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Das origens ao fim da União Soviética

 No início do século XX, a situação da Rússia favoreceu um movimento revolucionário que culminou na Revolução de 1917. A Revolução Russa e a formação da União Soviética, em 1922, tiveram enorme influência no mundo. A partir desses acontecimentos, o socialismo avançou em diversas regiões: China, Cuba, países do Leste europeu, entre outros, passaram a adotar esse regime. Em virtude disso, não eram poucos os que afirmavam que em um futuro próximo o socialismo seria o sistema dominante no mundo. Hoje a União Soviética não existe mais, e a experiência socialista foi abandonada em quase todos os países que a adotavam.

A União Soviética, como vimos, foi um dos países mais duramente atingidos pela Segunda Guerra Mundial. E também foi um dos que mais contribuíram para a vitória dos Aliados sobre o nazi-fascismo.
No pós-guerra, o governo soviético chefiado por Joseph Stálin concentrou seus esforços na reconstrução do país. E, em poucos anos, por meio de um rigoroso planejamento econômico, conseguiu elevar a União Soviética à condição de segunda potência mundial. Com os planos qüinqüenais, a União Soviética alcançou grande desenvolvimento econômico, sobretudo na indústria e na agricultura. O país se tornou a segunda potência mundial. Foi pioneiro na pesquisa espacial, colocando em órbita da terra o primeiro satélite artificial, o Sputnik (Pequeno Companheiro), em 1957.
No plano político, entretanto, Stálin deu continuidade à ditadura que havia implantado quando subiu ao poder na década de 30. A ditadura stalinista prendia e torturava seus opositores, mandando para trabalhos forçados na Sibéria, internando-os em hospitais psiquiátricos ou fuzilando-os. Além disso, manteve rígida censura sobre os meios de comunicação.
Em 1953, depois de governar o país por 29 anos, Stálin morreu e foi sucedido por Nikita Kruschev.

O governo de Kruschev

Durante os onze anos e seu governo (1953-1964), Kruschev deu inicio à desestalinização da União Soviética, ou seja, a anulação gradativa das medidas autoritárias baixadas por Stálin.
No XX Congresso do Partido Comunista, realizado em 1956, Kruschev ousou afirmar que “Stálin era homicida, megalomaníaco e inimigo do povo” e, a seguir, enumerou vários crimes praticados pelo ditador.
No plano externo, Kruschev notabilizou-se por defender a política de coexistência pacífica, segundo a qual os países capitalistas e socialistas deveriam conviver em paz.
Foi também durante o seu governo que o astronauta soviético Iúri Gagárin realizou o primeiro voo em torno da Terra.

O governo Brejnev

Em 1964, Kruschev foi deposto sob acusação de “abuso de poder” e sucedido por Leonid Brejnev, que governou o país até 1982.
Brejnev procurou dar continuidade à aproximação com os Estados Unidos, assinando com esse país importantes acordos do ponto de vista da preservação da paz mundial.
Durante seu mandato, entretanto, o gasto com a produção de armas aumentou enormemente, a KGB (polícia secreta) continuou tão poderosa quanto antes, os funcionários do governo passaram a ter mais privilégios e mordomias e a corrupção alastrou-se pela sociedade.
No plano econômico, a partir de meados da década de 70, o país mergulhou numa grave crise:

· A URSS, um dos maiores produtores de matérias-primas, combustíveis e grãos para alimentação, passou a ter de importá-los, pois houve uma queda acentuada da produção agrícola e industrial;
· A qualidade dos serviços de saúde, educação e transporte decaiu;
· Havia escassez de habitação, empregos qualificados e bens de consumo.
No início dos anos 80, os problemas socioeconômicos continuaram crescendo. Em conseqüência, o alcoolismo, o consumo de drogas e o crime aumentaram.
Com a morte de Brejnev, em 1982, o país foi governado por Andropov e depois por Tchernenko, mas a realidade soviética permaneceu inalterada, com a morte deste último, em 1985, o poder passou às mãos de Mikhail Gorbatchev.

O governo Gorbatchev e a crise soviética

Profundo conhecedor dos problemas soviéticos, Gorbatchev propôs-se a combatê-los por meio de um vasto programa de reformas.
Às reformas econômicas deu o nome de perestroika – palavra que quer dizer reestruturação – e as reformas sociopolíticas e culturais chamou de glasnost, que significa transparência.
A perestroika visava estimular o crescimento e aumentar a eficiência da economia soviética.
Para isso, propunha a descentralização das decisões econômicas (redução da interferência do Estado na economia), autorizava a existência de pequenas empresas privadas no país, permitia a atuação das multinacionais em alguns setores da economia e estimulava a renovação tecnológica e a competitividade entre as empresas.
A glasnost objetivava democratizar a sociedade, combatendo o autoritarismo dos antigos dirigentes políticos, a corrupção e a ineficiência na administração pública.
Os presos políticos foram soltos (vários deles saíram do país), funcionários desonestos foram afastados, a imprensa falada e escrita passou a veicular críticas ao governo, livros proibidos foram publicados... Concedeu-se, enfim, liberdade de pensamento e expressão.
À medida que as reformas de Gorbatchev foram se intensificando, cresciam as divergências entre os conservadores (elementos da “velha guarda” do Partido Comunista, que desejavam o fim das reformas) e os ultra reformistas, como Boris Ieltsin, que pretendiam o aprofundamento das reformas.
Gorbatchev, que defendia uma posição intermediária, viu-se em meio a um fogo cruzado.
Em agosto de 1991, a “velha guarda” do Partido Comunista da União Soviética desfechou um golpe de Estado, afastando Gorbatchev do poder. Mas a população soviética, liderada por Boris Ieltsin, reagiu e conseguiu recolocá-lo à frente do governo.
Entretanto, Gorbatchev já não conseguia ter controle sobre o processo de reformas que ele próprio iniciara. Assim que reassumiu o governo, defrontou-se com uma nova tempestade: as repúblicas soviéticas reivindicavam independência.
Em 21 de dezembro de 1991, várias dessas ex-repúblicas fundaram a Comunidade dos Estados Independentes (CEI) da qual fazem parte, por exemplo, Rússia, Ucrânia, Bielo-Rússia, Cazaquistão e Uzbequistão.
Com a criação da CEI, a União Soviética, que existiu por 69 anos, foi oficialmente extinta. Reconhecendo o desmoronamento da União Soviética, Gorbatchev afastou-se do governo em 25 de dezembro de 1991.

A Rússia pós-soviética

Em 1992, Boris Yeltsin, presidente da Federação Russa, iniciou um programa econômico radical cujo objetivo era a desestatização da economia e o ingresso do país no mundo capitalista. A passagem de uma economia planificada para uma economia capitalista criou uma série de problemas até então desconhecidos: liberação de preços dos bens (móveis e imóveis), inflação, recessão, desemprego e a expansão do crime organizado.
Em 1996, Boris Yeltsin, foi reeleito presidente da Federação Russa e prometeu construir um país melhor. Entretanto, a crise econômica de 1998 e a escalada da inflação e do desemprego fizeram com que as esperanças do povo russo desabassem e que o presidente entregasse o cargo no ano de 2000.
O novo presidente eleito, Vladimir Putin, recebeu de seu antecessor um país com a economia destroçada e com 35% da população vivendo abaixo do nível de pobreza. Em contrapartida, o país apresenta uma taxa de alfabetização de 99% e possui fabulosas reservas de madeira, minérios de energia, além de mão-de-obra qualificada e progresso científico decorrente de anos de investimentos em pesquisa.
Reeleito em 2004, em seu governo Putin buscou uma maior aproximação com os países da Europa e com os Estados Unidos. No entanto, a relação com o presidente norte-americano George W. Bush foi marcada por pontos de atrito, relacionados principalmente com a decisão de Putin de vender armas à China e à Síria e de fornecer combustível nuclear ao Irã. Além disso, Putin se opôs à criação de uma barreira contra mísseis no Leste europeu (antiga zona de influência da União Soviética) promovida pelos Estados Unidos. Putin acusava os norte-americanos de incitarem um clima de tensão na região.
Em março de 2008, um político tido como “liberal”, Dmitri Medvedev, venceu as eleições presidenciais. Apoiado por Putin, prometeu fazer dele seu primeiro-ministro. Impedido de se candidatar para mais um mandato consecutivo, Putin encontrou uma maneira de permanecer no poder.
Apesar de sua derrocada econômica, a Rússia ainda tem um papel de destaque no cenário político mundial, devido ao seu arsenal nuclear e ao seu enorme contingente militar – tanto no serviço ativo como nos diversos órgãos do serviço de segurança. O arsenal nuclear estratégico é superado apenas pelo dos Estados Unidos.

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