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Anísio Teixeira

      Anísio Spínola Teixeira (nasceu em Caetité (BA), em 12 de julho de 1900 - Rio de Janeiro (RJ) 1971) membro de uma família de fazendeiros. Estudou em colégios jesuítas em Caetité e em Salvador. Em 1922, formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, no Rio de Janeiro.

Anísio Teixeira

    Diretor de Instrução do Estado da Bahia (1924), diretor do Departamento de Educação (1932), secretário de Educação e Cultura do Distrito Federal (1935), quando, por iniciativa sua, foi instituída a Universidade Do Distrito Federal. Exerceu, em Londres, as funções de conselheiro para o ensino superior, na Unesco (1946-1947). A partir de 1952, diretor do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos(INEP). 

    Dominando completamente a teoria pedagógica de seu tempo, Anísio penetrou com as luzes do seu pensamento, em 40 anos de fecundo trabalho, todos os graus, ramos e níveis da educação brasileira. Condições históricas a ele se aliaram - arguto pesquisador e extraordinário observador que era - para aglutinar em duas etapas a única geração que a ciência pedagógica conheceu no Brasil até aqui.

    Em 1928, estudou na Universidade de Columbia, em Nova York, onde se torna no Master of Arts aluno de John Dewey e de William Kilpatrick. Este estreito e prolongado contato incide não sobre as teorias experimentalistas, herdado dos fisiologistas no primeiro quarto deste século, ou sobre os estudos das funções mentais notadamente a inteligência, e que tanto interessavam a Dewey, mas incide sobretudo na organização da cultura, para daí retirar os subsídios indispensáveis à construção da pedagogia entre nós no Brasil.

   Em 1930 a Revolução traz Anísio Teixeira para o Distrito Federal. O ocaso da República Velha enche brasileiros de esperanças democráticas. Com elas a função social da escola consequentemente se amplia. A escola primária pública, comum e obrigatória mobiliza a elite intelectual de então. O povo bate às portas da escola média e luta com consciência mais larga pelo seu acesso à escola. 

    Em 1931, foi nomeado secretário de Educação do Rio. Em sua gestão, criou uma rede municipal de ensino completa, que ia da escola primária à universidade.

    A experiência na América levou Anísio ao encontro com a cultura brasileira. Nesta fase é que nasce, para nós brasileiros, a ciência pedagógica; e, por assim dizer, pedagogicamente, entre nós, o alvorecer do século XX. Sobrevém o Manifesto da Escola Nova de 1932.

    Em abril de 1935, completou a montagem da rede de ensino do Rio com a criação da Universidade do Distrito Federal (UDF). Ao lado da Universidade de São Paulo (USP), inaugurada no ano seguinte, a UDF mudou o ensino superior brasileiro, mas ela foi extinta em 1939, durante o Estado Novo.

    Em 1935, perseguido pelo governo de Getúlio Vargas, Anísio refugiou-se em sua cidade natal, onde viveu até 1945. Nesse período, não atuou na área educacional e se tornou empresário.

    Em 1946, ele assumiu o cargo de conselheiro da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). No ano seguinte, com o fim do Estado Novo, voltou ao Brasil e novamente tomou posse da Secretaria de Educação de seu Estado. Nessa gestão, criou, em 1950, o Centro Educacional Carneiro Ribeiro, em Salvador, a Escola Parque.

    As décadas de 50 e 60 vão encontrar um Anísio planejador. Mas, seu postulado social impregnava: era preciso municipalizar o ensino, uma de suas teses mais brilhantes. Era necessário entregar às comunidades os destinos da educação de seus habitantes. Era preciso regionalizar a ciência pedagógica, regionalizar a escola e o currículo escolar, preparando o povo para as tarefas de cuidar de seu destino. Anísio Teixeira participou do Conselho Federal de Educação, e o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP) é criado com seus Centros Regionais de Pesquisa Pedagógica em diferentes Estados da Federação.

   Em 1951, assumiu o cargo de secretário-geral da Campanha de Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino Superior (Capes) e, no ano seguinte, o de diretor do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (Inep), onde ficou até 1964.

    No INEP nasceu a ciência pedagógica no Brasil, pois, bem lembra José Reis, em nosso país como na história em geral, a ciência começou fora das universidades, não porém em academias, mas em institutos criados pela visão de grandes governantes. O INEP, sob a liderança e o comando de Anísio Teixeira, foi convertido em verdadeiro centro de pesquisas avançadas de educação, digno das mais notáveis instituições europeias no gênero. Para tanto, o Instituto ficou dotado de quatro grandes divisões: de Estudo e Pesquisas Educacionais, de Estudos e Pesquisas Sociais, de Aperfeiçoamento do Magistério, de Informação, Documentação e Bibliografia Pedagógica. O Instituto fez editar as publicações Revista brasileira de estudos pedagógicos e Educação e ciências sociais, com a colaboração de intelectuais, pedagogos e cientistas brasileiros e estrangeiros, aglutinando poderosos cérebros que possibilitaram, sem dúvida, o pensar a renovação universitária brasileira.

    Implantou pioneiramente a educação pré-escolar com a "Reforma do Distrito Federal" de 1931.

   Apoiou o movimento intelectual de sua época e que nortearam a criação da universidade de São Paulo, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, da Escolinha de Arte do Brasil, da Sociedade Pestalozzi do Brasil, da Fazenda do Rosário, os dois últimos voltados para a criança carenciada.

    Reuniu as escolas primária e média e promoveu a criação do ginásio único e pluricurricular.

  Implantou a pós-graduação para consolidar a função docente em alto nível.

    Anísio foi um dos idealizadores da Universidade de Brasília (UnB), fundada em 1961. Ele entregou a Darcy Ribeiro, que considerava como seu sucessor, a condução do projeto da universidade. Em 1963, tornou-se reitor da UnB. Com o golpe de 1964, acabou afastado do cargo. Foi para os Estados Unidos, lecionar nas universidades de Columbia e da Califórnia.

    Voltou ao Brasil em 1965. Em 1966, tornou-se consultor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

 Obras: Aspectos americanos de educação (1928); Vida e educação (introdução à pedagogia pragmática de Dewey) (1930); Educação progressiva (introdução à filosofia de educação inspirada em Dewey e outros pensadores norte-americanos e ingleses (1932); Em marcha para a democracia (1934). No Estudo que trata da Universidade e liberdade humana (1954), como no livro A educação e a crise brasileira (1956) e no trabalho Educação não é privilégio (1957), defende a necessidade de ajustar a educação à diversidade das condições concretas, fazendo dela um instrumento de mudança e progresso.

     Em  em 11 de março de 1971, trágica morte no Rio de Janeiro, de modo misterioso. Onde o seu corpo foi encontrado no poço do elevador de um edifício no começo da Avenida Rui Barbosa, no Rio. 


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