O Oriente Médio corresponde à parte ocidental da Ásia, perto da Europa e da África. Nessa região localizam-se Israel, Líbano, Síria, Iraque, Jordânia, Irã e Arábia Saudita, além de outros pequenos países. Durante muito tempo, o Oriente Médio era lugar de passagem dos viajantes e mercadores que transitavam entre a Europa e o Oriente (Índia e China, por exemplo), realizando compra e venda de especiarias.
A maior parte do Oriente Médio pertencia, até a Primeira Guerra Mundial, ao Império Otomano. Com a derrota desse império, a região tornou-se principalmente zona de influência da França e da Inglaterra.
No século XX, muitas mudanças ocorreram no Oriente Médio. Duas delas são marcantes: a descoberta de petróleo e a criação do Estado de Israel. Os dois fatos tornar-se-iam motivos para a eclosão de muitos conflitos na região. Os conflitos no Oriente envolviam o nacionalismo árabe, a questão judaico-palestina e os interesses internacionais pelo controle do petróleo. Por essas características, o Oriente Médio tornou-se, durante a Guerra Fria, um dos maiores focos de tensão entre as superpotências, principalmente após a criação do Estado de Israel.
O petróleo muda o papel do Oriente Médio
A exploração de petróleo começou no Irã em 1902, por iniciativa de companhias inglesas. Em outros países da região, a exploração ocorreu bem mais tarde, quando empresas dos Estados Unidos e da França passaram a participar dessa exploração. Os países árabes produtores fundaram, em 1959, Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), com o objetivo de definir políticas de produção e de preços. (A Opep é integrada também por países não-árabes.)
O petróleo passou a ter, assim, um papel cada vez mais importante no destino do Oriente Médio. Em 1973, por exemplo, na Guerra do Yom Kippur, entre Israel, Egito e Síria, a Opep diminuiu a produção e elevou os preços do petróleo, a fim de forçar os países ocidentais a apoiarem os árabes na guerra. Em 1991, os Estados Unidos atacaram o Iraque – na Guerra do Golfo – para forçar a sua saída do Kuwait, um dos grandes exportadores de petróleo e que havia sido ocupado pelo exército iraquiano.
O nascimento de Israel e o drama dos palestinos
No início da era cristã, uma rebelião na Judéia, província dominada por Roma (mais tarde chamada de Palestina), desencadeou a forte repressão das forças romanas. A partir daí, os judeus foram forçados a migrar para outras regiões da Europa e para a África. Esse movimento ficou conhecido como Diáspora, ou seja, a dispersão dos judeus pelo mundo.
No começo do século XX, numerosos judeus que viviam na Europa e em outros países da Ásia e da África começaram a emigrar para a região da Palestina, então habitada por árabes palestinos. A emigração de judeus para a região se intensificou nas décadas de 1930 e1940, quando o nazismo passou a persegui-los na Alemanha e em outros países ocupados pelo exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial.
• Sionismo: doutrina política criada no século XIX, favorável à reunião de todos os judeus do mundo em um só Estado judaico, Israel.
• Os horrores praticados pelos nazistas contra os Judeus na Segunda Guerra Mundial, o holocausto, também criaram uma situação favorável à criação do Estado de Israel.
Depois da guerra, os judeus obtiveram apoio internacional, pois a opinião pública do mundo inteiro ficou chocada com as atrocidades cometidas pelos nazistas. Surgia, assim, uma mobilização com o objetivo de criar um Estado judaico.
Em 1947, a ONU aprovou a divisão da Palestina em dois Estados: um árabe e outro judeu. A criação do Estado de Israel, em 1948, - com o apoio dos Estados Unidos -, provocou a reação contrária dos árabes, que não aceitaram essa partilha e atacaram os judeus, mas foram vencidos. Como consequência milhares de palestinos foram expulsos de suas terras para dar lugar aos novos colonos judeus que vinham se instalar no país recém-criado.
A partir desse momento, o conflito entre os judeus de Israel e os árabes, especialmente os palestinos, tornou-se permanente. De 1948, quando teve lugar a primeira guerra, até hoje, ocorreram quatro conflitos, todos com desfechos favoráveis a Israel.
A Questão Palestina
Antes de 1948, a Palestina era habitada principalmente por povos de origem árabe, os palestinos. Com a criação do Estado de Israel, os palestinos passaram a viver em campos de refugiados mantidos pela ONU. Desde então, eles passaram a lutar pela recuperação de seus antigos territórios e pela criação de um Estado independente conforme resolução da ONU.
Na luta pela afirmação da soberania palestina surgiu a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), criada em 1964 e liderada por Yasser Arafat, que se tornou o principal representante dos palestinos em sua luta contra o Estado de Israel.
A expansão de Israel
Como Israel representava para os árabes uma séria ameaça – por causa de sua política expansionista e rivalidades religiosas –, estes se prepararam para derrotá-lo. Em 1967, Egito, Síria e Jordânia iniciaram um ataque a Israel, mas o exército israelense contra-atacou e, em seis dias, derrotou as forças árabes.
Em seis dias, os israelenses conquistaram o Sinai, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, as colinas de Golã e a parte oriental de Jerusalém. Mesmo derrotados, Egito e Síria prepararam um novo ataque. Na festa judaica do Yon Kippur (feriado judaico do dia do perdão), em 1973, Israel foi atacado de surpresa. O exército israelense com a ajuda dos Estados Unidos, conseguiu deter a ofensiva árabe, e ganhou a guerra.
Em resposta à vitória de Israel na Guerra de Yom Kippur, os países árabes cortaram o fornecimento de petróleo aos países simpatizantes de Israel, gerando a chamada crise do petróleo, com graves consequências econômicas no mundo todo, principalmente nos países capitalistas.
Em 1982, Israel invadiu o Líbano para atacar os palestinos que lá viviam, pois era de onde eles partiam para atacar o território israelenses. As atrocidades cometidas pelo exército israelense, causando milhares de mortes, provocaram protesto por parte de muitos israelenses, que passaram a exigir do governo um programa de paz. Com essas guerras, principalmente a Guerras dos Seis Dias, Israel aumentou consideravelmente seu território, conquistando áreas antes pertencentes ao Egito, à Síria e a Jordânia. A UNU determinou que Israel saísse das regiões ocupadas, mas o governo israelense não acatou a determinação.
Negociações para a paz
Após as guerras que resultaram na expansão israelense, os governos de Israel e dos países árabes tomaram algumas iniciativas para reverter a tensão e negociar a paz:
• Acordo de Camp David (1978). Com mediação dos Estados Unidos, os primeiros acordos foram feitos entre Egito e Israel e intermediados pelo presidente norte-americano Jimmy Carter, em 1978, em Camp David, Estados Unidos. Esses acordos estabeleciam a devolução da península do Sinai ao Egito e o reconhecimento por parte do Egito, do Estado de Israel. A paz assinada pelo Egito e por Israel, em separado, ocasionou muita revolta entre outros grupos árabes. O presidente egípcio que assinou o acordo, Anuar Sadat, foi assassinado em 1981.
• Desde 1993, autoridades palestinas e o governo de Israel vinham discutindo a criação de um Estado palestino. O resultado concreto dessas negociações foram a criação da Autoridade Nacional Palestina, entidade responsável pela administração dos territórios palestinos, e o controle palestino sobre a cidade de Jericó e a Faixa de Gaza.
Em 1987, os palestinos que viviam na Faixa de Gaza e na Cisjordânia iniciaram uma rebelião contra a ocupação israelense. Esse primeiro movimento espontâneo, levou o nome de Intifada (guerra das pedras), pois eram assim que os palestinos enfrentavam o exército israelense.
Graças a iniciativas diplomáticas de diversos países, em especial da Noruega, no início da década de 1990 palestinos e israelenses iniciaram negociações pela paz. Em 1993, pela primeira vez um representante dos palestinos se reunia com um governante israelense. O representante dos palestinos era Yasser Arafat, presidente da Organização para Libertação da Palestina (OLP), Israel era representado pelo primeiro-ministro Yitzhak Rabim.
Os dois assinaram um acordo pelo qual Israel devolvia aos palestinos a Faixa de Gaza e a cidade de Jericó.
Esse acordo foi seguido de outros dois, um em maio de 1994 e outro em setembro de 1995. Israel devolveu mais áreas ocupadas por eles durante a Guerra dos Seis Dias, como a região da Cisjordânia.
Tanto do lado dos palestinos quanto do lado dos israelenses, houve muita oposição a esses acordos. Muitos palestinos achavam que não se deveria negociar com Israel, pois estes haviam se apoderado de suas terras. Segundo esses palestinos mais radicais. Israel não deveria ser reconhecido como Estado e sim combatido até a derrota final.
Os judeus radicais, por sua vez, achavam que não deveriam negociar com os palestinos, considerados terroristas. Nesse estado de radicalização, um jovem israelense fanático assassinou o primeiro-ministro Rabin em novembro de 1995.
Apesar da oposição de grupos radicais, tanto o governo de Israel quanto o presidente da OLP desejavam levar adiante o processo de paz. Shimon Peres assumiu o cargo deixado por Rabin.
Em janeiro de 1996, ocorreram as primeiras eleições gerais da história da Palestina para a presidência do Autogoverno Interino palestino, na faixa de Gaza e Cisjordânia. O presidente da Autoridade Palestina (AP) e líder da OLP, Yasser Arafat, ganhou as eleições.
O processo de paz foi praticamente interrompido depois que Benjamin Netanyahu assumiu o cargo de primeiro-ministro de Israel em 1996. Ele tentou se reeleger em 1999, mas foi derrotado pelo seu oposicionista Ehud Barak, que reiniciou as negociações de paz. Em outubro de 1999, uma estrada ligando a Faixa de Gaza a Cisjordãnia foi aberta. Além de intensificar as negociações com o governo palestino, em 15 de dezembro de 1999 o governo de Barak iniciou conversações com o governo da Síria.
A construção do “muro de proteção”, separando judeus e palestinos, começou a ser reivindicada depois do início da nova Intifada, em 2000, quando uma onda de atentados terroristas atingiu cidadãos israelenses.
Com extensão prevista de 350 quilômetros, o muro deixa sob domínio israelense Jerusalém Oriental, anexada por Israel em 1967 e onde os palestinos pretendem a capital de seu futuro Estado.
Ao mesmo tempo em que tomava uma iniciativa que poderia auxiliar a paz, o governo israelense continuava a construção, iniciada em junho de 2002, de um “muro de proteção” entre Israel e a Cisjordânia. A construção gerou, desde o início, tensões políticas internas e muitas críticas palestinas e da comunidade internacional.
Em 2003, os Estados Unidos, Rússia, União Europeia e ONU divulgaram um novo plano para a região, o chamado Mapa de Estrada, que promoveria, até 2005, a criação de um Estado palestino, que conviveria pacificamente com Israel. Também esse plano fracassou.
Em agosto de 2005, o governo de Israel decretou o fechamento da Faixa de Gaza aos israelenses e a retirada dos colonos judeus que lá viviam e de quatro colônias do norte da Cisjordânia, facilitando a ocupação da região por palestinos.
A oscilação nas negociações e as constantes mudanças no cenário político internacional e local mostram que a situação permanece explosiva na região e a paz parece distante.
O futuro da Autoridade Palestina
A Organização para a Libertação da Palestina (OLP), criada em 1964 e liderada por Yasser Arafat, gerou a Autoridade Nacional Palestina (ANP) após as negociações de paz de 1994 em Oslo, na Noruega. A ANP se tornou desde então a principal representante dos interesses palestinos.
Com a morte de Arafat, em 2004, iniciou-se um período de disputa entre diversos grupos palestinos pelo controle da ANP. Em janeiro de 2005, Mahmoud Abbas, do Fatah, grupo ao qual pertencia Arafat, venceu as eleições para a Presidência da ANP. Nas eleições parlamentares de janeiro de 2006, porém, o grupo radical Hamas conseguiu vitória.
Pela primeira vez na história da Autoridade Palestina, o presidente e o primeiro-ministro pertencem a grupos diferentes e têm posições distintas: enquanto Abbas defende negociações com Israel, o Hamas é contrário a qualquer aproximação com o Estado judeu que implique fazer concessões.
Hamas é a abreviatura de Harakat Al-Muqawama Al-islamia (Movimento de Resistência Islâmica). O movimento ficou conhecido em 1987, quando se tornou mais atuante na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, ao questionar a política da OLP de aproximação com Israel. O Hamas promove atos beneficentes em regiões de ocupação palestina e foi responsável por diversos atos terroristas contra alvos judeus e em defesa do islamismo.
A revolução islâmica do Irã
No final da década de 1970, o Irã passou por uma verdadeira revolução. O país é riquíssimo em petróleo e era governado pelo xá (rei) Reza Pahlevi, cujo pai fora um general que tomou o poder mediante um golpe de Estado em 1925. Pahlevi governava o Irã com poderes absolutos, e a polícia do governo reprimia com violência todos os opositores.
A maioria da população iraniana é muçulmana. Mas o xá queria modernizar o país. Tornou-se por isso grande aliado dos Estados Unidos, do qual comprava enormes quantidade de armamentos modernos. Preferindo os costumes ocidentais, o xá não respeitava diversos preceitos da religião muçulmana.
Havia muitas pessoas presas por motivos políticos. Numerosos opositores políticos tiveram de sair do país. Um deles era o aiatolá Khomeini, um dos principais chefes religiosos do Irã, que vivia exilado em Paris. Lá gravava fitas cassete com discurso contra o xá Reza Pahlevi. Essas fitas eram levadas clandestinamente ao Irã e divulgadas entre a população. A insatisfação com o governo de Reza Pahlevi chegou ao auge em 1979, quando uma revolta se espalhou pelo país inteiro, obrigando o xá e sua família a fugirem do país.
Khomeini voltou ao Irã e o governo passou para as mãos dos chefes religiosos. Os preceitos do islamismo foram restabelecidos. Um sentimento fortemente antiamericano e antiocidental passou a caracterizar a política do novo governo iraniano.
O governo do Aiatolá Khomeini foi marcado pelo radicalismo islâmico que apontava os Estados Unidos e Israel como principais inimigos dos muçulmanos. Algumas atitudes chamaram a atenção do mundo como a tomada da embaixada norte-americana em Teerã e a perseguição ao escritor Salman Ruschdi. A partir da morte de Khomeini em 1989, lideres religiosos passaram a governar o país.
Em 1997 foi eleito Mohammad Khatami para a presidência da República. Desde que tomou posse, tem implementado uma política de aproximação com o Ocidente. Em março de 1999, ocorreu o encontro de Khatami com o papa João Paulo II; desde 1979, um líder islâmico não participava de um encontro com o papa. No final de 1999, Khatami visitou a França.
A GUERRA IRÃ-IRAQUE (1980-1988)
Antiga Mesopotâmia, o Iraque também é um país rico em petróleo e também conta com imensa população muçulmana. Em 1979, o poder foi assumido por Saddan Hussein, o qual, imediatamente, recebeu forte apoio dos Estados Unidos, interessados em enfrentar o radicalismo islâmico do Irã.
Os atritos entre Irã e Iraque remontavam a 1974 quando ambos disputavam o controle sobre o estreito do Shatt el-Arab, istmo que dá acesso ao Golfo Pérsico. Houve um acordo e Irã e Iraque dividiram entre si o controle sobre a região.
Todavia, em 1979, Saddan Hussein invadiu a parte iraniana, o que originou o conflito entre os dois países. Enquanto o Irã recebeu o apoio da União Soviética, o Iraque tinha como aliados os Estados Unidos, Israel e alguns países árabes preocupados com o avanço do radicalismo islâmico do qual o Irã era nítido exemplo.
Em 1982, os Estados Unidos removeram o Iraque da lista de países que apoiavam práticas consideradas terroristas. Dois anos mais tarde, os dois países restabeleceram relações diplomáticas, que haviam sido rompidas na guerra árabe-israelense de 1967.
A principal fonte de armas do Iraque era o seu velho aliado, a União Soviética. Mas vários outros países, como Grã-Bretanha, França e os Estados Unidos, também forneceram armas e equipamento militar ao Iraque. Os americanos chegaram a dividir informações de seu serviço de inteligência com as autoridades de Bagdá.
Nos estágios finais da guerra Irã-Iraque, os dois países passaram a atacar petroleiros no Golfo Pérsico, com o objetivo de sabotar as exportações um do outro. Navios de guerra da França, da Grã-Bretanha, dos Estados Unidos e de outros países foram enviados para a região, e petroleiros do Kuwait, que estavam sendo atacados pelo Irã, passaram a ser escoltados. À medida em que prosseguia a “guerra dos petroleiros”, os Estados Unidos também destruíram várias plataformas de petróleo iranianas e (acidentalmente, segundo Washington), um airbus iraniano levando a bordo 290 civis.
Depois de dez anos de intensos combates, que devastaram o território e provocaram significativas perdas humanas nos dois países, a guerra acabou sem que um vencedor fosse apontado. Somente a figura de Saddan Hussein saiu fortalecida como principal líder do povo iraquiano.
A Guerra do Golfo
Em agosto de 1999 o Iraque invadiu o Kuwait. O governo do Iraque, chefiado por Saddam Hussein, acusara o Kuwait de prejudicá-lo na venda de petróleo. Segundo a acusação, o Kuwait estaria vendendo petróleo a preços muito baixos. Com isso, o Iraque estaria perdendo cliente e sendo obrigado a baixar também os preços. Saddam exigiu do governo kuwaitiano indenizações pelos prejuízos com a venda de petróleo a preços baixos.
Ele reivindicava ainda partes do território do Kuwait, que, segundo ele, faziam parte do Iraque no passado. Como não foi atendido, invadiu e ocupou o Kuwait com o objetivo de apoderar-se das jazidas de petróleo do vizinho. O abastecimento de muitos países que compravam petróleo do Kuwait estava ameaçado.
O Conselho de Segurança da ONU condenou a invasão e ordenou ao governo do Iraque que retirasse suas forças. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos mobilizam tropas do seu exército, além de aviões de combate e navios de guerra, deslocando-os para a Arábia Saudita, vizinha do Iraque.
Saddam Hussein recusou-se a retirar seu exército do Kuwait. A ONU autorizou então que um grupo de países, encabeçado pelos Estados Unidos, agisse militarmente para libertar o Kuwait. O ataque iniciou-se em janeiro de 1991 e durou seis semana. No final do conflito, o Iraque estava derrotado, e o Kuwait, libertado. Mas as perdas humanas e materiais foram grandes nos dois países.
Guerra do Líbano
O território do Líbano viveu uma guerra civil a partir de 1958, causada pela disputa de poder entre grupos religiosos do país: os cristãos maronitas, os sunitas (muçulmanos que acreditam que o chefe de Estado deve ser eleito pelos representantes do Islã, são mais flexíveis que os xiitas), drusos, xiitas e cristãos ortodoxos. O poder, no Líbano, era estratificado. Os cargos de chefia eram ocupados pelos cristãos maronitas, o primeiro ministro era sunita e os cargos inferiores ficavam com os drusos, xiitas e ortodoxos.
No entanto, os sucessivos conflitos na Palestina fizeram com que um grande número de palestinos se refugiasse no Líbano, descontrolando o modelo de poder adotado, já que os muçulmanos passaram a constituir a maioria no Líbano. Em 1958 explodiu uma guerra civil e os Estados Unidos intervieram na região, impedindo que o Estado libanês se desintegrasse.
A pedido da ONU, os Estados Unidos acabaram retirando suas tropas do país e uma nova solução foi apontada: o governo deveria ser composto pelos líderes dos vários grupos religiosos. Como o número de palestinos refugiados não parava de crescer no Líbano, os guerrilheiros da OLP passaram a agir de forma independente no território libanês. De outro lado, os cristãos maronitas defendiam a expulsão dos palestinos da região.
A nova forma de governo proposta pela ONU não deu certo e, em 1975, começou uma guerra entre as diversas facções religiosas, detonadas pelo atentado cristão que matou dezenas de palestinos e libaneses muçulmanos.
A Síria rompeu sua aliança com a OLP e resolveu intervir no conflito ao lado dos cristãos maronitas. A presença do exército sírio no país causou protestos árabes e resultou na intervenção direta dos Estados Unidos, França e União Soviética. Estes países forçaram o Encontro de Riad, em 1976, que obrigava a Síria a se reconciliar com a OLP e retirar suas tropas do Líbano.
No ano seguinte, entretanto, o assassinato do líder druso Kamal Jumblatt desencadeou uma nova onda de violência que culminou com a incursão israelita na região, que pretendia tirar a OLP do Líbano. Durante a ocupação israelense aconteceram os massacres de Sabra e Chatila. Como o clima no Líbano continuava tenso, os Estados Unidos enviaram suas tropas para o país para defender Israel de seus inimigos. Foi com o apoio norte-americano que o cristão maronita Amin Gemayel chegou ao poder em 1982.
Revoltados com a presença das tropas norte-americanas na região, o quartel-general da Marinha americana foi atacado em outubro de 1983 e causou a morte de 241 fuzileiros. O atentado e a pressão internacional fizeram com que os Estados Unidos retirassem suas tropas do Líbano em fevereiro de 1984. As tropas israelenses também foram retiradas do Líbano, o que enfraqueceu os cristãos.
Os drusos se aproveitaram desta situação, dominaram a região do Chuf, a leste de Beirute, e expulsaram as comunidades maronitas entre 1984 e 1985. De outro lado, o sírio Hafez Assad e seus partidários libaneses detonaram uma onda de atentados a bairros cristãos e tentavam assassinar os auxiliares do presidente Amin Gemayel, que resistiu e permaneceu no poder até 1988.
Setembro Negro...
A Jordânia, comandada pelo rei Hussein, tinha um grande número de palestinos em seu território e via, a cada dia, o crescimento de um Estado palestino dentro do Estado jordaniano. O rei, em função disso, tentava minar a influência dos palestinos na região.
Os palestinos, por sua vez, acreditavam que Hussein era ligado ao Ocidente e buscavam reduzir a sua influência sobre a população da Jordânia.
Assim, em setembro de 1970, as forças militares de Hussein começaram a eliminar a presença armada da guerrilha palestina. A partir daí aconteceram uma série de conflitos entre o exército real e os palestinos. O saldo de mortos chegou a mais de 10 mil, no episódio que ficou conhecido como Setembro Negro.
Vários governantes árabes criticaram a atitude do rei Hussein e a paz foi restabelecida com a assinatura de um acordo no Cairo. Desde então, a guerrilha passou para a clandestinidade e muitos palestinos abandonaram a Jordânia.