A ilha de Taiwan está estrategicamente localizada entre o Mar da China Oriental e o Mar da China Meridional e sempre foi um ponto de interesse de potências europeias e asiáticas. Nos séculos XVI e XVII, espanhóis, neerlandeses e chineses exerceram domínio sobre a ilha, que era habitada por uma população local. No século XIX, a ilha caiu sob domínio japonês e só após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) voltou a pertencer a China.
Após o fim da Guerra Civil Chinesa em 1949, o exército nacionalista derrotado deixou o continente e se refugiou na ilha de Taiwan, onde foi proclamada a República da China.
Na China continental, o vitorioso Exército de Libertação Popular, de ideologia comunista, proclamou a República Popular da China. Desde então, os dois países se consideram
a única China e qualquer país que mantiver relações diplomáticas oficiais com um não pode ter com o outro. Até 1971, a República da China (Taiwan) era o país reconhecido na ONU como o legítimo representante chinês quando a Assembleia Geral da ONU reconheceu a República Popular da China como a representante oficial na organização.
Por conta da importância econômica e de seu grande mercado consumidor, a maior parte dos países hoje reconhece a República Popular da China como a única China, no entanto, muitos deles mantêm relações com Taiwan por meios não oficiais.
Atualmente, a República Popular da China exerce forte pressão diplomática sobre qualquer país que tente estabelecer relações oficiais com Taiwan, uma vez que considera o território uma província rebelde e busca sua unificação com o continente. Historicamente, a ilha recebeu muitos chineses que fugiram do país após a Revolução Comunista de 1949.
Apesar do recente processo de aproximação entre China e Taiwan, muito em função das relações comerciais, o governo chinês já ameaçou invadir a ilha diversas vezes.
Mesmo com o não reconhecimento oficial da comunidade internacional, Taiwan é, na prática, um país soberano, possui governo próprio, eleições e forças armadas.
Em 2020, em uma lista divulgada pela revista The Economist, Taiwan ocupava o 11º lugar no ranking de índice de democracia, a mais alta posição dentre os países do Leste da Ásia.
Essa situação gera uma grande tensão no estreito de Taiwan, que separa os dois países, o que inclusive desperta interesse e preocupação de outras potências, como os Estados Unidos.
A ilha de Taiwan é o território que, estrategicamente, pode bloquear a expansão chinesa para o oceano Pacífico. A partir dali, é possível monitorar os fluxos de embarcações chinesas ao norte e ao sul do território. Esse é um dos motivos pelos quais os Estados Unidos apoiam Taiwan.
Os Estados Unidos mantêm diversas bases e instalações militares na região, além de terem firmado alianças militares e estratégicas com países que também buscam conter a influência chinesa no Pacífico. Com a Austrália e o Reino Unido, os Estados Unidos firmaram a aliança militar Aukus, e com Austrália, Índia e Japão, estabeleceram o Diálogo de Segurança Quadrilateral (Quad). A China vê com grande preocupação essa crescente influência estadunidense na região e os movimentos de países vizinhos para isolá-la.
Em 2022, as tensões envolvendo China, Taiwan e, consequentemente, Estados Unidos aumentaram com a visita da presidente da Câmara dos Deputados estadunidense, Nancy Pelosi, a Taiwan. A visita foi considerada pelo governo chinês como uma ameaça a seu território e, como forma de retaliação ao acontecimento, a China anunciou uma série de medidas econômicas contra a ilha e os Estados Unidos, além de realizar exercícios militares com munição real que simulavam um bloqueio naval à Taiwan.
Nenhum comentário:
Postar um comentário