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CONSTRUTIVISMO


  Até pouco tempo atrás, e mesmo ainda hoje, em muitos lugares do mundo, as teorias de aprendizagem dividem-se em duas correntes: uma empirista e uma apriorista.
Para os aprioristas, a origem do conhecimento está no próprio sujeito, ou seja, sua bagagem cultural está geneticamente armazenada dentro dele, a função do professor é apenas estimular que estes conhecimentos aflorem.
   Já para os que seguem as teorias empiristas, cujo princípio é tão longínquo quanto os ensinamentos de Aristóteles, as bases do conhecimento estão nos objetos, em sua observação. Para estes, o aluno é tabula rasa e o conhecimento é algo fluido, que pode ser repassado de um para outro pelo contato entre eles, seja de forma oral, escrita, gestual, etc. É nesta teoria que se baseiam a maioria das correntes pedagógicas que conhecemos, entre elas o behaviorismo .
    Rompendo com estes dois paradigmas, ou melhor dizendo, fundindo-os em um único, temos as teorias de Piaget . Jean Piaget foi um dos primeiros estudiosos a pesquisar cientificamente como o conhecimento era formado na mente de um pesquisador, tomando aqui a palavra pesquisador o seu sentido mais amplo, uma vez que seus estudos se iniciaram com a apreciação de bebes. Piaget observou como um recém-nascido passava do estado de não reconhecimento de sua individualidade frente o mundo que o cerca indo até a idade de adolescentes, onde já temos o início de operações de raciocínio mais complexas.

Construtivismo - uma apresentação teórica

  É uma teoria psicopedagógica que diz respeito ao modo como o indivíduo constrói o conhecimento, construir novo conhecimento, descobrir nova forma para significar algo, baseando-se em experiências e conhecimentos existentes. Ele estimula uma forma de pensar em que o aprendiz, ao invés de assimilar o conteúdo ele reconstrói o conhecimento existente, dando um novo significado.

   No Brasil esse tipo de ensino começou a ser usado nas escolas a partir da década de 70. A partir daí, surge um movimento que tem uma visão do mundo diferente das escolas tradicionais que tratavam o aluno como objeto que deveria ser treinado pelos moldes da escola tradicional é diferente da comportamental.

    Os estudos sobre a Teoria Construtivista têm como base às pesquisas de Jean Piaget, ele voltou-se para o desenvolvimento do indivíduo, da espécie humana, do nascimento até a idade adulta.

  Piaget recorreu à Psicologia como campo de pesquisa e formou a Teoria Psicogenética onde mostrou que a criança passa por mudanças qualitativas chamadas estágios do desenvolvimento. Esta fundamentação está muito bem descrita em um de seus livros mais famosos, O Nascimento da Inteligência na Criança (1982), no qual ele escreve que "as relações entre o sujeito e o seu meio consistem numa interação radical, de modo tal que a consciência não começa pelo conhecimento dos objetos nem pelo da atividade do sujeito, mas por um estado diferenciado; e é desse estado que derivam dois movimentos complementares, um de incorporação das coisas ao sujeito, o outro de acomodação às próprias coisas" .

    Segundo Piaget, a construção ocorre quando o indivíduo age, física ou mentalmente sobre o objeto provocando o desequilíbrio do conhecimento adquirido anteriormente.

   O indivíduo deve ser desenvolvido por meio de um processo de assimilação e acomodação assim o equilíbrio será restabelecido.

Assimilação é o processo cognitivo de utilizar os esquemas já adquiridos para novas experiências.

Acomodação é a modificação de um esquema ou de uma estrutura, em função das particularidades do conhecimento ou do objeto. O indivíduo pode criar um novo esquema que absorva o novo conhecimento ou objeto.

Equilibração é o processo que se dá quando passa de uma situação de menor equilíbrio para uma de maior equilíbrio.

    A Epistemologia Genética, conforme mencionado anteriormente, é uma fusão das teorias existentes, pois Piaget não acredita que todo o conhecimento seja, a priori, inerente ao próprio sujeito (apriorismo), nem que o conhecimento provenha totalmente das observações do meio que o cerca (empirismo); de acordo com suas teorias, o conhecimento, em qualquer nível, é gerado através de uma interação radical do sujeito com seu meio, a partir de estruturas previamente existentes no sujeito. Assim sendo, a aquisição de conhecimentos depende tanto de certas estruturas cognitivas inerentes ao próprio sujeito - como de sua relação com o objeto - não priorizando ou prescindindo de nenhuma delas.

   Das sucessivas e permanentes relações entre assimilação e acomodação o indivíduo vai adaptando-se ao meio externo através de um interminável processo de desenvolvimento cognitivo. Por ser um processo permanente e estar sempre em desenvolvimento esta teoria foi denominada de “Construtivismo”.

    Referencias:

Psicologia e Epistemologia: Por uma teoria do conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 1973.

A representação do mundo na criança. Rio de Janeiro: Record, 1982

 A Epistemologia Genética. São Paulo: Abril Cultural. 1983




 

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