Ao longo do processo de industrialização, o número de estabelecimentos, de pessoas empregadas e a participação da indústria na economia nacional cresceram. Desde o século XIX, a região Sudeste concentrou a maior parte desse setor. Embora essa situação ainda se mantenha até os dias atuais, houve um processo de desconcentração industrial, isto é, algumas fábricas passaram a ser instaladas em outras localidades do país.
Concentração e desconcentração industrial
Com o objetivo de reduzir as disparidades socioeconômicas regionais, os governos militares (1964-1985) incentivaram a criação de polos
industriais, principalmente a partir dos anos 1970. Grandes investimentos
foram feitos para a instalação de polos siderúrgicos, petroquímicos e de
produção de fertilizantes a fim de ampliar o desenvolvimento industrial
em outras localidades do país. Também se expandiram as redes de transportes, energia (de geração e de transmissão) e telecomunicações pelo
território brasileiro, o que impulsionou o desenvolvimento industrial.
Nesse contexto, surgiram: a Zona Franca de Manaus, no Amazonas, em
1967, o Polo Petroquímico de Triunfo, no Rio Grande do Sul, em 1975, e o
Complexo Industrial de Camaçari, na Bahia, em 1978.
A Zona Franca de Manaus, por exemplo, oferece isenção de impostos
sobre a produção e alfandegários, ou seja, aqueles que incidem nas trocas comerciais com outros países. Isso favorece a instalação de indústrias
que dependem da importação de insumos, como a eletrônica.
Guerra fiscal
Além dos investimentos governamentais ofertados em outras localidades, fatores como a valorização da mão de obra e dos terrenos nas
metrópoles da região Sudeste e os congestionamentos de veículos contribuíram para o processo de desconcentração industrial.
Buscando atrair novas indústrias e empresas, a partir dos anos 1990, estados e municípios passaram a competir pela oferta de vantagens e subsídios, em uma situação que ficou conhecida como guerra fiscal. Essa disputa envolve principalmente a isenção de impostos, mas também a oferta
de terrenos, infraestruturas e até mesmo a construção das instalações.
Em virtude desses fatores, a participação relativa da produção industrial da região Sudeste foi reduzida, principalmente nos estados de São
Paulo e Rio de Janeiro, ao mesmo tempo que as regiões Sul e Nordeste
têm ampliado sua participação, assim como a Norte e a Centro-Oeste, em
menor escala. No entanto, o maior número de estabelecimentos, a maior
parte da produção industrial e a maior oferta de empregos na indústria do
país ainda estão concentrados na região Sudeste.
Principais setores industriais
A diversidade da indústria brasileira é resultado do complexo processo de industrialização e de um amplo mercado interno, que demanda
produtos diversos.
Nas indústrias de transformação, as matérias-primas são transformadas em produtos finais ou intermediários. Entre seus setores, o alimentício tem a maior participação no valor de transformação industrial e está
presente em todo o país.
A produção de derivados de petróleo e biocombustíveis cresceu entre 2010 e 2019, principalmente nos estados de São Paulo, Espírito Santo,
Amazonas, Tocantins, Pernambuco e Alagoas.
A indústria automobilística esteve concentrada no estado de São
Paulo e expandiu-se para outras localidades, como o Complexo Industrial
de Camaçari (BA), o Polo Automotivo de Goiana (PE) e as regiões metrpolitanas de Belo Horizonte (MG) e de Curitiba (PR).
A produção de celulose e papel ocorre principalmente nos estados
de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Maranhão.
Os destaques nas agroindústrias são o processamento de carnes e
grãos nas regiões Sul e Centro-Oeste, além das usinas de açúcar e álcool.
A denominada mineração industrial e a indústria metalúrgica processam metais para
a produção de bens e estão concentradas no
Pará, em Minas Gerais, no Espírito Santo, no Maranhão, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
A indústria do vestuário tem destaque em
Santa Catarina e no Ceará.
Muitas indústrias foram instaladas fora das
áreas urbanas, apostando na aproximação de
centros produtores de matéria-prima ou de eixos rodoviários, que favorecem o escoamento de
insumos e mercadorias.