Além dos movimentos separatistas na Europa, merecem destaque também os movimentos separatistas presentes na Ásia, em especial o que ocorre no Tibete, que foi uma jurisdição chinesa por mais de 700 anos. A região é localizada em uma das áreas mais altas do mundo e abriga importantes afluentes e nascentes de rios asiáticos, por isso foi historicamente muito disputada.
O Tibete, província localizada ao norte da Cordilheira do Himalaia, no oeste da China, era um país soberano até 1950. Ao anexar o território tibetano, o governo da China, liderado por Mao-Tsé-Tung, que já o considerava uma área estratégica, incentivou a migração chinesa para a região. A China ampliou, então, suas fronteiras, aproximando-se da Índia. A região é rica em urânio, matéria-prima essencial para o funcionamento de usinas nucleares.
No século VII, o Tibete foi anexado ao império chinês, o que ia contra os interesses dos dalai-lama, a liderança política e espiritual do país. No século XVIII, a região também foi alvo de interesses colonialistas britânicos, tendo em vista que, nesse contexto, o Reino Unido buscava estabelecer novos entrepostos comerciais.
Em 1912, o 13° dalai-lama declarou a independência do Tibete. No entanto, a independência tibetana nunca foi legitimada no cenário internacional. Em 1951, um ano após a fundação da República Popular da China, o governo chinês decidiu reincorporar o Tibete ao seu território. Desde esse período, a população tibetana reivindica a sua independência.
Em 1951 foi firmado o Acordo dos 17 Pontos, pelo qual China e Tibete se comprometiam a encontrar uma solução democrática para o conflito. Contudo, a China seguia pressionando os membros do governo tibetano. Desde então, os tibetanos se tornaram prisioneiros na própria terra e um povo sem pátria. O tibetano não é chinês, não fala a língua chinesa e não aceita o domínio chinês.
Desde a década de 1960, o Tibete é considerado uma região autônoma, mas a autonomia ainda é questionada pela China, que não abre mão do controle do território. Uma das razões são as já mencionadas riquezas minerais do subsolo do Tibete. A população tibetana considera a administração pelo governo chinês uma ocupação militar ilegítima.
Nas últimas décadas, foram realizadas uma série de tentativas de negociação para que a autonomia do Tibete fosse reconhecida, assim como suas tradições religiosas budistas, seu idioma e suas práticas culturais. Em 1995, uma criança considerada o número dois na hierarquia político-religiosa do budismo tibetano foi presa pelo governo chinês e nunca mais foi vista.
A situação se agravou a partir de 1998, quando Dalai-lama e outros tibetanos foram para o exílio na Índia; desde então, buscam apoio internacional para o reconhecimento da soberania do território tibetano. Há diversas ações e discursos de repúdio ao domínio chinês na comunidade internacional. No entanto, até então essas ações não levaram à consolidação de medidas práticas pela emancipação do território.
A China é muito criticada, principalmente entre os países ocidentais, por manter o Tibete como província. O atual Dalai-lama, Tenzin Gyatso, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1989, é amplamente respeitado. Contudo, não vive no Tibete por determinação do governo chinês.
Em 2021, a anexação do Tibete ao território chinês completou 50 anos. Em discursos comemorativos, o Partido Comunista Chinês destacou a necessidade de ensinar o idioma chinês nas escolas e de coibir outras práticas culturais tibetanas, justificando essa opressão cultural em função do desenvolvimento econômico da região nas últimas décadas. No entanto, a população tibetana e alguns países consideraram essa prática extremamente violenta.
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