O PROCESSO DE ENSINO NA ESCOLA
A unidade ensino-aprendizagem concretiza-se na interligação de dois momentos indissociáveis: construção ativa de conhecimentos e habilidades, dentro de condições específicas de cada situação didática. As relações entre professor, aluno e matéria não são estáticas, mas dinâmicas; por isso, falamos da atividade de ensino como um processo coordenado de ações docentes. A condução desse processo, como qualquer atividade humana, requer uma estruturação dos vários momentos de desenvolvimento da aula ou da unidade didática.
As características do processo de ensino
O
que devemos compreender é que a avaliação deve estar coadunada com a realidade
do educando e da escola, assim sendo, o processo de ensino-avaliado da
aprendizagem demonstrará sucesso.
A
consequência pedagógica centralizada nas provas e exames, deixa de cumprir a
sua real função, que seria auxiliar a construção da aprendizagem de forma
satisfatória secundarizando, assim, o significado do ensino.
As
provas e os exames são realizados conforme o sistema de ensino e o interesse do
professor. Muitas vezes, não considerando o que foi ensinado como se nada
tivesse a ver com a aprendizagem.
O
medo é um fator importante no processo de controle social, pois gera a
dependência, modos permanentes e petrificação de ações.
O
castigo é um instrumento gerador do medo. Hoje sendo utilizado de forma mais
sutil – o psicológico. A ameaça (previamente) é um tipo de castigo psicológico
e as nossas instituições de ensino adotam esse tipo de avaliação da
aprendizagem.
A
pedagogia do exame traz consequências: pedagógicas, psicológicas e
sociológicas.
Na
consequência psicológica, a sociedade, através do sistema de ensino e dos
professores, desenvolve formas de ser da personalidade dos indivíduos que
aceitam as suas imposições, utilizando a avaliação da aprendizagem de modo
fichado porque tem utilidade para desenvolver a autocensura, que é a forma como
os padrões externos cerceiam os sujeitos, sem que a coerção externa continue a
ser exercitada.
O
medo está ligado ao desconhecido. Ele é gerado pelo pensamento que quando não
está certo de estar seguro o projeta gerando submissão.
A
prática da avaliação escolar, dentro do modelo liberal conservador,
obrigatoriamente será autoritária, exigindo controle dos indivíduos, seja pela
utilização de coações explícitas ou por diversas modalidades de propaganda
ideológica.
Enquanto a avaliação permanecer atrelada a uma pedagogia ultrapassada, a
desistência ao estudo permanecerá e o aluno, o cidadão, o povo brasileiro continuará
escravo de uma elite intelectual, voltada para os valores da matéria e
ditadura, fruto de uma democracia opressora.
Na
consequência sociológica, a sociedade é estruturada em classes e, portanto, de
modo desigual, logo a avaliação pode ser posta sem dificuldade a favor da
seletividade, assim a avaliação está mais articulada com a reprovação do que
com a aprovação.
O PROFESSOR E AS FORMAS DE SE AVALIAR
Tudo vai depender da maneira como são propostas as questões. Se a intenção não for apenas a de verificar quantas informações o aluno "guardou em sua cabeça", mas sim a de perceber como o aluno está aproveitando tudo o que ele aprendeu durante as aulas, para compreender os temas estudados no curso e para resolver problemas propostos pela disciplina estudada, então a prova pode ser um bom momento para professores e alunos efetuarem uma revisão de tudo o que foi – ou deveria ter sido aprendido – e perceberem o que ainda pode ser melhorado.
Uma boa alternativa é permitir que os alunos reelaborem as questões da prova
nas quais não conseguiram um bom resultado, de modo que possam recuperar as
falhas anteriores.
Segundo Luckesi (1995). "O ato de avaliar tem, basicamente, três passos:
- Conhecer o nível de desempenho do aluno em forma de constatação da realidade.
- Comparar essa informação com aquilo que é considerado importante no processo educativo(qualificação).
- Tomar as decisões que possibilitem atingir os resultados esperados."(p,148).
Avaliação Educacional no Contexto Autoritário
Pode-se caracterizar a avaliação como um juízo da qualidade do objeto
avaliado, implicando em tomada de posição a respeito do mesmo, para aceitá-lo
ou transformá-lo.
Segundo Luckesi, (1978), a avaliação é definida como: um julgamento de
valor sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de
decisão. Após afirmativa de Luckesi, faremos uma análise dessa frase.
É
preciso compreender que a frase exprime três elementos que oportunizam uma
prática escolar baseada em atos arbitrários e autoritários. Contudo, dentre os
três, um tem maior poder de impacto possibilitando ao professor enquanto
“detentor” do conhecimento utilizar em suas ações educacionais um tipo de
avaliação que lhe dê uma maior autoridade.
Salienta-se a importância de conhecer conceitos acerca da avaliação do
ponto de vista de outros autores:
- a avaliação educativa é um processo complexo,
que começa com a formulação de objetivos e requer a elaboração de meios
para obter evidencia de resultados, interpretação dos resultados para
saber em que medida foram os objetivos alcançados e formulação de um juízo
de valor. (Sarrabbi, 1971).
- é um processo contínuo, sistemático,
compreensivo, comparativo, cumulativo, informativo e global, que permite
avaliar o conhecimento do aluno. (Juracy C. Marques, 1956).
- a avaliação significa a uma dimensão
mensurável do comportamento em relação a um padrão de natureza social ou
científica. (Bradfield e Moredock, 1963).
Conforme os conceitos acima expressos, ficou evidenciado que os autores a
consideram como um processo e não como condição que produz dinamismo à prática
escolar, pois diagnóstica uma situação e permite modificá-la de acordo com as
necessidades detectadas. Pode-se também relacionar como dificuldade a ausência
de orientação na elaboração de um programa de avaliação.
Enquanto a avaliação estiver voltada para o aluno, sem haver um
despertamento, uma conscientização para as necessidades de uma nova metodologia
e uma inclusão da própria escola neste processo, a qualidade do ensino
permanecerá comprometida.
Porquanto, uma vez contestado este fator, passamos a ter professores e a
escola no papel de investigadores da melhor situação para avaliar, as mais
eficientes formas de coleta e sistematização dos dados, sua compreensão e
utilização além do processo mais eficiente de capacitação dos professores em
avaliação.
Porquanto, uma vez contestado este fator, passamos a ter professores e a
escola no papel de investigadores da melhor situação para avaliar, as mais
eficientes formas de coleta e sistematização dos dados, sua compreensão e
utilização além do processo mais eficiente de capacitação dos professores em
avaliação.
Segundo Bloom,
a avaliação escolar está pautada em modalidades de avaliações que são seguidas
na prática docente por profissionais de educação.
Modalidades de avaliação
1- Avaliação Diagnóstica
Visa
determinar a presença, ou ausência, de conhecimentos e habilidades, inclusive
buscando detectar pré-requisitos para novas experiências de aprendizagem.
Permitindo averiguar as causas de repetidas dificuldades de aprendizagem.
Normalmente se faz quando o aluno chega à escola, em geral no início do ano
letivo, durante as primeiras semanas para observar e conhecer características
relevantes do aluno; chegada de novo aluno para saber onde enturmá-lo e como
recuperar a falta de base ou de pré-requisitos; no início de cada unidade para
provocar interesse pelo tema e identificar o que já sabem sobre o assunto.
Podendo ser feita em qualquer momento que o professor ou a escola
detectarem problemas graves de aprendizagem, motivação e aproveitamento.
Alunos e professores, a partir da avaliação diagnóstica de forma
integrada, reajustarão seus planos de ação fazendo uma reflexão constante,
crítica e participativa.
Como avaliar
diagnosticamente?
- Entrevistas com
alunos, ex-professores, orientadores, pais e familiares;
- Exercícios ou
simulações para identificar colegas com quem o aluno se relaciona;
- Consulta ao
histórico escolar/ficha de anotações da vida escolar do aluno;
- Observações dos
alunos, particularmente durante os primeiros dias de aula;
- Questionários,
perguntas e conversa com alunos;
2- Avaliação Formativa ou Processual
É
realizada com o propósito de informar o professor e o aluno sobre o resultado
da aprendizagem, durante o desenvolvimento das atividades escolares. Localiza
deficiências na organização do ensino-aprendizagem de modo a possibilitar
reformulações no mesmo e assegurar o alcance dos objetivos.
É
denominada formativa porque demonstra como os alunos estão se modificando em
direção aos objetivos.
A
avaliação formativa ou processual pode ser feita de maneira contínua e
informal, no dia-a-dia da sala de aula, e pode também ser feita em
oportunidades regulares, incluindo o uso de instrumentos mais formais como
sabatinas, testes, provas, apresentações de relatórios de trabalhos, competições
e jogos.
Quando
realizar e como avaliar?
Diariamente: ao rever os cadernos, o dever de casa, fazer e receber
perguntas, observar o desempenho dos alunos, nas diversas atividades de classe;
Ocasionalmente: por meio de provas ou outros instrumentos, mais ou menos formais, Periodicamente: utilizando testes ao final de cada sub-unidade, unidade, projeto, para aferir a aprendizagem e outros desempenhos dos alunos;
- Para corrigir
rumos, rever, melhorar, reformar, adequar o ensino de forma que o aluno atinja
os objetivos de forma de aprendizagem;
- Estabelecer
critérios e os níveis de eficiência para comparar os resultados.
- Obter as evidências
que descrevem o evento que nos interessa;
3- Avaliação Somativa
É
uma decisão que leva em conta a soma de um ou mais resultados. Normalmente
refere-se a um resultado final – uma prova final, um concurso, um vestibular.
Nas escolas, de um modo geral, a avaliação somativa é a decisão tomada no final
do ano para deliberar sobre a promoção de alunos.
É
usada, tipicamente, para tomar decisões a respeito da promoção ou reprovação
dos alunos que não obtiveram êxito no processo de ensino-aprendizagem.
Como avaliar?
Existem três formas
mais usadas de avaliação somativa:
- uma prova ou trabalho final;
- uma avaliação baseada nos resultados
cumulativos obtidos ao longo do ano letivo;
- uma mistura das duas formas acima.
É necessário que ocorra uma conscientização de todos estes segmentos, onde a avaliação deve ser repensada para que a qualidade do ensino não fique comprometida, tendo o cuidado nas influencias nas histórias da vida do aluno e do próprio professor para que não haja, mesmo inconscientemente, a presença do autoritarismo e da arbitrariedade que a perspectiva construtivista tanto combate.Segundo Hoffmann (1.993). "Avaliar nesse novo paradigma é dinamizar oportunidades de ação - reflexão, num acompanhamento permanente do professor e este devem propiciar ao aluno em seu processo de aprendizagem, reflexões acerca do mundo, formando seres críticos libertários e participativos na construção de verdades formuladas e reformuladas. (p.134)."
Avaliação Educacional para Humanização
Ser mestre é educar, e educação é sinônimo de: fé, amor, sabedoria, ação,
participação, construção, transformação, problematização, criação e realização.
A
avaliação educacional em geral e a avaliação da aprendizagem escolar em
específico são meios e não fins em si mesmas, estando deste modo delimitadas
pela teoria e prática que as circunstancializam .
Entende-se que a avaliação não se dá nem se dará num vazio conceitual,
mas sim dimensionada por um modelo teórico do mundo e da educação, traduzido em
prática pedagógica.
A
atual prática da avaliação escolar estipulou como função do ato de avaliar a
classificação. Esta se constitui num instrumento estático e frenador do
processo de crescimento. Esse fato se revela com maior força no processo de
obtenção de médias de aprovação ou médias de reprovação. Para um verdadeiro
processo de avaliação, não interessa a aprovação ou reprovação de um educando,
mas sim sua aprendizagem e, consequentemente, o seu crescimento.
O
ideal de avaliação na prática pedagógica escolar é a com função diagnóstica,
ela constitui-se no momento dialético do processo de avançar no desenvolvimento
da ação, do crescimento para a autonomia e competência e habilidades, portanto,
ser inclusiva, enquanto não descarta, não exclui, mas sim convida para a
melhoria, visando a transformação do indivíduo consequentemente da sociedade.
Essa prática não significa menor rigor na prática da avaliação, mas um
rigor técnico e científico. Nesta visão, garante ao professor um instrumento
mais objetivo de tomada de decisão. Em função disso, sua ação poderá ser mais
adequada e mais eficiente na perspectiva da transformação, pois “avaliar é
movimento, é ação e reflexão”.
Verificação ou Avaliação
Nesse texto, far-se-á uma análise crítica da prática avaliativa,
identificando-a com o conceito de verificação ou avaliação dando possibilidades
de encaminhamentos coerentes e consistentes acerca do assunto.
Verificação surge do latim: verum facere – e significa “fazer
verdadeiro”. O processo de verificar configura-se pela observação, obtenção,
análise e síntese dos dados ou informações que delimitam o processo ou ato com
o qual se está trabalhando. Já a avaliação, também se origina do latim:
a-valere que quer dizer “dar valor a...”. Esse ato implica coleta, análise e
síntese dos dados que configuram o objeto da avaliação, acrescido de uma
atribuição de valor ou qualidade.
Verificação e avaliação da aprendizagem representam dois aspectos do
mesmo fenômeno, que é o de saber como se está efetuando a aprendizagem
comportamental do educando e resultante do processo ensino-aprendizagem.
Verificação é um processo de constatação, de contagem; logo, é um
processo quantitativo. É a fonte que fornece dados a respeito da aprendizagem
efetivada pelo educando.
Na
prática do aproveitamento escolar, os professores realizam, basicamente, os
seguintes procedimentos: medida do aproveitamento escolar, transformação da
medida em nota ou conceito e utilização dos resultados identificados.
Medida do aproveitamento escolar
A
medida é uma forma de comparar grandezas, tomando uma como padrão e outra como
objeto a ser medido, tendo como resultado a quantidade de vezes que a medida
padrão cabe dentro do objeto medido.
Nas instituições, os resultados da aprendizagem são obtidos, de início,
pela medida, variando a especificidade e a qualidade dos mecanismos e dos
instrumentos utilizados para obtê-la. Os professores utilizam como padrão de
medida o acerto de questões e a medida dá-se com a contagem dos acertos do
educando sobre um conteúdo, dentro de um certo limite de possibilidades
equivalente à quantidade de questões que possui o teste, prova ou trabalho
dissertativo. Em um teste com dez questões, o padrão de média é o acerto e a
extensão máxima possível de acertos é dez. Em dez acertos possíveis, um aluno
pode chegar ao limite máximo dos dez ou a quantidades menores. A medida da
aprendizagem do educando está relacionada à contagem das respostas certas que
lançadas sobre um determinado conteúdo que se esteja desenvolvendo.
Normalmente,
na prática escolar, os acertos nos testes, provas ou outros meios de coleta dos
resultados da aprendizagem são transformados em “pontos”, o que não altera o
caráter de medida. Logo, o padrão de medida passa a ser pontos. A cada acerto
corresponderá um número de pontos previamente estabelecidos.
Os
professores, em suas aulas, para coletar os dados e proceder à medida da
aprendizagem dos educandos, apropriam-se de instrumentos que variam da
observação até sofisticados testes, gerados segundo normas e critérios técnicos
de elaboração e padronização.
Avaliação é o processo de ajuizamento, apreciação, julgamento ou
valorização do que o educando revelou ter apreendido durante um período de
estudo ou de desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Sendo assim, não
pode haver avaliação, sem que antes tenha havido verificação. Verifica-se antes
de avaliar.
Após
leitura e compreensão do texto, cabe questionar se o processo de medir
utilizados pelos professores na sua prática, tem as qualidades de uma
verdadeira medida.
Nesse momento com o resultado em mãos, o professor tem diversas
possibilidades de utilizá-lo, tais como:
- registrar simplesmente num diário de classe ou
caderneta de alunos;
- atentar para as dificuldades e desvios da
aprendizagem do educando, ajudando a superar na construção efetiva da
aprendizagem;
- oferecer ao educando, caso ele tenha obtido uma
nota ou conceito inferior, uma “oportunidade” de melhorar a nota ou
conceito.
Se
o educando possui uma nota ou conceito de reprovação diante dos dados
verificados, poderá ocorrer simplesmente um registro no diário ou ele terá uma
“oportunidade” para melhorar seu conceito. Porém, não é para que o educando
estude a fim de aprender melhor, mas estude “tendo em vista a melhoria da
nota”.
Estudar para melhorar a nota, não possibilita uma aprendizagem efetiva?
Quanto a estar atento às dificuldades do educando, esta não tem sido
conduta habitual dos educadores nas escolas, normalmente preocupam-se com a
aprovação ou reprovação do indivíduo. E nas ocasiões em que se possibilita uma
revisão dos conteúdos é para “melhorar” a nota do educando e, consequentemente,
aprová-lo.
Propõe-se que a avaliação do aproveitamento escolar seja praticada como
uma atribuição de qualidade aos resultados da aprendizagem dos educandos, tendo
por fim seus aspectos essenciais e, como objetivo, uma tomada de decisão que direcione
o aprendizado e, concomitantemente, o desenvolvimento do educando.
É
importante que tanto a prática educativa como a avaliação sejam direcionadas
com um determinado rigor científico e técnico, para que se tornem um
instrumento subsidiário e significativo em prol do desenvolvimento do educando.
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