domingo, 18 de agosto de 2024

Comércio e serviços no Brasil

A circulação de mercadorias, os atendimentos médicos e as atividades de ensino e administração são exemplos de serviços prestados entre pessoas, diretamente ou por intermédio de instituições. O comércio e os serviços compõem o setor terciário da economia.

Serviços

Os serviços ocupam a maior parte dos trabalhadores no Brasil: em 2019, 12,8 milhões de pessoas atuavam na prestação de serviços. As cidades concentram a maior parte das atividades do setor terciário em virtude da concentração populacional e das condições de infraestrutura.

Turismo 

O turismo faz parte do setor de serviços e é uma atividade importante a ser analisada do ponto de vista geográfico, pois está diretamente relacionado às características locais e provoca mudanças espaciais onde é realizado. Muitas atividades econômicas estão relacionadas ao turismo, como transporte, hospedagem, alimentação e condução de passeios. Os motivos que levam as pessoas a visitar locais são também diversos; entre eles, destacam-se: a beleza paisagística, aspectos históricos e culturais, eventos e negociações comerciais, entre outros. As atividades turísticas atraem receita e geram empregos nos locais onde são realizadas. Mas é importante considerar os possíveis danos ambientais e sociais decorrentes do turismo desordenado.

Comércio 

As atividades comerciais estão presentes em todos os centros urbanos e podem ser identificadas em variadas modalidades. É por meio do comércio que as pessoas têm acesso às diversas mercadorias produzidas no extrativismo, na agropecuária, nas indústrias e no artesanato. O IBGE distingue três modalidades principais de comércio segundo o destino das mercadorias: 
No comércio varejista (varejo), as mercadorias são vendidas diretamente aos consumidores finais, para consumo pessoal ou doméstico. 
No comércio atacadista (atacado), as mercadorias são comercializadas com intermediários e destinadas a outros estabelecimentos comerciais. 
 • Já o comércio de veículos, peças e motocicletas se diferencia dos anteriores por seus produtos atenderem tanto às necessidades pessoais quanto de empresas e outras instituições. 
O setor varejista é o responsável pelo maior número de pessoas ocupadas no comércio. Entre as regiões brasileiras, mais da metade dos trabalhadores do comércio está no Sudeste. 

Comércio eletrônico 

Tradicionalmente, o comércio é realizado de maneira presencial. O surgimento da internet e dos meios eletrônicos de pagamento permitiu o desenvolvimento do comércio eletrônico ou e-commerce. Essa modalidade vem apresentando grande crescimento no Brasil e foi impulsionada durante a pandemia da covid-19. Em 2021, 11,3% das vendas do varejo foram realizadas por meios virtuais. Se por um lado o comércio eletrônico representa uma comodidade para compradores e amplia o mercado para comerciantes, por outro aumenta a demanda por fretes. A competitividade no setor de transportes também é crescente e, no Brasil, envolve a empresa pública federal de correios, empresas privadas nacionais e de origem estrangeira. 

Estabelecimentos comerciais 

O comércio ambulante é uma atividade comum no Brasil, realizada por trabalhadores que não contam com um imóvel para comercializar seus produtos. 
Muitos municípios regulamentam o comércio ambulante cadastrando comerciantes e fornecendo licenças para uso de espaços públicos destinados a essa atividade. Ainda assim, esses comerciantes são trabalhadores autônomos, em sua maioria. Muitos trabalham de maneira informal, ou seja, sem registros que exigem o pagamento de impostos e garantem direitos trabalhistas. 
Além do comércio de rua – como são chamados os estabelecimentos abertos para o espaço público –, há um crescente número de shopping centers – espaços privados que reúnem diversas lojas, dispõem de estacionamento para veículos e de amplos espaços de circulação. O primeiro shopping center foi inaugurado em 1966, em São Paulo. Em 1996, havia 128 centros desse tipo no país, e, apesar de terem enfrentado dificuldades de funcionamento e atração de público em decorrência da pandemia da covid-19, iniciada em 2020, totalizavam 620 unidades até maio de 2022. 

A participação da indústria na economia brasileira

Ao longo do tempo, as atividades produtivas, no Brasil, se tornaram mais diversificadas. O setor industrial passou a produzir diversos tipos de mercadoria durante o século XX, desde máquinas que são usadas em outras fábricas até alimentos e produtos eletrônicos.

O Produto Interno Bruto 

Uma forma de comparar a produção de cada setor da economia é por meio do Produto Interno Bruto (PIB), que corresponde à soma dos valores de todos os serviços e mercadorias finais produzidos em determinado local e período (trimestre, semestre, ano, etc.). Ele indica, por exemplo, se a economia está em crescimento – quando o valor do PIB de um país cresce de um ano para o outro – ou se está em crise – quando o valor do PIB diminui. Esse dado permite, ainda, verificar o desempenho da economia mundial, comparar setores econômicos de diferentes países saber quanto caberia a cada pessoa se a riqueza produzida em um local fosse distribuída igualmente entre todos os habitantes. Nesse último caso, divide-se o valor do PIB pelo número de habitantes e obtém-se o PIB per capita (por indivíduo).
O PIB per capita é uma média utilizada como referência para estudos e comparações, pois os valores obtidos na produção de mercadorias e serviços em um país nunca são distribuídos igualmente entre a população. Em 2021, o PIB do Brasil, por exemplo, foi de R$ 8,7 trilhões de reais e o valor do PIB per capita, R$ 40 688.

Os setores da economia e o PIB 

O cálculo do PIB abrange grande diversidade de atividades. Nesse cálculo são considerados apenas os valores dos bens e serviços finais, ou seja, aqueles que chegam ao consumidor final, pois o valor das matérias-primas ou da mão de obra envolvida nas etapas de produção está embutido no preço final de uma mercadoria. De modo geral, os produtos agropecuários apresentam baixo valor de mercado, enquanto os serviços são bastante diversificados. Por essa razão, a participação do setor terciário no PIB tende a ser maior que a dos demais setores da economia.

O Brasil está se desindustrializando? 

Atualmente, tem-se discutido o risco da desindustrialização no Brasil. Isso significa que a participação do setor industrial no conjunto da economia está diminuindo e que, futuramente, a indústria brasileira pode enfrentar maiores dificuldades de recuperação. Ao analisar a participação de cada setor da economia no PIB brasileiro nas últimas décadas, observa-se uma queda da participação industrial. 
Na década de 1990, houve maior integração do país à economia internacional. O governo federal reduziu a restrição à importação de produtos industrializados, e essa abertura comercial resultou em maior competição entre bens nacionais e produtos estrangeiros. As indústrias brasileiras viram a necessidade e o desafio de se tornarem mais produtivas e inovadoras. Esse desafio ainda está posto, o que torna estratégicos para o Brasil os investimentos em pesquisa científica e desenvolvimento de inovações voltadas para os processos produtivos.

Fuga de empresas 

O encerramento de atividades das multinacionais no Brasil é uma preocupação para os governos municipais, estaduais e federal. Nos últimos anos, indústrias de automóveis e eletroeletrônicos deixaram o país ou reduziram o número de fábricas.
A queda do consumo interno em períodos de crise econômica e o aumento dos custos de produção são algumas das causas para esse encolhimento das multinacionais, o que resulta no aumento do desemprego, no enfraquecimento de outras atividades locais e na queda de receita dos municípios pela interrupção na coleta de impostos.

Ampliação do setor terciário 

O aumento de pessoas vivendo em cidades e o desenvolvimento tecnológico impulsionaram o setor de serviços em todo o mundo. Os meios de comunicação e os serviços de transporte, educação, saúde, entre outros, são cada vez mais requisitados e necessitam de muita mão de obra. Mas, no Brasil, esse fato é motivo de alerta, visto que a redução da participação industrial apresenta ritmo mais acelerado do que o verificado em outros países. Esse setor tem capacidade de gerar grande número de empregos e estimula outras atividades econômicas, enquanto grande parte das vagas de trabalho no setor de serviços apresenta baixa remuneração. Outro parâmetro comumente utilizado para verificar a relevância da indústria na economia é a parcela de pessoas empregadas no setor. Esse dado apresentou pouca variação nos últimos anos, mantendo-se próximo a 13%. O setor terciário, que abrange o comércio e os serviços, é o que emprega maior número de pessoas, sendo responsável por cerca de 70% das ocupações no Brasil.

Distribuição espacial da indústria no Brasil

Ao longo do processo de industrialização, o número de estabelecimentos, de pessoas empregadas e a participação da indústria na economia nacional cresceram. Desde o século XIX, a região Sudeste concentrou a maior parte desse setor. Embora essa situação ainda se mantenha até os dias atuais, houve um processo de desconcentração industrial, isto é, algumas fábricas passaram a ser instaladas em outras localidades do país.

Concentração e desconcentração industrial 

Com o objetivo de reduzir as disparidades socioeconômicas regionais, os governos militares (1964-1985) incentivaram a criação de polos industriais, principalmente a partir dos anos 1970. Grandes investimentos foram feitos para a instalação de polos siderúrgicos, petroquímicos e de produção de fertilizantes a fim de ampliar o desenvolvimento industrial em outras localidades do país. Também se expandiram as redes de transportes, energia (de geração e de transmissão) e telecomunicações pelo território brasileiro, o que impulsionou o desenvolvimento industrial. Nesse contexto, surgiram: a Zona Franca de Manaus, no Amazonas, em 1967, o Polo Petroquímico de Triunfo, no Rio Grande do Sul, em 1975, e o Complexo Industrial de Camaçari, na Bahia, em 1978. A Zona Franca de Manaus, por exemplo, oferece isenção de impostos sobre a produção e alfandegários, ou seja, aqueles que incidem nas trocas comerciais com outros países. Isso favorece a instalação de indústrias que dependem da importação de insumos, como a eletrônica.

Guerra fiscal 

Além dos investimentos governamentais ofertados em outras localidades, fatores como a valorização da mão de obra e dos terrenos nas metrópoles da região Sudeste e os congestionamentos de veículos contribuíram para o processo de desconcentração industrial. Buscando atrair novas indústrias e empresas, a partir dos anos 1990, estados e municípios passaram a competir pela oferta de vantagens e subsídios, em uma situação que ficou conhecida como guerra fiscal. Essa disputa envolve principalmente a isenção de impostos, mas também a oferta de terrenos, infraestruturas e até mesmo a construção das instalações. Em virtude desses fatores, a participação relativa da produção industrial da região Sudeste foi reduzida, principalmente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, ao mesmo tempo que as regiões Sul e Nordeste têm ampliado sua participação, assim como a Norte e a Centro-Oeste, em menor escala. No entanto, o maior número de estabelecimentos, a maior parte da produção industrial e a maior oferta de empregos na indústria do país ainda estão concentrados na região Sudeste.

Principais setores industriais 

A diversidade da indústria brasileira é resultado do complexo processo de industrialização e de um amplo mercado interno, que demanda produtos diversos. Nas indústrias de transformação, as matérias-primas são transformadas em produtos finais ou intermediários. Entre seus setores, o alimentício tem a maior participação no valor de transformação industrial e está presente em todo o país.
A produção de derivados de petróleo e biocombustíveis cresceu entre 2010 e 2019, principalmente nos estados de São Paulo, Espírito Santo, Amazonas, Tocantins, Pernambuco e Alagoas. A indústria automobilística esteve concentrada no estado de São Paulo e expandiu-se para outras localidades, como o Complexo Industrial de Camaçari (BA), o Polo Automotivo de Goiana (PE) e as regiões metrpolitanas de Belo Horizonte (MG) e de Curitiba (PR). A produção de celulose e papel ocorre principalmente nos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Maranhão. Os destaques nas agroindústrias são o processamento de carnes e grãos nas regiões Sul e Centro-Oeste, além das usinas de açúcar e álcool.
A denominada mineração industrial e a indústria metalúrgica processam metais para a produção de bens e estão concentradas no Pará, em Minas Gerais, no Espírito Santo, no Maranhão, no Rio de Janeiro e em São Paulo. A indústria do vestuário tem destaque em Santa Catarina e no Ceará. Muitas indústrias foram instaladas fora das áreas urbanas, apostando na aproximação de centros produtores de matéria-prima ou de eixos rodoviários, que favorecem o escoamento de insumos e mercadorias.

O agronegócio e as commodities agrícolas

O agronegócio corresponde ao conjunto de atividades voltadas para a produção agropecuária e envolve desde a produção até a comercialização de máquinas agrícolas, insumos e produtos, extrapolando o setor primário da economia.
No Brasil, o agronegócio tem forte relação com a produção das commodities agrícolas, mercadorias que possuem grande importância no mercado internacional, sendo, inclusive, comercializadas na bolsa de valores, como soja, café, algodão e milho.
A soja é um dos principais produtos brasileiros de exportação e está presente em todas as regiões do país, com predominância no Mato Grosso, no Rio Grande do Sul, no Paraná, em Goiás e no Mato Grosso do Sul.
A produção de milho possui grande relevância na produção nacional de grãos. O destino da produção é, sobretudo, o mercado interno, tanto para alimentação humana como animal. Por ser cultivado em alternância com a soja, o estado do Mato Grosso também lidera a produção nacional de milho em grãos, seguido por Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul. 
A cana-de-açúcar, cultivada no país desde o período colonial, tem grande expressão no estado de São Paulo, que responde a mais de 50% do total produzido no país. Destacam-se ainda os estados das regiões Centro-Oeste e Nordeste do Brasil. Importante item de exportação do país desde o fim do século XIX, o café é produzido principalmente no Espírito Santo, em Minas Gerais, na Bahia, em São Paulo e no Paraná.

Soja 

Entre as culturas temporárias, a soja destaca-se no Brasil contemporâneo, sendo cultivada em grandes propriedades. Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Usada como matéria-prima para os mais diferentes setores da indústria, como cosméticos, farmacêutica, adubos, plásticos, fábricas de óleo, de bebidas, de alimentos e de farelo. Parte importante dos complexos agroindustriais integra-se à cadeia produtiva da soja, o principal produto agrícola exportado pelo Brasil. Essa cultura vem atraindo grandes investimentos industriais no setor de processamento do produto. Recentemente, empresários chineses passaram a investir na produção e processamento de soja no Brasil para abastecer seu país de origem, o maior consumidor de soja do mundo.
Cultivada tradicionalmente nos estados do sul do país desde a década de 1970, a soja avançou sobre o Cerrado do Brasil central, transformando a paisagem dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Ela também está presente no oeste da Bahia e no Mapito, nome dado à região que compreende parte do Maranhão, do Piauí e do Tocantins.

Cana-de-açúcar 

A cana-de-açúcar é uma cultura temporária. Ela está muito bem adaptada às condições climáticas em diferentes estados brasileiros, já que é plantada desde o período colonial. A cana-de-açúcar fornece matéria-prima para as usinas processadoras que produzem açúcar e álcool. Com a mecanização da colheita da cana, muitos trabalhadores que trabalhavam no corte perderam o emprego. Porém, há um movimento para capacitar essa mão de obra para trabalhar com as novas tecnologias, como operador e eletricista de máquinas colheitadeiras. 

Laranja 

Como uma árvore de laranja produz por muitos anos, ela é considerada uma cultura permanente. Mas uma plantação exige cuidados para evitar sua contaminação por bactérias que causam doenças e danificam a árvore, que pode ter de ser eliminada. Parte das laranjas é destinada à produção de sucos industrializados, integrando uma cadeia agro industrial.

Café 

O café também é uma cultura permanente – um pé de café pode produzir por cerca de 25 anos. O café chegou ao Brasil trazido da Guiana Francesa em meados do século XVIII. A planta adaptou-se bem às condições climáticas do país, espalhando-se pelo litoral, até consolidar-se na Baixada Fluminense e no Vale do Paraíba, onde esteve ligada ao desenvolvimento dessas áreas. O café foi o principal produto de exportação do país durante o século XIX e início do século XX. Atualmente, o Brasil é o maior produtor mundial. O café solúvel é um exemplo da industrialização do café antes de chegar ao consumidor.

Produção agrícola no Brasil

No cultivo agrícola do Brasil, há dois tipos de cultura.
Temporária: para uma nova produção, as espécies precisam ser replantadas, como a mandioca, o feijão, o arroz e o milho.
Permanente: a mesma planta gera colheitas mais de uma vez ao longo de seu ciclo de vida, como o café e a maioria das frutas. Na produção brasileira, destacam-se os cultivos de soja, milho, cana-de-açúcar, café, algodão e laranja, que abastecem o mercado interno e são importantes produtos de exportação. O arroz, a mandioca, o feijão e a banana são produzidos principalmente para atender ao consumo nacional.

Importação de alimentos 

O Brasil importa trigo, aveia, malte, arroz, cebola, maçã, centeio, cevada e carnes, como o bacalhau. O trigo é um dos principais produtos, pois esse cereal não se desenvolve bem em locais de alta temperatura e umidade, comuns no clima Tropical. Os principais estados produtores de trigo estão na região Sul, onde predomina o clima Subtropical. A região se destaca ainda no cultivo de maçã, pêssego e uva. 

Fruticultura irrigada 

A implantação de técnicas de irrigação propiciou, em décadas recentes, o desenvolvimento da fruticultura no vale do rio São Francisco, região de divisa entre Bahia e Pernambuco. Municípios como Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) têm atingido elevada produtividade, principalmente de uva, melão, coco, goiaba e manga, com parte da produção destinada à exportação.

Acesso aos alimentos 

Embora o Brasil se destaque na produção de alimentos e nas exportações agropecuárias, há brasileiros que vivem em situação de insegurança alimentar, fazendo refeições sem regularidade, com baixo valor nutricional e pouca disponibilidade de alimentos em seus domicílios. Essa condição afeta tanto moradores das áreas urbanas quanto das áreas rurais. Entre as causas da insegurança alimentar, estão:
• desigualdade no acesso à terra, que está concentrada nas mãos de poucos produtores; 
• dificuldades de acesso a políticas públicas que visem ampliar a produção das terras; 
• baixo poder de consumo, uma vez que os preços dos alimentos são bastante elevados. Por essas razões, o fortalecimento da agricultura familiar é um dos mecanismos de combate à fome.

Práticas agrícolas sustentáveis 

Nas práticas agrícolas, é comum o desgaste e a perda de fertilidade do solo pelo uso intensivo combinado à prática da monocultura, ou seja, o cultivo de uma única espécie em determinada área. Com o desgaste do solo, cresce a necessidade do uso de fertilizantes. Entretanto, apesar de propiciarem o aumento da produção em larga escala, essas substâncias podem ser prejudiciais à saúde e ao ambiente se utilizadas em níveis elevados. A agricultura é, também, a atividade que mais consome água no Brasil: 68,4% do consumo nacional total, em 2017, segundo a Agência Nacional das Águas (ANA). Como alternativa, há cada vez mais produtores priorizando práticas agrícolas sustentáveis. Os sistemas agroecológicos, por exemplo, fazem uso de diferentes técnicas para mitigar o empobrecimento do solo, utilizar água de modo racional e evitar a proliferação de insetos e doenças. Algumas dessas técnicas são: 
• priorizar a produção e o consumo local, com o intuito de diminuir a interferência no ambiente; 
• buscar a independência de insumos externos; 
• resgatar conhecimentos tradicionais; 
• diversificar a produção, fazendo uso do sistema de rotação de culturas, inclusive com criação de animais; 
• fertilização biológica.

Recursos minerais fósseis

Petróleo, gás natural e carvão mineral são as mais importantes fontes de energia do mundo e, por isso, são recursos minerais muito cobiçados. Por se originarem de material orgânico, depositado entre camadas de rochas e decomposto ao longo de milhares de anos, são também chamados de combustíveis fósseis (quando utilizados para a geração de energia) e podem apresentar as formas sólida (caso do carvão mineral), líquida (caso do petróleo cru) ou gasosa (caso do gás natural).
Os recursos minerais energéticos brasileiros Recursos minerais fósseis Navio-plataforma de extração, armazenamento e transferência de petróleo na bacia de Santos, próximo à costa do Rio de Janeiro (RJ), 2019. Por se formarem em áreas em que houve deposição de sedimentos, os recursos minerais energéticos de origem fóssil ocorrem em áreas de bacias sedimentares. A exploração petrolífera brasileira teve início em 1939 com a descoberta de petróleo na Bahia. Desde a criação da Petrobrás, em 1953, a produção nacional tem crescido, fruto de investimentos e iniciativas governamentais em pesquisa científica e tecnológica, além de estudos exploratórios para descobrir novas reservas. O Brasil é, na atualidade, um dos países que detêm uma importante capacidade de pesquisa, extração, refinamento, processamento e distribuição de petróleo e gás natural. Em 2020, o país possuía a 16 maior reserva de petróleo do mundo e a 10 colocação na produção de petróleo cru. De gás natural, o Brasil possui a 33 maior reserva e a 30 maior produção do mundo.
As reservas petrolíferas e de gás natural brasileiras concentram-se sobretudo na plataforma continental, no oceano Atlântico. Em 2006, foi descoberta a camada pré-sal, uma área com grandes reservas de petróleo e gás natural que se estende do litoral do Espírito Santo até a costa do Paraná.

A produção de petróleo e gás natural no Brasil 

A produção de petróleo e gás natural no Brasil possui pelo menos três grandes períodos bem definidos: de 1953 a 1973, em que havia a predominância da exploração em terra e com destaque para a produção no Nordeste, principalmente no Recôncavo Baiano, Sergipe e Alagoas; de 1973 a 2006, com o início e a dominância da produção marítima, com destaque para a produção na bacia petrolífera de Campos, no Rio de Janeiro; e desde 2006 até a atualidade, com a descoberta do pré-sal e o desenvolvimento tecnológico voltado para a exploração em grandes profundidades, em que se destacam a produção nas bacias petrolíferas de Santos (SP) e de Campos (RJ).
Atualmente, em razão da localização da maior parte das reservas, a produção de petróleo e gás natural brasileiros ocorre sobretudo no mar, em profundidade. Isso exige altos investimentos e tecnologias específicas, que ocorreram no Brasil, em grande medida, com a ação governamental de pesquisa e conhecimento do território (com o aprofundamento de estudos sísmicos das camadas de rochas no mar). Os investimentos, principalmente após a década de 1970, também buscavam reforçar a autonomia tecnológica da Petrobras, com o desenvolvimento de plataformas de perfuração e a exploração de sistemas de produção marítimos. 
Desde a descoberta do pré-sal, em 2006, a produção vem crescendo em ritmo acelerado no país. A produção é predominantemente petrolífera e ocorre de forma concentrada principalmente nos estados de Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo.

A infraestrutura brasileira para produção de petróleo 

A produção de petróleo e gás natural exige um grande aparato tecnológico e de infraestruturas. Independentemente de a extração desses recursos ocorrer no mar ou na terra, são necessárias diversas etapas para que essas matérias-primas possam ser utilizadas de fato. Após a extração, o petróleo e o gás natural são transportados por oleodutos (no caso do petróleo), por gasodutos (no caso do gás natural) ou por navios petroleiros, sendo deslocados até terminais, tanques de armazenamento, refinarias e unidades de processamento.
A rede brasileira de oleodutos e gasodutos é, portanto, de grande importância para a interligação entre extração, refino e distribuição, além de garantir o abastecimento com matéria-prima de centrais de produção de energia elétrica. Além do abastecimento nacional, há também relações com outros países da América do Sul, como é o caso da Bolívia. Os dois países compartilham uma via de transporte que percorre 3 150 quilômetros e é responsável por grande parte do abastecimento de gás natural do Brasil.

As reservas e a produção de carvão mineral no Brasil 

O carvão mineral é um dos mais importantes recursos minerais energéticos. No entanto, no Brasil as reservas apresentam baixa quantidade e qualidade, concentrando-se na região Sul, sobretudo nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Na cidade de Tubarão, em Santa Catarina, o carvão mineral é processado e vendido para utilização em indústrias siderúrgicas. Nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, é utilizado para fins energéticos,

Impactos ambientais do uso de recursos fósseis 

O uso de recursos minerais fósseis tem efeitos ambientais desde a fase de busca por reservas até o consumo. A maior parte do petróleo brasileiro é explorada no fundo oceânico e, para descobrir novos poços, uma das técnicas usadas consiste na emissão de ondas no fundo marinho. Essa técnica gera a fuga e até mesmo a morte de espécies marinhas, afetando também a pesca. 
O derramamento de petróleo é outro risco constante na atividade extrativa. Ele pode ocorrer durante a exploração e o transporte do material, causando danos graves aos ecossistemas. Em 2019, um extenso trecho do litoral brasileiro foi poluído por petróleo derramado por um navio de origem grega. O óleo chegou a diversas praias, desde o Maranhão até o Rio de Janeiro. 
O consumo de combustíveis produzidos a partir do petróleo, como gasolina e diesel, também causa a emissão de gases poluentes na atmosfera. A mistura de biocombustíveis, como o etanol, é uma das medidas adotadas, no Brasil, para reduzir essa emissão.

Impactos da mineração

Com exceção da exploração de petróleo e gás, a maior parte das atividades mineradoras no Brasil é realizada em minas, a céu aberto. Esse tipo de exploração altera o relevo local, causa a remoção da vegetação e da fauna e é capaz de provocar a contaminação da atmosfera com gases e poeira, além da poluição e o assoreamento dos rios. O assoreamento ocorre quando sedimentos se acumulam no leito do rio e reduzem a velocidade de seu escoamento ou causam obstrução das águas. 
Após o fim da exploração, as empresas mineradoras são responsáveis pela recuperação ambiental das áreas degradadas. Se considerarmos o histórico da mineração no Brasil, essa exigência é recente, presente na Constituição Federal de 1988. 
Na mineração de rochas, como mármore, granito e brita, o material extraído é o próprio produto comercializado, o que torna a recuperação relativamente mais simples. Na exploração de minérios, o mineral ou metal de interesse comercial é separado de outros materiais presentes no subsolo, dando origem aos rejeitos. Essa sobra pode ser reaproveitada para outros usos ou deve ser depositada com segurança pelas empresas mineradoras. 
Dois grandes desastres ocorreram no Brasil em 2015 e 2019, como resultado do rompimento de barragens que estocavam rejeitos da mineração nos municípios de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais. O material espalhado soterrou casas, pessoas, animais, destruiu vias de transporte e poluiu os rios Doce e Paraopeba, impedindo a pesca e a captação de água para consumo.

Produção de energia no Brasil

Movimentar máquinas, cargas e pessoas por longas distâncias demanda muita energia. No Brasil, usam-se combustíveis derivados de fontes não r...