A agropecuária brasileira exerce um papel importante para a economia nacional, gerando riquezas ao país por meio da comercialização no mercado interno e, principalmente, externo.
Apesar da considerável produção associada a suínos (porcos), equinos (cavalos), ovinos (ovelhas e carneiros) e caprinos (bodes e cabras), os dois principais destaques nacionais na pecuária vêm do rebanho bovino (bois e vacas) e
galináceo (galinhas e galos).
O Brasil no mercado internacional
de carnes
O Brasil é o segundo maior produtor e exportador de carnes do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Com o crescimento do consumo
mundial de carne e a valorização desse produto no mercado internacional, os criadores são incentivados a aumentar a produção, resultando em
transformações do uso da terra.
Atualmente, cerca de um quarto da produção brasileira de carnes se
destina à exportação. De acordo com o Atlas da Complexidade Econômica, em 2018, o Brasil foi responsável por 10,72% do fornecimento do
produto para o mercado internacional.
O Brasil, em 2020, foi detentor do segundo maior rebanho bovino do mundo, atrás apenas da Índia – onde a criação de gado não é voltada para fins comerciais por questões religiosas. Segundo o IBGE, em 2020 o Brasil detinha o maior rebanho bovino comercial
do mundo, com cerca de 218 milhões de cabeças, e era o segundo maior exportador de carne desse segmento do planeta, atrás dos Estados Unidos. Entre 2000 e
2020, os valores de exportação de todas as carnes produzidas no Brasil somaram
US$ 265 bilhões.
Segundo o IBGE, em 2020, no Brasil, a relação entre o número de habitantes e o número de cabeças de gado bovino foi de quase 1 para 1, ou seja, havia aproximadamente uma cabeça de gado bovino para cada habitante (em 2020, a população brasileira foi estimada em cerca de 213 milhões de habitantes e o rebanho bovino foi de pouco mais de 218 milhões de cabeças).
Tipos de produção
A pecuária pode ser realizada de duas formas.
Na pecuária extensiva os animais são criados soltos e se alimentam de
pastagens naturais ou plantadas em áreas amplas. Entre as formações vegetais nativas no Brasil, o Pantanal e os Campos, na região Sul, são aproveitados como pastagens naturais para a alimentação do gado, principalmente bovino. No Pantanal, o gado precisa ser conduzido para locais
mais altos nos períodos mais chuvosos, quando ocorre a cheia na região.
Na pecuária intensiva, os animais vivem confinados em pequenas
áreas, onde são alimentados com ração. Entre os recursos utilizados
para acelerar o crescimento dos animais e aumentar a produtividade,
estão a seleção genética e o uso de hormônios e suplementos na alimentação. Além disso, esse sistema exige a participação de profissionais especializados, como médicos-veterinários que acompanham a
engorda dos animais.
O uso de pastagens também pode ser associado ao confinamento dos animais. Nesses casos, o sistema de produção é classificado
como semi-intensivo.
No Brasil, aves e gado bovino e suíno formam os maiores rebanhos,
sendo suas carnes um dos principais produtos de exportação. Além
disso, a atividade pecuária é realizada para a obtenção de couro, lã,
leite e ovos, entre outros produtos.
No Brasil, a pecuária bovina de corte, ou seja, destinada à produção de carne, é realizada predominantemente segundo o sistema extensivo e semiextensivo, com o objetivo de abastecer os mercados interno e externo. Esse sistema é praticado principalmente em grandes propriedades, nas Grandes Regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Na Grande Região Norte, a expansão da pecuária tem sido responsável por grandes desmatamentos da Floresta Amazônica, como já assinalamos. A pecuária intensiva é amplamente praticada nas Grandes Regiões Sudeste e Sul, onde o preço da terra é mais elevado, e visa, sobretudo, à produção de leite.
Principais rebanhos
De acordo com o IBGE, em 2020, havia no país mais de 218 milhões
de cabeças de gado bovino, que inclui bois, vacas e touros. A produção
animal também possui importantes destaques na criação de aves, suínos,
caprinos e ovinos.
Bovinos
Com rebanhos presentes em
todo o território nacional, os estados
da região Centro-Oeste merecem
destaque. O gado leiteiro predomina
no Pará, em Minas Gerais, em Goiás
e nos estados da região Sul. Além de se destacar na criação de gado bovino, o Brasil possuía, em 2020, o terceiro rebanho mundial de gado suíno, superado apenas pela China e pelos Estados Unidos. A maior criação e produção de suínos é realizada de forma intensiva, principalmente nos estados de Santa Catarina, do Paraná e do Rio Grande do Sul.
Aves
A produção comercial de aves
e ovos tem maior destaque nos
estados das regiões Sul e Sudeste. Em 2017, o Paraná respondia
por 24,4% da produção nacional
de aves, enquanto São Paulo concentrava um terço da produção de
ovos do país.
Quanto à produção de carne de aves (galináceos, codornas, avestruzes, perus, etc.), o Brasil é o maior exportador, com 4,3 milhões de toneladas por ano (20,9%), tendo rendido ao setor US$ 6,6 bilhões em 2020. A avicultura de galináceos, em granjas, ocupa posição de destaque no Brasil por abastecer os mercados interno e externo.
Suínos
A criação de suínos para produção de carne é realizada principalmente nos estados da região Sul, com maior parte da produção nacional, e em
Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.
Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro consomem parte relevante da produção de carne de aves e suínos realizada no oeste de Santa
Catarina e Paraná. Em território nacional, o transporte desses produtos é
realizado em ferrovias e rodovias. A produção exportada é escoada principalmente pelos portos de Paranaguá (PR) e Itajaí (SC).
Ovinos
Os ovinos (ovelhas e carneiros) são animais de médio porte
criados principalmente para a produção de carne e lã. Bahia,
Pernambuco, Rio Grande do Sul, Ceará e Piauí são os principais produtores no país. Juntos esses estados dão conta de
73% do rebanho nacional.
Caprinos
A região Nordeste tem destaque na produção de ovinos e
caprinos (cabras e bodes). Segundo o Censo agropecuário de
2017, cerca de 93% do efetivo de ovinos está em estados nordestinos, sendo 28,9% na Bahia, 22,4% no Piauí, 17,1% em Pernambuco e 10,7% no Ceará. A carne, o leite de cabra e o couro
desses animais são aproveitados comercialmente.
Bubalinos
O termo “bubalino” se refere aos búfalos, animais de grande porte presentes principalmente nos estados do Pará e Amapá. Os búfalos são usados no transporte de carga e pessoas e na produção de leite e queijo.
Introduzidos no Brasil no século XIX, foram domesticados e atualmente
fazem parte da cultura e do turismo regional da ilha de Marajó, no Pará.
Desafios e perspectivas comerciais
Como vimos, a pecuária está presente em todas as unidades federativas. A distribuição da produção exige a integração dos principais centros produtores e consumidores, que ocorre principalmente por meio
de rodovias.
Sua expansão resultou em maior complexidade da atividade, que hoje
incorpora grandes abatedouros, centros industriais de processamento
de carne e frigoríficos, formando uma extensa cadeia produtiva.
O avanço da pecuária sobre áreas da Floresta Amazônica, causando
desmatamento, e o rigor dos mercados consumidores internacionais têm
motivado a criação de certificados que atestem a origem da carne, com
o objetivo de garantir que a produção siga padrões sanitários adequados,
sem gerar graves impactos ao meio ambiente.
Apesar da importância econômica gerada pelo setor pecuarista, muitos impactos ambientais são gerados em decorrência da criação de animais em grande escala. No caso da
bovinocultura, é comum que haja a necessidade da retirada
da vegetação original de determinada localidade para abertura ou ampliação das pastagens. Outro impacto ambiental
é a intensificação do efeito estufa. O gado é responsável por
15,4% das emissões dos gases de efeito estufa, gerados pela
eructação (arroto) e pela decomposição dos dejetos (esterco),
além de outros fatores.
Pecuária orgânica
O aumento da produção pecuária foi acompanhado por preocupações quanto às condições de vida dos animais. A busca por maior produtividade, muitas vezes, resulta em processos de criação inadequados,
como confinamento excessivo, criadouros lotados e uso intensivo de
hormônios e medicamentos.
Como alternativa, formas de produção identificadas como orgânicas
vêm se desenvolvendo, nas quais se evitam o estresse dos animais e o uso
de substâncias artificiais no trato do rebanho e no cultivo das pastagens.
De modo geral, esses produtos chegam aos consumidores com maioes custos, tornando-se inacessíveis às parcelas mais pobres da população.
Na produção orgânica, são consideradas ainda as condições de vida e a atividade dos trabalhadores rurais. Segundo a Embrapa, existem algumas características importantes na pecuária orgânica, entre elas garantir que todos
que vivam na propriedade tenham boa qualidade de vida; conservar a biodiversidade; prezar o bem-estar animal; garantir acesso à água e a alimentos
adequados; controlar os procedimentos realizados no rebanho e garantir
ambientes adequados do ponto de vista de lotação e sombreamento.