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Lev Vygotsky

  


Vygotsky, psicólogo russo (Orcha 1896 – Moscou 1934). Graduou-se em Direito, Filosofia e Medicina pela Universidade de Moscou, fundou o Instituto de Estudos das Deficiências de Moscou, e dirigiu o Departamento de Educação para Físicos e Mentais. Dedicou-se a temas como pensamento, linguagem e desenvolvimento da criança. Teve suas publicações suspensas na antiga União Soviética de 1936 a 1956. Dentre sua obras, destacam-se: Pensamento e linguagem (1934) e A Formação Social da mente.

Vygotsky

O aprendizado é essencial para o desenvolvimento do ser humano e se dá sobretudo pela interação social.
A ideia de que quanto maior for o aprendizado maior será o desenvolvimento não justifica o ensino enciclopédico. A pessoa só aprende quando as informações fazem sentido para ela.

Base Pedagógica:

Segundo Vygotsky, a evolução intelectual é caracterizada por saltos qualitativos de um nível de conhecimento para outro. A fim de explicar esse processo, ele desenvolveu o conceito de ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL, que definiu como a "distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes". 

Ensino/Aprendizagem: 

Vygotsky entende que o desenvolvimento é fruto de uma grande influência das experiências do indivíduo. O significado e a forma de apreender o mundo está de acordo com a individualidade de cada um. Para ele, desenvolvimento e aprendizado estão intimamente ligados: nós só nos desenvolvemos se (e quando) aprendemos. Além disso, o desenvolvimento não depende apenas da maturação, como acreditavam os inatistas. As potencialidades da estrutura biológica humana só se desenvolvem no meio cultural em que haja o estímulo. A ideia de um maior desenvolvimento quanto maior for o aprendizado suscitou erros de interpretação. Uma das ideias errôneas é de que o ensino enciclopédico, do acúmulo de conteúdos apenas é que favoreciam a aprendizagem. As ideias de Vigotsky no entanto postulam que para haver assimilação tem que haver sentido. Isso se dá quando as informações incidem no que o psicólogo chamou de zona de desenvolvimento proximal, a distância entre aquilo que a criança sabe fazer sozinha (o desenvolvimento real) e o que é capaz de realizar com ajuda de alguém mais experiente (o desenvolvimento potencial). Dessa forma, o que é zona de desenvolvimento proximal hoje vira nível de desenvolvimento real amanhã. 

DESENVOLVIMENTO REAL 

É determinado por aquilo que a criança é capaz de fazer sozinha porque já tem um conhecimento consolidado. Se domina a adição, por exemplo, esse é um nível de desenvolvimento real. 

ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL 

É a distância entre o desenvolvimento real e o potencial, que está próximo mas ainda não foi atingido. 

DESENVOLVIMENTO POTENCIAL 

É determinado por aquilo que a criança ainda não domina, mas é capaz de realizar com auxílio de alguém mais experiente. Por exemplo, uma multiplicação simples, quando ela já sabe somar. 

O NOME SOCIOCONSTRUTIVISMO: 

Esse termo (ou, como preferem alguns especialistas, socio-interacionismo) é usado para fazer distinção entre a corrente teórica de Vygotsky e o construtivismo Jean Piaget. Ambos estariam na linha do construtivistas em suas concepções do desenvolvimento intelectual. Ou seja, sustentam que a inteligência é construída a partir das relações recíprocas do homem com o meio. Os dois se opõem tanto à teoria empirista (para a qual a evolução da inteligência é produto apenas da ação do meio sobre o indivíduo) quanto à concepção racionalista (que parte do princípio de que já nascemos com a inteligência pré-formada). Para o ser humano, segundo Vygotsky, o meio é sempre revestido de significados culturais. Por exemplo, o objeto armário (meio) não tem sentido em si. Só tem o sentido cultural) que lhe damos, como ser útil ou inútil, valioso ou não, rústico ou sofisticado e assim por diante. E os significados culturais só são aprendidos com a participação dos mediadores. O fator cultural, básico para Vygotsky, e pouco enfatizado por Piaget, é a diferença central entre os dois teóricos construtivistas. Ambos divergem também quanto à sequência dos processos de APRENIDIZAGEM e de DESENVOLVIMENTO MENTAL. Para Vygotsky, é o primeiro que gera o segundo. Em suas palavras, "o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis". Piaget, ao contrário, defende que é o desenvolvimento progressivo das estruturas intelectuais que nos torna capazes de aprender (fases pré-operatória ou lógico-formal). 

Conhecimento é sempre intermediado 

Para Vygotsky, a vivência em sociedade é essencial para a transformação do homem de ser biológico em ser humano. É pela APRENDIZAGEM nas relações com os outros que construímos os conhecimentos que permitem nosso desenvolvimento mental. Segundo o psicólogo, a criança nasce dotada apenas de FUNÇÕES PSICOLÓGICAS ELEMENTARES, como os reflexos e a atenção involuntária, presentes em todos os animais mais desenvolvidos. Com o aprendizado cultural, no entanto, parte dessas funções básicas transforma-se em FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES, como a consciência, o planejamento e a deliberação, características exclusivas do homem. Essa evolução acontece pela elaboração das informações recebidas do meio.


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