quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

A AUTODETERMINAÇÃO DOS POVOS

A Segunda Guerra Mundial provocou mudanças decisivas na configuração geopolítica do planeta. Ao mesmo tempo que a França e a Inglaterra, Estados à frente de grandes impérios coloniais, saíram enfraquecidos do conflito, União Soviética e Estados Unidos se firmaram como superpotências, assumindo posição de destaque na política global.

Com o fim da guerra, os países africanos e asiáticos que lutavam contra o domínio das potências colonialistas europeias ganharam dois aliados de peso. Interessados em ampliar suas zonas de influência para outras regiões do planeta durante a Guerra Fria, os governos dos Estados Unidos e da União Soviética passaram a defender o princípio da autodeterminação dos povos.

A defesa da autodeterminação dos povos estava prevista no primeiro artigo da Carta das Nações Unidas de 1945. Esse princípio ajudou a mobilizar a opinião pública mundial contra o colonialismo na Ásia e na África, além de contribuir para ampliar a luta dos povos africanos e asiáticos pela independência. Em alguns casos, o processo de emancipação ocorreu por vias pacíficas. Em outros, a independência só foi conquistada por meio da luta armada contra as potências colonizadoras.

Luta anticolonial e crise do colonialismo após 1945 

Como você estudou, as potências europeias dominaram a Ásia e a África no século XIX. Desde as primeiras ações imperialistas, povos afro-asiáticos resistiram a essa dominação. Contra os britânicos, por exemplo, ocorreram as guerras Anglo-sudanesa, entre 1881 e 1884, e Anglo-egípcia, em 1882, as revoltas somalis, em 1884 e 1894, e a Revolta dos Cipaios, na Índia, entre 1857 e 1858. Entre o final da Segunda Guerra Mundial e a dé - cada de 1970, a maioria das colônias europeias na África e na Ásia se emancipou politicamente, originando novos países. Isso só foi possível, pois, alguns fatores favoreceram o sucesso dos movimentos de resistência desses povos nesse período.
Um dos motivos foi o enfraquecimento sofrido pelas potências europeias em decorrência da Segunda Guerra Mundial. Mesmo as que estavam do lado vence - dor sofreram perdas materiais e humanas que abalaram sua capacidade de domi - nação sobre as colônias. Além disso, a Carta de São Francisco, de 1945, que deu origem à ONU, e outras normas internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, e o Pacto Internacional de Direitos Civis e Político, de 1966, garantiram às ex-colônias o direito à autodeterminação e ao autogoverno. 
Somaram-se a esse cenário as disputas entre os Estados Unidos e a União Soviética no contexto da Guerra Fria. As duas superpotências apoiaram muitos movimentos de libertação, já que cada novo país poderia ampliar o bloco de países aliados a uma ou a outra. 
Os povos africanos e asiáticos souberam aproveitar esse contexto favorável para organizar movimentos pela libertação de seus países e intensificar sua luta contra a dominação imperialista; nesse período foram formados ou fortalecidos partidos políticos, milícias populares armadas, jornais e associações de estudantes e intelectuais contrários à dominação imperialista europeia. Também cresceu a desobediência às autoridades coloniais, os boicotes aos produtos europeus e a organização de greves



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