quarta-feira, 31 de julho de 2024

O comércio e os serviços ao longo da história

Tanto o comércio quanto os serviços são fundamentais para que os produtos agrícolas e industriais cheguem às pessoas que os consomem. Tudo que é produzido na agricultura, na pecuária e nas indústrias circula nas atividades de comércio e serviços. O comércio envolve a compra e a venda dos mais variados tipos de mercadorias, como alimentos, roupas, eletrodomésticos, etc., produzidos pelas atividades agropecuárias e industriais, ou que foram extraídos diretamente da natureza, como os minérios. Já os serviços englobam atividades relacionadas a transportes, comunicação, informática, educação, saúde, turismo, engenharia e muitas outras que usamos em nosso dia a dia. Nesse caso, em vez de pagar por uma mercadoria, as pessoas pagam pelos serviços que são prestados. Ao longo da história, os serviços tiveram diversificação e crescimento mais lento que o comércio. O crescimento e a diversificação dos serviços e do comércio acompanharam, principalmente, o processo de urbanização, porque é nas cidades que essas atividades estão mais concentradas. Atualmente esses dois ramos de atividades estão estruturados de forma muito diversificada pelos países e regiões.

Além disso, o comércio e os serviços são os maiores geradores de emprego e renda na economia mundial. Observe, no gráfico a seguir, o exemplo brasileiro. É importante perceber, no entanto, que as atividades agrícolas, industriais e de comércio e serviços estão integradas. As atividades agrícolas promovem crescimento nos setores industrial, comercial e de serviços porque compram e utilizam muitas máquinas, equipamentos de irrigação, sementes selecionadas, etc. Dispõem ainda de ampla variedade de serviços, como transportes, comunicações e contabilidade.

O comércio pode ser feito no atacado e no varejo. Em geral, grandes lojas e supermercados, por exemplo, compram de indústrias e de produtores agrícolas no atacado, isto é, em grandes ou médias quantidades, e vendem para os consumidores finais em menor quantidade, no varejo. Os serviços também envolvem atividades de diversas escalas. Por exemplo, no setor de transportes, existe tanto o motociclista que faz entrega de documentos de uma empresa a outra dentro de uma cidade, como carros e caminhões que levam produtos aos consumidores localizados no interior de um município ou grandes navios que transportam contêineres entre os continentes, viajando milhares de quilômetros. A infraestrutura voltada para o comércio e os serviços é mais densa onde há maior concentração de consumidores. Nesses lugares, essas atividades são mais diversificadas e sofisticadas, o que explica a concentração de shopping centers, hospitais e faculdades, entre outros, em determinadas áreas das cidades.

Para facilitar o fluxo de mercadorias e informações, o desenvolvimento do comércio exige a implantação de várias obras de infraestrutura de transportes – avenidas, rodovias, ferrovias, portos, armazéns, etc. – e de telecomunicações, ou seja, a implantação de várias atividades ligadas ao setor de serviços. Por isso, o comércio e os serviços foram, ao longo da história, grandes impulsionadores das transformações do espaço geográfico em escala local, regional, nacional e mundial.

Do comércio local ao mundial

O comércio é uma atividade muito antiga na história da humanidade, que se expandiu com o desenvolvimento da agricultura e o surgimento das primeiras cidades. O aperfeiçoamento das técnicas de cultivo de alimentos e de criação de animais permitiu a produção de excedentes, o que tornava possível alimentar um número maior de pessoas. Permitiu também a permanência de grupos humanos em um mesmo local, pois não era mais necessário sair em busca do que comer. Assim, como nem todos precisavam mais se preocupar com a produção de alimentos, as pessoas passaram a diversificar os tipos de atividades desenvolvidas, dedicando-se à manufatura, ao comércio e aos serviços de administração pública, entre outras atividades urbanas. Nas primeiras sociedades sedentárias, era comum trocar um produto por outro ou por um serviço. Quem cultivava trigo, por exemplo, podia trocá-lo por leite ou pelo conserto de uma ferramenta. Com o crescimento das cidades e a diversificação do comércio e dos serviços, o dinheiro foi criado para intermediar as trocas.

Ao longo do tempo, as atividades comerciais foram se dando também entre diferentes lugares. Desde a Antiguidade, existiam muitas rotas comerciais envolvendo grandes percursos por Europa, África e Ásia, apesar da precariedade dos transportes.

Na época das primeiras cidades, a domesticação de animais colaborou bastante para a expansão do comércio ao permitir o transporte de maior volume de mercadorias. O boi, o cavalo, o camelo e outros animais passaram a ser usados como meios de transporte, o que permitiu o surgimento das primeiras caravanas de mercadores, que se deslocavam a grandes distâncias. Nesse período histórico, a expansão do comércio promoveu, paralelamente, a expansão de serviços de transportes e a construção de portos com suas diversas atividades de apoio. Por volta de 2 000 a.C., a navegação com barcos a vela deu grande impulso ao comércio, mas o grande avanço foi a invenção da moeda, cerca de 650 a.C., em Lídia, região que se localiza no atual território da Turquia. Nas décadas seguintes, ela espalhou-se rapidamente para o restante da Europa e da Ásia. Foi com as civilizações grega e romana que o comércio atingiu seu ápice durante a Antiguidade. No final desse período, o mar Mediterrâneo, que se transformou em um emaranhado de rotas comerciais controladas por Roma, transformou-se na mais importante região comercial do mundo.

Entre os séculos V e XV, o comércio perdeu importância e capacidade de expansão na Europa, e se realizava predominantemente em escala local, em feiras. Nelas, os camponeses comercializavam o pouco que sobrava depois de retirados os produtos que alimentavam a família e os que tinham que ser entregues como pagamento ao dono das terras onde trabalhavam.

Entretanto, nesse mesmo período, desenvolviam-se na África e na Ásia importantes rotas de comércio, através de inúmeras caravanas. Na África, elas atravessavam o deserto do Saara para realizar comércio de mercadorias entre os povos do norte do continente, banhado pelo Mediterrâneo, e os do sul do deserto. Cereais, ouro, marfim, sal e especiarias (cravo, canela, pimenta e outros) eram transportados aos portos do Mediterrâneo, organizando importantes rotas comerciais. Além desses produtos, pessoas escravizadas também eram transportadas e comercializadas.

A partir do século XV, as cidades europeias voltaram a ter importância como centros de poder, e as rotas comerciais foram se ampliando gradativamente, envolvendo também o aumento do volume de comércio com a África e vastas extensões da Ásia. Entretanto, a grande expansão do comércio e dos serviços em escala mundial ocorreu a partir do final do século XV, quando vários países europeus, entre os quais se destacavam Portugal e Espanha, passaram a realizar diversas expedições – as chamadas Grandes Navegações – e criaram novas rotas de comércio que atingiram todos os continentes, o que deu origem ao período conhecido como capitalismo comercial.

Essa expansão do comércio propiciou um grande acúmulo de riquezas em ouro e prata – as moedas da época – nas mãos dos comerciantes europeus. Finalmente, no século XX, com o grande avanço nas técnicas de produção agrícola e industrial e nos transportes, o comércio e os serviços se expandiram em escala mundial envolvendo maior quantidade e variedade de produtos, atividades e países.




A produção agrícola

A maior parte dos alimentos que consumimos e das matérias-primas de que necessitamos para produzir os mais variados tipos de produtos é obtida por meio da agricultura e da pecuária. Essas atividades são desenvolvidas de modos muito diferentes nas mais diversas regiões do planeta. 
Existem propriedades rurais pequenas, médias e grandes, que estão localizadas perto ou longe das cidades. Algumas delas empregam muitos trabalhadores, outras, poucos. Além disso, há diferença quanto à utilização de máquinas. Em alguns casos, por exemplo, as máquinas chegam a realizar quase todo o trabalho. Também há diferenças relacionadas às técnicas: algumas propriedades usam técnicas modernas, outras mantêm técnicas tradicionais, e há ainda aquelas que misturam ambas. As propriedades rurais podem dedicar-se ao cultivo de um ou mais produtos, à criação de animais ou às duas atividades ao mesmo tempo.
Todas essas características imprimem marcas diferentes em cada lugar. Portanto, o nível de desenvolvimento tecnológico, as condições socioeconômicas, os hábitos alimentares e os aspectos ambientais de cada lugar, entre outros fatores, influenciam a configuração das atividades agropecuárias no espaço geográfico. 

Evolução da agricultura 

O desenvolvimento da agricultura ocorreu de forma lenta ao longo da história. Uma das primeiras técnicas utilizadas nessa atividade foi o fogo. Os povos nativos que viviam no território que hoje faz parte dos Estados Unidos utilizavam o fogo para controlar o crescimento de algumas espécies vegetais. Novas ferramentas passaram a incorporar o trabalho no campo, sendo produzidas, a princípio, com ossos de animais e, posteriormente, evoluindo para o uso de pedras, bronze e ferro. A irrigação também trouxe grande salto para a expansão das terras agrícolas. Por volta de 5500 a.C., povos da Mesopotâmia passaram a canalizar água de rios para as áreas agrícolas. 
Os romanos também contribuíram com a agricultura, promovendo, sobretudo, uma evolução no sistema de irrigação baseado em aquedutos. Essas construções permitiam transportar água por dezenas de quilômetros em estruturas sobre o solo ou por canais subterrâneos. Além de favorecerem a agricultura, os aquedutos serviam de mecanismo de abastecimento de água para as cidades romanas
O início do desenvolvimento da agricultura e da pecuária O desenvolvimento da agricultura e da pecuária teve início há cerca de 10 mil anos. Até então, os grupos humanos não conheciam as técnicas de cultivo nem sabiam domesticar os animais, e viviam da caça e da coleta. Quando havia um inverno rigoroso ou períodos de seca muito prolongados, as pessoas se deslocavam para regiões onde as condições naturais fossem melhores para a obtenção de alimentos. Esses povos, portanto, não tinham habitação fixa, ou seja, eram nômades.
É provável que, com o passar do tempo, os seres humanos tenham observado que novas plantas cresciam onde caíam os frutos das árvores ou onde eram jogados os caroços das frutas e, a partir dessa observação, tenham começado a enterrar as sementes. Aos poucos, alguns grupos passaram a domesticar animais e a aumentar, em uma mesma área, a concentração de plantas que forneciam alimentos, começando, assim, a desenvolver a agricultura e a pecuária. Quando as condições naturais eram favoráveis, a produção de alimentos gerava um excedente que podia ser armazenado. Com isso, esses povos passaram a ter a possibilidade de se fixar permanentemente em um mesmo lugar, tornando-se sedentários. O desenvolvimento da agricultura, da pecuária e o aumento na produção de alimentos também permitiram a divisão de algumas tarefas: alguns plantavam, outros produziam ferramentas, roupas e utensílios; alguns eram comerciantes, outros eram sacerdotes, dirigentes, etc. Isso fez surgir os primeiros núcleos urbanos. Ao longo da história, os agricultores procuraram desenvolver novas técnicas para obter aumento de produção e, além disso, para que o cultivo não dependesse tanto das condições naturais. Foi assim que surgiram a utilização de animais para arar o solo (observe a imagem abaixo), a construção de canais de irrigação e inventos como arados, enxadas, carroças e moinhos, desenvolvidos lentamente no decorrer de séculos, até chegar às modernas máquinas utilizadas hoje em dia.

Tipos de agricultura 

Desde o início do desenvolvimento da agricultura, diferentes modos de produção foram implementados. Considerando o tamanho da propriedade, o volume, o destino da produção e a mão de obra e técnicas utilizadas, pode-se dividir as praticas agrícolas em dois grandes grupos: agricultura de subsistência e agricultura comercial

Agricultura de subsistência 

Nesse tipo de agricultura, o produtor utiliza pequena extensão de terra para produzir alimentos, com o objetivo principal de sustento da própria família; os excedentes da produção são destinados para comercialização. É baseado na policultura (diversidade de culturas em uma mesma área) e na utilização de ferramentas manuais, com a presença de máquinas, eventualmente. 

Agricultura comercial 

Nesse tipo de agricultura, que visa a comercialização da produção, são utilizados equipamentos e técnicas que buscam produzir grandes quantidades de alimentos, como maquinários modernos, fertilizantes químicos e pesticidas. A agricultura comercial é marcante nas grandes propriedades de terra e com plantio de uma única cultura (monocultura). Essa prática geralmente permite que o preço dos gêneros agrícolas fique mais barato, mas, como utiliza uma grande quantidade de máquinas em praticamente todas as etapas de produção, o preço final pode sofrer oscilações devido ao valor dos combustíveis. Na agricultura comercial, a tendência é a produção de gêneros agrícolas para a venda no mercado internacional, sobretudo nas grandes propriedades. A produção nesse tipo de agricultura é também destinada às indústrias de processamento. Toda a cadeia produtiva, passando pela produção dos gêneros agrícolas no espaço rural, pelos serviços e técnicas aplicadas, pelos equipamentos tecnológicos utilizados e pelo sistema de venda em escala mundial, é chamada de agronegócio.

Sistemas agrícolas 

É possível identificar diferentes formas de uso da terra para a agricultura. Os conhecimentos adquiridos e acumulados desde o início da prática agrícola até os dias de hoje foram transformados em métodos típicos em cada localidade, sendo denominados sistemas agrícolas. Essa variedade de técnicas de plantio depende de elementos como características naturais locais, acesso à tecnologia e capital, técnicas adotadas e também tradições regionais. É comum que, em diversos países em desenvolvimento que não se industrializaram, os sistemas agrícolas tenham maior força humana de trabalho – agricultores envolvidos nas etapas de produção agrícola. Muitas vezes, são sistemas produtivos herdados do período colonial, caracterizados por latifúndios monocultores com a produção destinada à exportação. Em determinadas áreas do campo, podem ser encontrados trabalhadores que realizam o plantio de forma itinerante, ou seja, mudam de local sempre que percebem redução na produtividade. O sistema de agricultura itinerante ou de roça, como costuma ser chamado, consiste no corte de parte da vegetação, deixando-a sobre o solo até que o material seque com o calor do Sol. Em seguida, ateia-se fogo para eliminar troncos e galhos. Nessa técnica, o agricultor é obrigado a trocar de local sempre que a produtividade agrícola for reduzida. Nos países industrializados, é marcante a presença da agricultura mecanizada. Essa agricultura é realizada por um pequeno número de profissionais, que têm conhecimentos e habilidades para o manuseio de equipamentos e maquinários de alta tecnologia. 

Natureza e agricultura 

As formas de relevo, o tipo de clima e de solo e a proximidade ou não dos rios são fatores naturais que estão relacionados ao surgimento de espécies de plantas e animais em todo o planeta. E como cada espécie é adaptada a seu ambiente natural, exige diferentes técnicas de cultivo e criação. A partir do século XV, com as Grandes Navegações, intensificou-se a troca de espécies animais e vegetais entre as mais diversas regiões e ecossistemas do planeta. Nessa época, a importação de plantas de ambientes diferentes só acontecia quando as condições de solo, clima e relevo eram parecidas com as do lugar de origem, para possibilitar a adaptação.
No Brasil, desde o início do período colonial, foram introduzidas diversas espécies de animais e vegetais que até então não existiam nesta parte do planeta. Por isso, mesmo alimentos que são muito comuns no Brasil não são originários daqui, como os alimentos da refeição descrita acima. Além deles, alho, louro, hortelã, alface, manga, coco, cana-de-açúcar, galinhas, porcos, vacas e cabras são exemplos de vegetais e animais utilizados como alimento em nosso país, mas que foram trazidos de outras terras e se adaptaram bem às condições naturais do Brasil.
Outra imposição da natureza sobre a agricultura era a necessidade de plantar e colher em determinadas épocas. Embora existam plantas que dependem de uma quantidade menor de água que outras, se não houver irrigação, não adianta preparar o solo e semear um produto na estação seca, porque as sementes precisam de água para germinar. Com o passar do tempo, no entanto, foram desenvolvidos meios de adaptar as plantas a climas diferentes daqueles onde se originaram. Aos poucos, os seres humanos têm desenvolvido tecnologias para tratar o solo, utilizado sistemas de irrigação e modificado sementes em laboratório com o objetivo de produzir vegetais mais adaptados a certas condições do ambiente. É por isso que a oferta e os preços das frutas em feiras e supermercados mudam ao longo do ano. A “fruta da época” é sempre a mais abundante e a mais barata, porque não pode ser armazenada por longos períodos e porque, em geral, exige menos tecnologia em sua produção. Já os cereais podem ser estocados, e sua oferta costuma ser constante o ano inteiro.
Embora hoje exista a tecnologia necessária para driblar as limitações que a natureza impõe ao cultivo de alimentos e à criação de animais, será que todos têm acesso igual a esses recursos? O fato de a tecnologia existir não significa que ela esteja disponível para todos. O desenvolvimento e a aplicação de técnicas avançadas requerem altos investimentos em pesquisa e equipamentos. E para tornar essas técnicas mais acessíveis à população são necessários empréstimos e financiamentos para pesquisar e comprar materiais, além de redução do preço de equipamentos e estímulo à troca de informações entre os países e entre as regiões de um país.

A mecanização agrícola 

A mecanização da agricultura iniciou-se nos Estados Unidos, entre o fim do século XIX, com pesadas máquinas a vapor, e as primeiras décadas do século XX, com os tratores equipados com motores que utilizavam gasolina ou óleo diesel. Essas máquinas foram desenvolvidas para realizar alguns dos trabalhos que eram executados por animais e pelos agricultores. A utilização de máquinas foi um importante fator de desenvolvimento da agropecuária: permitiu que a preparação do solo, o plantio e a colheita fossem realizados em áreas cada vez maiores, utilizando cada vez menos mão de obra. Desse modo, a mecanização da agricultura propiciou um grande aumento da produtividade e da produção. Aos poucos, a s máquinas usadas no campo foram aperfeiçoadas e passaram a ser usadas em diferentes países e regiões do planeta. Isso ocorreu de forma diferenciada nos vários lugares e gerou diferentes consequências, de acordo com a situação de cada um deles.
Em países e regiões onde setores da economia como indústrias, comércio e serviços recebiam investimentos – portanto, estavam em crescimento – os empregos nas áreas urbanas aumentaram, e muitos trabalhadores dos setores agrícolas passaram a viver nas cidades. Na América do Norte, por exemplo, a mecanização supriu a falta de trabalhadores na agricultura. No Brasil, uma das principais consequências da mecanização foi a diminuição dos postos de trabalho nas áreas rurais. O desemprego no campo obrigou muitas pessoas a migrar para as cidades. No entanto, a maioria dos trabalhadores agrícolas que se dirigiam às cidades não encontrava emprego. Eles tentavam sobreviver com um subemprego e, em geral, suas condições de moradia eram precárias. Esse movimento de migração do campo para a cidade intensificou-se no Brasil principalmente entre 1970 e 1990, quando alguns produtores rurais passaram a utilizar também sistemas de irrigação e seleção de sementes, entre outras técnicas modernas de produção.
Além disso, nessa mesma época, aumentou a concentração de terras, ou seja, as grandes propriedades ficaram ainda maiores e muitos pequenos agricultores perderam suas propriedades. Alguns deles mudaram-se para lugares mais distantes na própria zona rural, mas a maioria foi para as cidades. Essa intensa migração do campo para as cidades, ocorrida num intervalo de tempo pequeno, chama-se êxodo rural. Observe, na tabela ao lado, o crescimento da população urbana entre 1970 e 2017. O crescente uso de máquinas na agricultura, no entanto, não levou à extinção das técnicas de cultivo tradicionais. Muitos agricultores preferem manter seus métodos de cultivo, entre outros motivos, porque eles permitem usar adubos e insumos de modo reduzido. Além disso, alguns grupos também preservam suas técnicas de cultivo como forma de manter sua cultura e suas tradições.
Nas regiões agrícolas onde as técnicas tradicionais ainda são utilizadas, é necessário empregar uma grande quantidade de trabalhadores. A principal consequência dessa situação é uma produção em pequena quantidade, com produtividade muito inferior à das regiões agrícolas que utilizam técnicas modernas. No caso de regiões onde há mais terras disponíveis para a agricultura, é possível aumentar a produção ampliando a área cultivada, o que gera mais empregos. Mas se não há muitas terras disponíveis e é preciso aumentar a produção, a única saída é aumentar a produtividade por área cultivada, com a modernização, ou seja, a utilização de tratores, de sistemas de irrigação e de sementes selecionadas, o combate a pragas e a adubação.
Essa mudança diminui o número de empregos ligados à produção agrícola, mas gera outros em indústrias e empresas de prestação de serviços, que exigem maior qualificação dos trabalhadores.

 A AGRICULTURA  E O AMBIENTE 

A mudança dos seres humanos de uma situação nômade para sedentária foi possível por causa do desenvolvimento do cultivo agrícola e da domesticação de animais. Essas práticas iniciaram no período Neolítico e possibilitaram produzir os alimentos no mesmo lugar, mudando as atividades cotidianas e provocando uma grande transformação cultural. Ao longo dos séculos, para que os seres humanos pudessem desenvolver e ampliar a produção agrícola, foi preciso desmatar áreas de vegetação nativa, que originalmente eram hábitats de diferentes espécies animais e vegetais. Assim, a sociedade organizou os espaços de distintas formas, tornando-se um dos principais agentes transformadores da natureza.

A PRODUÇÃO AGRÍCOLA E AS PAISAGENS 

Atualmente, com a grande demanda por matéria-prima decorrente do consumo e da produção industrial, extensas áreas agrícolas de monocultura – cultivo de uma única espécie vegetal – utilizam alta tecnologia de maquinários e de monitoração, além de outros insumos agrícolas e sementes modificadas geneticamente com o objetivo de aumentar a produtividade e elevar os lucros. No entanto, esse tipo de produção agrícola apresenta consequências socioambientais negativas, como redução de biodiversidade, empobrecimento do solo, contaminação dos cursos de água, diminuição da demanda de mão de obra e, consequentemente, aumento do desemprego, ampliação da concentração de terras nas mãos de poucas pessoas, entre outras. A policultura pode ser entendida como o cultivo de diversas espécies em uma área. Geralmente, ela é desenvolvida em pequenas propriedades e emprega mão de obra familiar, ou seja, os pequenos proprietários trabalham na produção, contando apenas com o trabalho da família, sem contratar pessoas. Para aumentar a produtividade, mantendo a fertilidade e evitando a perda do solo por processos erosivos, foram resgatadas algumas técnicas agrícolas tradicionais e outras foram desenvolvidas. O rodízio de cultivos agrícolas em uma mesma área, por exemplo, dificulta a disseminação de pragas, mantém a fertilidade do solo e, dessa forma, aumenta a produtividade. 
Um exemplo de técnica agrícola tradicional é a rotação de culturas. Essa técnica consiste em alternar sazonalmente espécies vegetais em uma mesma área agrícola, deixando o terreno ficar em pousio durante um período para recuperar os nutrientes. Esse sistema de rodízio é utilizado na Europa desde o período Neolítico, assim como na América, pelos povos indígenas, antes da chegada dos colonizadores europeus. Analise o esquema a seguir, que mostra um exemplo de rotação de três culturas em um período de quatro anos. 
Outra técnica tradicional que possui elevada produtividade é a de terraceamento. Essa técnica desenvolve o plantio em curva de nível, uma construção em estruturas que considera a altitude do relevo e contribui para a infiltração da água, evitando a erosão e o esgotamento dos solos.
A produção agrícola e o solo Com base na observação e na experimentação, os seres humanos perceberam que algumas áreas eram mais favoráveis a determinados plantios do que outras. Essas condições variam de acordo com o regime de chuva, a insolação e as características dos solos, por exemplo. Conhecer essas áreas permitiu aos seres humanos encontrar as características mais adequadas a cada plantio e, dessa forma, aumentar a produção de alimentos. Desde o século passado, as preocupações com os impactos da agricultura no ambiente aumentaram. Por isso, é preciso avaliar, antes da implementação de um cultivo, as fragilidades e os potenciais das características físicas naturais de cada local de cultivo. O solo é um dos recursos naturais mais importantes para a agricultura e passa por diferentes etapas: de solo jovem a solo maduro, em razão do desenvolvimento das linhas dos horizontes. Os horizontes são as camadas dos solos que resultam da interação das rochas tanto com os processos de intemperismo e sedimentação quanto com a presença de matéria orgânica.

A correção do solo para o plantio 

O solo pode ser um elemento potencializador da produção agrícola. Por isso, ao estudá-lo e classificá-lo, pode-se descobrir a capacidade de produção e sua fertilidade para um ou outro tipo de produto agrícola e, com isso, estabelecer a melhor maneira de utilizá-lo. Alguns locais não possuem solos adequados para o cultivo agrícola, sendo necessário adicionar produtos naturais ou químicos para corrigi-los. É o que ocorre, por exemplo, quando o solo é muito ácido – nessas situações, é comum a aplicação de calcário, que reduz a acidez do solo, aumentando a produtividade agrícola. 
A expansão da agropecuária, com o uso intensivo do solo, tem acarretado diversos problemas ambientais, como o desmatamento, a perda de diversidade, a erosão e a desertificação. O uso inadequado do solo pode inviabilizar novos cultivos e, também, impossibilitar a criação de animais, colocando em risco o desenvolvimento da agropecuária. O solo é um recurso de difícil recuperação e pode levar anos para que seja corrigido. Um exemplo de processo erosivo bastante agressivo, a voçoroca, provocado pela infiltração profunda de água em solos sem cobertura vegetal adequada, chegando a atingir lençóis freáticos.
A agricultura também pode contribuir para acelerar o processo erosivo, como na aração da terra, que fragmenta o solo e elimina sua resistência natural, e no uso de maquinário pesado, que compacta a camada superficial do solo, deixando-o exposto ao impacto das chuvas e provocando a perda de matéria orgânica. A compactação do solo faz com que as raízes fiquem restritas às camadas mais superficiais do terreno, prejudicando a absorção de nutrientes e de água. Outro problema é o aquecimento da parte superior do solo, o que também impede a absorção de água e de nutrientes pelas raízes. Já o processo de desertificação ocorre apenas em áreas de climas quentes e secos (nas regiões áridas e semiáridas). Esse processo de degradação dos solos é resultado da ação antrópica, que, por meio do desmatamento, causa impactos no regime das chuvas, intensifica os processos erosivos, altera a fertilidade do solo e pode promover a extinção de espécies da fauna e da flora da área afetada (podendo causar a perda total ou parcial do potencial biológico da terra).
Os efeitos da desertificação são muito graves e variados: a biodiversidade local da fauna e da flora são afetadas, há redução da produção de alimentos e das atividades econômicas locais, há maior vulnerabilidade para o surgimento de novas doenças e ocorre uma redução das reservas de água. No mundo, existem algumas áreas com risco de sofrer com o processo de desertificação, por causa da vulnerabilidade de diferentes origens. Identifique, no mapa a seguir, quais são essas áreas e o porquê da sua vulnerabilidade.

A AGRICULTURA SUSTENTÁVEL 

A atividade agrícola realizada sem planejamento adequado pode causar desequilíbrios ao ambiente. O excesso de agrotóxicos e o desmatamento, por exemplo, provocam poluição dos corpos de água, erosão do solo e migração forçada de espécies de animais. De maneira geral, uma alternativa para reduzir os impactos no solo e no ambiente é a agricultura orgânica, pois esse processo produtivo integra melhor a produção, as características do ambiente e as técnicas menos nocivas.

Setor terciário: comércio e serviços

O setor terciário da economia abrange muitas atividades. Elas podem ser divididas em dois subsetores: serviços de mercado (comércio, transportes, turismo, comunicação e imobiliário, entre outros) e serviços não mercantis (administração pública, coleta de lixo, assistência social, etc.). Alguns serviços podem ser classificados em ambos os subsetores, como nos campos da educação (escolas, faculdades, cursos e outros) e da assistência médica. O desenvolvimento da industrialização e o crescimento das cidades influenciam diretamente no avanço do setor terciário. No Brasil, esse processo foi intensificado a partir da década de 1970, quando a participação dos serviços na economia nacional era de 52,2%. Em 2020, segundo dados do IBGE, a participação foi de 72,8%, o que revela a grande relevância desse setor para a economia do país.

O comércio

Praticamente todos os produtos gerados por atividades agropecuárias, industriais e extrativas são comercializados. O comércio é a atividade de compra e venda de produtos, como alimentos, roupas e calçados. 
O comércio é uma atividade milenar, até mais antiga que a agropecuária, realizada por diferentes povos na história humana. Povos pré-históricos já trocavam bens e serviços uns com os outros, bem antes da invenção do papel-moeda. 
A atividade comercial evoluiu ao longo do tempo, podendo ocorrer em escala local (no bairro ou no município) ou até mesmo global (entre pessoas, governos e empresas de nações diferentes).
Essa atividade pode ocorrer tanto entre pessoas, empresas e governo de um país (comércio interno) como entre pessoas, empresas e governos de diferentes países (comércio exterior ou internacional).
A venda de produtos para outro país chama-se exportação. A compra de produtos de outro país chama-se importação. Todo produto feito para ser vendido, ou seja, que é comercializado, recebe o nome de mercadoria.
A atividade do comércio é classificada da maneira a seguir.
Comércio varejista: caracteriza-se pela venda de mercadorias diretamente aos consumidores finais. Esse tipo de comércio, de modo geral, está localizado próximo aos locais de maior circulação da população a fim de atender diretamente ao consumidor, como na área central das cidades e nas ruas de maior movimentação dos bairros. Pode ser encontrado também em estabelecimentos como shoppings centers e galerias comerciais, que costumam reunir grande número de frequentadores.
Comércio atacadista: caracteriza-se pela venda de mercadorias em grande quantidade realizada entre o fabricante e os estabelecimentos comerciais, como lojas ou supermercados. Há também grandes lojas de atacado que vendem aos consumidores finais.
A atividade de prestação de serviços consiste no trabalho realizado por alguma pessoa ou empresa. Os advogados, professores, mecânicos e médicos são exemplos de prestadores de serviços. As escolas, os hospitais, as academias de ginástica são exemplos de empresas que prestam serviços aos consumidores.
Quando as transações comerciais ocorrem com a venda de produtos ou bens para outro país, são chamadas de exportação. Quando é realizada a compra, dá-se o nome de importação. É importante para a economia nacional que a balança comercial – que é o saldo financeiro entre produtos e bens exportados e importados – seja positiva, isto é, que o valor das exportações supere o das importações. 

Comércio, transportes, comunicações: a integração dos lugares 
Comércio e prestação de serviços são atividades econômicas que integram o setor terciário. O conjunto de atividades que fazem parte do grupo de serviços é muito diversificado: financeiro (bancos), transporte, comunicações, lazer, turismo, educação (escolas, faculdades, cursos de línguas e outros), administração pública, correios, segurança, seguros, coleta de lixo, informática, propaganda e  marketing, advocacia, trabalho doméstico, saúde, oficina mecânica, entre outros. Essas são as atividades que atualmente empregam a maior quantidade de trabalhadores no Brasil e em muitos outros países.
Há muito tempo, o comércio, os transportes e as comunicações exercem um papel importante na integração entre os diversos lugares da Terra. Essas atividades permitiram que sociedades com modos de vida diferentes trocassem informações e experiências em relação a técnicas, crenças religiosas, história, alimentação, leis, maneiras de se relacionar com a natureza, etc. Essas trocas provocaram transformações nos modos de vida das diferentes sociedades e também possibilitaram o domínio de um povo sobre outro.

Os transportes

Um importante fator para o desenvolvimento de um país é uma rede de transportes eficiente. Cada vez mais, é necessária uma boa rede de transportes para as pessoas e os produtos se deslocarem. Os transportes são, portanto, essenciais ao comércio, uma vez que praticamente todas as mercadorias produzidas em escala industrial são comercializadas em abrangência nacional e até mesmo internacional e, portanto, precisam ser transportadas para os mais distantes locais do Brasil e do mundo.
A Primeira Revolução Industrial também influenciou diretamente o sistema de transportes em todo o mundo. Por meio da máquina a vapor e do uso do carvão, a locomotiva (inventada em 1804) e o sistema ferroviário (expandindo a partir de meados do século XIX em diversos países, inclusive no Brasil) transformaram o comércio internacional. Com menor tempo de percurso entre locais distantes e, consequentemente, redução de custos no comércio, sobretudo intercontinental (entre continentes), novas relações foram estabelecidas entre as nações.
Na Segunda Revolução Industrial – com a criação do motor a combustão, que utilizava combustíveis fósseis –, os transportes rodoviário e aéreo foram implementados, principalmente no século XX. Com a evolução dos transportes, as paisagens passaram por uma marcante mudança em menos de dois séculos. Ferrovias, rodovias, portos e aeroportos foram construídos com o objetivo de atender à demanda pelo deslocamento de passageiros e ao transporte de cargas.
As condições naturais tanto podem dificultar como favorecer a implantação de certos tipos de transporte. Um país que apresenta extensa rede hidrográfica, por exemplo, com vários rios navegáveis, terá condições de desenvolver o transporte hidroviário (fluvial). 
Em um país cujo relevo apresenta muitas serras e montanhas, torna-se mais difícil a implantação de rodovias e ferrovias, pois é necessário construir muitas obras de engenharia, como túneis, viadutos e pontes.
No entanto, mais que os fatores naturais, são as condições econômicas do país e suas fontes de energia disponíveis que vão influenciar a escolha dos sistemas de transporte.
Entre a invenção da locomotiva, em 1804, e a expansão do uso da internet, em 1990, experimentou-se um desenvolvimento extraordinário do comércio. A velocidade que marca o surgimento de novos produtos e os mecanismos cada vez mais ágeis para distribuí-los revolucionaram o consumo e vêm exigindo uma modernização radical dos meios de transporte. 
Além disso, para dar conta dessa velocidade e atender à exigência dos consumidores, é preciso estabelecer uma logística de distribuição adequada ao crescimento do número de mercadorias que rodam o mundo. Atualmente, a logística compreende um conjunto de recursos e operações que permitam o transporte de pessoas ou mercadorias com menor custo e no menor tempo.
Os sistemas de transporte dividem-se em continentais, marítimos e aéreos. Os continentais, por sua vez, subdividem-se em ferroviário, rodoviário e hidroviário:
• Transporte ferroviário: teve uma importância particular e específica, sobretudo até o início do século XX, quando não existiam os grandes caminhões nem os aviões que hoje transportam enormes quantidades de produtos e passageiros.
Durante muito tempo, o carvão mineral ou a lenha eram o combustível das locomotivas. Atualmente, os trens são movidos a óleo e a eletricidade, o que contribui para aumentar sua potência e velocidade. A França, a Alemanha e o Japão possuem os trens mais velozes do mundo.
Transporte rodoviário: com o desenvolvimento industrial e a intensificação da urbanização, as rodovias asfaltadas passaram a ter mais expressão no quadro dos transportes. Os países que precisavam expandir mais rapidamente seu sistema de transportes deram preferência às rodovias por serem de construção mais rápida, apesar do custo elevado com sua manutenção.
No Brasil, após a instalação e o desenvolvimento da indústria automobilística, na década de 1950, o transporte rodoviário passou a ser o principal sistema, como forma de estimular o consumo de automóveis que passaram a ser produzidos no país. Isso, no entanto, encarece o valor dos produtos, pois transportar cargas por meio de caminhões é muito mais caro do que por trens ou embarcações fluviais.
• Transporte marítimo: permite escoar, a grandes distâncias e por taxas de frete bastante acessíveis, enormes quantidades de produtos. Esse tipo de transporte vem crescendo cada vez mais desde os anos 1990, devido ao significativo desenvolvimento do comércio mundial, em razão do processo de globalização.
O oceano Atlântico, na sua porção norte, concentra o maior movimento comercial (cerca de 70%), constituindo a principal rota marítima mundial. Para a navegação marítima de cabotagem (apenas pelo litoral brasileiro) e para a exportação (através de mares e oceanos do mundo), há vários portos instalados no litoral brasileiro. Os portos nacionais mais importantes em volume de contêineres são os de Santos, Itajaí, Rio de Janeiro, Rio Grande e Paranaguá.
• Transporte hidroviário: é realizado nas hidrovias, que são trechos de rios e lagos navegáveis, seja pelas condições naturais, seja pelas alterações promovidas pelo ser humano. É um importante meio de transporte, sobretudo quando comparado ao sistema rodoviário, pois permite transportar grandes volumes de carga a preços baixos, com menos danos ao meio ambiente e com reduzido custo de manutenção.
• Transporte aéreo: o avião é o meio de transporte que permite o deslocamento de produtos e pessoas com mais rapidez (figura 36). Apesar dos preços elevados das passagens aéreas e do frete para o transporte de produtos,
muitas empresas que precisam receber objetos em curto prazo, ou que trabalham com produtos perecíveis, de consumo imediato, utilizam esse tipo de transporte.
O crescimento do número de compras via internet (comércio eletrônico) que ocorre no mundo todo, mas sobretudo nos países desenvolvidos, é um fator que vem contribuindo para o crescimento do transporte aéreo.
Atualmente, as redes aéreas cobrem quase toda a superfície terrestre. No entanto, as áreas mais bem servidas são a América e a Europa.

Transporte multimodal

Transporte multimodal é aquele que, regido por um único contrato, utiliza duas ou mais modalidades de transporte (continentais, marítimos e aéreos).
Desde a origem até o destino, ele é executado sob a responsabilidade única de um Operador de Transporte Multimodal (OTM), ou seja, pela empresa responsável pelo transporte da carga. Esse tipo de transporte é muito usado por países de grandes extensões territoriais, como o Brasil.

As comunicações

Antes do surgimento da escrita, as pessoas registravam mensagens em forma de figuras em pedras e em paredes de cavernas. Dessas primeiras formas de comunicação até as que conhecemos hoje, houve muitas transformações.
Nas últimas décadas do século XX, o mundo passou por uma verdadeira revolução nos meios de comunicação, caracterizada pela invenção e pelo desenvolvimento de diversos recursos tecnológicos: satélites artificiais de comunicação, cabos de fibra óptica, computadores, celulares, entre outros.
Aliados a outras invenções surgidas anteriormente, como o telefone, o rádio e a televisão, esses recursos permitem a comunicação instantânea entre locais separados por milhares de quilômetros de distância. Isso vem provocando uma série de modificações no relacionamento entre as pessoas e nas atividades econômicas.
Além disso, todas essas inovações tecnológicas que estão surgindo na atualidade causam a impressão de que o mundo “encolheu”, já que as barreiras de tempo e espaço estão sendo superadas pela comunicação instantânea.
A internet, por exemplo, que interliga computadores do mundo inteiro, é utilizada para pesquisas, compras, troca de mensagens entre pessoas e empresas, conferências, entre outros usos.
Desde que possuam os meios necessários (modem, computador, linha telefônica, provedor de serviços, entre outros), essa rede possibilita o acesso a muitas informações provenientes dos mais variados locais do planeta.
A interação do computador com os diversos sistemas de comunicação também permite a transferência de grandes somas de valores em apenas alguns segundos.
Assim, os meios de comunicação são indispensáveis ao comércio, à indústria e a vários outros tipos de atividades. Entre continentes, essas comunicações são feitas basicamente por meio de satélites e cabos submarinos
Os meios de comunicação atuais fornecem dados e informações em tempo real e com muito mais detalhes do que décadas atrás. A internet foi a principal tecnologia de impulsionamento para o desenvolvimento de novas ferramentas de comunicação. Os jornais impressos, tão difundidos até duas décadas atrás, migraram quase por completo para modelos digitais, em que as notícias são atualizadas logo após os acontecimentos. Com a internet, o ritmo dos negócios foi acelerado e o espaço empresarial foi ampliado. A década de 2020 traz a expansão de novas tecnologias de comunicação ligadas à internet. O 5G, que é a quinta geração de internet móvel, traz velocidades entre 30 e 50 vezes maiores que o sistema 4G, resultando em muitas mudanças nos variados campos da economia e das relações humanas. 

O turismo

A atividade turística vem se destacando em virtude do volume de renda que gera, da criação de grande número de empregos e da facilidade cada vez maior de transporte ao redor do mundo.
O turismo é uma atividade capaz de provocar diversas alterações no espaço geográfico, pois o seu desenvolvimento pressupõe a construção de hotéis, parques de diversão, restaurantes, casas de espetáculos, além da ampliação do sistema de transportes (rodovias, aeroportos).
Muitas áreas litorâneas passaram por transformações espaciais significativas por reunirem condições atrativas aos visitantes. São exemplos diversos lugares do Nordeste brasileiro; de Cancún, no México; e de Miami, nos Estados Unidos.
Áreas pouco atrativas em termos naturais também foram transformadas, tendo sido criados novos espaços artificiais para o desenvolvimento da atividade turística. É o caso da cidade de Las Vegas, nos Estados Unidos, que foi construída em uma região árida e atrai milhares de turistas por causa dos cassinos, e de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, que investe fortemente em grandes e luxuosos hotéis (resorts) e em outras opções de lazer.

Os grandes centros turísticos

No mundo, atualmente se destacam três grandes centros turísticos: a Europa, a América do Norte e a região do Pacífico Ocidental e mar da China. O que recebe o maior número de turistas é a Europa, que apresenta atrativos como monumentos e ruínas de expressivo valor histórico e cultural, além de uma costa litorânea no mar Mediterrâneo, muito apreciada nos meses de verão.

Problemas ambientais ocasionados pelo turismo

A prática da atividade turística não planejada e sem infraestrutura adequada pode ocasionar problemas ambientais. Entre eles se destacam a poluição de praias e a destruição de áreas de preservação da paisagem natural (reservas florestais).
Esses problemas são gerados tanto pelo aumento de pessoas que visitam os lugares como pela construção de rodovias e hotéis em áreas de vegetação nativa.
Além disso, muitas vezes a mão de obra local não é aproveitada por falta de qualificação profissional. Nessa situação, o turismo não contribui para o desenvolvimento social do lugar em que estão sendo construídos hotéis e outros empreendimentos.

Setor secundário: atividade industrial

A atividade industrial

A indústria é a atividade econômica que integra o setor secundário. É uma das mais importantes atividades humanas, na qual se utilizam diversos tipos de matérias-primas, exigindo a circulação de grande volume de produtos entre diferentes lugares.
Para começar que a produção de mercadorias envolve o cultivo de matérias-primas (que também podem ser criadas ou extraídas), a transformação delas em produtos e a circulação dos produtos até chegar ao consumo final. Dependendo da mercadoria, as embalagens ou o próprio produto podem entrar, posteriormente, no processo de reciclagem. Tudo isso envolve relações entre diferentes locais. A matéria-prima, por exemplo, pode ter sido extraída a centenas de quilômetros de distância do lugar de produção da mercadoria, e esta pode ser comercializada a milhares de quilômetros de onde foi fabricada. A todo esse processo damos o nome de cadeia produtiva.

A atividade industrial caracteriza-se pela produção de bens em grandes quantidades, por isso é chamada de produção em larga escala. Até meados do século XVIII, a produção era artesanal ou manufaturada, ou seja, era feita em pequena escala e com máquinas e ferramentas manuais .

Na Inglaterra, a partir de meados do século XVIII, com a invenção da máquina movida a vapor, associada a outros fatores, começou a ocorrer uma profunda modificação na forma de produção dos bens, levando a um aumento da capacidade produtiva. Essa transformação ficou conhecida como Revolução Industrial. Desde então, a atividade industrial foi se tornando cada vez mais complexa e diversificada

Atualmente, podemos classificar a atividade industrial da seguinte maneira:

1. Indústria extrativa:

- mineral
- vegetal
- animal

2. Indústria de transformação:
  • de bens de produção;
  • de bens de consumo:
- duráveis
- não duráveis

Indústrias extrativas mineral, vegetal e animal 

O extrativismo é a atividade econômica em que se realiza a retirada de recursos minerais, animais e vegetais da natureza. Se esses recursos são utilizados em atividades que os transformam em outros produtos, eles são considerados matérias-primas.
A extração desses recursos pode ser realizada manualmente em pequena escala ou com o emprego de técnicas, máquinas e outros equipamentos modernos (para a extração de minérios e madeira, por exemplo). No segundo caso, essa atividade passa a ser considerada uma atividade industrial denominada indústria extrativa. Esses equipamentos e técnicas permitem a exploração de grandes quantidades de recursos da natureza.

Indústria extrativa mineral

Entre as matérias-primas resultantes do extrativismo utilizadas pela indústria, destacam-se os minerais, como o ferro, o cobre, a bauxita (minério de alumínio), o petróleo e o carvão mineral.
A atividade extrativa mineral é um processo que, dependendo da maneira como é praticado, pode provocar grandes danos ao ambiente. Muitas jazidas são abertas em áreas de floresta, o que leva à devastação da paisagem vegetal, comprometendo a sobrevivência de espécies animais e vegetais. Além disso, produtos químicos utilizados na extração podem contaminar os rios e o solo, afetando a fauna, a flora e o próprio ser humano.

Indústrias extrativas vegetal e animal

A atividade agrícola e a de criação de várias espécies de animais fornecem vários tipos de matérias-primas para diversas indústrias, especialmente a de alimentos.
No entanto, parte das matérias-primas de origem vegetal e animal também é obtida por meio da extração diretamente da natureza. É o caso, por exemplo, da extração de madeira para a indústria da construção civil e de móveis, e da pesca, para a produção de alimentos.

Indústrias de transformação

A indústria de transformação diferencia-se da extrativa porque sua atividade consiste em modificar a matéria-prima, transformando-a em produtos prontos para a utilização ou em outras matérias-primas.
Indústrias de bens de produção Chamadas também de indústrias de base ou indústrias pesadas, sua atividade consiste em produzir bens que servirão para a produção de outros bens, como matérias-primas, máquinas e equipamentos industriais.
É o caso das indústrias siderúrgicas, que fabricam ferro e aço, e das metalúrgicas, que fabricam, por exemplo, o alumínio.
Esses produtos serão usados como matéria-prima em outras produções. As indústrias mecânicas, por exemplo, podem transformá-los em máquinas e equipamentos que serão utilizados ainda em outras indústrias.

Indústrias de bens de consumo

As indústrias de bens de consumo fabricam bens ou produtos que vão ser consumidos diretamente pela população. Observe a figura 31, na página ao lado.
Esse tipo de indústria divide-se em:
indústrias de bens não duráveis: fabricam produtos de consumo pouco duradouros. Entre essas indústrias estão as de alimentos (figura 29), roupas e calçados;
indústrias de bens duráveis: produzem bens ou produtos de maior duração, tais como automóveis, móveis, aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos.

A industrialização e a organização do espaço geográfico

O crescimento da atividade industrial provoca muitas modificações no espaço geográfico. Quando um país passa a apresentar crescimento da atividade industrial com a instalação de variados tipos de indústria e o aumento da produção de mercadorias, dizemos que há um processo de industrialização.
O processo de industrialização não é caracterizado apenas pelo crescimento da atividade industrial. Ele também estimula maior variedade de atividades ligadas à produção industrial, como comércio, bancos, transportes, comunicações e administração pública, possibilitando a criação de um número maior de empregos.
Paralelamente à industrialização, ocorre a ampliação da rede de transportes, que interliga o território e permite que a matéria-prima e as mercadorias circulem por vários lugares com rapidez.
Outro fator relacionado à instalação de indústrias é o crescimento das cidades, em razão da chegada de grande número de trabalhadores do campo e de outras cidades em busca de empregos e melhores condições de vida. É comum a busca de emprego nas indústrias por pessoas vindas do campo, muitas vezes por terem perdido seus postos de trabalho em decorrência da introdução de máquinas agrícolas,
que substituíram a mão de obra desses trabalhadores nas plantações. Com a industrialização, passa a ocorrer também maior integração entre os espaços urbano e rural, além do aumento da população nas cidades e a diminuição da população rural.
No Brasil, entre os anos de 1940 e 1970, o crescimento da atividade industrial ocorreu de forma intensa, assim como o desenvolvimento de muitas outras atividades no espaço urbano. Isso ampliou a oferta de empregos nas cidades que se industrializavam.
Esse fato, entre outros, contribuiu para que os salários pagos aos trabalhadores fossem geralmente baixos, já que a disponibilidade de pessoas interessadas nas vagas de emprego era alta.
Atualmente, esse quadro mudou e as indústrias e outras atividades ligadas ao comércio e aos serviços já não necessitam de um número muito grande de funcionários, pois estão utilizando sistemas de informatização e máquinas, o que aumenta o desemprego, o subemprego e a informalidade.
A industrialização pode também ocasionar problemas ambientais. Muitas vezes os resíduos industriais são lançados nos rios e nos mares e a fumaça expelida pelas fábricas polui o ar.
Todos esses fatores resultaram na configuração do espaço geográfico das cidades que conhecemos atualmente.

Setor primário: pecuária e agricultura

A agricultura e a disseminação de plantas cultivadas

Enquanto o extrativismo vegetal corresponde a um conjunto de atividades por meio das quais o ser humano retira ou extrai recursos da natureza sem participar do processo de sua criação ou reprodução, a agricultura é uma atividade em que o ser humano participa ativamente do processo de reprodução de plantas, pelo plantio de sementes e de mudas. A prática do extrativismo é historicamente mais antiga que a da agricultura. Desde que o ser humano surgiu, há milhares de anos, ele realiza a caça e a pesca (extrativismo animal) e a coleta de frutas, raízes e folhas (extrativismo vegetal). A agricultura e a criação de animais surgiram por volta de 10 mil anos atrás – admite-se que a criação de animais surgiu antes da domesticação de plantas. Essas duas atividades alteraram as relações entre os seres humanos e o meio geográfico, permitindo que tivessem maior domínio sobre a natureza, que assegurassem fontes de alimento e fixassem-se em certas áreas, construindo habitações e aldeias, o que propiciou o crescimento populacional.

Pecuária

A pecuária, atividade econômica que integra o setor primário, consiste na criação e na reprodução de animais. Com finalidade comercial e lucrativa, fornece matéria-prima para a indústria (couro e lã) e alimento para a população (carne e leite).

Os rebanhos de maior importância econômica no Brasil são: bovinos (bois e vacas), suínos (porcos), ovinos (carneiros e ovelhas), bubalinos (búfalos), caprinos (cabras e bodes) e equinos (cavalos). .

O rebanho bovino é o mais numeroso no mundo, com aproximadamente 1 bilhão e 300 milhões de cabeças de gado. O segundo maior rebanho do mundo — e também do Brasil — é o de suínos.

A pecuária sempre foi responsável pela devastação de áreas de vegetação nativa. Mais recentemente, porém, no Brasil, uma prática que vem sendo desenvolvida em algumas regiões está permitindo a conservação de áreas de vegetação natural. Trata-se da reforma ou recuperação de áreas de pastagens degradadas do Cerrado, incluindo a eliminação do uso de agrotóxicos.

Sistemas de criação

A criação de gado pode ser desenvolvida por meio de dois sistemas:
Pecuária extensiva: geralmente é realizada em grandes áreas em que os animais pastam livremente. O gado sobrevive basicamente à custa do alimento natural, isto é, do capim encontrado na região, mas também é vacinado e geralmente tem acompanhamento de veterinários.
Pecuária intensiva: o gado é criado cercado em estábulos. Para alimentar o rebanho, o pecuarista procura usar tipos de capim mais nutritivos (forrageiras). Além disso, o gado recebe constantemente rações como reforço alimentar. As raças de gado são selecionadas e existe a preocupação de lhes dar boa assistência veterinária.

Agricultura

A agricultura, que integra o setor primário, é caracterizada pelo cultivo e pela colheita de plantas. Ela fornece alimentos para os seres humanos e os animais e matérias-primas para a indústria. Assim como a pecuária, foi uma das primeiras atividades econômicas realizadas pelos seres humanos.
Há aproximadamente dez mil anos, o ser humano passou da coleta de alimentos para o plantio. Descobriu que podia cultivar certas espécies vegetais e obter maior quantidade de alimentos. Passou também a domesticar algumas espécies de animais.
Além de facilitar a sobrevivência dos seres humanos, atividades como a agricultura e a pecuária permitiram sua fixação em um lugar por períodos mais longos. Isso contribuiu para o desenvolvimento das relações sociais e para a transformação do espaço natural.
Para o desenvolvimento das atividades agrícolas, é necessária a combinação de alguns fatores naturais, como o clima, o solo, o relevo e a disponibilidade de água:
Clima: exerce grande influência na agricultura, uma vez que cada vegetal se adapta melhor a determinado tipo de clima. Fatores como temperatura e quantidade de chuvas podem ser determinantes na produção de vegetais.
• Solo: existem solos naturalmente férteis e outros não muito férteis. Os solos férteis (ricos em húmus) são os mais apropriados para o cultivo. Nos solos menos férteis acrescentam-se elementos como os adubos.
• Relevo: o relevo pode facilitar ou dificultar a produção agrícola. Nos terrenos pouco acidentados e planos, o plantio, o uso da água e o emprego  de máquinas na lavoura são mais facilitados.
Nos terrenos mais acidentados, com morros ou montanhas, são necessárias técnicas de plantio em curvas de nível ou de terraceamento em encostas íngremes para diminuir o processo erosivo.
Água: proveniente da chuva ou dos rios, sua falta ou excesso pode inviabilizar a prática da agricultura em determinada área. Em regiões com escassez ou irregularidade de chuvas, o problema pode ser resolvido por meio de irrigação; em áreas com excesso, por meio de sistemas de drenagem. Hoje a maioria das propriedades agrícolas utiliza sistema de irrigação, para que a produção não dependa exclusivamente do regime de chuvas. 
As vantagens e desvantagens da irrigação por aspersão. Além desse sistema, existem inúmeros outros, como a irrigação superficial e a irrigação localizada. 
Na irrigação superficial, muito utilizada na produção de arroz, por exemplo, a água é conduzida até os cultivos diretamente pela superfície do solo, por meio de inundações ou sulcos (fendas). O baixo custo de implantação, manutenção e energia é uma de suas vantagens. Entre as desvantagens, destacam-se a dependência da declividade do terreno e alguns danos provocados nas plantas em decorrência da água parada. Já na irrigação localizada, realizada principalmente por gotejamento, a água é liberada no entorno das raízes das plantas, mantendo-o sempre úmido. Essa técnica tem sido bastante utilizada no cultivo de frutas e hortaliças, especialmente em locais com escassez de água. Como esse recurso é aplicado diretamente nas raízes, ocorrem poucas perdas por evaporação. Outra vantagem é que o vento e a topografia do terreno não limitam a irrigação. O alto custo inicial para a instalação das tubulações, cujos orifícios são vulneráveis a entupimento, é uma das desvantagens apontadas por agrônomos.

Tipos de agricultura

Conforme o objetivo do cultivo dos produtos ou o destino que se dá a eles, são praticados dois tipos de agricultura:
Agricultura de subsistência: é aquela em que parte da produção agrícola destina-se ao sustento do agricultor e de sua família, mesmo que a outra parte seja comercializada. Geralmente é praticada em estabelecimentos familiares, não muito grandes, com o cultivo de vários produtos em uma mesma propriedade ou em um mesmo local (policultura). Mas também há a prática de policultura em escala comercial. 
Agricultura comercial: praticada com fins comerciais visando à obtenção de lucro com a venda do que foi cultivado. Nela, em geral, utilizam-se mais tecnologias e máquinas e é muito comum a prática da monocultura, ou seja, o cultivo de um único produto em grandes extensões de terra e propriedades (latifúndios).

Os sistemas agrícolas

Desde que se iniciou a prática da agricultura, a humanidade foi acumulando conhecimentos sobre o solo, o clima e a época certa de plantio. Esses conhecimentos foram transmitidos por várias gerações. Os conhecimentos acumulados pelos agricultores e as técnicas de cultivo recebem o nome de sistemas agrícolas.

O sistema de roça

No sistema de roça, a primeira medida adotada é derrubar a mata e roçar (limpar) a área onde se pretende plantar. Depois de derrubada a mata, o agricultor realiza a queimada para eliminar troncos e galhos. Em seguida, prepara o solo e planta diretamente sobre as cinzas. A cultura de determinado produto agrícola dura certo tempo, até o esgotamento do solo, quando o agricultor tem de mudar de área e repetir o processo.
Os instrumentos de trabalho usados pelo agricultor nesse sistema são bastante simples: machado, foice e enxada. O sistema de roça continua sendo muito praticado nos países menos desenvolvidos da América, da África e da Ásia, por requerer poucos recursos.
Como se trata de agricultura de subsistência, os produtos plantados são os de maior necessidade para a alimentação diária: feijão, milho, mandioca e, às vezes, abóbora e arroz.

O sistema de plantation

O sistema agrícola de plantation foi introduzido por colonizadores europeus, principalmente nas áreas tropicais da América (séculos XVI-XVII), da Ásia e da África (séculos XVIII-XIX). Na época, era praticado com a finalidade de explorar a terra em benefício dos países europeus (metrópoles) e de seus interesses comerciais. Tinha como características principais a monocultura, a utilização de latifúndios (grandes áreas), técnicas rudimentares e a mão de obra escrava. Hoje, a plantation continua sendo praticada, mas com o uso de máquinas e tecnologias avançadas; a mão de obra escrava foi substituída por mão de obra assalariada.
O sistema de plantation trouxe graves problemas aos países colonizados pelos europeus. Ainda hoje esses problemas apresentam reflexos na organização do espaço rural desses países. Neles, verificam-se grande concentração de terras nas mãos de poucos proprietários e a preocupação de produzir apenas produtos agrícolas para exportação (como café, soja, laranja e cana-de-açúcar), de menor valor do que os bens industrializados.

Agricultura moderna

A agricultura moderna é bastante praticada nos países mais ricos e desenvolvidos e em alguns países em desenvolvimento, entre eles o Brasil.
Nesse sistema, a agricultura é bastante mecanizada. É feita a seleção de sementes e são usados adubos, fertilizantes, pesticidas, inseticidas e outros tipos de agrotóxicos. A produção da agricultura moderna destina-se tanto ao mercado interno como ao externo. Sobretudo nos países desenvolvidos, esse tipo de agricultura conta com boa estrutura de armazéns para as colheitas e uma rede eficiente de transportes para escoar a produção. Nesses países, é muito comum os agricultores fazerem rotação de cultura e promoverem a integração da agricultura com a pecuária.

Os problemas ambientais na agricultura moderna

Se, por um lado, a prática da agricultura moderna é justificada pela necessidade de produzir grandes quantidades de alimentos para a população mundial,
por outro ela vem causando graves problemas ambientais:
• intensificação da erosão e perda da qualidade do solo;
• compactação do solo pelo uso intensivo de pesadas máquinas agrícolas;
• poluição do solo, dos rios e das águas subterrâneas e envenenamento das plantas pelo uso excessivo de agrotóxicos, pesticidas, inseticidas e herbicidas, que também podem provocar danos aos animais e à saúde humana;
• assoreamento de rios;
• desmatamento de vegetações nativas.

Agroindústrias e agronegócio

As atividades agropecuárias estão cada vez mais integradas à indústria. A esse tipo de associação entre agropecuária e indústria dá-se o nome de agroindústria.
São exemplos de agroindústrias as grandes usinas de cana-de-açúcar, que produzem álcool combustível, aguardente e açúcar; as indústrias de torrefação, que produzem café e café solúvel; as indústrias que compram diversos tipos de grãos, como soja e milho, e os industrializam; e os frigoríficos.
O conjunto de negócios relacionados à grande produção agrícola e pecuarista recebe o nome de agronegócio. Dele também fazem parte as indústrias que produzem máquinas e equipamentos agrícolas; as que produzem agrotóxicos e fertilizantes; as que fornecem bens de produção para a agricultura, as feiras e as exposições agropecuárias. Ou seja, todas as etapas que compõem a rede de produção agropecuária.
O agronegócio tem contribuído para ampliar o volume de exportações brasileiras e apresenta uma participação importante na geração de riquezas em nosso país.
A expansão do agronegócio, porém, trouxe problemas para o espaço geográfico brasileiro devido à enorme dimensão de sua produção. Algumas das principais consequências foram: a devastação de ecossistemas do Cerrado e da Floresta Amazônica,
além da poluição das águas e do solo; a ampliação de áreas de monocultura, com produtos mais voltados para a exportação; e a diminuição de algumas áreas destinadas à produção de alimentos consumidos pela população brasileira.

Agronegócio e concentração de renda

Além dos problemas já citados, o agronegócio tem intensificado a concentração da propriedade rural nas mãos de poucas pessoas. Essa grande desigualdade na distribuição de terras provoca uma série de problemas sociais, como:
• os conflitos pela posse de terras;
• a exploração da mão de obra, com baixíssimos salários;
• a saída de pessoas do campo para as cidades, que foi muito intensa principalmente na segunda metade do século XX.
Quase metade das terras no Brasil está concentrada nas mãos de grandes proprietários rurais, os latifundiários, e muitas dessas propriedades são improdutivas.
Os pequenos proprietários (os que possuem menos de dez hectares) têm uma parcela muito reduzida das terras. Diante disso, há uma enorme quantidade de trabalhadores rurais sem-terra, que, muitas vezes, não têm opção senão procurar emprego nas cidades ou aceitar os baixos salários pagos pelos grandes fazendeiros.
Parte dos lavradores que trabalham em fazendas monocultoras são boias-frias. Em geral, eles moram na periferia das cidades e suas condições de trabalho são precárias. Eles são contratados para trabalhar apenas durante um período do ano, que pode ser a época do plantio ou da colheita. No restante do ano, tentam arranjar trabalho em outros locais. Muitas vezes, porém, ficam um período sem rendimento algum.
É por esse motivo, entre outros, que se discute a necessidade de uma reforma agrária mais ampla e em ritmo mais acelerado, visando à melhor distribuição das propriedades rurais no Brasil. Além de assegurar o direito à terra, a reforma
agrária deve garantir condições para os trabalhadores desenvolverem as atividades agropecuárias, como financiamentos, amparo técnico e estímulo à formação de cooperativas. Dessa forma, terras improdutivas podem ser usadas por quem necessita, criando oportunidades de emprego, fixando as pessoas no campo e melhorando sua qualidade de vida.

A AGROPECUÁRIA E OS RECURSOS HÍDRICOS 

Os recursos hídricos – rios, represas, aquíferos – são fundamentais para a vida e para o desenvolvimento de todas as atividades das sociedades, tanto nas áreas urbanas como nas rurais. São eles que fornecem água para: 
• o consumo direto, como beber, preparar os alimentos, fazer a higiene pessoal, a limpeza dos ambientes etc.; 
• a agropecuária, a fim de irrigar as culturas e dar de beber aos animais; 
• a produção industrial (para aplicação direta nos produtos ou no resfriamento de maquinário); 
• o uso como vias de transporte; 
• a geração de energia hidrelétrica. No entanto, a ação antrópica vem impactando de forma negativa a qualidade das fontes de água (superficiais e subterrâneas). No campo, uma das causas da poluição dos recursos hídricos está ligada ao uso intensivo de agrotóxicos. 
Esses insumos agrícolas contaminam os solos, os lençóis freáticos e os rios. Outra causa de poluição no ambiente rural é o despejo de efluentes (resíduos) sem tratamento, provenientes da criação de animais e do esgoto doméstico, nos cursos de água. O desmatamento – de maneira geral, mas, sobretudo, o responsável pela retirada da mata ciliar – favorece os processos erosivos e a deposição de sedimentos nos rios, causando o assoreamento dos seus leitos. 

Problemas ambientais decorrentes da irrigação 

Atualmente, as preocupações com o uso dos recursos hídricos têm sido crescentes. A prática da agricultura irrigada, quando realizada de maneira não adequada, pode afetar a disponibilidade e a qualidade da água, ocasionando impactos negativos de ordem econômica, social e ambiental. Imagine o que acontece, por exemplo, quando uma área é irrigada em excesso: a água não aproveitada pelas culturas pode retornar aos corpos de água superficiais e subterrâneos, carregando fertilizantes e defensivos agrícolas, causando poluição e comprometendo a qualidade da água para outros usos. O acúmulo de fertilizantes em rios, lagos e represas provoca o desenvolvimento de algas e bactérias que, por meio da fotossíntese, consomem o oxigênio dissolvido na água. Como consequência, a oxigenação da água diminui, o que coloca em risco a vida de peixes e outros seres que vivem nessa água. Esse fenômeno, chamado eutrofização, causa grande desequilíbrio nos ecossistemas aquáticos. Outros impactos ambientais negativos podem ocorrer com a instalação de infraestruturas, como barragens, reservatórios e canais, que causam mudanças no regime de vazão de cursos de água e podem afetar a fauna e a flora. Além desses problemas, é importante conhecer a eficiência do sistema de irrigação empregado e realizar a manutenção adequada dos equipamentos para evitar perdas ou grande diferença entre o volume de água captado e o volume de água consumido pelas plantas. Conheça, nas páginas seguintes, as vantagens e as desvantagens de alguns dos métodos e sistemas de irrigação mais usados.

Métodos e sistemas de irrigação 

Existem diferentes técnicas de irrigação empregadas para fornecer água aos cultivos agrícolas. Elas variam de acordo com a forma como a água é aplicada no solo e podem ser agrupadas em quatro métodos principais: irrigação de superfície, irrigação localizada, irrigação subterrânea e irrigação por aspersão. Para cada método de irrigação existem diversos sistemas de funcionamento, que apresentam vantagens e desvantagens. A escolha por um método exige a avaliação das características socioeconômicas e ambientais da área em que será instalado, considerando-se a disponibilidade da água, a necessidade de cada cultivo, o clima, o relevo, o solo, entre outros fatores.

Rotação de culturas 

A rotação de culturas consiste em alternar, periodicamente, o cultivo de espécies vegetais em uma mesma área de terra. As vantagens dessa técnica são variadas: produção diversificada de alimentos e matérias-primas vegetais, melhoria das características do solo e favorecimento do controle de plantas daninhas, pragas e doenças. Ao contrário da rotação de culturas, que permite a produção de vários vegetais, a monocultura – cultura de um só vegetal – é apontada por especialistas como prejudicial ao solo. Ao retirar os mesmos nutrientes do solo, a monocultura esgota-o, exigindo que sejam aplicadas quantidades enormes de fertilizantes, fato que aumenta o custo de produção. Além disso, a monocultura reduz a biodiversidade, facilitando a instalação de pragas, e consome grandes quantidades de água e agrotóxicos, que contaminam o solo, a água e os seres vivos. A rotação de culturas permite a recuperação do solo após a colheita de culturas que demandam grandes quantidades de nutrientes (como trigo e soja), por meio da alternância com culturas que contribuem para o enriquecimento do solo e proporcionam sua aeração – circulação do ar. Segundo alguns estudiosos, é adequado que um cultura não se repita no mesmo campo de cultivo em um período de pelo menos 3 anos.

Plantio direto 

O plantio direto, ou plantio na palha, consiste em usar a palha resultante da colheita para cobrir o solo e protegê-lo da erosão, aproveitando-a também para produzir húmus. Durante a colheita, os restos da cultura, como a palha, são picados e deixados sobre o solo, protegendo-o contra o impacto das gotas de chuva, diminuindo a erosão. A palha sobre o solo também dificulta o crescimento de plantas invasoras em decorrência da falta de luz, o que resulta em economia de herbicidas e menor poluição. Além disso, a cobertura da palha faz diminuir a evaporação da água contida no solo e retém a umidade do orvalho. Para a realização de um novo plantio, faz-se uma abertura entre os restos de palha e a semente é colocada nos sulcos abertos no solo. Em caso de necessidade, também é realizada a aplicação de fertilizantes.

Outras técnicas 

A partir da década de 1950, o desenvolvimento científico e tecnológico permitiu grandes avanços na agricultura e na pecuária. Entre esses avanços, é possível destacar: o aperfeiçoamento de tratores e implementos agrícolas (muitos hoje são equipados com instrumentos que realizam análise de solos, umidade etc.); a criação de sementes geneticamente modificadas, resultantes dos avanços da biotecnologia; e o uso de drones, que permitem detectar doenças nas plantações e falhas no plantio, avaliar a irrigação, realizar a contagem dos rebanhos e localizar animais perdidos.

A população economicamente ativa e os setores da economia

A população que exerce atividade remunerada constitui a população economicamente ativa (PEA) de um país. Os desempregados que estão à procura de emprego também fazem parte da PEA.

Os estudantes que não trabalham, as crianças de modo geral, as donas de casa, os aposentados e os idosos que não trabalham constituem o grupo chamado população economicamente inativa (PEI).

A população economicamente ativa de um país distribui-se por três grandes setores econômicos de atividades:

setor primário: reúne as pessoas que trabalham na agricultura, na pecuária e nos extrativismos vegetal, mineral e animal;

setor secundário: abrange os trabalhadores da indústria e da
construção civil (prédios, viadutos, usinas, entre outros estabelecimentos);

setor terciário: é composto de atividades como comércio e serviços (transportes, bancos, meios de comunicação, administração pública, saúde, educação, entre outros).

A soma de tudo o que é produzido ou gerado nos três setores da economia de um país recebe o nome de Produto Interno Bruto (PIB).

O uso dessa classificação nos setores primário, secundário e terciário vem sendo questionado porque a economia atual é muito complexa e envolve níveis de produção que perpassam mais de um setor, extrapolando a classificação em apenas três setores. Algumas atividades do setor primário, como a produção de soja, estão bastante mecanizadas e poderiam ser classificadas como atividades semi-industriais ou industriais, ou seja, do setor secundário. Há também as atividades exercidas na indústria que se enquadrariam melhor no setor terciário. São exemplos: o atendimento ao consumidor, o marketing, as pesquisas para novas tecnologias e as aplicações financeiras.

O trabalho e o espaço geográfico

O trabalho

Nos últimos séculos, as maiores modificações nas paisagens não ocorreram por fatores naturais, mas pela atividade humana, sendo o trabalho uma atividade fundamental nesse processo de exploração e transformação da natureza. 
O trabalho humano, que corresponde a um dos agentes do espaço geográfico, possui papel fundamental no processo de transformação das paisagens. É o caso das atividades no campo, onde a retirada da vegetação original visa preparar o solo para a produção agrícola ou para a criação de animais.
Os seres humanos são capazes de adaptar-se a diferentes regiões do planeta, com suas características próprias, como clima, relevo e tipo de solo. Para isso, produzem diversos tipos de bens materiais que possibilitam essa adaptação.
Para produzir esses bens, são necessários vários recursos, obtidos por meio da exploração e da transformação da natureza. Ao fazer isso, as pessoas executam uma atividade fundamental para a sua sobrevivência: o trabalho.
O trabalho humano faz parte do espaço geográfico. Alguns tipos de trabalho transformam diretamente a paisagem. É o caso, por exemplo, da extração de minérios e da construção de edifícios, estradas e usinas hidrelétricas. Outros não alteram diretamente as formas da paisagem, apesar de ocuparem um espaço transformado. São exemplos os funcionários que trabalham dentro do prédio de uma indústria ou de um hospital (médicos, enfermeiros, atendentes, entre outros).
Em todos os casos, as atividades são realizadas por pessoas que se inter-relacionam e fazem parte da sociedade. Elas também estabelecem relação nos espaços onde realizam suas atividades cotidianas.
A escola foi construída por profissionais da construção civil, que, com seu trabalho, promoveram alteração na paisagem do lugar, utilizando diversas matérias-primas, elaboradas a partir de recursos naturais. Esse lugar fez parte, portanto, da vida desses trabalhadores durante o período de construção da escola. Essas pessoas trocaram sua força de trabalho por uma remuneração (salário).
Depois de pronta, a escola começou a ser utilizada por alunos, professores e outros funcionários, que passaram a realizar suas atividades nesse lugar, estabelecendo relações entre si. A escola e tudo o que se relaciona à sua construção e utilização fazem parte do espaço geográfico.
O trabalho é o meio pelo qual as pessoas modificam a natureza, constroem o espaço geográfico e se desenvolvem. Por meio do trabalho, obtemos diferentes produtos. Os objetos e os serviços que utilizamos, por exemplo, são resultado do trabalho humano. Ele permite que as pessoas satisfaçam as suas necessidades: alimentação, vestuário, moradia, transporte, educação, saúde, lazer, entre outras.

As relações de trabalho

Nas empresas de todos os tipos (indústrias, lojas, bancos, prestadoras de serviços), nos órgãos públicos (secretarias estaduais, municipais ou federais), nas escolas e hospitais, nas propriedades rurais, etc., os trabalhadores desenvolvem diferentes funções e tarefas. As relações entre esses diferentes trabalhadores determinam as relações de trabalho. A cada uma delas corresponde o desempenho de uma função ou uma tarefa no processo produtivo, na prestação de serviços ou no comércio.
Por exemplo, em uma indústria, há operários que produzem bens e outros que supervisionam essa produção. Há também os que trabalham nos setores administrativo e financeiro, de compras, de vendas (comercial), entre outros — além do dono ou empresário. Ocorre, portanto, uma divisão de tarefas em que cada profissional desenvolve uma função específica. Essa é uma característica muito comum das sociedades contemporâneas.
As pessoas envolvidas no processo produtivo e na realização de serviços recebem um rendimento, enquanto os donos das empresas ou das propriedades rurais (empresários) ficam com o lucro da empresa. O rendimento dos empregados (trabalhadores) é geralmente chamado de salário e varia conforme a tarefa ou a função exercida pelo funcionário, sua competência e sua experiência.
Em alguns países, a diferença entre os rendimentos dos que ganham mais e os dos que ganham menos não é tão grande. Já em outros, como o Brasil, ela é significativa, ou seja, o valor recebido não necessariamente equivale ao quanto a pessoa produz nem é calculado da mesma forma para todos os trabalhadores.
Isso gera uma expressiva desigualdade entre as condições de vida das pessoas. Quando isso ocorre, dizemos que há concentração de renda ou que há uma distribuição muito desigual das riquezas.

Desemprego

Você viu que é por meio do trabalho que a maior parte das pessoas consegue o dinheiro necessário para viver. Por causa disso, o trabalho é um direito de todos. No entanto, tanto no Brasil como no mundo existe um grande número de pessoas desempregadas, ou seja, que perderam o emprego e estão à procura de outro.
Existem várias causas possíveis para o desemprego e, muitas vezes, elas estão interligadas, ou seja, uma situação acaba determinando outra. Basicamente, o desemprego depende de fatores conjunturais e estruturais.
Fatores conjunturais: são aqueles ligados às crises econômicas, que provocam recessões nos países, caracterizadas pela queda na economia, queda nas produções e consequente perda de postos de trabalho.
Fatores estruturais: são aqueles ligados aos avanços tecnológicos (mecanização e robotização), que acabam substituindo a mão de obra humana.

Nos últimos anos, a economia mundial vem passando por sucessivas crises que — aliadas ao maior uso de tecnologia — agravaram ainda mais a situação dos trabalhadores. Para tentar diminuir o impacto do desemprego na vida da população, algumas medidas são tomadas pelos governos. No Brasil, por exemplo, o trabalhador que, após um ano e meio de trabalho com carteira assinada, for dispensado de seu emprego sem justa causa recebe do governo o seguro-desemprego, uma ajuda financeira temporária com um valor mensal de acordo com o salário que o trabalhador recebia.
Se, por um lado, os avanços tecnológicos (mecanização e automação, por exemplo) estão fazendo desaparecer muitas profissões, como fresadores, tipógrafos, datilógrafos e ferramenteiros, por outro eles criam uma demanda por novos profissionais, como programadores, web designers, operadores de telemarketing, entre outros.

A economia informal e o subemprego

Chamamos de economia formal o conjunto de atividades econômicas que cumprem com as obrigações legais e fiscais, ou seja, arrecadam impostos, registram seus funcionários, emitem notas fiscais, entre outras. Já a economia informal, muito comum nos países em desenvolvimento, corresponde a um conjunto de atividades econômicas realizadas sem registros oficiais (contrato social de empresa, emissão de notas ou cupons fiscais, recolhimento de tributos, etc.).
Nos países em que é grande a quantidade de desempregados, como no Brasil, é significativo também o número de pessoas que vivem em condições de pobreza, e até de indigência, ou seja, de miséria. Como não possuem escolaridade e formação adequadas, muitos não conseguem trabalho fixo e acabam exercendo atividades de subemprego. São exemplos dessas atividades: pequenos serviços esporádicos ou eventuais, como consertos e reformas em residências; vendas de mercadorias nas ruas; lavagem de automóveis; serviços temporários nas plantações em propriedades rurais, entre outros.
Os rendimentos das pessoas que sobrevivem de atividades de subemprego são incertos. Além disso, os subempregados não têm as garantias das leis trabalhistas, como direito a férias remuneradas e 13º salário, já que, na maioria das vezes, a pessoa trabalha por conta própria.


Produção de energia no Brasil

Movimentar máquinas, cargas e pessoas por longas distâncias demanda muita energia. No Brasil, usam-se combustíveis derivados de fontes não r...