No início de fevereiro de 2022, a Rússia iniciou uma operação militar de invasão no território da Ucrânia, disparando um dos maiores conflitos em território europeu desde a Segunda Guerra Mundial. Para entender melhor as causas desse conflito, é fundamental retomar a história da região, principalmente o cenário de Guerra Fria e as tensões que marcaram a crise do socialismo e a desintegração da União Soviética, no início dos anos 1990.
A Ucrânia é o segundo maior país da Europa, com extensão inferior apenas à da Rússia, e se formou como nação independente com o fim da União Soviética, em 1991. Isso fez com que a Rússia mantivesse fortes vínculos com o país vizinho, o que inclui a existência de algumas regiões do território ucraniano dominadas por grupos pró-Rússia, os quais defendem ideias separatistas.
Em 2014, o presidente eleito na Ucrânia, aliado da Rússia, foi derrubado por oposicionistas e, em seu lugar, assumiu um governo apoiado por grupos de direita e extrema direita. Na ocasião, o governo russo anexou aos seus domínios a região da Crimeia, até então pertencente à Ucrânia, porém com população de maioria russa. A anexação se tornou ponto de antagonismos entre Rússia, Ucrânia, países europeus e Estados Unidos, contrários a essa ofensiva russa. Desde então, separatistas ucranianos apoiados pela Rússia e as forças armadas da Ucrânia se enfrentam em conflitos armados.
A perseguição do governo ucraniano a esses grupos separatistas é um dos elementos que compõem o quadro geral por trás do ataque russo ao país vizinho. Outro elemento importante para compreender o conflito tem relação com a atuação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na região. A OTAN foi criada no contexto da Guerra Fria para articular os países do bloco capitalista liderados pelos Estados Unidos. Desde então, o organismo tem sido fundamental na defesa dos interesses geopolíticos estadunidenses e, com o fim da União Soviética, vem buscando atrair para sua zona de influência os novos países que se formaram na região.
A Ucrânia e a Otan
A Ucrânia foi um dos países do Leste Europeu que buscaram uma aproximação com a Europa ocidental, negociando sua colaboração com a União Europeia e a entrada na OTAN. Esse movimento se intensificou a partir de 2014. A Rússia, por sua vez, atuou intensamente na tentativa de impedir a expansão da influência da OTAN e dos Estados Unidos nos países de sua fronteira. Uma das condições impostas pelos russos para cessar a invasão em 2022 foi justamente o compromisso da Ucrânia com a neutralidade e sua não integração à OTAN.
Os Estados Unidos acompanharam de perto o desenrolar do conflito e impuseram sanções e restrições à Rússia a fim de reduzir seu potencial bélico, em um movimento que remeteu às rivalidades e disputas típicas da Guerra Fria. Uma série de medidas econômicas também foram tomadas por outros países no sentido de isolar a Rússia e enfraquecê-la economicamente, o que gerou grandes impactos nos mercados internacionais. Como resultado, as populações de países europeus sofreram um agudo aumento no custo de vida, relacionado principalmente ao preço do gás natural e de outros combustíveis. Outra consequência do conflito está ligada à produção de um novo contingente de refugiados, já que milhares de pessoas deixaram a Ucrânia desde o início do conflito, fugindo dos ataques e bombardeios e buscando abrigo em países vizinhos. O conflito envolveu, ainda, uma grande guerra de informações, com a imprensa internacional tomando partido dos lados do conflito. Isso impôs dificuldades ao acesso a informações precisas e à compreensão do real quadro da guerra. Mais uma vez, ecos da Guerra Fria, com posições polarizadas e uma disputa de versões e informações, pareceram dominar a política internacional.
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