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Paulo Freire

  

         Paulo Reglus Neves Freire (1921 - 1997), nasceu no dia 19 de setembro de 1921, em Recife. Provou muito cedo as dificuldades impostas por uma vida pobre e sofrida. Na década de 1960, milhões de brasileiros do nordeste viviam a chamada "cultura do silêncio" , analfabetos.  Diretor do Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife (1961-1964). em 1963, foi conduzido à direção do Plano Nacional de Educação, que visava à aplicação de seu método de alfabetização a 16 milhões de adultos, num período de quatro anos. Como educador abrangeu um imenso universo, de professor de escola. Freire não foi só um criador de ideias e "métodos", mas um filósofo na área educacional. Foi professor de história e filosofia da educação. Reconhecido mundialmente pelas suas práticas educativas. 

Paulo Freire

     A atenção de Paulo Freire para nomear o mundo foi de grande significação a esses pedagogos que trabalharam tradicionalmente. A ideia de construir uma " pedagogia do oprimido" e como isto pode ser levado adiante criou um ímpeto significativo para trabalhar. Pedagogos informais tiveram uma orientação , assim a ênfase em mudança no mundo era bem-vinda.

    Situando atividades educacionais na experiência vivida pelos participantes, abriu uma série de possibilidades para a forma que os pedagogos informais poderiam chegar prática. Trabalhando com pessoas na alfabetização satisfaz sua preocupação em procurara palavras que tinham a possibilidade de criar comportamentos novos.

        A conscientização e capacitação dos menos favorecidos levaram Freire a ser um dos primeiros exilados. Sua metodologia contribui para as campanhas de alfabetização.

       Segundo Freire: " há uma sabedoria popular, um saber popular que se gera na prática social de que o povo participa, mas as vezes, o que está faltando é uma compreensão mais solidária dos temas que compõem o conjunto do saber ".

    Referência para a educação e cidadania na África, na Europa e em outros países na América Latina, no Brasil o pernambucano Paulo Freire foi banido pelo governo militar durante dezesseis anos, exilado entre 1964 e 1980.

    Acusado de comunista nos anos 1960, Paulo Freire preparava um programa nacional de alfabetização a ser implantado pelo governo de João Goulart. Baseado numa filosofia de educação inspirada no existencialismo cristão, seu método recorre a uma conscientização política, utilizando material e textos com temas extraídos da vida cotidiana dos alfabetizados. O programa nasceria como decorrência da experiência de um plano piloto de alfabetização realizada em Angicos RN, alfabetizando aproximadamente 300 trabalhadores em 45 dias. Após o golpe militar de 1964 foi preso pelos militares protagonistas do golpe, acusado de ter subvertido a ordem instituída, exilou-se no Chile durante 14 anos. 

   Durante o período de exílio, tendo passado pela Bolívia, pelo Chile, pelos Estados Unidos e pela Suíça, regressaria em definitivo ao Brasil em 1980, reconhecido internacionalmente como um dos mais importantes educadores do mundo. Nesse período, trabalhou como professor na Universidade de Harvard. Foi consultor Especial do Departamento de Educação do Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra.  Após o exílio, retorna ao Brasil, começaria a dar aulas na (UNICAMP) e na (PUC-SP ). Demonstrou muito esforço na implementação de movimentos para a alfabetização e de revisão escolar quando foi Secretário da Educação em São Paulo, gestão da Prefeita Luísa Erundina.

    No dia 1º de maio de maio de 1997, Paulo Freire, já fragilizado, daria entrada no hospital Albert Einstein em São Paulo, vindo a falecer no amanhecer do dia seguinte. Paulo Freire seria agraciado em vida com 48 títulos de doutor honoris causa por diversas universidades no Brasil e no exterior. Instituições de ensino de várias partes do mundo o convidaram  a fazer parte do corpo docente. Foi Presidente honorário de pelo menos treze organizações internacionais. Recebeu, entre outros, os seguintes prêmios: "Prêmio Rei Balduíno para o Desenvolvimento" (Bélgica, 1980); "Prêmio UNESCO da Educação para a Paz" (1986) e "Prêmio Andres Bello" da Organização dos Estados Americanos, como Educador do Continentes (1992). No dia 10 de abril de 1997, lançou seu último livro, intitulado "Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa".

     Em 1995, seria indicado ao Premio Nobel da Paz. Em 13 de abril de 2012, a então presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei nº 12.612 que declarou Paulo Freire Patrono da Educação Brasileira, por iniciativa da então deputada federal Luiza Erundina

    Paulo Freire, no ano de 2016, foi considerado nos Estados Unidos o terceiro maior intelectual de história da humanidade, o mais citado e, portanto, o mais estudado nas universidades de lá, que, em tese, são contrárias as ideias comunistas. Ainda em 2016, a Open Syllabus realizou pesquisa em mais de 1 milhão de programas de estudos de universidades norte-americanas, no Reino Unido, na Austrália e Nova Zelândia, e descobriu que Pedagogia do Oprimido, o livro mais conhecido de Paulo Freire, é 99º mais usado, e faz dele o único brasileiro entre os cem mais citados e o segundo melhor colocado no campo da educação.

       De maneira esquemática, podemos dizer que o "Método Paulo Freire" consiste de três momentos dialética e interdisciplinarmente entrelaçados: 

        a) a investigação temática pela qual aluno e professor buscam, no universo vocabular do aluno e da sociedade onde ele vive, as palavras e temas centrais de sua biografia; 

        b) a tematização pela qual eles codificam e decodificam esses temas; ambos buscam o seu significado social, tomando assim consciência do mundo vivido; e

        c) a problematização na qual eles buscam superar uma primeira visão mágica por uma visão crítica, partindo para a transformação do contexto vivido.

      Na filosofia educacional de Freire, observa-se dois aspectos fundamentais: o diálogo e a conscientização. O diálogo consiste na integração dos indivíduos de forma coerente e harmoniosa. "ninguém educa ninguém. Ninguém se educa sozinho. Os homens se educam juntos, na transformação do mundo". É a valorização dos conhecimentos do educando e do educador.

     A conscientização está além do conhecimento da realidade e suas mudanças sociais, é necessário interagir com o processo de evolução, conscientizando todos através de análise crítica , fazendo parte do mesmo núcleo gerador dessa transformação.

  Deixa claro  a função do trabalho na  transformação do mundo, e as consequências dessa transformação. Era uma necessidade " que o grupo de alfabetizandos percebesse que, se era possível ao ser humano transformar o mundo que não fez, por que não, então, ser capaz de transformar o outro mundo, o mundo que o ser humano faz, que é o mundo da cultura e da história?"

    Para Freire Professores e alunos fazem parte de um único contexto educacional, ambos aprendem, é um processo de realizações e aprendizagem permanente. Acreditava no diálogo como método de apreensão do conhecimento e aumento da consciência cidadã. Era contra a educação de uma via só, em que o professor dita aulas e o aluno escuta, o primeiro sabe e o segundo não sabe, um é sujeito e o outro objeto, como detalhou em Pedagogia do Oprimido.

Técnicas de Preparação de Material de Alfabetização

     Codificações, palavras geradoras, cartazes com as famílias fonêmicas, quadros ou fichas de descoberta e material complementar estão presentes nas sua pedagogia.
  Na pedagogia de Paulo Freire há uma equipe de profissionais e elementos da comunidade que se vai alfabetizar, para preparação do material, obedecendo os seguintes passos:
    - levantar o pensamento-linguagem a partir da realidade concreta;
      - elaborar codificações específicas para cada comunidade, a fim de perceber aquela realidade e,
  - dessa realidade destaca-se e escolhe as palavras geradoras.
      Todo material trabalhado é síntese das visões de mundo educadores/educando.
    No método de Paulo Freire, a palavra geradora era subtraída do universo vivencial do alfabetizando. Em Paulo Freire a educação é conscientização. É reflexão rigorosa e conjunta sobre a realidade em que se vive, de onde surgirá o projeto de ação. A palavra geradora era pesquisada com os alunos. Assim, para o camponês, as palavras geradoras poderiam ser enxada, terra, colheita, etc.; para o operário poderia ser tijolo, cimento, obra, etc.; para o mecânico poderiam ser outras e assim por diante. 


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