sexta-feira, 19 de julho de 2024

A forma e a estrutura da Terra

Assim como as estrelas e os demais planetas, a Terra tem um formato esférico. No entanto, ela não é uma esfera perfeita, pois apresenta um ligeiro achatamento nos polos e irregularidades em sua superfície.

Como vimos, segundo a teoria do big bang, inicialmente a Terra se formou a temperaturas extremamente elevadas. A parte externa da Terra foi se solidificando aos poucos, à medida que o planeta esfriava. Internamente, porém, ainda há materiais com elevadas temperaturas e pressões, em diferentes estados físicos.

Teoria da deriva continental

Com o passar do tempo geológico, muita coisa mudou, inclusive a disposição dos continentes. A denominada teoria da deriva continental foi proposta pelo cientista alemão Alfred Wegener, no início do século XIX. Ele percebeu a possibilidade de que a costa da América do Sul tivesse sido encaixada à costa do continente africano em um passado remoto.
De acordo com essa teoria, todos os continentes já formaram uma única e extensa massa de terras emersas, a Pangeia. Analise as representações.

Teoria da tectônica global

Quando Wegener propôs a teoria da deriva continental, no século XIX, as propriedades das camadas que compõem a estrutura da Terra ainda não eram totalmente conhecidas, de modo que não foi possível comprovar a razão de os continentes se movimentarem.
Isso só ocorreu com a teoria da tectônica global, proposta por diferentes cientistas já na segunda metade do século XX, quando o solo do oceano Atlântico foi mapeado.
A composição de imagens de satélite mostra a Terra vista do espaço sideral. Nela, foi traçada uma linha que representa uma cordilheira submarina chamada Dorsal Mesoatlântica, que se estende pelo solo do Atlântico de sul a norte. Ao norte está localizado um conjunto de ilhas que abriga um país denominado Islândia. Essas ilhas têm origem na Dorsal Mesoatlântica, o que significa que, à medida que o tempo passa e o solo oceânico se expande, o território do país também aumenta lentamente.
Com a informação de que há uma cordilheira submarina no solo do oceano Atlântico, foi possível considerar que de fato a América esteve, e ainda está, se afastando lentamente da Europa e da África. Assim, chegou-se a um consenso de que os blocos continentais e de solo oceânico estão fixos em grandes placas de rocha denominadas placas tectônicas. Quando se descobriram zonas de subducção, tudo ficou mais claro: enquanto o solo oceânico do Atlântico se expande, em outros locais da superfície terrestre as placas tectônicas mergulham de volta para o interior do planeta.

Movimentos das placas tectônicas

As placas tectônicas estão em constante movimentação, especialmente em função do movimento de convecção do magma no manto. Parte desse magma extravasa para a superfície por diferentes razões, por exemplo quando o magma encontra uma fissura na crosta. Em todo tipo de movimentação dessas placas são geradas atividades sísmicas – os terremotos – e erupções vulcânicas.
Um dos principais resultados dos movimentos das placas tectônicas é a formação de cadeias montanhosas. As montanhas podem se formar por diferentes processos: quando as placas tectônicas se afastam, por exemplo, o magma emerge e se resfria, solidificando-se e formando montanhas. No entanto, quando as placas tectônicas se encontram, uma submerge em uma zona de subducção, enquanto a outra se dobra. Esse processo também dá origem a cadeias de montanhas.
Quando a placa mergulha novamente no manto, suas rochas são aquecidas e elas voltam a fazer parte do magma. Quando as placas deslizam lateralmente, provocam, como as demais movimentações de placas tectônicas, grandes terremotos.
Você viu que, com a movimentação das placas tectônicas, são geradas atividades sísmicas e erupções vulcânicas. A população que vive longe das bordas das placas tectônicas dificilmente sente os efeitos dos terremotos que ali ocorrem. Analise o mapa das placas tectônicas e a direção na qual elas se deslocam.

Planeta Terra: características e movimentos

A Terra é um dos oito planetas que compõem o Sistema Solar, que é formado por vários astros: planetas, satélites, cometas, entre outros. Ela se soma a outros sete planetas, além de 140 satélites naturais e bilhões de outros corpos celestes menores, realizando uma trajetória em torno do Sol, denominada órbita solar.

Diferentemente do que muita gente imagina, a Terra não é uma esfera perfeita.
Ela apresenta achatamento nos polos e uma superfície irregular, aproximando-se de uma forma chamada geoide.
Com exceção de Mercúrio e Vênus, os demais planetas do Sistema Solar apresentam satélites naturais — astros sem luz própria que giram ao redor dos planetas.

O único satélite natural da Terra é a Lua. Ela é o corpo celeste que está mais próximo de nós, a uma distância média de 384 mil quilômetros. Esse astro exerce grande influência em fenômenos que ocorrem na Terra, como o movimento das marés. Isso ocorre devido à atração gravitacional que a Terra e a Lua exercem uma sobre a outra.

Há também os satélites artificiais. Construídos pelos seres humanos, eles giram ao redor dos astros e são utilizados para estudos, pesquisas, obtenção de imagens e telecomunicações.

Os hemisférios

Para o estudo e a compreensão do planeta, convencionou-se dividir a Terra em hemisférios. Chama-se hemisfério a metade da superfície da Terra, limitada por um círculo máximo, que pode ser um paralelo ou um meridiano e seu antimeridiano.
A divisão da Terra pelo principal paralelo, o equador (0°), forma os hemisférios norte e sul.
A divisão da Terra pelo principal meridiano, o de Greenwich (0°), e por seu antimeridiano (180°) forma os hemisférios oeste (ocidental) e leste (oriental).

Os movimentos da Terra

Os astros celestes, entre eles o planeta Terra, não estão parados; eles realizam diversos movimentos no Universo.
A Terra realiza diversos movimentos, sendo os mais importantes os de rotação e de translação.
Esses movimentos provocam a ocorrência de alguns fenômenos em nosso planeta, como a alternância entre os dias e as noites, e as variações climáticas que resultam nas estações do ano. 
Entre os movimentos que a Terra realiza, dois são muito importantes, pois possibilitam a existência de vida no planeta. São os movimentos de rotação e de translação.
Se observarmos a trajetória que o Sol traça no céu no decorrer do dia, podemos chegar à conclusão de que ele se movimenta ao redor da Terra. A esse fato damos o nome de movimento aparente do Sol.
No século III a.C., o estudioso grego Aristarco de Samos levantou a hipótese de que o Sol ocupava o centro do Universo e a Terra e os outros planetas giravam ao seu redor. No século XVI, o astrônomo polonês Nicolau Copérnico retomou a ideia de Aristarco e afirmou que a Terra também girava sobre si mesma, o que levou a uma das principais mudanças de paradigma da história da Ciência. Essa foi uma hipótese polêmica na época e encontrou resistência por parte da Igreja católica, já que tirava o ser humano do centro do Universo. No entanto, com o tempo, ganhou força e passou a ser aceita.

O movimento de rotação: a sucessão dos dias e das noites

O movimento que a Terra faz em torno de si mesma chama-se rotação. Esse movimento tem a duração aproximada de 24 horas (o período exato de rotação é de 23 horas, 56 minutos e 4 segundos).
Como resultado desse movimento, a Terra recebe em uma de suas faces a energia emitida pelo Sol, também denominada radiação solar, de modo alternado. Enquanto uma parte é iluminada, a face oposta do planeta não recebe raios solares.
No tempo que a Terra leva para dar uma volta completa em torno de seu eixo, passamos por um período claro (dia), na face da Terra voltada para o Sol, e por um período escuro (noite), na face oposta. Assim, podemos afirmar que o movimento de rotação é o responsável pela alternância dos dias e das noites.

Em 1925, ficou estabelecido, por convenção, que o dia astronômico começaria à meia-noite. Não se estabelece o início do dia a partir do aparecimento do Sol porque esse momento varia, no decorrer do ano, em muitos lugares da Terra.
Ao longo da história da humanidade, enquanto a incidência de luz solar (dia) permitia o desenvolvimento de atividades, sua ausência (noite) o limitava. Com o surgimento da luz elétrica, na segunda metade do século XIX, e sua popularização, no século XX, foi possível ampliar as atividades realizadas no período noturno.

O movimento de translação e as estações do ano

Conforme a Terra realiza o movimento de rotação (em torno de si mesma), ela também gira ao redor do Sol, em um movimento que se chama translação. 
Esse movimento é realizado a uma velocidade de aproximadamente 30 quilômetros por segundo e dura cerca de 365 dias e 6 horas, ou exatos 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos.
Observe na figura 5, na página anterior, que o eixo imaginário da Terra se apresenta inclinado. Essa inclinação, combinada com o movimento de translação, provoca uma distribuição desigual da luz e do calor do Sol nos hemisférios norte e sul durante o ano, dando origem às quatro estações do ano: primavera, verão, outono e inverno. As estações ocorrem em períodos diferentes e alternados nos hemisférios norte e sul. Assim, podemos afirmar que o movimento de translação é responsável pela determinação do ano e das estações do ano.

Equinócio, solstício e as estações do ano

Durante todo o ano, há somente dois dias (20 ou 21 de março e 22 ou 23 de setembro) em que os hemisférios norte e sul recebem a mesma quantidade de luz e calor do Sol, fenômeno denominado equinócio (equi significa “igual”). Isso acontece porque, durante os equinócios, os raios solares ficam perpendiculares à linha do equador. Por essa razão, nos dois hemisférios o dia e a noite têm a mesma duração: 12 horas.
No dia 20 ou 21 de março, tem início a primavera no hemisfério norte; é o equinócio de primavera. No hemisfério sul, começa o outono; é o equinócio de outono. A partir desse dia, o hemisfério norte passa a receber, gradativamente, maior quantidade de luz do Sol. Por isso, os dias vão ficando mais longos, e as noites, mais curtas. No hemisfério sul, ocorre o contrário: ele recebe os raios solares de maneira mais inclinada, por isso as noites vão ficando mais longas, e os dias, mais curtos, até o dia 20 ou 21 de junho, quando ocorre a menor incidência dos raios solares sobre o trópico de Capricórnio. É a noite mais longa do ano no hemisfério sul, onde ocorre o solstício de inverno, ou início do inverno. No hemisfério norte ocorre o solstício de verão.
As diferenças entre a duração do dia e a duração da noite começam a diminuir até o dia 22 ou 23 de setembro, quando começa a primavera no hemisfério sul; é o equinócio de primavera. No hemisfério norte, começa o outono; é o equinócio de outono. A partir desse dia, os dias vão ficando cada vez mais longos que as noites no hemisfério sul, que está recebendo os raios solares mais diretamente. No hemisfério norte, as noites começam a se alongar.
No dia 21 ou 22 de dezembro os raios solares atingem mais diretamente o trópico de Capricórnio. Ocorre nova mudança de estação. No hemisfério sul, o solstício de verão é o dia mais longo do ano. No hemisfério norte, o solstício de inverno é a noite mais longa do ano.
Nos locais da Terra em que as estações do ano são bem definidas, ou seja, em que há grandes variações de temperatura entre o verão e o inverno, os períodos de aulas e de férias escolares variam. Assim, em geral, nos locais situados no hemisfério sul, o período mais longo de férias estende-se por dezembro, janeiro e fevereiro, que são meses de verão. Já em muitos lugares do hemisfério norte, o período de férias estende-se, geralmente, por junho, julho e agosto.

A translação e o calendário

Você viu que a Terra leva cerca de 365 dias e 6 horas para dar uma volta completa ao redor do Sol (movimento de translação). Com base nesse movimento, criou-se o calendário usado atualmente, o calendário solar, em que o ano tem 365 dias, distribuídos em 12 meses.
E o que é feito com as seis horas restantes? A cada quatro anos, elas somam um dia, que é acrescentado ao mês de fevereiro como dia 29. Quando isso ocorre, o ano fica com 366 dias e é chamado de bissexto.
Assim, a partir da observação do movimento de translação, foi estabelecida uma unidade de tempo, o ano, que serve de base para determinar o ritmo de uma série de atividades humanas. O próprio tempo das nossas vidas e o tempo histórico são marcados pelo ano.

As zonas térmicas da Terra

Você observou que o planeta Terra, em razão do movimento de translação e da inclinação de seu eixo, recebe diferentes quantidades de luz e calor do Sol. A maneira como os raios solares atingem as diferentes regiões do planeta possibilita o estabelecimento das zonas térmicas.
Na região próxima à linha do equador, os raios solares incidem mais diretamente ao longo de todo o ano. Essa parte, que é a mais quente do planeta, é denominada zona tropical — também chamada de zona quente ou intertropical.
Ao norte do trópico de Câncer e ao sul do trópico de Capricórnio, até os círculos polares, os raios solares chegam à Terra de forma inclinada, portanto menos diretamente.
Entre o trópico de Câncer e o círculo polar Ártico fica a zona temperada norte, e entre o trópico de Capricórnio e o círculo polar Antártico fica a zona temperada sul.
Ao norte do círculo polar Ártico fica a zona polar ártica, e ao sul do círculo polar Antártico fica a zona polar antártica. Nesses trechos é frio o ano inteiro, havendo pequenas variações de temperatura entre as estações. Eles recebem também as denominações de zona fria ou glacial ártica e zona fria ou glacial antártica, respectivamente.


A origem da Terra

A teoria do big bang, que explica a origem do Universo, é a mais aceita atualmente. No entanto, existem muitos povos ao redor do mundo que têm sua própria cosmogonia, inserida em suas tradições culturais.

Mitos de criação

Os mitos de criação buscam descrever como surgiu o mundo. Quando o meio de propagação do mito é oral, a história é contada tantas vezes que vai sendo alterada com o passar do tempo, ganhando diversas versões.
Quando são histórias escritas, geralmente são adaptadas de tempos em tempos, pois a linguagem também sofre mudanças. De qualquer forma, os mitos são profundamente ligados à cultura do povo que deu origem a eles.
São muitos os mitos que buscam explicar os fenômenos por meio de uma linguagem simbólica, e interpretá-los nem sempre é uma tarefa simples.

A formação do planeta Terra

Segundo a principal linha científica atual, o surgimento do planeta Terra ocorreu há aproximadamente 4,6 bilhões de anos, um período posterior à formação do Sistema Solar. Cientistas acreditam que a Terra era, inicialmente, fria e completamente rochosa. Na sequência, uma complexa combinação de fatores, que envolve o impacto de meteoritos e o calor interno do planeta, derreteu o material rochoso, tornando a Terra uma imensa bola incandescente, com temperaturas próximas a 1 500 graus Celsius (°C). Com o passar do tempo, o que era uma massa única planetária passou a se configurar em camadas.
Os cientistas possuem evidências diretas de cerca de 12 quilômetros de profundidade do interior da Terra, que é o limite alcançado com a perfuração de poços. As informações das camadas mais profundas são obtidas de forma indireta, ou seja, por meio das ondas sísmicas (vibrações) emitidas pelos terremotos e maremotos, e registradas por equipamentos denominados sismógrafos.

As camadas internas da Terra

Estudar o interior da Terra é um grande desafio para a humanidade. Entender o comportamento e a composição das camadas inferiores do planeta torna possível indicar a localização e a intensidade de determinados fenômenos, como os abalos sísmicos, além de contribuir para a elaboração das teorias sobre a formação e a evolução da Terra ao longo de bilhões de anos.
Por meio da coleta de dados, ao longo de décadas, sobre os padrões das ondas sísmicas, os cientistas elaboraram um modelo do interior do planeta dividido em três camadas principais: núcleo, manto e crosta.
Cada uma das camadas internas da Terra possui características específicas, demonstradas a seguir.
Núcleo: a uma profundidade que varia de 6 370 a 2 900 quilômetros, essa camada é composta basicamente dos minerais níquel e ferro. O núcleo ocupa cerca de 16% do volume da Terra e divide-se em duas partes: o núcleo interno e o núcleo externo. Estima-se que as temperaturas possam alcançar 6 900 °C no centro do planeta, caindo para 4 800 °C nas áreas mais periféricas do núcleo externo.
Manto: envolve o núcleo terrestre e atinge 83% do volume do planeta. Com profundidades que variam entre 2 900 e 30 quilômetros, o manto possui abundância de ferro e magnésio. Na parte mais externa dele estão a astenosfera e o manto superior. Na astenosfera encontra-se um material maleável que flui vagarosamente, denominado magma. Já o manto superior é sólido e, com as crostas continental e oceânica, forma a litosfera, que é dividida em diversos blocos que se movimentam lentamente sobre a astenosfera. Esses blocos são chamados de placas tectônicas.
Crosta terrestre: responsável por apenas 1% de toda a massa da Terra, é a mais externa das camadas do planeta e forma o fundo oceânico e os continentes. A espessura varia, sendo em média de 30 a 70 quilômetros na crosta continental e de 5 a 10 quilômetros na crosta oceânica.

Tempo geológico

Quando se pensa na idade da Terra e todas as transformações pelas quais o planeta passou, estamos nos referindo ao tempo geológico, isto é, a uma escala de tempo que inclui aproximadamente 4,6 bilhões de anos – que é a datação estimada da formação do Sistema Solar.
Essa longa escala de tempo é desmembrada em períodos menores, os éons. Os éons, por sua vez, são divididos em eras, que são fracionadas em períodos, épocas e idades. Cada uma dessas partes é marcada por eventos geológicos importantes; por isso, cada uma delas tem períodos diferentes.

O globo e o planisfério

Tanto o globo terrestre quanto o planisfério representam, embora de maneiras diferentes, a superfície do nosso planeta.
O globo terrestre é o tipo de representação cartográfica mais próximo do real. Seu modelo esférico de representação tem poucas deformações. Esse objeto, geralmente produzido em plástico, reproduz as distâncias, os tamanhos, as formas dos oceanos, dos mares, dos continentes e das ilhas, de modo mais fiel que o planisfério. No entanto, por causa de seu formato arredondado, não é possível ver de uma só vez toda a superfície representada.
Já os planisférios representam a Terra em uma superfície plana. Devido a essa característica, conseguimos observar toda a superfície do planeta, com algumas distorções. 
Na Cartografia, essas deformações são chamadas de distorções cartográficas. Toda superfície curva, quando representada em um plano, apresenta distorções cartográficas, sendo mais evidentes em pequenas escalas, como nos planisférios. Para que a dimensão e a forma dessas representações tenham menos distorções, utilizam-se as projeções cartográficas.

Mapas: o que são e para que servem?

O termo Cartografia, que é a ciência que estuda e desenvolve os mapas, foi introduzido pela primeira vez em 1839 pelo historiador português Manuel Francisco Carvalhosa, mas o surgimento dos mapas aconteceu bem antes, com a expansão dos territórios de antigas civilizações na Mesopotâmia, na Grécia, no Egito e na China. Nesse período histórico, eram utilizados, principalmente, como ferramenta estratégica de dominação e poder de um povo sobre outro.
Com o desenvolvimento da tecnologia, a Cartografia foi revolucionada. Antes produzidos à mão, os mapas passaram a ser elaborados com o auxílio de modernos programas de computador e apoiados por informações fornecidas por fotografias aéreas e satélites artificiais. Essas tecnologias, além de tornarem a produção de um mapa mais rápida, permitiram maior precisão das informações representadas.

O que é um mapa?

O mapa é uma representação gráfica da superfície curva da Terra em uma superfície plana, como o papel ou a tela de um computador, por exemplo. Em um mapa é possível representar, em tamanho reduzido, parte da superfície terrestre ou todo o globo. 
Nos mapas podem-se representar características naturais e sociais do espaço geográfico. Entre as características naturais podemos citar os rios, o relevo, a ocorrência de chuvas, as médias de temperaturas, entre outras. Com o mapeamento  dessas informações é possível planejar ações, como localizar um rio onde será preciso construir uma ponte para facilitar a circulação da população. Quanto às características sociais, podem ser representadas, por exemplo, a distribuição da população em um país, a oferta de serviços de coleta de lixo e de esgoto, as principais rodovias de um território, entre outras.

Por esse motivo a Cartografia

– ciência que estuda a representação da superfície da Terra – é considerada uma importante ferramenta dos estudos geográficos. Em Cartografia, são estudados os mapas, como eles são elaborados e para que podem ser usados.

Os elementos do mapa

Como vimos, o mapa é uma representação reduzida da superfície terrestre. É muito versátil, pois pode ser transportado com facilidade, além de ser facilmente manuseado.
Os mapas são ferramentas úteis para diversas atividades da sociedade. Por ter a função de transmitir informações diversas, dependendo de sua finalidade, podem ser utilizados na navegação, no turismo, em guerras, na previsão do tempo, dentre outras. Porém, para obter o melhor aproveitamento dessa representação do planeta ou de uma parte dele, é preciso saber interpretá-lo.
Assim como a Matemática possui uma linguagem particular, com um sistema simbólico próprio, os mapas possuem suas regras de leitura e elementos característicos. Vejamos os principais elementos de um mapa:
Título: É o primeiro elemento a ser considerado em um mapa. Informa o tema principal a ser tratado no mapa e a data de quando as informações contidas nele foram geradas.
Coordenadas geográficas (latitudes e longitudes): São linhas imaginárias. São representadas em geral por traçados em cor azul, que indicam os valores de latitude e longitude.
Orientação: O símbolo de orientação indica a posição do mapa em relação aos pontos cardeais, colaterais e subcolaterais. Essa informação garante a correta orientação na leitura do mapa.
Convenções cartográficas: São símbolos, desenhos e cores explicados na legenda do mapa. A leitura gráfica desses elementos é necessária para interpretar as informações relacionadas ao tema proposto no título.
Escala: Indica a relação de proporção entre o espaço real e a representação reduzida de uma superfície maior. A escala revela o número de vezes que o espaço real foi reduzido para ser representado.
Fonte: Indica a origem dos dados do mapa, reservada em geral a uma instituição.

Leitura e interpretação de mapas

Para a representação de características do espaço geográfico em um mapa são usados elementos gráficos que facilitam a leitura e interpretação: a linha, o ponto, cores, hachuras, escala, legenda, rosa dos ventos, por exemplo. A linha é utilizada para representar cursos de rios, estradas, limites de municípios, entre outros elementos. O ponto é usado para representar cidades e capitais de estados, por exemplo. O uso desses elementos deve seguir o que é conhecido como convenções cartográficas. Quando adotadas de maneira adequada, elas facilitam a leitura de mapas.
As convenções cartográficas estabelecem, por exemplo, o uso de cores para representar determinadas informações. A cor azul sempre é utilizada para representar a água, como os rios, lagos e chuva, e a cor verde costuma ser usada para representar a vegetação. As estradas e ferrovias são representadas pelas linhas vermelha e preta, respectivamente.
Todas as informações representadas no mapa devem constar na legenda do mapa: o significado dos símbolos, dos elementos gráficos usados nele, etc. Sem isso, a leitura e a interpretação de um mapa são prejudicadas.

A escala

Imagine como fazer para representar uma sala de aula em uma folha de papel. De maneira instintiva, você desenhará a sala de aula, que é uma área grande, em tamanho reduzido. A escala reduz todos os elementos representados, mas mantém
a proporção em relação à realidade.
A escala mostra a relação entre as distâncias representadas no mapa e as distâncias correspondentes na superfície terrestre. Ela é um elemento fundamental, porque indica quantas vezes a área representada foi reduzida. Existem dois tipos de escala: a escala numérica e a escala gráfica.
A escala numérica é representada por uma fração, por exemplo 1:5 000 (lê-se um para cinco mil), que, por convenção, é indicada em centímetros. O numerador 1 indica a medida no mapa. O denominador 5 000 indica a distância real. Para saber qual é a medida no terreno em metro ou quilômetro, é preciso fazer uma conversão de valores. 
A escala gráfica é representada por uma linha horizontal dividida em partes iguais. Ela aponta de modo mais direto a relação entre a representação da superfície e o mapa.

Outras formas de representação da superfície terrestre

Quando um mapa representa toda a superfície terrestre, é chamado de planisfério. Há outras formas de representações cartográficas, como o globo terrestre, as plantas e os modelos tridimensionais. Vejamos cada um deles a seguir.

Globo terrestre

O globo terrestre é o tipo de representação cartográfica mais próximo do real. Seu modelo esférico de representação tem poucas deformações. Esse objeto, geralmente produzido em plástico, reproduz as distâncias, os tamanhos, as formas dos oceanos, dos mares, dos continentes e das ilhas, de modo mais fiel que o planisfério.

Planisfério terrestre

A Terra tem a forma aproximada de uma esfera. Então, como é possível representá-la em uma superfície plana, como os mapas e as cartas?
Para verificar na prática como isso é possível, tente cobrir totalmente uma bola de futebol, por exemplo, com um papel do tipo cartolina. Nessa tentativa, você perceberá que em algumas partes o papel apresentará algumas deformações. Na Cartografia, essas deformações são chamadas de distorções cartográficas.
Toda superfície curva, quando representada em um plano, apresenta distorções cartográficas, sendo mais evidentes em pequenas escalas, como nos planisférios. Para que a dimensão e a forma dessas representações tenham menos distorções, utilizam-se as projeções cartográficas.

Representações tridimensionais

Os mapas, croquis, imagens de satélite e plantas são exemplos de representações bidimensionais do espaço, ou seja, compostas apenas por duas dimensões espaciais. Além deles, é possível representar a superfície terrestre em três dimensões (largura, comprimento e profundidade) como nas maquetes e nos blocos diagramas.

Planta cartográfica

É muito comum utilizarmos o conceito de mapa para qualquer representação cartográfica. Mas nem toda representação plana e reduzida da superfície terrestre é um mapa. Essa definição vai depender, principalmente, da escala utilizada.
Ao estudar escala, vimos que quanto menos o espaço real é reduzido para elaborar uma representação cartográfica maior é a escala. E, quando é necessário representar uma extensa área territorial, o volume de reduções do espaço será maior, e a escala será menor. Isso possibilita diferenciar os mapas das plantas cartográficas.
Enquanto os mapas reproduzem a superfície terrestre do planeta total ou parcialmente em pequenas e médias escalas, as plantas são produzidas com o objetivo de revelar um maior número de detalhes, retratando áreas menores.


Lugar, sociedade e espaço geográfico

 O que é lugar

Para a Geografia, o lugar é qualquer parte da superfície terrestre onde vivemos, desenvolvemos atividades, convivemos, nos relacionamos e interagimos com outras pessoas e com o próprio lugar onde elas se encontram.
Lugar é uma parte ou porção determinada do espaço em que vivemos. O lugar é onde as pessoas moram, estudam, trabalham, consomem, ou seja, realizam as atividades cotidianas e, portanto, desenvolvem suas relações sociais, afetivas e de solidariedade — de ajuda e colaboração — ou de conflitos. 
Todas as atividades da vida ocorrem em algum lugar. Você nasceu em um determinado lugar, seja um hospital, seja uma casa; frequenta vários lugares: a escola, o mercado, a casa de parentes e o parque. A rua da sua casa, um rio, uma montanha e uma praia são exemplos de lugares.
Nos mais diferentes lugares, as pessoas trabalham, estudam, praticam esportes, fazem compras e praticam diversas outras atividades cotidianas.
Essas relações fazem com que os lugares sejam diferentes, mesmo que tenham paisagens muito parecidas.
Os lugares não estão isolados uns dos outros. Eles se relacionam, uma vez que as pessoas, os governos e as empresas de lugares diferentes também estabelecem relações. Isso acontece quando pessoas se locomovem de um lugar a outro para trabalhar, estudar e se divertir, quando são veiculadas notícias e informações, quando são firmados acordos entre governos dos países ou quando são realizadas compra e venda de produtos entre empresas de lugares diferentes.
São, portanto, as pessoas que dão sentido ao lugar.

O lugar onde você mora

No início deste capítulo, você descreveu como é o lugar em que mora. Se lhe perguntassem onde você mora, o que diria?
Ao responder, você estaria informando a localização de sua moradia, que poderia estar situada no campo ou na cidade (figuras 13 e 14). Sobre a moradia, geralmente é informado:
• o nome da rua, avenida ou praça;
• o número da moradia (casa ou prédio de apartamentos). Se a pessoa mora em um prédio, é informado também o número do apartamento;
• o nome do bairro.
É possível informar ainda o nome do município e do estado. Isso é necessário se, por exemplo, vamos receber uma correspondência pelo correio. Para isso, é preciso fornecer também o Código de Endereçamento Postal (CEP).
Além do nome da rua, do número da casa, do bairro, da cidade e do estado em que mora, também pode-se usar outros pontos de referência, como: em frente à praça, ao lado do parque, próximo à igreja, entre outros.

A sociedade

Com o domínio de técnicas e por meio do trabalho, as pessoas conseguem transformar os elementos da natureza em bens necessários à sobrevivência. Para isso, interferem nas paisagens, modificando-as.
Dessa forma, as transformações nas paisagens e as atividades cotidianas são realizadas por indivíduos e pela sociedade. O termo sociedade refere-se a grupos de indivíduos (grupos sociais) que mantêm diversos tipos de relações entre si.
O primeiro grupo social do qual participamos é a família; depois, passamos a integrar o grupo dos amigos, dos vizinhos, da escola, de lazer, da comunidade religiosa. Outros grupos sociais são, por exemplo, o profissional (empresa) e o
político (organização política).

Grupo social e regras

Cada grupo social atua e estabelece as relações entre seus membros, em boa parte, de acordo com um conjunto de regras ou normas. Essas regras ou normas, de certo modo, regulam a maneira de agir das pessoas. Elas podem ser combinadas pelos membros dos próprios grupos, como é o caso da família, dos amigos ou dos vizinhos, e variam conforme a opinião e o modo de pensar dessas pessoas.
As normas e as regras podem ser transmitidas oralmente, como nos grupos da família, dos amigos e das sociedades indígenas, e também podem ser escritas, como ocorre nos grupos da escola, da empresa, da comunidade religiosa, do partido político e da sociedade brasileira. Neste último caso, todas as pessoas que vivem no Brasil devem respeitar um conjunto de normas ou regras, que são as leis.
Determinadas regras, com caráter de lei, influenciam a formação de valores. Houve uma época no Brasil em que as escolas eram destinadas somente aos meninos, pois às meninas eram reservados apenas os preparos e aprendizados das funções de mãe e cuidadora do lar. Isso fazia com que muitas pessoas pensassem que as mulheres não precisavam
ir para a escola. Hoje, porém, esse pensamento mudou e a lei garante a todas as crianças e a todos os jovens — meninos e meninas — o direito de frequentar a escola.

Sociedade e cultura

As normas e regras — escritas ou não — e os valores ou princípios fazem parte da cultura de uma sociedade.
A cultura também se refere a costumes, tradições, crenças, formas de comunicação, artes, técnica, culinária, entre outras características. As formas de produzir e consumir mercadorias, de transmitir conhecimento, de se divertir e de se relacionar com a natureza, por exemplo, também são aspectos culturais de uma sociedade.
Atualmente, os meios de comunicação, como jornais, revistas, rádio, televisão e internet, têm um papel importante na manutenção e na formação de valores, costumes e hábitos da sociedade. Muitas vezes, eles acabam influenciando diretamente o comportamento das pessoas.

O que é espaço geográfico

O espaço geográfico é fruto das modificações realizadas pelos seres humanos ao longo da história. É o objeto de estudo da Geografia. O espaço geográfico compreende paisagens e lugares diferentes.
A Geografia estuda como os seres humanos se relacionam entre si e com o meio em que vivem. Você já viu que as paisagens são um “retrato” do espaço e que, por meio da observação das paisagens, podemos ver e perceber os elementos presentes no espaço em determinado momento. Assim, uma das maneiras de perceber as relações entre as pessoas e entre elas e os lugares que habitam é por meio da observação das paisagens.
O espaço geográfico engloba, portanto, os elementos e os aspectos existentes na paisagem e as diferentes ações que as pessoas produzem nela. Essas ações, que envolvem as relações econômicas, sociais e políticas, são as diversas atividades que a sociedade realiza. O espaço é, desse modo, bastante dinâmico.
A dinâmica das relações entre as pessoas de uma sociedade, as atividades que realizam, a desigualdade de suas condições de vida, suas moradias e a paisagem são características do espaço geográfico. O objetivo principal da Geografia, portanto, é analisar o espaço geográfico e as suas contradições, os processos e as relações que nele ocorrem, compreendendo como a sociedade organiza o espaço e nele vive.

As transformações do espaço geográfico

A evolução dos meios de comunicação e de transporte, principalmente a partir do século XX, vem mudando a maneira como as pessoas se relacionam entre si e com o espaço geográfico. O fluxo de informações e as possibilidades de deslocamento no espaço tornaram-se muito mais rápidos, e a sensação que temos hoje é a de que o mundo está menor.
Os meios de comunicação No momento que passou a viver em sociedade, o ser humano começou a se comunicar, registrar quantidades, expressar sentimentos, alertar sobre perigos.
As primeiras representações foram pictóricas (figura 17), ou seja, por meio de imagens (40000 a.C. a 10000 a.C.). As chamadas pinturas rupestres eram feitas em cavernas ou pedras. As pinturas foram se tornando, com o passar do tempo, símbolos que representavam conceitos abstratos e deles surgiram os códigos da língua escrita, por volta de 4000 a.C.
A partir de então, a escrita e a comunicação se transformaram grandemente, de acordo com as necessidades de cada sociedade. Assim, surgiu o jornal em Roma, em 59 a.C.; o telégrafo nos Estados Unidos, no século XVIII; o rádio e a televisão também nos Estados Unidos, no século XIX, entre outras invenções.
A mais significativa evolução nos meios de comunicação, porém, ocorreu com a informática, os computadores e o advento da internet, no século XX.
A informática é a ciência que trata do processamento de informações pelo computador. Ela está presente na maioria das empresas e em muitas situações da nossa vida, mesmo que não façamos uso dos recursos de um microcomputador pessoal. A simples utilização de um serviço bancário ao pagarmos uma conta ou uma compra em um supermercado ao passarmos pelo caixa é um exemplo de atividade rotineira em que a informática é empregada.
Hoje, a internet é uma rede que interliga computadores do mundo inteiro por meio de satélites artificiais de comunicação, redes de cabos de fibra óptica, linhas telefônicas (fixa e móvel – celulares e smartphones) e provedores de acesso.
internet permite que pessoas realizem inúmeras atividades, como:
• leitura ou pesquisa em diversos sites;
• envio de mensagens pelo correio eletrônico (e-mail);
• pagamento de contas e realização de diversos serviços bancários;
• transmissão de arquivos com textos, imagens, sons e filmes;
• exposição de diários (blog), fotografias e vídeos pessoais;
• realização de compras;
• conversas virtuais on-line.

Os meios de transporte

Assim como os meios de comunicação, os meios de transporte também foram se aperfeiçoando à medida que aumentava a necessidade humana de se locomover e de deslocar objetos de maneira cada vez mais rápida.
O desenvolvimento dos meios de transportes ocorreu principalmente a partir do século XIX, com o advento da ferrovia e da utilização da energia a vapor. O automóvel movido a gasolina surgiu no final do século XIX, e o avião, no início do século XX.
Para se ter uma ideia do “encurtamento” das distâncias proporcionado pela evolução dos meios de transporte, quando a Família Real deixou Portugal e navegou em direção ao Brasil, no dia 29 de novembro de 1807, levou 54 dias para concluir a viagem, chegando aqui no dia 22 de janeiro de 1808. Hoje essa mesma viagem pode ser feita de avião e demora algumas horas.

Espaço geográfico e expansão das cidades

Uma ação muito significativa no processo de produção e organização do espaço geográfico de muitos municípios brasileiros é a expansão da cidade, com a criação de loteamentos. Lotear significa dividir um terreno em partes menores. Os loteamentos residenciais são feitos para construção de casas ou prédios de apartamentos (residências). Além destes, há também loteamentos para a construção de indústrias e para a formação de lojas de diversos tipos (comercial).


As paisagens e o espaço geográfico

 O que é paisagem

Para a Geografia, paisagem é tudo aquilo que a nossa visão alcança em determinado momento. Os sentidos humanos (olfato, paladar, visão, tato e audição) nos ajudam a perceber a paisagem e seus elementos. Todos os trechos da superfície terrestre, habitados ou não, modificados ou não pela ação humana, constituem paisagens.
Há paisagens que têm o predomínio de elementos produzidos pela própria natureza. São aqueles que não resultaram do trabalho humano, como uma montanha, uma floresta ou um rio, por exemplo. São conhecidas como paisagens naturais. As paisagens culturais são aquelas onde há elementos produzidos pela sociedade, como escolas, edifícios, ruas, estradas e mesmo uma área agrícola.

Tipos de paisagem

As paisagens podem ser classificadas como paisagens naturais e paisagens artificiais (ou culturais). Paisagens naturais são aquelas que apresentam somente elementos naturais, isto é, que ainda não foram alterados pela ação humana. O ser humano pode alterar as paisagens naturais com ações diretas, como quando desmata para construir algo, e com ações indiretas, por exemplo, por meio da emissão de gases poluentes que atingem áreas ainda não exploradas, modificando-as. Cada vez mais as paisagens naturais vêm sendo alteradas pelos seres humanos e, por isso, estão se tornando raras. As paisagens artificiais ou culturais são aquelas modificadas pelo ser humano.
As paisagens são compostas de diversos elementos, sendo eles:
• elementos naturais: rios, árvores, flores, formas do relevo, entre outros;
• elementos artificiais ou culturais: pontes, prédios, ruas, muros, parques urbanos, praças, entre outros.
Até agora você observou paisagens em que predominam elementos naturais e outras em que predominam elementos construídos pelos seres humanos, ou seja, artificiais.
Os elementos observados e percebidos, por exemplo, no caminho entre a sua moradia e a escola fazem parte da paisagem. Nela, você pode ver construções, pessoas, veículos, plantas e rochas, sentir cheiros e ouvir sons.
A ausência de alguns dos cinco sentidos não impede as pessoas de perceberem a paisagem e as transformações que nela ocorrem. Pessoas com deficiência visual, por exemplo, por meio de outros órgãos dos sentidos ou de instrumentos, como uma bengala, conseguem desviar de obstáculos, como degraus, placas, muros e postes. Elas também podem distinguir áreas de vegetação de espaços urbanos por meio do olfato, do tato e da audição, identificando a movimentação ao redor e ouvindo o som dos automóveis, dos pedestres, das aves, da água e dos demais elementos presentes na paisagem. As pessoas com deficiência conseguem perceber a paisagem e podem intervir na sua transformação.

A observação da paisagem

A paisagem é a porção do espaço que podemos ver e perceber em determinado momento. A Terra é formada por um conjunto de paisagens diferentes entre si. Essas diferenças são o resultado da grande diversidade de elementos que compõem o planeta e da maneira como eles foram alterados pela ação dos seres humanos e da própria natureza. Ou seja, as paisagens podem “registrar” as transformações ocorridas no ambiente.
Dessa forma, como você constatou na abertura desta unidade, a observação da paisagem pode sugerir alguns questionamentos:
• Por que existem montanhas e outras formas de relevo?
• Por que existem tantas torres metálicas com antenas em diversos locais da cidade e ao longo de rodovias?
• Como áreas de florestas são derrubadas rapidamente e ocupadas por pastagens e plantações?
• Por que há diversos tipos de construções nas cidades?
• Por que há favelas ao lado de prédios luxuosos?
As respostas a essas questões podem ser oferecidas pela Geografia, que estuda, entre outros temas, os processos responsáveis pela formação e pela transformação das paisagens.

Técnica e paisagem

O conjunto de conhecimentos e habilidades que permitem ao ser humano, entre outras ações, modificar a natureza e alterar paisagens naturais e artificiais ou culturais chama-se técnica. A partir do trabalho humano, que as utiliza constantemente, as técnicas são inovadas e reinventadas, ao que se denomina tecnologia.
Esta é aplicada no desenvolvimento dos mais diversos produtos. Por meio da produção de utensílios e instrumentos para praticar a agricultura e armazenar os alimentos, da confecção de vestuários e da construção de abrigos para se proteger da chuva e das variações de temperatura, os seres humanos desenvolveram maneiras de satisfazerem suas necessidades de sobrevivência, sendo capazes de habitar diferentes áreas da superfície terrestre.
O avanço das técnicas e das tecnologias tornou possíveis, ao longo da história da humanidade, diversas transformações no modo de produzir (tanto na agropecuária, como na indústria –, na circulação de mercadorias e pessoas e nas paisagens. Exemplo disso é a utilização de diferentes fontes de energia pelas sociedades que habitaram e habitam o planeta, o que ocasionou modificações no espaço terrestre.
Com o avanço tecnológico, os seres humanos passaram a produzir de modo muito mais rápido e em quantidades maiores e, com isso, a utilização de áreas para plantio e a retirada de matéria-prima da natureza tornaram-se mais intensas. Podemos entender matéria-prima como um dos elementos essenciais na fabricação de um produto. Por exemplo: a matéria-prima do lápis é a madeira, e a do chocolate é o cacau.
Com a retirada excessiva da matéria-prima da natureza, a mudança nas técnicas utilizadas na agropecuária e a ampliação das áreas de plantio e pastagens, muitos problemas ambientais foram surgindo, como o empobrecimento e o esgotamento do solo, o desmatamento, a poluição do ar e das águas, entre outros.

A paisagem geográfica

Como foi visto, atualmente são poucas as áreas da superfície terrestre onde os elementos naturais ainda não foram explorados e modificados pelas pessoas.
Mesmo locais de mais difícil acesso, como desertos, cadeias montanhosas, florestas ou regiões polares, embora conservem suas características originais, já foram investigadas ou percorridas pelos seres humanos. Isso permite afirmar que existem poucas áreas intocadas na superfície da Terra.
Essas áreas modificadas pela ação humana formam a paisagem geográfica, também chamada de paisagem artificial ou cultural. O espaço geográfico é constituído pelas paisagens — o que vemos e percebemos no espaço em determinado momento —, pelas alterações resultantes da ação humana que nelas são feitas e pelo modo como as pessoas se relacionam.
Os seres humanos modificam e organizam o espaço geográfico de acordo com as suas necessidades.
Atualmente, a maior parte da humanidade vive em cidades. Nelas, quase todos os elementos são culturais. Até mesmo os parques e as praças públicas, onde há elementos naturais, são criações humanas. As casas, os edifícios, as ruas, os postes que sustentam os fios condutores de energia e as tubulações que transportam o esgoto e a água foram construídos pelos seres humanos.
Por causa dos inúmeros tipos de construções e das diversas atividades econômicas, a paisagem das cidades é bastante complexa. Nos espaços rurais também há muitos trechos de paisagem cultural. Os campos de cultivo e de pastagem, por exemplo, foram criados pelo ser humano. Eles fazem parte de uma natureza modificada.

O que é espaço geográfico?

Você viu que o ser humano modifica a superfície terrestre. É um processo que surgiu com grupos sociais que viveram no planeta muito tempo atrás e permanece nos dias atuais. Com o passar do tempo, as técnicas e as necessidades das novas sociedades foram se tornando mais complexas, o que aumentou a transformação da superfície terrestre. Por outro lado, ainda há sociedades que alteraram muito pouco os lugares onde vivem.
O espaço geográfico é o resultado das transformações na natureza promovidas pelo trabalho das sociedades ao longo do tempo. Por isso, ele mostra tempos do passado e do presente. No espaço geográfico estão a paisagem, que é observada e percebida, e todas as ações produzidas pelas sociedades, como as construções e atividades políticas e econômicas, por exemplo. O espaço geográfico é dinâmico.
Um exemplo de espaço geográfico são as áreas com cultivos agrícolas. Elas também são resultado do trabalho humano. No passado, havia vegetação nativa, que foi retirada para a introdução de uma plantação. Ou seja, uma área agrícola também é espaço geográfico, pois é resultado do trabalho humano, que substituiu a vegetação original por cultivos.

Sociedade, lugar e espaço geográfico

A sociedade atual usa meios que permitem manter relações com outros lugares próximos ou distantes. Esses lugares influenciam e também são influenciados.
Isso ocorre pelo desenvolvimento da tecnologia e dos meios de comunicação e transporte, que permite a troca de informações e deslocamentos de modo mais intenso. Atualmente, é possível manter relações com lugares distantes ou próximos que não conhecemos por meio da internet e da televisão, por exemplo, e, muitas vezes, de forma instantânea.
Mas para isso foi preciso lançar objetos ao redor do planeta Terra e passar cabos pelos oceanos. No espaço, os satélites artificiais, equipamentos tecnológicos construídos pelo ser humano, têm como função facilitar a comunicação e também captar imagens da superfície terrestre, que podem servir para o monitoramento do desmatamento, por exemplo.
Os cabos interoceânicos possibilitam a integração dos computadores pelo mundo. Sem eles não teríamos a internet articulando lugares tão distantes e permitindo uma maior integração social.

Produção de energia no Brasil

Movimentar máquinas, cargas e pessoas por longas distâncias demanda muita energia. No Brasil, usam-se combustíveis derivados de fontes não r...