A Revolução Cubana
Intervenções na América Latina
A Nicarágua
Militares no poder
A ditadura chilena
Paraguai: 1954-1989
Em 1954, um golpe de Estado
colocou no poder o general Alfredo Stroessner, que implantou uma ditadura.
Em eleições caracterizadas por
fraudes, Stroessner foi eleito presidente do Paraguai por sete mandatos
consecutivos. A ditadura paraguaia estabeleceu que para ter acesso às
universidades ou aos cargos públicos era necessário filiar-se ao Partido Colorado.
Além disso, foi montada uma ampla rede de delação no país, provocando a morte e
a prisão de milhares de opositores do regime.
Uruguai: 1973-1985
O Uruguai, assim como outros regimes ditatoriais da América do Sul, fez parte da Operação Condor, uma aliança dos regimes ditatoriais com os Estados Unidos para perseguir as pessoas identificadas como comunistas, socialistas e marxistas. Em 1976, refugiados políticos uruguaios foram capturados e torturados com o apoio das Forças Armadas dos Estados Unidos.
Peru: 1968-1980
Durante a ditadura civil-militar no Peru, mais de 70 mil pessoas morreram nos confrontos entre Exército e guerrilheiros. Assim como nos demais países da América Latina, a ditadura peruana contou com apoio do governo dos Estados Unidos.
Bolívia: 1964-1982
Che Guevara, um importante líder de esquerda, que participou da implantação do regime socialista em Cuba, foi morto em 1967 pelo Exército boliviano com ajuda da CIA.
Brasil: 1964-1985
A CIA colocou em prática uma extensiva campanha de propaganda contra João Goulart, o presidente brasileiro, que acabou destituído e substituído por uma ditadura civil-militar. Ele havia iniciado uma série de reformas que limitava os lucros de empresas transnacionais, incluindo as estadunidenses.
A ditadura no Chile
Em 1970, a população do Chile
elegeu como presidente o socialista Salvador Allende, que se candidatou por uma
coligação de diversos partidos de esquerda: a Unidade Popular. Seu programa de
governo previa a nacionalização de grandes empresas multinacionais, do sistema
financeiro e das minas de cobre, ferro, salitre e carvão, assim como o aumento
do salário dos trabalhadores e o congelamento do preço de diversas mercadorias.
Além disso, o governo de Allende tinha como objetivo aprofundar o processo da reforma
agrária no país. Esses projetos causaram preocupação na elite e na classe média
conservadora.
Inicialmente, as medidas tomadas pelo governo melhoraram a economia chilena, mas a retaliação dos Estados Unidos – que impuseram sanções econômicas ao país – provocou desequilíbrio na balança comercial e aumento da inflação, acirrando os ânimos da população, que sofreu com o desabastecimento de mercadorias e paralisações. Na campanha para desestabilizar o governo de Allende, os Estados Unidos fortaleceram o setor conservador chileno, do qual fazia parte a cúpula militar do país.
O golpe de Estado
Nesse contexto, as forças
armadas chilenas, apoiadas pelos Estados Unidos e pelo governo brasileiro,
executaram um golpe de Estado.
Em 11 de setembro de 1973, o
Palácio de La Moneda, sede presidencial do país, foi bombardeado por setores
das forças militares.
Apesar da resistência, Allende foi encontrado morto a tiros dentro do palácio invadido. Por meio de um exame realizado em 2011, verificou-se que a causa da morte foi suicídio.
A ditadura de Pinochet
Após o golpe de Estado, o
general Augusto Pinochet assumiu o poder no país, adotando um programa
econômico muito diferente daquele implementado pelos militares no Brasil.
Enquanto o projeto de
desenvolvimento econômico brasileiro foi marcado pela direção estatal, no Chile
prevaleceu a lógica do Estado mínimo, pautado pela redução do gasto público e
do papel do Estado, assim como pela ampliação das exportações e reformas trabalhistas.
A liberalização da economia,
no entanto, não foi acompanhada pela liberdade política. A prosperidade
econômica do Chile teve como contrapartida o cerceamento das liberdades
individuais e a violação de direitos humanos em escala e intensidade sem
precedentes na América Latina. No período, a repressão foi brutal. Mais de 40
mil pessoas foram presas, torturadas ou assassinadas pela ditadura chilena.
Aliados e membros do governo Allende que não conseguiram sair do país foram presos ou mortos e nem todos os que deixaram o Chile foram protegidos. Orlando Letelier, ministro de Allende, foi assassinado em um atentado a bomba a mando de Pinochet, mesmo estando exilado nos Estados Unidos.
O governo de Pinochet
dissolveu os partidos políticos e reestruturou as forças armadas para garantir
total controle sobre as tropas.
Além disso, os jornais
passaram a sofrer intensa censura, e os intelectuais oposicionistas foram
afastados de seus cargos nas universidades.
Sob o terrorismo de Estado, a prática da tortura disseminou-se atingindo não só chilenos, mas também estrangeiros exilados que fugiam de perseguições políticas em seus países de origem.
O retorno à democracia
O Chile foi um dos países em
que o mesmo ditador permaneceu no poder por mais tempo: dezessete anos.
Pinochet deixou a Presidência apenas em 1990, depois do plebiscito de 1988 e da
eleição de 1989.
No plebiscito, a população
deveria votar pela continuidade ou não do governo de Pinochet. As propagandas a
favor do “sim” e do “não” foram veiculadas principalmente pela televisão, o que
demonstra a influência desse meio de comunicação na política e na cultura da América
Latina. Esse plebiscito pode ser entendido como um julgamento público da
ditadura. A maioria da população votou “não”.
A ditadura na Argentina
Entre 1930 e 1976, a Argentina sofreu seis golpes de Estado. No último deles, em março de 1976, Isabel Perón, presidente do país na época, foi obrigada a deixar o governo, iniciando-se uma violenta ditadura, que perdurou até 1983.
O governo ditatorial,
constituído por uma junta militar, nomeou o general Jorge Rafael Videla
presidente e estabeleceu um regime de terrorismo de Estado. Todos os que se
opuseram ao governo – operários, estudantes, intelectuais, artistas ou
profissionais liberais – foram perseguidos sistematicamente pelo governo
militar, que se autointitulou Processo de Reorganização Nacional.
Organismos de direitos humanos calculam que cerca de 30 mil pessoas morreram ou foram forçadamente desaparecidas nesse período, e outros milhares, presos e exilados. Os sindicatos e os partidos políticos foram impedidos de se manifestar, pois a censura se instalou no país.
Sequestros e desaparecimentos
como políticas de Estado Na Argentina, o governo raptou e sequestrou centenas
de filhos de ativistas da oposição. Estima-se que 250 adolescentes
desapareceram forçadamente e 500 crianças foram sequestradas, muitas delas
separadas de seus pais logo após o nascimento.
Centenas de Centros Clandestinos de Detenção, onde se fazia o extermínio dos opositores ao governo, funcionavam tanto em instalações públicas (presídios, quartéis ou escolas) quanto em propriedades privadas. Nesses locais, as pessoas eram torturadas, assassinadas e dadas como “desaparecidas”.
Formas de resistência e o fim da ditadura
Entre os movimentos de
resistência à ditadura, um dos mais emblemáticos é o das Madres y Abuelas de la
Plaza de Mayo (Mães e Avós da Praça de Maio), que desde 1977 se dedica a obter
informações sobre o paradeiro de crianças e jovens sequestrados durante a
ditadura. Até o final de 2019, o grupo havia conseguido localizar 130
desaparecidos forçados.
Apenas em 6 de dezembro de
1983, a junta militar assinou a própria dissolução. Apesar dos esforços dos
militares para destruir arquivos e anistiar-se, a Argentina é hoje o país sul-americano
que mais se empenha em investigar os crimes do período ditatorial.
Mais de mil indivíduos que
participaram do sistema repressor foram condenados.
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