domingo, 18 de agosto de 2024

A reforma agrária

Segundo a Constituição brasileira, o governo pode desapropriar as terras públicas ou privadas improdutivas, ou seja, aquelas que são pouco aproveitadas para a produção e que não cumprem sua função social. Realizar uma reforma agrária, que é a redistribuição dessas propriedades para trabalhadores sem-terra, visando à justiça social e ao aumento da produção agrícola, de acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Entretanto, latifundiários costumam usar algumas estratégias para disfarçar a improdutividade da propriedade, como desmatar a terra para que pareçam estar em uso. Outros exigem do governo o pagamento de indenizações pelas benfeitorias realizadas em suas terras, tais como açudes, moradias e mesmo desmatamentos. Assim, na maior parte dos casos, permanecem como proprietários, aguardando uma maior valorização para colocar suas terras à venda. 
A reforma agrária só será economicamente eficiente e socialmente justa se acompanhada de uma política agrícola, ou seja, de um conjunto de medidas tomadas pelo governo para viabilizar a produção. A implementação de uma política agrícola voltada para os pequenos proprietários é uma das principais reivindicações dos trabalhadores rurais organizados.

Os assentamentos rurais 

Os conflitos e a luta pela terra deram início ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na década de 1980, que luta pela reforma agrária para que mais gente possa ter acesso à terra. Originado no Rio Grande do Sul, o MST criou uma forma de luta em que se ocupam terras improdutivas de grandes propriedades para pressionar o governo a distribuí-las para a agricultura. As terras conquistadas pelos trabalhadores rurais, quando reconhecidas pelo governo, são chamadas de assentamentos. Em muitos dos assentamentos rurais conquistados pelo MST, os trabalhadores rurais se organizaram e garantiram a melhoria da produtividade e os esquemas de comercialização. 
O ritmo de assentamentos por reforma agrária apresenta variações ao longo da história, mas passou a diminuir a partir de 2008 até zerar em 2017, ou seja, nesse ano, nenhum assentamento foi realizado pelo governo brasileiro. Em geral, as justificativas para a diminuição dos assentamentos baseiam-se na queda da demanda e na contenção de verbas por parte dos governos. 

Redes de comunicação no Brasil

As redes de comunicação têm grande importância na atualidade. Elas possibilitam fluxos de mensagens, informações, etc., por meio de uma complexa infraestrutura de cabos, antenas e aparelhos receptores.

Os meios de comunicação de massa no Brasil 

Os jornais e as revistas, o rádio, a televisão e a internet são comuns em nosso dia a dia e são denominados meios de comunicação de massa, ou seja, canais de comunicação que se dirigem a um grande número de pessoas. Com exceção de jornais e revistas impressas, esses meios de comunicação dependem das redes de comunicação para que as informações sejam transmitidas para diversos lugares do Brasil e do mundo. O primeiro meio de comunicação de massa a ser utilizado no Brasil foi o jornal, no começo do século XIX. Inicialmente, só existiam jornais impressos e o alcance desse meio de comunicação era limitado, restrito às cidades mais importantes. Progressivamente, no entanto, os jornais ampliaram seu alcance e a imprensa seria revolucionada pelo rádio e pela televisão. 
A partir do início do século XX, o rádio causou grande impacto na sociedade brasileira, transmitindo notícias, narrações de eventos esportivos, músicas e novelas. A televisão, que tem a vantagem de ser um meio de comunicação audiovisual, chegou ao Brasil apenas na década de 1950 e, atualmente, é um aparelho acessível à maior parte dos brasileiros. A comunicação de informações no Brasil e no mundo também tem sido grandemente expandida pela internet. Muitos canais de jornalismo e redes sociais têm difundido notícias pelo mundo, muitas vezes, quase que instantaneamente.
Esses veículos permitem que as informações circulem em praticamente todo o mundo, independentemente de fronteiras e distâncias, interligando pessoas das mais distantes cidades, estados e países, facilitando o contato e a integração entre os lugares. A comunicação entre as pessoas, no Brasil e no mundo, também tem sido cada vez mais facilitada pelo acesso à banda larga e, principalmente, aos telefones celulares. 

Expansão das comunicações no Brasil 

Embora já existissem redes de telégrafo no território brasileiro desde o século XIX, as redes de comunicação se tornaram mais abrangentes somente a partir das décadas de 1950 e 1960, quando o governo brasileiro investiu na expansão da telefonia e da televisão. Posteriormente, nos anos 1970 e 1980, a comunicação de dados via satélite ampliou a possibilidade de comunicação em tempo real. Já nos 1990, houve a expansão do uso de computadores e da internet; e, nos anos 2000 e 2010, tornou-se possível se conectar a essa rede com a utilização de telefones móveis. Em fevereiro de 2022, no Brasil, eram realizados 40 milhões de acessos em banda larga fixa, 256 milhões em telefonia móvel, 15 milhões em TV por assinatura e 28 milhões pela telefonia fixa.

Rede de telefonia

As redes de telefonia constituíram-se como essenciais na comunicação à distância ao longo do século XX. A partir da década de 1960, a telefonia fixa se expandiu pelo país, em grande parte em razão dos investimentos governamentais. Em 1972, havia 1,3 milhão de acessos a esta rede, passando para 17 milhões em 1997, até chegar a 28 milhões em 2022. Já a telefonia móvel teve início no Brasil em 1990 e desde então se expandiu, passando de 700 aparelhos ativos naquele ano para 4,5 milhões em 1997 e 256 milhões em 2020.

 Rede de internet 

A rede de internet começou a ser instalada no Brasil nos anos 1990, com cabos de fibras ópticas conectando o país à rede global e, ao mesmo tempo, estruturando as primeiras ligações entre as capitais. Aos poucos, ela foi sendo ampliada e se articulou com satélites, atendendo a áreas da Amazônia. A banda larga se expandiu a partir dos anos 2000, aumentando a velocidade e o volume de dados e informações compartilhados. Em 2019, segundo o IBGE, 82% dos domicílios possuíam acesso à internet. Atualmente, o acesso ocorre principalmente por meio de smartphones, seguido pelo computador, pela televisão e pelos tablets. Na região Norte, prevalece o acesso por meio da banda larga móvel entre os usuários que utilizam a internet, uma vez que a abrangência das redes de cabeamento de internet fixa ainda é limitada nessa região, o que restringe e encarece o acesso a esse tipo de sinal.

 Redes de rádio e televisão 

No Brasil, a utilização do rádio como meio de comunicação teve início na década de 1920. Em pouco tempo, ele se tornou o veículo mais importante, levando ao surgimento de emissoras. Desse modo, os sinais começaram a ser transmitidos em todo o país, possibilitando a difusão de mensagens governamentais, programas de entretenimento, conteúdos musicais, etc. 
O rádio ainda hoje é um importante veículo de comunicação. Em 2021, 78% da população brasileira o utilizava e 60% o ouvia diariamente. 
O uso da televisão, por sua vez, começou a ganhar força nos anos 1950. É interessante notar que a transmissão do sinal, tanto do rádio quanto da TV, era realizada a partir da sede das empresas de radiodifusão, o que, em certa medida, limitou o alcance, mas também incentivou a criação de empresas dedicadas ao setor. 
Na década de 1980, graças ao uso de satélites para a transmissão de sinal, foi possível acessar a televisão em todo o território nacional com a instalação de antenas parabólicas. Na década de 1990, começaram a ser comercializados planos de televisão por assinatura. Já nos anos 2000, as transmissões passaram a ser por sinal digital, com qualidade muito superior. A partir de 2018, todo o sinal tornou-se digital. Vale destacar que o acesso a esse tipo de sinal não se dá da mesma forma em todo o território nacional.

A rede mundial de computadores

A rede mundial de computadores conecta pessoas de diferentes lugares por meio de uma grande “teia”, permitindo aos usuários compartilhar informações de maneira quase instantânea, acessar imprensa escrita e falada, pagar contas e solicitar documentos, acessar músicas e filmes, comprar mercadorias em lojas virtuais, entre outros exemplos. No século XXI, o gradual desenvolvimento e popularização de telefones celulares, tablets e smartphones com acesso à internet permitiu que ainda mais pessoas se conectassem à internet, sobretudo aquelas que não têm recursos para terem um computador pessoal. 
Embora apresente benefícios, a comunicação através da internet e principalmente das redes sociais exige certos cuidados, por exemplo, nunca informar seu endereço ou passar informações pessoais a desconhecidos, prestar atenção à fonte ao realizar pesquisas para saber se os dados são confiáveis, não publicar ou replicar inverdades ou mensagens que transmitam ofensas ou desrespeito a outras pessoas.
Desigualdades de acesso às redes de comunicação no Brasil 
Embora as redes de comunicação tenham se difundido no território brasileiro e contribuído para sua integração, deve-se ressaltar que ainda persistem muitas desigualdades no acesso à internet no país. Enquanto nas áreas urbanas o acesso é relativamente maior, nas áreas rurais ele é baixo, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país.
Quanto ao acesso a notícias, o Atlas da Notícia registra a existência de “desertos de notícia” no país, isto é, áreas em que não há acesso a nenhum veículo jornalístico, o que restringe a informação da população local quanto ao que ocorre no lugar onde vivem e, muitas vezes, a conteúdos de forma mais ampla. Esses “desertos” abrangiam cinco em cada dez municípios brasileiros em 2021 e 13,8% da população. A região Norte é onde eles estão mais presentes, seguida pela região Nordeste.


Redes de transporte no Brasil

As redes de transportes têm papel fundamental na integração do território de um país. Essas redes possibilitam ligações entre diferentes áreas e podem ser rodoviárias, ferroviárias, aquaviárias e aéreas. É por meio delas que ocorre a circulação de mercadorias e de pessoas.
No Brasil, adotou-se o transporte rodoviário como a principal opção para circulação de pessoas e bens. A distribuição das mercadorias pelo país ocorre predominantemente por meio de caminhões que trafegam por rodovias. Depois, vem o transporte ferroviário, que é o principal meio de deslocamento de recursos naturais. As hidrovias estão atrás das ferrovias, seguidas pelo sistema dutoviário, o qual transporta parte dos minerais, gás natural e petróleo, e o setor aéreo.

Os transportes e a integração do território brasileiro 

No Brasil, as regiões tinham poucas conexões de transportes até meados do século XX, o que limitava a circulação. Desde então, o governo federal passou a investir na ampliação das redes de transporte, principalmente o rodoviário, com a intenção de conectar centros de produção industrial (no início, muito concentrados no Sudeste) aos locais de consumo (sobretudo nas cidades do país). Também passou a priorizar a ligação entre áreas de produção agropecuária e os portos, o que influenciou o traçado das vias de transporte. Atualmente, o território encontra-se relativamente integrado, com predominância das rodovias, mas com presença importante das ferrovias, das hidrovias e do transporte aéreo. Tem-se buscado, cada vez mais, a multimodalidade, isto é, a utilização combinada de diferentes tipos de transporte para a circulação de mercadorias. Há pontos de conexão entre ferrovias, hidrovias e rodovias, de modo a reduzir custos e aproveitar as vantagens de cada tipo de transporte ao longo dos trajetos

Transporte rodoviário 

O transporte rodoviário é a principal modalidade de transporte no país, respondendo por mais de 60% do transporte de cargas. Apesar dos grandes custos de manutenção (das rodovias e dos veículos), esse modal permite flexibilidade no trânsito de veículos entre diferentes localidades. O planejamento das rodovias federais brasileiras buscou garantir a integração do território em múltiplas direções: radial (com centro em Brasília); longitudinal (direção norte-sul), transversal (direção leste-oeste) e diagonal (direção sudeste-noroeste, principalmente).
Entre os anos 1950 e 1980, os governos estaduais e federal realizaram grandes investimentos na expansão da rede de rodovias, que continua crescendo atualmente, porém em ritmo mais lento.
A utilização das rodovias como principal meio de transporte expandiu-se no Brasil ao longo do século XX como consequência do desenvolvimento industrial e do crescimento das cidades. A indústria automobilística teve um papel decisivo no modelo industrial implantado no país a partir da década de 1950. Desde então, verificou-se o aumento da circulação de automóveis e de caminhões associado ao crescimento das estradas.
Na década de 1940, a única rodovia pavimentada importante que existia era a Presidente Dutra, que liga os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Na década seguinte ocorreu um enorme impulso à construção de rodovias no país. Nessa época, as indústrias concentradas em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais procuravam vender suas mercadorias em todo o território brasileiro, por isso foram construídas estradas para a circulação de cargas e de trabalhadores.
Na década de 1960, foi construída a Rodovia Rio-Bahia, interligando os estados do Nordeste com o Centro-Sul do país. É também dessa época a construção da Rodovia Régis Bittencourt, que faz a ligação de São Paulo com o Paraná e demais estados da região Sul. A inauguração de Brasília, também na década de 1960, foi um marco no processo de expansão da rede rodoviária nacional, pois levou à construção de estradas ligando as capitais dos estados vizinhos ao Distrito Federal com as principais capitais do país (São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte) e com a Amazônia, tais como a Belém-Brasília e a Cuiabá-Porto Velho. 
Toda essa malha rodoviária federal, que continuaria crescendo nas décadas seguintes, encontra-se organizada em um Plano Rodoviário Nacional. Partindo de Brasília, estão em funcionamento ou planejadas as chamadas rodovias radiais, numeradas de 0 a 100 (a BR-50 é a Via Anhanguera, que liga Brasília a São Paulo). Traçadas no sentido norte-sul, estão as estradas numeradas de 100 a 200, como a Rodovia BR-101, que interliga capitais dos estados brasileiros litorâneos. No sentido leste-oeste, localizam-se as estradas numeradas de 201 a 300, como a Rodovia Transamazônica (BR-230). E, finalmente, traçadas diagonalmente, encontram-se as rodovias numeradas de 301 a 400, como a Rodovia BR-364, mais conhecida como Cuiabá-Porto Velho. O resultado é uma complexa malha de estradas.
Apesar disso, de acordo com a Confederação Nacional do Transporte, em 2017 apenas 12,2% das rodovias eram pavimentadas, o que correspondia a cerca de 210 mil quilômetros de um total de 1,7 milhões de quilômetros de estradas no Brasil. 
Ao mesmo tempo, verifica-se o crescimento da frota de veículos: quase 200% de 2001 a 2016. Tais dados revelam que a qualidade e o crescimento da malha rodoviária não acompanham a demanda de escoamento de cargas e o deslocamento de pessoas. Esse fato expõe os graves problemas de infraestrutura no setor, comprometendo a segurança dos usuários.

Transporte ferroviário 

As ferrovias começaram a ser implantadas no país ainda no século XIX. Voltadas sobretudo para a conexão das áreas produtoras de café com a cidade de São Paulo e o porto de Santos, aos poucos foram se expandindo e tornaram-se o principal meio de transporte de mercadorias em longas distâncias na primeira metade do século XX. Nos anos 1960, chegaram ao máximo de extensão de sua malha (38 mil km), mas problemas ligados a diferenças técnicas de cada linha dificultavam a integração entre diferentes áreas do país e acabavam limitando a circulação e dificultando a integração do território. Atualmente, a rede ferroviária tem extensão de 30 mil km, a maior parte com administração concedida pelo Estado a empresas privadas. Em 2020, as ferrovias transportaram mais de 488 mil passageiros e 486 milhões de toneladas de mercadorias, o que equivale a 21% das cargas do país.
Segundo o Ministério dos Transportes, em 2017, o sistema ferroviário brasileiro possuía cerca de 30 mil quilômetros de extensão, distribuídos em uma malha viária que se concentrava, principalmente, nos estados das regiões Sul e Sudeste. No Rio Grande do Sul e em Mato Grosso do Sul, seu traçado atinge os países vizinhos, como a Argentina, o Uruguai e a Bolívia.
Ao contrário do que aconteceu em outros países com grande extensão territorial, como os Estados Unidos, a China, a Rússia e o Canadá, no Brasil as ferrovias não foram planejadas para integrar o território. Grande parte da malha ferroviária brasileira foi construída entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX, com o objetivo de ligar as áreas de produção de café e artigos primários aos portos exportadores. Atualmente, os trens são mais usados para transportar grãos e minérios em vagões com elevada capacidade de carga. 
No estado de São Paulo, por exemplo, a malha ferroviária é principalmente uma herança da economia cafeeira: os ramais foram abertos em forma de leque, ligando as áreas produtoras do interior do estado ao porto de Santos e avançando junto com a marcha do café. 
Com o processo de industrialização, o modelo ferroviário entrou em decadência no Brasil. Enquanto as rodovias cresciam em importância e em extensão, ligando as diferentes regiões brasileiras e articulando a troca de mercadorias e a circulação de pessoas pelo território, as ferrovias perdiam carga. Aos poucos, investidores privados abandonaram o setor e a maior parte das ferrovias foi apropriada pelo governo. 
Assim, surgiram a Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA), unificando 18 linhas ferroviárias que passaram a ser controladas pelo governo federal, e a Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa), abrangendo a malha ferroviária paulista, que passou a ser controlada pelo governo estadual. Pela Fepasa e pela RFFSA, circulavam cerca de 70% da carga transportada por ferrovia no Brasil. Isso inclui, por exemplo, derivados de petróleo, adubo, cimento, açúcar e trigo. 
Para o transporte de minério de ferro foram construídas duas linhas ferroviárias: a Estrada de Ferro Carajás, que liga as jazidas minerais de ferro do sul do Pará, na serra do Carajás, ao Terminal Marítimo de Itaqui, no Maranhão, e a Estrada de Ferro Vitória-Minas, que liga as jazidas de ferro de Minas Gerais ao porto de Tubarão, no Espírito Santo.
Porém, em meados da década de 1990, essa situação começou a mudar. Todas as malhas da RFFSA, a maior parte delas em situação de abandono total, foram cedidas em concessão para a iniciativa privada, e hoje a empresa não existe mais. O mesmo aconteceu com a Fepasa. As linhas da empresa que explora minério de ferro também foram privatizadas. 
A privatização não alterou de maneira significativa o panorama ferroviário do país. Verificou-se alguma expansão discreta em estados do Nordeste. 

Transporte aquaviário 

O transporte aquaviário pode ser fluvial ou marítimo, dividindo-se em três tipos principais: 
Marítimo: corresponde à navegação em longas distâncias. É muito utilizado para importação e exportação de produtos. 
Cabotagem: ocorre no mar, mas em águas costeiras, próximo ao continente. Serve ao transporte em pequenas e médias distâncias. No Brasil, é muito utilizada para transportar petróleo para ser refinado ou exportado. 
Hidroviário: ocorre em trechos navegáveis dos rios. É importante ressaltar que nem todos são utilizados de fato. No Brasil, o transporte de cargas e passageiros ocorre em apenas 30% deles. Os trechos dos rios utilizados para navegação são chamados de hidrovias. As principais hidrovias do Brasil são: Tocantins-Araguaia; Solimões-Amazonas; São Francisco; Madeira; Tietê-Paraná.

Hidrovias e portos 

Parte dos rios brasileiros é usada para navegação, mas, quando comparado a outros países, como os Estados Unidos, o aproveitamento do transporte fluvial é reduzido no Brasil. Já os portos mantiveram a sua importância e são a principal porta de saída e chegada de produtos. 

Hidrovias 

Durante muito tempo, os rios brasileiros representaram importantes vias de acesso ao interior do país. Pelas margens do rio São Francisco, o povoamento foi se distanciando dos engenhos de açúcar do litoral nordestino. Através dos rios do Brasil central, organizaram-se inúmeras expedições que alargaram os domínios portugueses no continente sul-americano. As necessidades da indústria estão forçando a retomada de antigos projetos voltados para o aproveitamento dos cursos fluviais navegáveis do Brasil.
A Hidrovia Tietê-Paraná interliga 2 400 quilômetros de rios de quatro entre os maiores estados produtores de grãos do país – São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás. Por ali já circulam barcaças com grãos, calcário e areia, por exemplo. À medida que esse projeto avança, torna-se necessário melhorar também os demais sistemas de transporte, como as ferrovias e rodovias, caminhando rapidamente para o funcionamento de um intenso sistema intermodal no Brasil. A Hidrovia do São Francisco parte do Porto de Pirapora, em Minas Gerais, em direção a Petrolina, em Pernambuco, e é usada para escoar a produção de milho. É o início de um sistema em que caminhões retiram o milho das grandes áreas produtoras na região de Patos de Minas (MG), levam para embarcações em Pirapora e se encarregam do transporte no trecho final. Contudo, apesar de todas essas possibilidades, muito ainda terá de ser feito para transformar a realidade dos transportes brasileiros. Por enquanto, quando se fala de portos no Brasil, o movimento é principalmente marítimo. 

Portos 

Portos são fundamentais para um país. É por eles que grande parte dos produtos exportados e importados passa antes de chegar aos consumidores. 
É pelos portos que ocorre a maior parte das exportações e das importações brasileiras, com destaque para o transporte marítimo de longo curso (entre continentes). Em 2021, 67% da carga movimentada nos portos foi destinada a esse tipo de navegação. A cabotagem também apresentou importante participação na movimentação portuária, 28% do total. Já os portos hidroviários movimentaram cerca de 3,7% das cargas. As principais cargas transportadas eram: minério de ferro, petróleo e derivados, cargas em contêineres, sementes, grãos e adubos. No Brasil, existem muitos portos que merecem destaque.
O Porto de Santos (SP) é o mais importante. De acordo com dados da Secretaria de Portos do Brasil (SEP), em 2017 ele era responsável por 45% de toda a movimentação nacional de contêineres. Outros portos importantes são o Porto do Rio de Janeiro (RJ), que movimenta, entre diversos produtos, óleos combustíveis e produtos diversos da indústria química; o Porto de Paranaguá (PR), que movimenta soja, farelo de soja e óleos vegetais; e o Porto de Pecém (CE), que movimenta calçados e frutas.

Transporte aéreo 

O transporte aéreo, por ser mais caro, é menos utilizado comparativamente às outras modalidades. Destaca-se, no Brasil, sua utilização para o transporte de passageiros, principalmente em longas distâncias. No caso de cargas, é destinado ao deslocamento daquelas de maior valor e à entrega de encomendas expressas do correio, isto é, com prazos curtos de entrega. Entre 2000 e 2019, houve um aumento significativo dos passageiros transportados, com forte queda em 2020 e 2021, durante a pandemia da covid-19. No mesmo período, o transporte de cargas e correspondências apresentou oscilações, com pequena queda em 2020 e recuperação em 2021.
O transporte aéreo tem grande importância para o deslocamento de passageiros. Em 2017, de acordo com os dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os aeroportos brasileiros mais movimentados são os internacionais de Guarulhos e de Viracopos, em Campinas (ambos em São Paulo), Tom Jobim (no Rio de Janeiro), de Brasília e os situados nas metrópoles do Nordeste, com destaque para os aeroportos de Salvador, Fortaleza, Recife e Maceió. Na região Norte, os aeroportos de Manaus e de Belém apresentam os maiores fluxos de cargas e passageiros.

Transporte urbano 

No Brasil, o transporte urbano é muito importante dado que grande parte da população vive em cidades. Os deslocamentos para trabalhar, estudar, lazer, entre outras atividades, são realizados de maneiras diferentes.
O transporte público é ofertado em ônibus de diversos tamanhos. Existem situações em que faixas são destinadas para a circulação restrita de ônibus coletivos, o que aumenta a velocidade e reduz o tempo de deslocamento. 
Em algumas cidades trens e sistemas de metrô permitem o transporte de grande quantidade de pessoas mais rapidamente. Porém, o transporte público em geral é oferecido aquém das necessidades da população e o resultado são lotações às vezes além do limite. 
Nos últimos anos foi incentivado em algumas capitais e cidades de maior porte do país o uso da bicicleta por meio da instalação de ciclovias. Além de não emitir poluição, pedalar é uma atividade física e resulta em melhor qualidade de vida.
Porém, há um grande número de automóveis e motocicletas na maior parte das cidades. O resultado disso são congestionamentos que tomam parte do dia dos moradores, muitos dos quais destinam horas ao deslocamento. Táxis e, mais recentemente, empresas que oferecem transporte por meio de aplicativos para celulares, também são usados para deslocamentos em cidades brasileiras. 


Comércio e serviços no Brasil

A circulação de mercadorias, os atendimentos médicos e as atividades de ensino e administração são exemplos de serviços prestados entre pessoas, diretamente ou por intermédio de instituições. O comércio e os serviços compõem o setor terciário da economia.

Serviços

Os serviços ocupam a maior parte dos trabalhadores no Brasil: em 2019, 12,8 milhões de pessoas atuavam na prestação de serviços. As cidades concentram a maior parte das atividades do setor terciário em virtude da concentração populacional e das condições de infraestrutura.

Turismo 

O turismo faz parte do setor de serviços e é uma atividade importante a ser analisada do ponto de vista geográfico, pois está diretamente relacionado às características locais e provoca mudanças espaciais onde é realizado. Muitas atividades econômicas estão relacionadas ao turismo, como transporte, hospedagem, alimentação e condução de passeios. Os motivos que levam as pessoas a visitar locais são também diversos; entre eles, destacam-se: a beleza paisagística, aspectos históricos e culturais, eventos e negociações comerciais, entre outros. As atividades turísticas atraem receita e geram empregos nos locais onde são realizadas. Mas é importante considerar os possíveis danos ambientais e sociais decorrentes do turismo desordenado.

Comércio 

As atividades comerciais estão presentes em todos os centros urbanos e podem ser identificadas em variadas modalidades. É por meio do comércio que as pessoas têm acesso às diversas mercadorias produzidas no extrativismo, na agropecuária, nas indústrias e no artesanato. O IBGE distingue três modalidades principais de comércio segundo o destino das mercadorias: 
No comércio varejista (varejo), as mercadorias são vendidas diretamente aos consumidores finais, para consumo pessoal ou doméstico. 
No comércio atacadista (atacado), as mercadorias são comercializadas com intermediários e destinadas a outros estabelecimentos comerciais. 
 • Já o comércio de veículos, peças e motocicletas se diferencia dos anteriores por seus produtos atenderem tanto às necessidades pessoais quanto de empresas e outras instituições. 
O setor varejista é o responsável pelo maior número de pessoas ocupadas no comércio. Entre as regiões brasileiras, mais da metade dos trabalhadores do comércio está no Sudeste. 

Comércio eletrônico 

Tradicionalmente, o comércio é realizado de maneira presencial. O surgimento da internet e dos meios eletrônicos de pagamento permitiu o desenvolvimento do comércio eletrônico ou e-commerce. Essa modalidade vem apresentando grande crescimento no Brasil e foi impulsionada durante a pandemia da covid-19. Em 2021, 11,3% das vendas do varejo foram realizadas por meios virtuais. Se por um lado o comércio eletrônico representa uma comodidade para compradores e amplia o mercado para comerciantes, por outro aumenta a demanda por fretes. A competitividade no setor de transportes também é crescente e, no Brasil, envolve a empresa pública federal de correios, empresas privadas nacionais e de origem estrangeira. 

Estabelecimentos comerciais 

O comércio ambulante é uma atividade comum no Brasil, realizada por trabalhadores que não contam com um imóvel para comercializar seus produtos. 
Muitos municípios regulamentam o comércio ambulante cadastrando comerciantes e fornecendo licenças para uso de espaços públicos destinados a essa atividade. Ainda assim, esses comerciantes são trabalhadores autônomos, em sua maioria. Muitos trabalham de maneira informal, ou seja, sem registros que exigem o pagamento de impostos e garantem direitos trabalhistas. 
Além do comércio de rua – como são chamados os estabelecimentos abertos para o espaço público –, há um crescente número de shopping centers – espaços privados que reúnem diversas lojas, dispõem de estacionamento para veículos e de amplos espaços de circulação. O primeiro shopping center foi inaugurado em 1966, em São Paulo. Em 1996, havia 128 centros desse tipo no país, e, apesar de terem enfrentado dificuldades de funcionamento e atração de público em decorrência da pandemia da covid-19, iniciada em 2020, totalizavam 620 unidades até maio de 2022. 

A participação da indústria na economia brasileira

Ao longo do tempo, as atividades produtivas, no Brasil, se tornaram mais diversificadas. O setor industrial passou a produzir diversos tipos de mercadoria durante o século XX, desde máquinas que são usadas em outras fábricas até alimentos e produtos eletrônicos.

O Produto Interno Bruto 

Uma forma de comparar a produção de cada setor da economia é por meio do Produto Interno Bruto (PIB), que corresponde à soma dos valores de todos os serviços e mercadorias finais produzidos em determinado local e período (trimestre, semestre, ano, etc.). Ele indica, por exemplo, se a economia está em crescimento – quando o valor do PIB de um país cresce de um ano para o outro – ou se está em crise – quando o valor do PIB diminui. Esse dado permite, ainda, verificar o desempenho da economia mundial, comparar setores econômicos de diferentes países saber quanto caberia a cada pessoa se a riqueza produzida em um local fosse distribuída igualmente entre todos os habitantes. Nesse último caso, divide-se o valor do PIB pelo número de habitantes e obtém-se o PIB per capita (por indivíduo).
O PIB per capita é uma média utilizada como referência para estudos e comparações, pois os valores obtidos na produção de mercadorias e serviços em um país nunca são distribuídos igualmente entre a população. Em 2021, o PIB do Brasil, por exemplo, foi de R$ 8,7 trilhões de reais e o valor do PIB per capita, R$ 40 688.

Os setores da economia e o PIB 

O cálculo do PIB abrange grande diversidade de atividades. Nesse cálculo são considerados apenas os valores dos bens e serviços finais, ou seja, aqueles que chegam ao consumidor final, pois o valor das matérias-primas ou da mão de obra envolvida nas etapas de produção está embutido no preço final de uma mercadoria. De modo geral, os produtos agropecuários apresentam baixo valor de mercado, enquanto os serviços são bastante diversificados. Por essa razão, a participação do setor terciário no PIB tende a ser maior que a dos demais setores da economia.

O Brasil está se desindustrializando? 

Atualmente, tem-se discutido o risco da desindustrialização no Brasil. Isso significa que a participação do setor industrial no conjunto da economia está diminuindo e que, futuramente, a indústria brasileira pode enfrentar maiores dificuldades de recuperação. Ao analisar a participação de cada setor da economia no PIB brasileiro nas últimas décadas, observa-se uma queda da participação industrial. 
Na década de 1990, houve maior integração do país à economia internacional. O governo federal reduziu a restrição à importação de produtos industrializados, e essa abertura comercial resultou em maior competição entre bens nacionais e produtos estrangeiros. As indústrias brasileiras viram a necessidade e o desafio de se tornarem mais produtivas e inovadoras. Esse desafio ainda está posto, o que torna estratégicos para o Brasil os investimentos em pesquisa científica e desenvolvimento de inovações voltadas para os processos produtivos.

Fuga de empresas 

O encerramento de atividades das multinacionais no Brasil é uma preocupação para os governos municipais, estaduais e federal. Nos últimos anos, indústrias de automóveis e eletroeletrônicos deixaram o país ou reduziram o número de fábricas.
A queda do consumo interno em períodos de crise econômica e o aumento dos custos de produção são algumas das causas para esse encolhimento das multinacionais, o que resulta no aumento do desemprego, no enfraquecimento de outras atividades locais e na queda de receita dos municípios pela interrupção na coleta de impostos.

Ampliação do setor terciário 

O aumento de pessoas vivendo em cidades e o desenvolvimento tecnológico impulsionaram o setor de serviços em todo o mundo. Os meios de comunicação e os serviços de transporte, educação, saúde, entre outros, são cada vez mais requisitados e necessitam de muita mão de obra. Mas, no Brasil, esse fato é motivo de alerta, visto que a redução da participação industrial apresenta ritmo mais acelerado do que o verificado em outros países. Esse setor tem capacidade de gerar grande número de empregos e estimula outras atividades econômicas, enquanto grande parte das vagas de trabalho no setor de serviços apresenta baixa remuneração. Outro parâmetro comumente utilizado para verificar a relevância da indústria na economia é a parcela de pessoas empregadas no setor. Esse dado apresentou pouca variação nos últimos anos, mantendo-se próximo a 13%. O setor terciário, que abrange o comércio e os serviços, é o que emprega maior número de pessoas, sendo responsável por cerca de 70% das ocupações no Brasil.

Distribuição espacial da indústria no Brasil

Ao longo do processo de industrialização, o número de estabelecimentos, de pessoas empregadas e a participação da indústria na economia nacional cresceram. Desde o século XIX, a região Sudeste concentrou a maior parte desse setor. Embora essa situação ainda se mantenha até os dias atuais, houve um processo de desconcentração industrial, isto é, algumas fábricas passaram a ser instaladas em outras localidades do país.

Concentração e desconcentração industrial 

Com o objetivo de reduzir as disparidades socioeconômicas regionais, os governos militares (1964-1985) incentivaram a criação de polos industriais, principalmente a partir dos anos 1970. Grandes investimentos foram feitos para a instalação de polos siderúrgicos, petroquímicos e de produção de fertilizantes a fim de ampliar o desenvolvimento industrial em outras localidades do país. Também se expandiram as redes de transportes, energia (de geração e de transmissão) e telecomunicações pelo território brasileiro, o que impulsionou o desenvolvimento industrial. Nesse contexto, surgiram: a Zona Franca de Manaus, no Amazonas, em 1967, o Polo Petroquímico de Triunfo, no Rio Grande do Sul, em 1975, e o Complexo Industrial de Camaçari, na Bahia, em 1978. A Zona Franca de Manaus, por exemplo, oferece isenção de impostos sobre a produção e alfandegários, ou seja, aqueles que incidem nas trocas comerciais com outros países. Isso favorece a instalação de indústrias que dependem da importação de insumos, como a eletrônica.

Guerra fiscal 

Além dos investimentos governamentais ofertados em outras localidades, fatores como a valorização da mão de obra e dos terrenos nas metrópoles da região Sudeste e os congestionamentos de veículos contribuíram para o processo de desconcentração industrial. Buscando atrair novas indústrias e empresas, a partir dos anos 1990, estados e municípios passaram a competir pela oferta de vantagens e subsídios, em uma situação que ficou conhecida como guerra fiscal. Essa disputa envolve principalmente a isenção de impostos, mas também a oferta de terrenos, infraestruturas e até mesmo a construção das instalações. Em virtude desses fatores, a participação relativa da produção industrial da região Sudeste foi reduzida, principalmente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, ao mesmo tempo que as regiões Sul e Nordeste têm ampliado sua participação, assim como a Norte e a Centro-Oeste, em menor escala. No entanto, o maior número de estabelecimentos, a maior parte da produção industrial e a maior oferta de empregos na indústria do país ainda estão concentrados na região Sudeste.

Principais setores industriais 

A diversidade da indústria brasileira é resultado do complexo processo de industrialização e de um amplo mercado interno, que demanda produtos diversos. Nas indústrias de transformação, as matérias-primas são transformadas em produtos finais ou intermediários. Entre seus setores, o alimentício tem a maior participação no valor de transformação industrial e está presente em todo o país.
A produção de derivados de petróleo e biocombustíveis cresceu entre 2010 e 2019, principalmente nos estados de São Paulo, Espírito Santo, Amazonas, Tocantins, Pernambuco e Alagoas. A indústria automobilística esteve concentrada no estado de São Paulo e expandiu-se para outras localidades, como o Complexo Industrial de Camaçari (BA), o Polo Automotivo de Goiana (PE) e as regiões metrpolitanas de Belo Horizonte (MG) e de Curitiba (PR). A produção de celulose e papel ocorre principalmente nos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Maranhão. Os destaques nas agroindústrias são o processamento de carnes e grãos nas regiões Sul e Centro-Oeste, além das usinas de açúcar e álcool.
A denominada mineração industrial e a indústria metalúrgica processam metais para a produção de bens e estão concentradas no Pará, em Minas Gerais, no Espírito Santo, no Maranhão, no Rio de Janeiro e em São Paulo. A indústria do vestuário tem destaque em Santa Catarina e no Ceará. Muitas indústrias foram instaladas fora das áreas urbanas, apostando na aproximação de centros produtores de matéria-prima ou de eixos rodoviários, que favorecem o escoamento de insumos e mercadorias.

O agronegócio e as commodities agrícolas

O agronegócio corresponde ao conjunto de atividades voltadas para a produção agropecuária e envolve desde a produção até a comercialização de máquinas agrícolas, insumos e produtos, extrapolando o setor primário da economia.
No Brasil, o agronegócio tem forte relação com a produção das commodities agrícolas, mercadorias que possuem grande importância no mercado internacional, sendo, inclusive, comercializadas na bolsa de valores, como soja, café, algodão e milho.
A soja é um dos principais produtos brasileiros de exportação e está presente em todas as regiões do país, com predominância no Mato Grosso, no Rio Grande do Sul, no Paraná, em Goiás e no Mato Grosso do Sul.
A produção de milho possui grande relevância na produção nacional de grãos. O destino da produção é, sobretudo, o mercado interno, tanto para alimentação humana como animal. Por ser cultivado em alternância com a soja, o estado do Mato Grosso também lidera a produção nacional de milho em grãos, seguido por Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul. 
A cana-de-açúcar, cultivada no país desde o período colonial, tem grande expressão no estado de São Paulo, que responde a mais de 50% do total produzido no país. Destacam-se ainda os estados das regiões Centro-Oeste e Nordeste do Brasil. Importante item de exportação do país desde o fim do século XIX, o café é produzido principalmente no Espírito Santo, em Minas Gerais, na Bahia, em São Paulo e no Paraná.

Soja 

Entre as culturas temporárias, a soja destaca-se no Brasil contemporâneo, sendo cultivada em grandes propriedades. Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Usada como matéria-prima para os mais diferentes setores da indústria, como cosméticos, farmacêutica, adubos, plásticos, fábricas de óleo, de bebidas, de alimentos e de farelo. Parte importante dos complexos agroindustriais integra-se à cadeia produtiva da soja, o principal produto agrícola exportado pelo Brasil. Essa cultura vem atraindo grandes investimentos industriais no setor de processamento do produto. Recentemente, empresários chineses passaram a investir na produção e processamento de soja no Brasil para abastecer seu país de origem, o maior consumidor de soja do mundo.
Cultivada tradicionalmente nos estados do sul do país desde a década de 1970, a soja avançou sobre o Cerrado do Brasil central, transformando a paisagem dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Ela também está presente no oeste da Bahia e no Mapito, nome dado à região que compreende parte do Maranhão, do Piauí e do Tocantins.

Cana-de-açúcar 

A cana-de-açúcar é uma cultura temporária. Ela está muito bem adaptada às condições climáticas em diferentes estados brasileiros, já que é plantada desde o período colonial. A cana-de-açúcar fornece matéria-prima para as usinas processadoras que produzem açúcar e álcool. Com a mecanização da colheita da cana, muitos trabalhadores que trabalhavam no corte perderam o emprego. Porém, há um movimento para capacitar essa mão de obra para trabalhar com as novas tecnologias, como operador e eletricista de máquinas colheitadeiras. 

Laranja 

Como uma árvore de laranja produz por muitos anos, ela é considerada uma cultura permanente. Mas uma plantação exige cuidados para evitar sua contaminação por bactérias que causam doenças e danificam a árvore, que pode ter de ser eliminada. Parte das laranjas é destinada à produção de sucos industrializados, integrando uma cadeia agro industrial.

Café 

O café também é uma cultura permanente – um pé de café pode produzir por cerca de 25 anos. O café chegou ao Brasil trazido da Guiana Francesa em meados do século XVIII. A planta adaptou-se bem às condições climáticas do país, espalhando-se pelo litoral, até consolidar-se na Baixada Fluminense e no Vale do Paraíba, onde esteve ligada ao desenvolvimento dessas áreas. O café foi o principal produto de exportação do país durante o século XIX e início do século XX. Atualmente, o Brasil é o maior produtor mundial. O café solúvel é um exemplo da industrialização do café antes de chegar ao consumidor.

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