Azerbaijão, Geórgia e Armênia formam a região conhecida como Cáucaso, localizada entre os mares Cáspio e Negro.
No Cáucaso vivem, aproximadamente, 100 grupos étnicos, com cultura e línguas próprias.
Além dos países independentes – Geórgia, Armênia e Azerbaijão –, há repúblicas e regiões autônomas pertencentes à Rússia. A diversidade étnica e a importância econômica do Cáucaso, que é rico em minérios e petróleo, são fatores que ajudam a explicar a ocorrência de conflitos na região.
A região de Karabakh é disputada por Armênia e Azerbaijão desde o início do século XX. Em 1994, após um período de guerra, um acordo foi assinado entre as partes. Porém, os conflitos recomeçaram em 2020 e a situação na região ainda é bastante instável. A Armênia, cuja maioria da população é cristã, é apoiada pela Rússia. O Azerbaijão, por sua vez, tem maioria da população muçulmana e é apoiado pela Turquia.
Na Geórgia, os maiores conflitos e movimentos separatistas ocorrem na Ossétia do Sul e na Abcásia. Em 1990, logo que a Geórgia declarou sua independência da União Soviética, a Ossétia do Sul e a Abcásia também declararam independência da Geórgia, que não aceitou a decisão. A tensão aumentou quando a Rússia passou a defender a autonomia da Ossétia do Sul.
A Chechênia
O fim da URSS não significou o fim das tensões na região: após a queda do socialismo, ocorreram diversos conflitos entre a Rússia e os países vizinhos. A região do Cáucaso está localizada entre os mares Negro e Cáspio e é palco de um dos conflitos mais relevantes que envolvem a Rússia e a província da Chechênia, de maioria muçulmana.
O movimento separatista checheno iniciou-se em 1859, quando o território foi anexado pelo Império Russo. Em 1991, após o enfraquecimento da União Soviética e o começo da independência das ex-repúblicas soviéticas, intensificou-se a luta armada por meio de organizações terroristas.
O conflito mais recente entre Rússia e Chechênia ocorreu em 1994, quando o exército russo invadiu a província e entrou em conflito armado com os separatistas chechenos, resultando em um saldo de aproximadamente 100 mil mortos.
Derrotados, os rebeldes separatistas intensificaram as ações terroristas contra o governo russo. Em 2002, por exemplo, invadiram um teatro em Moscou e fizeram mais de 700 reféns; após reação do Exército russo, cerca de 50 rebeldes e 150 reféns foram mortos.
O governo russo não tem interesse em aceitar a independência da Chechênia. Se isso ocorrer, abrirá um precedente para que outras regiões do sul do país reivindiquem a separação, entre elas Daguestão, Inguchétia, Abecásia e Ossétia do Sul. Não somente o fator econômico pesa, mas também o político. Na região, há reservas de petróleo e de gás natural e, por ela, passam oleodutos vindos do Azerbaijão.
A exemplo da Chechênia, o Daguestão e a Inguchétia também
reivindicam a independência da Rússia e aspiram formar repúblicas islâmicas. A Rússia mantém forte controle militar nessas áreas, a fim de conter a ação dos rebeldes separatistas.
Conflitos na Crimeia
Atualmente, uma das questões geopolíticas mais relevantes que envolvem a Rússia é o conflito com a Ucrânia pela posse da Península da Crimeia. A região já pertenceu à Rússia e foi anexada pela Ucrânia, em 1954, como presente do então líder soviético Nikita Khrushchov, que era de origem ucraniana.
Diferentemente do resto da Ucrânia, a maioria da população da Crimeia é de origem russa. A história desse conflito começou em novembro de 2013, quando o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, desistiu de assinar um acordo de livre-comércio com a União Europeia, dando prioridade a acordos com a Rússia. Isso gerou protestos populares, repressão militar violenta do governo e o afastamento do presidente (no ano seguinte) pelo Parlamento do país. Ao convocar novas eleições, as tensões separatistas do leste do país, de maioria russa, tornaram-se mais acirradas.
Na Crimeia, o Parlamento local foi tomado por um comando pró-Rússia, que nomeou um novo premiê e aprovou a independência e posterior anexação à Rússia. O governo foi considerado ilegítimo pela Ucrânia, que pediu às forças internacionais que não o reconhecessem. Com as tensões, o Parlamento russo aprovou o envio de tropas à Crimeia.
Os Estados Unidos e outros países ocidentais posicionaram-se a favor da Ucrânia, impondo sanções e exigindo que a Rússia retirasse imediatamente seu contingente militar da região.
Mesmo com oposição da ONU, foi realizado um referendo popular na Crimeia, que, com 96% dos votos, decidiu pela separação da Ucrânia e anexação à Rússia. Atualmente, a Rússia administra a península, e a Ucrânia continua a afirmar seu direito sobre a Crimeia.
A questão central desse conflito é o desejo da Rússia de retomar sua influência na Europa, evitando o avanço do Ocidente até zonas próximas de suas fronteiras. Isso porque, com o fim da Guerra Fria e a desintegração da União Soviética, a Rússia perdeu grande parte de seu poder de influência mundial. A Crimeia é uma região de grande importância estratégica: tem acesso ao Mar Negro (único porto de águas quentes da Rússia, que leva ao Mediterrâneo) e um dos solos mais férteis do mundo.
Mais recentemente, em fevereiro de 2022, iniciou-se um conflito entre Rússia e Ucrânia que já causou danos aos dois países, com inúmeras mortes de ambos os lados.
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