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TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA PRÁTICA ESCOLAR

  

Tendências pedagógicas na prática escolar

    Boa parte dos professores baseia sua prática pedagógica em prescrições que viram senso-comum, aquelas mesmas incorporadas ao longo da vida estudantil ou pela transmissão informal dos mais velhos.
    Saviani, num artigo (1981), descreve sobre uma confusão que os professores vivenciam nesta época. Caracterizando a pedagogia tradicional e a pedagogia nova, indica o aparecimento da tendência tecnicista e das teorias crítico-reprodutivas, todas incidindo sobre o professor. "Os professores têm na cabeça o movimento e os princípios da escola nova. A realidade, porém, não oferece aos professores condições para instaurar a escola nova, porque a realidade em que atuam é tradicional. (...) o professor se vê pela pedagogia oficial que prega a racionalidade e a produtividade do sistema e do seu trabalho, isto é: ênfase nos meios (tecnicismo). (...) E não aceita a linha crítica porque não quer receber a denominação de agente repressor".

    As tendências pedagógicas foram classificadas em liberais e progressistas, a saber:

A - Pedagogia Liberal
1- tradicional
2- renovada progressista
3- renovada não-diretiva
4- tecnicista

B - Pedagogia progressista
1- libertadora
2- libertária
3- crítico-social dos conteúdos

Pedagogia Liberal

    O termo liberal não tem o sentido de "avançado", "democrático", "aberto", como costuma ser usado. A doutrina liberal apareceu como justificação do sistema capitalista que ao defender a predominância da liberdade e dos interesses individuais na sociedade, estabeleceu uma forma de organização social baseada na propriedade privada dos meios de produção, também denominada sociedade de classes. A pedagogia liberal é uma manifestação própria desse tipo de sociedade.
    A educação brasileira tem sido marcada nos últimos cinquenta anos pelas tendências liberais, nas suas formas ora conservadora, ora renovada. Tais tendências se manifestam, concretamente, nas práticas escolares e no ideário pedagógico de muitos professores, ainda que estes não se deem conta disso.
    A pedagogia liberal sustenta a ideia de que a escola tem por função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais, para isso os indivíduos precisam aprender adaptar-se aos valores e às normas vigentes na sociedade de classes, através do desenvolvimento da cultura individual. A ênfase no aspecto cultural esconde a realidade das diferenças de classes, pois embora difunda a ideia de igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições. Historicamente, a educação liberal iniciou-se com a pedagogia tradicional e, por razões de recomposição da hegemonia da burguesia, evoluiu para a pedagogia renovada (também denominada escola nova ou ativa). O que não significou a substituição de uma pela outra, pois ambas conviveram e convivem com a prática escolar.

Pedagogia Progressista:

    Este termo, emprestado de SNYDERS, é usado aqui para designar as tendências que, partindo de uma análise crítica das realidades sociais, sustentam implicitamente as finalidades sócio-políticas da educação. Evidentemente a Pedagogia Progressista não tem como se institucionalizar numa sociedade capitalista; daí ser um instrumento de luta dos professores ao lado de outras práticas sociais.

SABER, SABER SER, SABER FAZER O CONTEÚDO DO FAZER PEDAGÓGICO

    Tradicionalmente a formação do educador escolar vem abrangendo três dimensões da prática docente – o saber, o saber ser e o saber fazer – privilegiando-se uma ou outra, de acordo com a concepção filosófica do processo educativo que se adote. Raramente essas dimensões andaram juntas: a escola renovada, por exemplo, durante muito tempo, acentuou o saber fazer em prejuízo do saber, ao contrário da escola conservadora, que acentuou exatamente o inverso. Com muita frequência, também o deslocamento da ênfase para o saber ser – ou seja, nas características pessoais positivas do educador – tem levado, ora à neutralidade da prática docente que valoriza um professor ausente, ora a um comprometimento pessoal político ou religioso tão envolvente que dissolve a especificidade do ensino escolar – o saber e o saber fazer.

... A educação escolar deve recuperar sua unidade através de uma perspectiva integradora. Na verdade, é dessa integração que resultarão os princípios de um novo projeto de fazer pedagógico. Sem essa dimensão explícita da ação pedagógica escolar – a perspectiva integradora no ato educativo -, a escola deixa de ter sentido. Se, efetivamente, como querem alguns críticos, ensinar não é dar aula, organizar planos de ensino, administrar, prever métodos e técnicas, fazer algum tipo de aconselhamento, supervisionar, etc., (...) Numa perspectiva de educação crítica, direcionada para uma pedagogia social que privilegia uma educação de classe no rumo de um novo projeto de sociedade, a escola pública possui papel relevante e indispensável. Para isso, é preciso sim, dar aulas, fazer planos, controlar a disciplina, manejar a classe, dominar o conteúdo e tudo o mais. (...) Uma boa instrumentação teórico-prática é necessária, para que os professores tomem consciência do lado político de sua prática.

ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL, ESCOLA PÚBLICA E PEDAGOGIA CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS

    As posições dos educadores envolvidos no cotidiano da escola pública de hoje podem ser caracterizadas em três grupos: os que continuam atuando dentro de pressupostos da pedagogia liberal, seja de tipo tradicional, seja de tipo renovado-tecnicista; os que continuam sustentando o discurso da escola reprodutora preferindo a denúncia política ao trabalho pedagógico na escola e os que vêm tentando uma atuação pedagógica crítica, por acreditar na possibilidade de explorar os espaços disponíveis pelas contradições da sociedade de classes.
(...) a orientação educacional é um produto genuíno da pedagogia nova, por onde se formalizou sua conotação de mentora, na escola, do enfoque psicológico estrito da educação.
...Há muito trabalho a ser feito por orientadores, supervisores, psicológicos educacionais. As tarefas parcializadas desses profissionais deveriam ser unificadas numa única, a coordenação de ensino, centrada sobre as relações entre alunos-professores-matérias de ensino e na prática social vivida.

PSICOLOGIA EDUCACIONAL: UMA AVALIAÇÃO CRÍTICA – ESTUDO SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE PSICOLOGIA E DIDÁTICA

    A mais grave limitação do ensino da Psicologia educacional é a distância entre seu conteúdo e a prática escolar e isso explica seu efeito quase insignificante na formação de professores.
(...) uma das dificuldades desse entrosamento pode estar na impermeabilidade entre as ciências que concorrem para a explicação do ato educativo. Devido ao pouco desenvolvimento da ciência pedagógica, os próprios educadores têm permitido que as ciências auxiliares da educação (Psicologia da, Sociologia da, Economia da) disputem a hegemonia sobre o especificamente pedagógico. Isso tem favorecido toda a sorte de reducionismos: além do próprio pedagogismo, o sociologismo e o psicologismo.
(...) o enfoque sociopolítico leva a reduzir todos os problemas da escola e da educação ao conhecimento e crítica da função social de reprodução das relações sociais de produção que cumprem em nossa sociedade. Esta posição recusa qualquer fundamentação psicológica na educação, força a diluição do pedagógico no sociopolítico e assim falha por não considerar o ato educativo na sua totalidade.
(...) o enfoque estritamente psicológico ignora o efeito das condições sociais e políticas sobre o comportamento, tornando subjetivos os problemas gerados pela estrutura social e econômica. As tendências psicológicas atuais continuam concebendo um tipo de sociedade idealizada, para a qual as pessoas devem ser ajustadas, buscando no indivíduo a origem de suas condutas.
(...) o pedagogismo é tido por muitos professores e técnicos escolares como a preservação da missão salvadora da escola na supressão das desigualdades sociais, independentemente do sistema social e político, como se a sociedade pudesse ser modificada exclusivamente em decorrência da ação escolar.
(...) O ato educativo não é exclusivamente psicológico ou pedagógico ou sociopolítico; é um momento específico de interação social, configurando uma totalidade para a qual convergem fatores econômicos, sociais e psicológicos e que se constituem em condições para o completamento da ação pedagógica, cujo termo é o desenvolvimento individual e social. ... É em referência ao evento pedagógico que se buscará a contribuição da psicologia educacional e sociologia educacional.
(...) No que se refere ao ensino da Psicologia, trata-se de articular seus princípios e explicações com a prática cotidiana do professor, para que ele próprio os transforme em métodos e conteúdos. Levar em conta a problemática real da escola significa: classes numerosas, condições desiguais nos pré-requisitos para a aprendizagem, motivação e interesses vinculados a perspectivas de classe social, problemas de comunicação e entendimento professor-alunos, indisciplina, inadequação de programas, etc. a orientação do ensino se torna psicológica quando pretende adaptar-se ao aluno. Na verdade, não se estaria errando muito se se pudesse extrair o conteúdo da Psicologia da observação atenta de como certos professores conseguem aproximar-se dos interesses, compreensão e linguagem das crianças sem sacrificar a tarefa de ensinar, o que Wallon chama de "poder espontâneo de simpatia intelectual", e que infelizmente não pertence a todos.
O segundo nível de atuação da Psicologia na escola se dá através do supervisor/orientador educacional. O autor não faz distinção relevante entre supervisor pedagógico e orientador educacional: quanto mais cresce a convicção da unidade do ato pedagógico na sua diversidade, menos sentido faz a fragmentação do atendimento ao professor e ao aluno; algo parecido se poderia dizer do próprio diretor de escola.

ANOTAÇÕES SOBRE A QUESTÃO PEDAGÓGICO-DIDÁTICA E A POLÍTICA DA EDUCAÇÃO

    Pedagogia e didática se correspondem, mutuamente, a primeira buscando na prática educativa a compreensão crítica da sociedade, da cultura, da geração em desenvolvimento a partir de seus determinantes histórico-sociais, constituindo-se na teoria da ação educativa na sua intimidade, a fim de apreender suas exigências concretas; e os determinantes que afetam os sujeitos envolvidos (sistema de valores, linguagem, condições concretas de vida e de trabalho, motivações, etc.), proporcionando elementos para a reavaliação das diretrizes teóricas.
(...) o ato pedagógico constitui-se de uma relação entre o aluno e as matérias de estudo, mediadas pelo professor, a quem cabe garantir os efeitos formativos desse encontro. O ato pedagógico não se dá ao acaso, exige um trabalho docente sistemático, intencional, planejado, visando introduzir o aluno nas estruturas significativas; exige, além disso, que a assimilação seja ativa, embora não espontânea. É preciso que se conheçam as disposições do aluno, em termos socioculturais e psicológicos, a fim de que sejam conquistados seus interesses, sua colaboração, sua aspiração à formação. É preciso não apenas que se valorize o significado humano e social da cultura, mas o desvelamento das contradições sociais, atribuindo-se uma conotação crítica à transmissão do saber.
(...) os discursos e a mobilização política em torno da escola pública e gratuita tendem a se tornar inócuos caso não sejam seguidos de intervenções dentro das escolas, no domínio do pedagógico-didático; para isso é preciso que os educadores empenhados na valorização da escola adquiram uma formação pedagógica mais consistente e pesquisem situações pedagógicas reais, com suas exigências concretas, suas dificuldades e positividades.

DIDÁTICA E PRÁTICA HISTÓRICO-SOCIAL
(Uma introdução aos fundamentos do trabalho docente)

    Pedagogia crítico-social - esta corrente da pedagogia progressista defende o ponto de vista de que a principal contribuição da escola para a democratização da sociedade está na difusão da escolarização para todos, colocando a formação cultural e científica nas mãos do povo como instrumento de luta para sua emancipação. Valoriza a instrução como domínio do saber sistematizado e os meios de ensino como processo de desenvolvimento das capacidades cognitivas dos alunos e viabilização da atividade de transmissão/assimilação ativa de conhecimentos. Assume a historicidade da escola, sendo determinada pelos interesses opostos das classes existentes na sociedade, e, determinante, porque histórica e fruto da atividade humana transformadora.

    A pedagogia crítico-social propõe uma teoria pedagógica embasada numa concepção de mundo que parte das condições concretas em que se desenvolve a luta de classes; propõe uma didática que determina princípios e meios como diretrizes orientadoras para os processos de ensino necessários ao domínio de conhecimentos, garantindo durabilidade aos efeitos formativos da instrução e da educação.
    O trabalho docente concebe o aluno como ser educável, sujeito ativo do próprio conhecimento, mas também como ser social, historicamente determinado, indivíduo concreto, inserido no movimento coletivo de emancipação humana. (...) É preciso que o professor aprenda a abarcar todos os aspectos, ligações e mediações inerentes à ação pedagógica, tomá-lo no seu desenvolvimento, nas suas contradições, a fim de introduzir no trabalho docente a dimensão da prática histórico-social no processo do conhecimento.
(...) uma didática crítico-social concebe o ensino como transmissão intencional e sistemática de conteúdos culturais e científicos, a partir do entendimento de cultura como expressão das contradições e lutas concretas da sociedade.
Os enfoques da didática nas tendências pedagógicas são pelo menos três:
O tradicional → didática assentada na transmissão cultural, concebendo o aluno como um ser receptivo/passivo, atribuindo um caráter dogmático aos conteúdos e métodos da educação.
Valoriza o aspecto material do ensino. A didática é entendida como um conjunto de regras e preceitos → matéria a ser ensinada, devendo o aluno submeter-se aos métodos do professor.
O renovado-tecnicista → versão modernizada da escola nova, acentua o caráter prático-técnico do ensino e sua neutralidade face às questões sociais.
(...) inspirado numa concepção de sociedade assentada na produtividade, na eficiência e no rendimento, foi incorporado à tendência escolanovista como continuidade dela.
O sociopolítico → assume uma postura crítica em relação aos dois anteriores, acentua a relevância dos determinantes sociais na educação e, as finalidades sociopolíticas da escola. Sustenta uma visão parcializada da educação, ao reduzi-la à sua dimensão sociopolítica, negando a especificidade do pedagógico.
(...) é acentuado pelas tendências progressistas, mas é exacerbado nas versões libertadora e libertária. ... o movimento da crítica sociopolítica à pedagogia e à didática se inicia no começo da década de 70, mas é na segunda metade que aparecem suas manifestações na prática escolar → não existem problemas pedagógicos, mas problemas políticos. A escola cumpre o papel de aparelho ideológico do Estado garantindo uma função política de inculcacão da ideologia burguesa, acomoda-se às necessidades do sistema industrial como formadora de mão-de-obra, domestica professores e alunos por meio de procedimentos burocráticos e técnicas didáticas, subordina-se aos princípios da racionalidade, eficiência e rendimento máximos.
  A pedagogia crítico-social dos conteúdos tem como propósitos integrar os aspectos material/formal do ensino e, ao mesmo tempo, articulá-los com os movimentos concretos tendentes à transformação da sociedade. Valoriza a escola enquanto mediadora entre o aluno e o mundo da cultura, cumprindo esse papel pelo processo de transmissão/assimilação crítica dos conhecimentos, inseridos no movimento da prática social concreta dos homens, que é objetiva e histórica.
    A pedagogia dos conteúdos considera que a invenção da escola na sociedade não é mera casualidade, mas resultado de necessidades e exigências sociais que lhe dão o caráter inelutável de historicidade, e, por conseguinte, de transitoriedade de cada modalidade e ação formativa existente.
(...) Teoria e prática, pedagogia e didática são momentos inseparáveis na atividade transformadora da prática social, enriquecendo-se mutuamente à medida que a prática educativa concreta é questionada e modificada em decorrência das exigências de situações pedagógicas que ocorrem em circunstâncias históricas determinadas.
(...) o trabalho docente é um momento-síntese, uma totalidade à qual afluem determinantes econômicos, sociais, biológicos, psicológicos que são, ao mesmo tempo, condições para o complemento do ato educativo. São também mediações que irão favorecer ou dificultar a um aluno apropriar-se do saber escolar e, por ele, construir-se como ser social ativo. ... o trabalho docente consiste então na atuação do professor no ato educativo medindo os processos pelos quais o aluno apropria ou reapropria o saber de sua cultura e o da cultura dominante, elevando-se do senso comum ao saber criticamente elaborado. (...) o núcleo do trabalho docente é o encontro direto do aluno com o material formativo (apropriação ativa de conhecimentos). (...) o trabalho docente consiste numa atividade mediadora entre o individual e o social, entre o aluno e a cultura social e historicamente acumulada, entre o aluno e as matérias de estudo.
No trabalho docente as orientações metodológicas podem ser operacionalizadas em três passos articulados entre si:

- Situação orientadora inicial (síncrese)

-  Desenvolvimento operacional (análise)

- Integração e generalização (síntese)

"A síncrese corresponde à visão global, indeterminada, confusa, fragmentária da realidade; a análise consiste no desdobramento da realidade em seus elementos, a parte como parte do todo; a síntese é o resultado da integração de todos os conhecimentos parciais num todo orgânico e lógico, resultando em novas formas de ação → Do sincrético pelo analítico para o sintético".
(...) a didática progressista assentada numa pedagogia crítico-social dos conteúdos vai buscar formas pedagógicas da pedagogia tradicional, da pedagogia renovada e outras pedagogias, em procedimentos lógico-metodológicos de análise da realidade concreta que sirvam de apoio ao professor nas situações pedagógicas específicas. Uma teoria crítica de escola parte de uma avaliação das circunstâncias histórico-sociais e concretas que determinaram o aparecimento e o desenvolvimento das formas pedagógicas, para incorporá-las, por superação, às realidades sociais presentes.
   O conhecimento deste conteúdo, instrumentaliza o educador, norteando o seu trabalho e agora, com certos indicadores, pode identificar qualquer falha possível que venha ocorrer no curso desta prática.

    A democratização da escola, portanto deve ser:
1-Ampliação das oportunidades educacionais
2-Difusão dos conhecimentos
3-Reelaboração crítica desses conhecimentos
4-Conhecimento científico para as camadas populares
5-Conhecimento científico visando melhoria de vida para essas camadas, quando esses forem motivos de resposta a anseios e aspirações imediatas.
6- Inserção do indivíduo num projeto coletivo de mudança da sociedade.

Bibliografia:


LIBÂNEO, José C. Democratização da escola pública, São Paulo, Edições. Loyola,1985.

 

 

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