sexta-feira, 9 de agosto de 2024
A organização do trabalho industrial
O surgimento das cidades brasileiras
Organização da produção agrícola
A agricultura familiar
A agropecuária industrializada
Impactos da agricultura industrializada
Agricultura orgânica, urbana e agroflorestal
Sistemas agrícolas
Rotação de culturas e pousio
Agricultura itinerante
Agricultura em terraços
Agricultura irrigada
Agricultura mediterrânea
segunda-feira, 5 de agosto de 2024
Crescimento urbano e problemas sociais
O crescimento de muitas cidades ocorreu de forma acelerada. Em alguns casos, essa expansão gerou a conexão entre duas ou mais cidades, não existindo áreas de campo entre elas. A essa conexão de elementos urbanos entre municípios vizinhos dá-se o nome de conurbação.
Com a expansão das cidades e a conurbação de vários centros urbanos, foram criadas pela administração pública as regiões metropolitanas, como a de Goiânia – o mapa desta página mostra sua configuração no ano de 2022. Essa forma de organização foi estruturada para melhor integrar os municípios vizinhos, que apresentam intenso fluxo de pessoas entre eles. Na década de 1950, Nova York e Tóquio se tornaram as primeiras megacidades, termo utilizado pela ONU para definir metrópoles, cidades com grande dinamismo econômico-financeiro e que exercem influência em outras regiões, que atingem ou superam 10 milhões de habitantes. Em 2021, já eram 36 megacidades, porém, a maioria delas situada em países em desenvolvimento.
O número total de habitantes em uma cidade exerce influência direta em sua dinâmica e em sua complexidade. São Paulo, a metrópole brasileira com a maior população (cerca de 11 milhões de habitantes em 2021), pode ser usada como exemplo. O principal centro econômico do país se apresenta como um espaço propício para muitas oportunidades de trabalho e, consequentemente, renda para seus habitantes. Indústrias, lojas, bancos, órgãos públicos e a área da construção civil são alguns exemplos de locais que oferecem atividades remuneradas e atraem pessoas que buscam o sustento pessoal e de suas famílias. Porém, no caso de São Paulo, assim como em muitas cidades, a oferta de emprego foi menor que o número de pessoas em busca de uma ocupação remunerada.
A falta de empregos, os baixos salários e a concentração de terras e renda nas mãos de poucas pessoas geraram fortes desigualdades sociais. Trabalhadores passaram a exercer atividades informais, ou seja, sem vínculo trabalhista, e não contribuem para a Previdência Social – o que prejudica a arrecadação de impostos pelo governo e também deixa o trabalhador desprotegido em caso de problemas de saúde, por exemplo. Com remunerações mensais baixas, ou mesmo sem renda, muitas famílias se viram obrigadas a se estabelecerem em áreas inapropriadas ou, em alguns casos, em terrenos ilegais. As desigualdades sociais são facilmente observadas em metrópoles como São Paulo (SP), mas também em outras grandes metrópoles com características tardias de industrialização, a exemplo de Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Recife (PE). As desigualdades sociais geram condições distintas de oportunidades profissionais aos cidadãos. Quando crianças e adolescentes não têm acesso a uma educação de qualidade durante o período escolar, há um comprometimento ao longo de sua carreira profissional, dificultando a disputa por vagas de empregos que exigem maiores qualificações. A exposição à violência e ao crime organizado, a fome e a falta de infraestrutura adequada também são exemplos de problemas sociais presentes em todo o território brasileiro.
O crescimento das cidades
Desde a formação das primeiras cidades até a Revolução Industrial, no século XVIII, o campo exerceu papel econômico mais importante que o das cidades, mesmo em grandes civilizações. Na Antiguidade, apenas Roma e Alexandria reuniam grandes populações. Nas demais, apesar de haver circulação de pessoas e consumo de mercadorias, a maioria da população residia no campo. Em 1800, apenas dez cidades superavam 100 mil habitantes, enquanto 90% dos indivíduos (o que representava cerca de 87 milhões de pessoas) se estabeleciam no campo. Com o desenvolvimento das máquinas e o surgimento das fábricas, a relação entre campo e cidade foi completamente modificada. Um conjunto de fatores passou a atrair os trabalhadores para as cidades, incluindo a grande oferta de empregos gerada pelas fábricas e outras oportunidades que surgiram em decorrência da modernização das cidades. No início, a expansão das cidades ocorreu no oeste da Europa e nos Estados Unidos. Na sequência, no Leste Europeu e no Japão. O Brasil ampliou suas cidades apenas após a Segunda Guerra Mundial. A industrialização tardia no Brasil provocou um crescimento urbano desordenado e sem o devido planejamento. Entre os anos de 1950 e 1990, as cidades brasileiras triplicaram o número de habitantes. Com o aumento populacional das cidades, a demanda por alimentos ficou cada vez maior. Assim, o campo precisou se modernizar e desenvolver novas técnicas para ampliar a produtividade agropecuária. A mecanização do campo foi a alternativa encontrada pelos grandes proprietários de terras para atender às necessidades do mercado. Esse processo reduziu ainda mais a oferta de empregos, tornando o campo um espaço repulsivo para muitos trabalhadores. O deslocamento definitivo e em massa dessa população do campo para a cidade é chamado de êxodo rural.
As funções do campo e da cidade
Nomadismo e sedentarismo
Vista aérea de área de cultivo de milho e silos de armazenamento, com cidade ao fundo, em Sertanópolis (PR), 2020. Caçar animais e coletar frutos e sementes foram práticas humanas de sobrevivência durante cerca de 90% da história do Homo sapiens. Essas atividades, apesar de proporcionarem um diferente estilo de convivência em grupo, apresentavam uma relação direta com a natureza. A vida desses grupos humanos dependia das condições naturais dos locais em que viviam, já que não havia conhecimento aprofundado sobre os fenômenos da natureza. Somente por volta de 10000 a.C., alguns grupos humanos começaram a domesticar animais e cultivar plantas. A partir de então, o modo de vida começou a mudar, com alguns grupos humanos deixando de ser nômades para viver de modo sedentário. O domínio de técnicas de cultivo de plantas foi um importante marco na história da humanidade, conhecido como Revolução Agrícola. Com base nele, surgiram os primeiros vilarejos e, posteriormente, as cidades.
Cidades na Antiguidade
Com o sedentarismo promovido pela agricultura (com o cultivo de cereais, sobretudo trigo e cevada), as comunidades passaram a se organizar em um estilo de vida que proporcionava o crescimento populacional em escala maior. A domesticação de animais trouxe a condição de explorar, além da carne, o couro e a lã. Como vimos, a fixação de grupos humanos à terra fez surgir os vilarejos e as cidades, com seus próprios modelos de organização social e relação com os demais aglomerados populacionais vizinhos. As primeiras cidades de que se tem registro surgiram na Mesopotâmia (atual Iraque, na Ásia), entre os rios Tigre e Eufrates, região de terras excelentes para a agricultura, chamada de Crescente Fértil. Ur, talvez a cidade mais famosa dessa região, tornou-se conhecida pelos imponentes monumentos edificados. Já a Babilônia, surgida após a queda de Ur, por volta de 2300 a.C., tornou-se a maior cidade do mundo antigo no século VII a.C. Com a formação das cidades e a crescente necessidade de desenvolvimento de técnicas mais eficientes para a agricultura e a pecuária (agropecuária), foram criadas condições ainda mais eficazes para a produção. As cidades passaram a desenvolver equipamentos de infraestrutura mais modernos, com o objetivo de atender ao crescente volume populacional e às necessidades ainda maiores desses grupos humanos.
Campo e cidade
Esse limite físico era comum em determinadas civilizações na Antiguidade. Na atualidade, como é possível definir onde termina o campo e onde começa a cidade, já que não existem muralhas dividindo esses espaços? Sabemos que tanto o campo como a cidade são espaços que apresentam paisagens modificadas pela ação humana. Apesar da presença de uma cobertura, em muitos casos, verde, nas regiões em que existem atividades agropecuárias a vegetação original já foi substituída por práticas que levam ao cultivo de vegetais e à criação de animais. Visualizar o campo, para muitos, pode passar a falsa sensação de que o espaço natural está preservado.
Rural e urbano
Em um sentido mais amplo, além das atividades exercidas por moradores em idade produtiva no campo e na cidade, surgem os conceitos rural e urbano. Neles está inserido, além do espaço físico, o estilo de vida das pessoas que vivem nessas localidades.
Vimos até o momento que tanto o campo como a cidade assumem funções gerais próprias. Enquanto no campo as atividades ligadas à agropecuária são mais presentes, na cidade, a formação de áreas residenciais, a instalação industrial e a prestação de serviços e comércio são visualmente mais perceptíveis. Porém essa é uma regra que não se aplica a todas as realidades. Apesar de muitos ainda verem o meio rural como atrasado e com pouca tecnologia e o meio urbano promissor e modernizado, essa percepção é falha. Profundas transformações ocorreram nos meios rural e urbano nas últimas décadas. Com o avanço das tecnologias de comunicação, além do estreitamento das redes de transporte, a conexão entre esses espaços ficou ainda mais forte. Enquanto, de um lado, os moradores do campo passaram a absorver hábitos urbanos, como o modo de se vestir, as gírias ao falar e o consumo de produtos comuns em grandes centros, muitos moradores das cidades passaram a cultivar hábitos rurais considerados mais saudáveis, utilizando produtos não industrializados e produzindo hortaliças nos próprios jardins e varandas. Um exemplo dessa maior relação entre campo e cidade está no setor industrial, que, até meados do século XX, se instalava exclusivamente em cidades. Porém, aos poucos, passou a se apropriar também de terras historicamente utilizadas para o cultivo de plantas ou a criação de animais. Esse processo provoca modificações na paisagem e no estilo de vida dos habitantes locais.
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