na satisfação das necessidades coletivas e não individuais. A execução de obras públicas tinha por objetivo criar frentes de trabalho para o maior número possível de chineses.
A padronização e a igualdade social eram estampadas até mesmo nas roupas, iguais para todos, homens e mulheres: uma túnica cinza, fechada com grandes botões, com bolsos também grandes fechados por botões e calças da mesma cor. Na cabeça, um boné. Todos os chineses do presidente Mao ao trabalhador, vestiam-se com essa roupa. O objetivo era baratear seu custo e evitar distinção entre as pessoas.
Embora tenham-se alcançado resultados impressionantes, como a eliminação da miséria e da fome, redução do analfabetismo, garantia de assistência médica básica a toda a população, nem todos os problemas foram resolvidos. Faltavam habitações, e na área política houve uma crescente centralização.

A Revolução Cultural

Os estudiosos da China comunista afirmam que Mao temia um afrouxamento da participação política dos chineses. Para evitá-lo, idealizou em 1966 a Revolução Cultural: movimento de mobilização de estudantes e operários destinado a denunciar as pessoas que estariam se desviando dos princípios comunistas. Milhões de estudantes abandonaram as escolas e foram para o campo ajudar nos trabalhos de plantio e colheita, ao mesmo tempo que faziam pregação da doutrina comunista ensinada por Mao Tse-tung . Essa doutrina estava expressa em pequenas frases num livro chamado Os pensamentos do presidente Mao. Milhões de exemplares do livro foram distribuídos por toda a China. O livro foi também traduzido para muitas línguas e publicado em quase todos os países, inclusive no Brasil.
A atividade política dos estudantes e trabalhadores chineses ecoou em países da Europa e outros pontos do mundo ocidental, onde grupos estudantis se manifestavam a favor de reformas de cunho socialista. Em 1968, na França, uma mobilização de estudantes ameaçou derrubar o próprio governo. Movimentos guerrilheiros surgiram em muitos lugares, baseados nas idéias de pregadas por Mao Tse-tung.
A Revolução Cultural, contudo, provocou excessos, como violência contra intelectuais, dirigentes e chefes suspeitos de não se identificarem plenamente com o governo. Muitas pessoas foram perseguidas. Altos dirigentes perderam seus cargos, entre eles Deng Xiaoping, de quem falaremos mais adiante. O deslocamento de milhões de estudantes e operários pelo país – com o objetivo de reeducação – causou problemas na produção, comprometendo o abastecimento de gêneros de primeira necessidade.
O processo da Revolução Cultural dividiu o país. De um lado, estavam os seguidores de Mao Tse-tung, de outro, os chamados revisionistas, aqueles que não compartilhavam totalmente com a ideologia do líder, chamado na imprensa oficial de “o grande timoneiro”.

Começam as mudanças

Após o esmorecimento do movimento da Revolução Cultural, os dirigentes moderados voltaram a ter papel decisivo na condução do país. Um deles era o primeiro-ministro Chu Em-lai. Convencido da necessidade de procurar aliados e parceiros políticos e econômicos fora do mundo socialista, os dirigentes chineses iniciaram uma aproximação com os Estados Unidos. Assim, em 1972, o presidente Nixon foi convidado a visitar a China. Era o início de uma abertura comercial e cultural, depois de décadas de isolamento. Ao aproximar-se dos Estados Unidos, o governo chinês procurava contrapor-se à União Soviética, agora sua inimiga.
Mao Tse-tung, que havia comandado o país desde 1949, morreu em 1976. Seus aliados perderam rapidamente o poder, e os dirigentes moderados assumiram a condução do governo. Um dos novos governantes era Deng Xiaoping, afastado durante a Revolução Cultural. Sob sua liderança, o governo deu início a um programa de reformas econômicas, cujo objetivo era tentar alcançar o desenvolvimento tecnológico do Ocidente, do qual a China estava ainda muito longe.

A nova revolução de Deng Xiaoping

A iniciativa privada voltou a ser permitida. As cooperativas agrícolas e as comunas foram, aos poucos, desativadas. O capital estrangeiro foi admitido no país. Essas reformas provocaram uma reviravolta na sociedade chinesa. A economia passou a crescer. Começaram a surgir em todas as grandes cidades empreendimentos de toda sorte, originados de investimentos japoneses, americanos, coreanos, etc.
No plano político, porém, não ocorreu nenhuma abertura. O Partido Comunista não tem permitido o funcionamento de outros partidos. A participação popular nas decisões do governo é praticamente nula.
Em 1989, um amplo movimento de estudantes e intelectuais tentou forçar uma abertura política. Gigantescas manifestações levaram milhões de pessoas às ruas. Temendo perder o controle do governo, os dirigentes do país colocaram o exército nas ruas com tanques e carros blindados. Os tanques avançaram sobre os manifestantes concentrados na praça Tianmen. A onda de manifestações, denominada Primavera de Pequim, acabava em repressão total. A imprensa calculou mais de 2 mil mortes.
As reformas na economia prosseguiram. A prosperidade econômica, contudo, reativou antigos problemas, como prostituição, contrabando, corrupção e tráfico de drogas.
Na última década do século XX, a china aparecia como um dos mais fortes polos da economia mundial. Tornou-se grande exportadora de produtos industrializados: tecidos, calçados, roupas, brinquedos, etc.

O Vietnã após a guerra

Terminada a guerra, em 1975, o Vietnã foi reunido sob um governo comunista, com capital em Hanói.
Milhares de pessoas do sul, contrárias ao novo regime, fugiram do país, a maioria em pequenos barcos, frequentemente assaltados por piratas ou surpreendidos por tempestades. Muitos morreram nessas fugas.
Com as mudanças no mundo socialista, no final da década de 1980, o Vietnã passou por reformas semelhantes às que a China adotou. Abriu a economia para o capital estrangeiro e para a iniciativa privada, mas manteve o controle político centralizado nas mãos do Partido Comunista. Empresas multinacionais, sobretudo japonesas, coreanas, norte-americanas e europeias, passaram a investir no Vietnã.
Em 1995, o Vietnã reatou relações diplomáticas com os Estados Unidos.

Os tigres asiáticos

Durante a guerra fria, o governo dos Estados Unidos estimulou as empresas estadunidenses a investir em diversos países asiáticos, para evitar que eles se tornassem aliados dos países comunistas da região, especialmente da união soviética e da China.
Os investimentos feitos no Japão e na Coréia do Sul, bem como o apoio que os Estados Unidos prestaram a esses países, fizeram com que eles se tornassem altamente industrializados, exportadores principalmente de tecidos, automóveis e aparelhos eletrônicos. Além de contar com investimentos externos, o Japão e a Coréia do Sul adotaram políticas voltadas para a melhoria da educação, o que contribuiu para seu desenvolvimento econômico e tecnológico.
Nos anos 1980, muitas pessoas chegaram a acreditar que o Japão se tornaria um país mais rico do que os Estados Unidos, mas sua dependência dos consumidores estadunidenses não permitiu que isso ocorresse. Com seu enriquecimento, os japoneses passaram a investir nos países vizinhos, estimulando o processo de industrialização da Coréia do Sul, de Cingapura, de Taiwan e de Hong Kong. Por causa de seu acelerado desenvolvimento, esses países passaram a ser chamados de tigres asiáticos.

A crise do socialismo no leste europeu

Depois da Segunda guerra Mundial, o socialismo foi implantado também em diversos países da Europa central e oriental. Tornaram-se socialistas naquele período: Polônia, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Hungria, Romênia, Bulgária, Albânia e parte da Alemanha que ficou sob o controle da União soviética com o nome de República Democrática Alemã ou Alemanha Oriental.

O modelo seguido pela União Soviética era copiado também pelos países vizinhos, ou impostos a eles, criando os chamados países satélites, sobre os quais os dirigentes da União soviética exerciam severa vigilância. O objetivo dessa vigilância era garantir que não se afastassem da linha socialista imposta pelos soviéticos e manter áreas de influência.
Durante a década de 80, os regimes comunistas instalados nos países do Leste Europeu também enfrentaram sérias dificuldades para se conservar no poder. Nesses países, começaram a estourar movimentos populares que reivindicavam o fim da submissão à União Soviética, a ampliação das liberdades políticas e a melhoria da qualidade de vida. Alguns dos países-satélites, em especial Alemanha Oriental, a Polônia e a Tchecoslováquia, alcançaram razoável desenvolvimento econômico, principalmente industrial.
As mudanças que passaram a ocorrer na União soviética a partir de 1985 repercutiram também nesses países, nos quais o socialismo e o regime de partido único foram substituídos pelo pluripartidarismo e por medidas econômicas de caráter capitalista.
Vejamos, a seguir, como isso ocorreu em cada um deles.

Tchecoslováquia: Na Tchecoslováquia, a Revolução de Veludo, em 1989, pôs fim ao regime stalinista e à ditadura do partido único. A partir daí ganhou expressão o movimento pala autonomia da Eslováquia. Assim, em janeiro de 1993, a Tchecoslováquia foi dissolvida, desmembrando-se em dois países: a República Tcheca e a Eslováquia.

Polônia: Na Polônia, em meados de 1980, operários de diferentes categorias, liderados por Lech Walesa, organizaram um movimento de grandes proporções contra a política econômica do governo. No desenrolar desse movimento, fundaram o Solidariedade, uma central sindical independente. O governo comunista reprimiu o movimento com violência, prendeu Walesa e proibiu o funcionamento do Solidariedade.
Em 1985, no entanto, pressionado pela Igreja Católica polonesa e pela perestroika que se iniciara na União Soviética, o governo viu-se obrigado a abrandar o regime, libertando os presos políticos e legalizando o Solidariedade.
Em abril de 1989, foi legalizado o sindicato independente Solidariedade e, em junho, o país passou a ser o primeiro do Leste europeu a ter um governo de maioria não-comunista, sob o comando de Tadeusz Manzo Wiecki. No ano seguinte, as reformas econômicas e democráticas avançaram e, em dezembro, o líder sindical Lech Walesa obteve a vitória nas eleições presidenciais.

Hungria: O partido comunista se renovou e adotou o nome de Partido Socialista. Uma ampla privatização da economia e a abertura para a entrada de capital estrangeiro levaram o país a se aproximar do bloco capitalista.

Tchecoslováquia. Sob o comando do intelectual Václav Havel, foi realizada uma abertura política; o sistema passou a ser multipartidário. Em 1991, teve início a privatização da economia; em 1993, atendendo às diferenças étnicas, o país foi desmembrado em duas repúblicas: a Eslováquia e a República Tcheca.

Bulgária: Essa república do bloco soviético era governada por Todor JivKov desde a década de 1950. no final da década de 1980, depois de ficar 35 anos no poder, JivKov entregou o governo a líderes reformistas que seguiam a política de Gorbatchev. As eleições de 1991 foram vencidas pela União das forças democráticas, encerrando o período de hegemonia comunista no poder.

Albânia: A Albânia é um país muito pobre, que foi governado por quatro décadas por Enver Hoxha, um ditador que seguia a linha stalinista de governo. Em 1985, com a morte de Hoxha, teve início um processo de aproximação com o Ocidente, mas que não foi acompanhado de respectivas liberdades políticas. No início da década de 1990, a grave crise social impulsionou greves e manifestações contra o regime autoritário, que acabaram levando o governo a conceder algumas liberdades, inclusive a de formação de outros partidos políticos. Em 1992 o Partido Democrata venceu as eleições acabando com o monopólio até então exercido pelos comunistas. Todavia, as dificuldades em resolver a crise econômica e a fragilidade das instituições políticas têm criado um clima de constante incerteza quanto ao futuro da democracia na Albânia, além de preocupar os países vizinhos, que no final da década de 1990 abrigavam milhares de refugiados albaneses, a maioria em situação irregular.

Romênia: O ditador Nicolae Ceausescu tentou impedir no país, com o uso da força, as reivindicações que varriam os governos totalitários dos países do leste europeu. A sua atitude acabou gerando a mais forte das revoltas ocorridas nos países alinhados à União soviética. Revoltada, a população prendeu e executou em praça pública o ditador e sua mulher. Em 1990, foram realizadas as primeiras eleições livres na Romênia. Ao longo da década de 1990, observamos o crescimento dos partidos políticos anticomunistas.

A reunificação da Alemanha

No final da Segunda Guerra, a Alemanha foi dividida em áreas de influência entre a União Soviética, Estados Unidos, Reino Unido e França. Mais tarde, o setor soviético acabou se transformando na República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) e o restante constituiu a República Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental).
Posteriormente, as duas Alemanhas conseguiram recuperar-se das enormes perdas materiais que haviam sofrido durante o conflito. No entanto, nos anos 70, já se podia notar uma diferença importante entre elas: enquanto a Alemanha Oriental (comunista) era apenas mais um país desenvolvido, a Alemanha ocidental (capitalista) tinha se tornado um dos países mais ricos do mundo, com uma indústria avançada e uma moeda forte.
Na década seguinte, essa diferença acentuou-se, gerando enorme descontentamento entre os alemães orientais. No segundo semestre de 1989, milhares de alemães-orientais começam a fugir para o Ocidente através da Hungria, que passa a tolerar a passagem de refugiados por suas fronteiras. Em outubro, durante as comemorações de 40 anos da Alemanha Oriental, Gorbatchov exorta o regime de Erich Honecker a efetuar reformas liberalizantes. Os oposicionistas saem às ruas exigindo a democratização e o fim da Stasi, a polícia política.
Em 9 de novembro o governo comunista decide a abertura dos postos fronteiriços e a destruição do Muro de Berlim, precipitando a queda do regime. Em dezembro de 1989 toda a cúpula do Partido Socialista Unificado (comunista) é destituída e logo depois o partido deixa de existir. Uma coalizão entre os partidos Democrata-Cristão, Liberal e Social-Democrata assume o governo. A derrubada do Muro simboliza a reunificação da Europa, o fim da Guerra Fria e a dissolução dos regimes comunistas do Leste Europeu.
Em março de 1990, pela primeira vez desde 1945, foram realizadas eleições com a participação de vários partidos, vencidas pelos democratas-cristãos. Acelerou-se a reunificação das Alemanhas, completada em outubro. Finalmente, em junho de 1991, Berlim voltou a ser a capital da Alemanha reunificada. Na Alemanha (unificada), as dificuldades econômicas e sociais cresceram devido, inclusive, aos elevadíssimos custos da unificação. E o que é pior: essa situação propiciou o ressurgimento de um forte movimento neonazista, cujo ódio racial volta-se agora contra os imigrantes.

Iugoslávia

A Iugoslávia viveu a mais terrível das transições ocorridas no bloco soviético. Formada por seis repúblicas – Bósnia-Herzegovina, Croácia, Sérvia, Macedônia, Eslovênia, Montenegro –, a Iugoslávia manteve-se unida durante quatro décadas. Essa complexa composição étnica manteve-se unida sob o governo de Josip Broz (Marechal Tito), líder de origem croata, que devido ao carisma e habilidade política e apoio aparato militar, conseguiu congregar, num único Estado, toda a diversidade nacional, religiosa e étnica.
A política de integração desenvolvida pelo governo Tito promovia migrações entre as repúblicas, para fortalecer a unidade nacional iugoslava. Depois da morte de Tito, em 1980, e o enfraquecimento da União Soviética, a frágil unidade da federação iugoslava começou a desmoronar. Dessa forma, quando começou o processo de desmembramento das repúblicas, surgiram conflitos entre os nacionais de uma república e os oriundos de outras regiões (por exemplo, os croatas que moravam na Sérvia ou os sérvios que viviam na Croácia.
Com a crise do bloco socialista, no final dos anos 1980, uma nova fase se abriu para a história da Iugoslávia. Em 1991, Croácia, Eslovênia e Macedônia declararam sua independência, sendo que apenas esta última de maneira pacífica. A separação da Croácia e da Eslovênia foi acompanhada por intensos conflitos militares liderados pelo então presidente sérvio Slobodan Milosevic. Em 1992, a Bósnia declarou sua independência, passando a enfrentar militarmente a Croácia, em disputa por territórios, e sobretudo a Sérvia, contrária ao movimento separatista de mais uma região iugoslava.
Em 1998, foi a vez de Kosovo, província ao sul da sérvia, lutar por sua independência. O problema na região era mais delicado pelo fato de o território de Kosovo ser considerado berço cultural e religioso para os sérvios. Nos três meses de conflito, que cessaram após a intervenção de tropas da OTAN, uma verdadeira limpeza étnica contra os albaneses - 90% da população de Kosovo - foi promovida por Milosevic, então presidente da antiga Iugoslávia. A partir de 1998, Kosovo passou a ser administrada pela ONU, tendo declarado unilateralmente sua independência em fevereiro de 2008, fato que gerou conflitos diplomáticos ligados ao reconhecimento do novo país.
Em 2003, o nome Iugoslávia deixou de ser adotado. O país passou a se chamar Sérvia e Montenegro. Três anos depois, em referendo popular, os montenegrinos decidiram pela independência da região. Nos dias atuais, portanto, todas as antigas repúblicas que formavam a ex-Iugoslávia são países independentes, incluindo Kosovo.
Quanto a Milosevic, após deixar o cargo, em 2000, foi levado ao Tribunal Internacional de Haia, na Holanda, acusado de cometer crimes de guerra durante os conflitos na Bósnia e em Kosovo. Em março de 2006, o ex-presidente iugoslavo foi encontrado morto numa unidade de detenção do tribunal.

Das origens ao fim da União Soviética

 No início do século XX, a situação da Rússia favoreceu um movimento revolucionário que culminou na Revolução de 1917. A Revolução Russa e a formação da União Soviética, em 1922, tiveram enorme influência no mundo. A partir desses acontecimentos, o socialismo avançou em diversas regiões: China, Cuba, países do Leste europeu, entre outros, passaram a adotar esse regime. Em virtude disso, não eram poucos os que afirmavam que em um futuro próximo o socialismo seria o sistema dominante no mundo. Hoje a União Soviética não existe mais, e a experiência socialista foi abandonada em quase todos os países que a adotavam.

A União Soviética, como vimos, foi um dos países mais duramente atingidos pela Segunda Guerra Mundial. E também foi um dos que mais contribuíram para a vitória dos Aliados sobre o nazi-fascismo.
No pós-guerra, o governo soviético chefiado por Joseph Stálin concentrou seus esforços na reconstrução do país. E, em poucos anos, por meio de um rigoroso planejamento econômico, conseguiu elevar a União Soviética à condição de segunda potência mundial. Com os planos qüinqüenais, a União Soviética alcançou grande desenvolvimento econômico, sobretudo na indústria e na agricultura. O país se tornou a segunda potência mundial. Foi pioneiro na pesquisa espacial, colocando em órbita da terra o primeiro satélite artificial, o Sputnik (Pequeno Companheiro), em 1957.
No plano político, entretanto, Stálin deu continuidade à ditadura que havia implantado quando subiu ao poder na década de 30. A ditadura stalinista prendia e torturava seus opositores, mandando para trabalhos forçados na Sibéria, internando-os em hospitais psiquiátricos ou fuzilando-os. Além disso, manteve rígida censura sobre os meios de comunicação.
Em 1953, depois de governar o país por 29 anos, Stálin morreu e foi sucedido por Nikita Kruschev.

O governo de Kruschev

Durante os onze anos e seu governo (1953-1964), Kruschev deu inicio à desestalinização da União Soviética, ou seja, a anulação gradativa das medidas autoritárias baixadas por Stálin.
No XX Congresso do Partido Comunista, realizado em 1956, Kruschev ousou afirmar que “Stálin era homicida, megalomaníaco e inimigo do povo” e, a seguir, enumerou vários crimes praticados pelo ditador.
No plano externo, Kruschev notabilizou-se por defender a política de coexistência pacífica, segundo a qual os países capitalistas e socialistas deveriam conviver em paz.
Foi também durante o seu governo que o astronauta soviético Iúri Gagárin realizou o primeiro voo em torno da Terra.

O governo Brejnev

Em 1964, Kruschev foi deposto sob acusação de “abuso de poder” e sucedido por Leonid Brejnev, que governou o país até 1982.
Brejnev procurou dar continuidade à aproximação com os Estados Unidos, assinando com esse país importantes acordos do ponto de vista da preservação da paz mundial.
Durante seu mandato, entretanto, o gasto com a produção de armas aumentou enormemente, a KGB (polícia secreta) continuou tão poderosa quanto antes, os funcionários do governo passaram a ter mais privilégios e mordomias e a corrupção alastrou-se pela sociedade.
No plano econômico, a partir de meados da década de 70, o país mergulhou numa grave crise:

· A URSS, um dos maiores produtores de matérias-primas, combustíveis e grãos para alimentação, passou a ter de importá-los, pois houve uma queda acentuada da produção agrícola e industrial;
· A qualidade dos serviços de saúde, educação e transporte decaiu;
· Havia escassez de habitação, empregos qualificados e bens de consumo.
No início dos anos 80, os problemas socioeconômicos continuaram crescendo. Em conseqüência, o alcoolismo, o consumo de drogas e o crime aumentaram.
Com a morte de Brejnev, em 1982, o país foi governado por Andropov e depois por Tchernenko, mas a realidade soviética permaneceu inalterada, com a morte deste último, em 1985, o poder passou às mãos de Mikhail Gorbatchev.

O governo Gorbatchev e a crise soviética

Profundo conhecedor dos problemas soviéticos, Gorbatchev propôs-se a combatê-los por meio de um vasto programa de reformas.
Às reformas econômicas deu o nome de perestroika – palavra que quer dizer reestruturação – e as reformas sociopolíticas e culturais chamou de glasnost, que significa transparência.
A perestroika visava estimular o crescimento e aumentar a eficiência da economia soviética.
Para isso, propunha a descentralização das decisões econômicas (redução da interferência do Estado na economia), autorizava a existência de pequenas empresas privadas no país, permitia a atuação das multinacionais em alguns setores da economia e estimulava a renovação tecnológica e a competitividade entre as empresas.
A glasnost objetivava democratizar a sociedade, combatendo o autoritarismo dos antigos dirigentes políticos, a corrupção e a ineficiência na administração pública.
Os presos políticos foram soltos (vários deles saíram do país), funcionários desonestos foram afastados, a imprensa falada e escrita passou a veicular críticas ao governo, livros proibidos foram publicados... Concedeu-se, enfim, liberdade de pensamento e expressão.
À medida que as reformas de Gorbatchev foram se intensificando, cresciam as divergências entre os conservadores (elementos da “velha guarda” do Partido Comunista, que desejavam o fim das reformas) e os ultra reformistas, como Boris Ieltsin, que pretendiam o aprofundamento das reformas.
Gorbatchev, que defendia uma posição intermediária, viu-se em meio a um fogo cruzado.
Em agosto de 1991, a “velha guarda” do Partido Comunista da União Soviética desfechou um golpe de Estado, afastando Gorbatchev do poder. Mas a população soviética, liderada por Boris Ieltsin, reagiu e conseguiu recolocá-lo à frente do governo.
Entretanto, Gorbatchev já não conseguia ter controle sobre o processo de reformas que ele próprio iniciara. Assim que reassumiu o governo, defrontou-se com uma nova tempestade: as repúblicas soviéticas reivindicavam independência.
Em 21 de dezembro de 1991, várias dessas ex-repúblicas fundaram a Comunidade dos Estados Independentes (CEI) da qual fazem parte, por exemplo, Rússia, Ucrânia, Bielo-Rússia, Cazaquistão e Uzbequistão.
Com a criação da CEI, a União Soviética, que existiu por 69 anos, foi oficialmente extinta. Reconhecendo o desmoronamento da União Soviética, Gorbatchev afastou-se do governo em 25 de dezembro de 1991.

A Rússia pós-soviética

Em 1992, Boris Yeltsin, presidente da Federação Russa, iniciou um programa econômico radical cujo objetivo era a desestatização da economia e o ingresso do país no mundo capitalista. A passagem de uma economia planificada para uma economia capitalista criou uma série de problemas até então desconhecidos: liberação de preços dos bens (móveis e imóveis), inflação, recessão, desemprego e a expansão do crime organizado.
Em 1996, Boris Yeltsin, foi reeleito presidente da Federação Russa e prometeu construir um país melhor. Entretanto, a crise econômica de 1998 e a escalada da inflação e do desemprego fizeram com que as esperanças do povo russo desabassem e que o presidente entregasse o cargo no ano de 2000.
O novo presidente eleito, Vladimir Putin, recebeu de seu antecessor um país com a economia destroçada e com 35% da população vivendo abaixo do nível de pobreza. Em contrapartida, o país apresenta uma taxa de alfabetização de 99% e possui fabulosas reservas de madeira, minérios de energia, além de mão-de-obra qualificada e progresso científico decorrente de anos de investimentos em pesquisa.
Reeleito em 2004, em seu governo Putin buscou uma maior aproximação com os países da Europa e com os Estados Unidos. No entanto, a relação com o presidente norte-americano George W. Bush foi marcada por pontos de atrito, relacionados principalmente com a decisão de Putin de vender armas à China e à Síria e de fornecer combustível nuclear ao Irã. Além disso, Putin se opôs à criação de uma barreira contra mísseis no Leste europeu (antiga zona de influência da União Soviética) promovida pelos Estados Unidos. Putin acusava os norte-americanos de incitarem um clima de tensão na região.
Em março de 2008, um político tido como “liberal”, Dmitri Medvedev, venceu as eleições presidenciais. Apoiado por Putin, prometeu fazer dele seu primeiro-ministro. Impedido de se candidatar para mais um mandato consecutivo, Putin encontrou uma maneira de permanecer no poder.
Apesar de sua derrocada econômica, a Rússia ainda tem um papel de destaque no cenário político mundial, devido ao seu arsenal nuclear e ao seu enorme contingente militar – tanto no serviço ativo como nos diversos órgãos do serviço de segurança. O arsenal nuclear estratégico é superado apenas pelo dos Estados Unidos.

Produção de energia no Brasil

Movimentar máquinas, cargas e pessoas por longas distâncias demanda muita energia. No Brasil, usam-se combustíveis derivados de fontes não r...