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BARROCO NO BRASIL

 

DIVISÃO DA LITERATURA BRASILEIRA

 

Como já vimos em outras aulas, as manifestações literárias são dividas didaticamente, em grandes eras e em períodos menores, chamados estilos de época, escolas ou ainda movimentos literários. Tal divisão também acontece com a Literatura Brasileira que apresenta duas grandes eras:

ERA COLONIAL

ERA NACIONAL

      A primeira grande era, a ERA COLONIAL, tem início com a vinda dos primeiros portugueses, em 1500, e se estende até 1808 com a chegada da família real ao Rio de Janeiro. A ERA NACIONAL tem início em 1836, com o Romantismo e se estende até os dias de hoje. O período entre 1808 a 1836 é conhecido como Período de Transição e envolve todo o processo de independência política.

Essas eras também apresentam subdivisões. Vejamos como está dividida a era colonial.

ERA COLONIAL

Quinhentismo (século XVI)

                                               Barroco (século XVII)

Arcadismo (século XVIII)

Os primeiros textos produzidos em solo brasileiro não são considerados como exemplos de manifestações literárias, caracterizam-se mais como textos históricos. Eram textos informativos voltados para a conquista material, para as descobertas da nova terra, ou textos escritos pelos jesuítas, voltados para a catequese. Esses textos fazem parte do chamado Quinhentismo brasileiro.

Não há um consenso quanto à primeira manifestação de uma literatura realmente brasileira. Alguns consideram o Barroco essa primeira manifestação de uma literatura realmente brasileira. Outros estudiosos preferem falar em literatura brasileira somente a partir do Romantismo, ou seja, a partir do século XVIII. Mas num aspecto todos concordam, é no Barroco que encontramos não só um o primeiro, mas um dos mais talentosos poetas brasileiros – Gregório de Matos.

O movimento Barroco compreende um longo período que se estende de 1601, com a publicação do poema Prosopopeia, de Bento Teixeira até meados do século XVIII (1768), com a fundação da Arcádia Ultramarina, em Vila Rica, Minas Gerais e a publicação do livro Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa.

 O termo Barroco no Brasil compreende duas grandes manifestações: o Barroco Literário e Arquitetônico do século XVII, principalmente na Bahia, e o Barroco mineiro do século XVIII, conhecido como Barroco tardio, contemporâneo do Arcadismo.

O que nos interessa é esse Barroco Literário. Vejamos esta imagem:

 


Casa de Engenho, Frans Post (1612-1680)

As manifestações brasileiras desse período refletem a visão de mundo e a estrutura de um país-colônia, marcado pelo ciclo econômico açucareiro. As poucas atividades culturais concentravam-se em Salvador, Bahia e em Recife, Pernambuco.

A produção barroca no Brasil foi muito influenciada pelo Barroco europeu. E você se lembra do que foi o Barroco?

 O Barroco, como já vimos, foi o movimento estético literário do conflito, dos impulsos contraditórios, do contraste entre claro/escuro, alma/corpo, céu/inferno, bom/mau. O Barroco foi arte do jogo de palavras e de ideias, que visavam surpreender o leitor não só através da construção cuidadosa do texto, marcado várias vezes por uma linguagem excessivamente rebuscada, mas também através de um alto poder de raciocínio lógico.

Esse jogo, essa atitude lúdica nos faz lembrar das duas faces barrocas:

        CARACTERÍSTICAS: rebuscamento da forma (gongorismo) rebuscamento do conteúdo (conceptismo) tentativa de conciliação de opostos

CULTISMO ou Gongorismo= Corresponde ao jogo de palavras e imagens visando ao rebuscamento da forma do texto, à ornamentação e à erudição vocabular. Nessa vertente barroca é comum o uso exagerado das figuras de linguagem, como metáforas, antíteses, hipérboles, hipérbatos, entre outras. O cultismo também é chamado de Gongorismo, por ter sido muito influenciado pelo poeta espanhol Luís de Gôngora.

CONCEPTISMO ou Quevedismo = Corresponde ao jogo de ideias e de conceitos, pautado no raciocínio lógico, visando ao convencimento à argumentação. O conceptismo também é chamado de Quevedismo, por ter sido muito influenciado pelo também espanhol, Francisco Quevedo.

O cultismo e o conceptismo também influenciaram nossos escritores. Vejamos os principais autores do Barroco no Brasil:

Bento Teixeira

Padre Antônio Vieira

Gregório de Matos

Manuel Botelho de Oliveira

Bento Teixeira, assim como o Padre Antônio Vieira não era brasileiro, ao contrário do que se pensou durante muito tempo, ambos eram portugueses que passaram algum tempo no Brasil. Bento Teixeira destaca-se por ser o autor do marco inicial do Barroco no Brasil, mas seu poema épico Prosopopeia não provocou muito reconhecimento na colônia. É uma imitação de Os Lusíadas, o que era muito comum na época, também escrito em decassílabos e dispostos em oitava rima.

Padre Antônio Vieira, como já vimos, embora escrevendo no Brasil apresentava a visão de mundo do homem europeu.
O Barroco brasileiro foi fruto de manifestações isoladas, visto que a Colônia ainda não dispunha de um grupo intercomunicante de escritores, nem de um público leitor influente, nem de vida cultural intensa, situação agravada pela proibição da imprensa e pela falta de liberdade de expressão.
Reflexo da literatura escrita na Península Ibérica, a produção dessa época também revela a crise do homem do século XVII, dividido entre os valores antropocêntricos do Renascimento e as amarras do pensamento medieval reabilitado pela Contra-Reforma. Essa tensão manifesta-se no confronto pecado/perdão, terreno/celestial, vida/morte, amor platônico/amor carnal, fé/razão, céu/inferno.

Observe essa dualidade neste último terceto do soneto A Jesus Cristo crucificado estando o poeta para morrer, de Gregório de Matos:

Esta razão me obriga a confiar, que, por mais que pequei,
neste conflito espero em vosso amor de me salvar.

Como as outras artes, a literatura empregou uma linguagem adequada à monumentalidade e à ostentação, exagerando no rebuscamento formal ao abusar de:

a)    antíteses, que refletem a contradição do homem barroco, seu dualismo. Dessa vez o exemplo é do soneto A instabilidade das cousas do mundo, do mesmo Gregório:

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

Depois da luz, se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas, a alegria.

     b) metáforas, que revelam as semelhanças subjetivas que o poeta descobre na realidade e a tentativa de apreendê-la pelos sentidos. O último terceto do soneto A Jesus Cristo Nosso Senhor de Gregório de Matos nos fornece o exemplo:

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,

Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,

Perder na vossa ovelha a vossa glória.

    c) hipérboles, que traduzem a pompa, a grandiosidade do Barroco. Também de Gregório é o exemplo que vem do soneto Aos afetos e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem, referindo-se o poeta ao pranto:

Ardor em firme coração nascido;

Pranto por belos olhos derramado;

Incêndio em mares de água disfarçado;

Rio de neve em fogo convertido. 

   d) utilização frequente de interrogações, que revelam incerteza e inconstância. Outra vez Gregório em A instabilidade das cousas do mundo:

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?

Se é tão formosa a luz, por que não dura?

Como a beleza assim se transfigura?

Como o gosto da pena assim se fia? 

Há duas correntes barrocas em literatura:

a) cultismo – estilo marcado pelo rebuscamento formal que abusa de antíteses, paradoxos, hipérboles, jogos de palavras, ordem inversa. Essa tendência é também chamada de gongorismo, devido à influência do poeta espanhol Luís de Gôngora. Outro exemplo de Gregório de Matos, neste fragmento do soneto Ao braço do mesmo Menino Jesus quando appareceo:

O todo sem a parte não é todo,

A parte sem o todo não é parte,

Mas se a parte o faz todo, sendo parte,

Não se diga, que é parte, sendo todo.

b) conceptismo – estilo desenvolvido sobretudo na prosa, preocupado em expor ideias e conceitos por meio do raciocínio lógico. O seguinte fragmento do Sermão da Sexagésima, de Vieira, exemplifica essa tendência:
Fazer pouco fruto a palavra de Deus no Mundo, pode proceder de um de três princípios: ou da parte do pregador, ou da parte do ouvinte, ou da parte de Deus. Para uma alma se converter por meio de um sermão, há de haver três concursos: há de concorrer o pregador com a doutrina, persuadindo; há de concorrer o ouvinte com o entendimento, percebendo; há de concorrer Deus com a graça, alumiando. Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e há mister olhos. Que coisa é a conversão de uma alma, senão entrar um homem dentro em si e ver-se a sim mesmo? Para esta vista são necessários olhos, é necessária luz e é necessário espelho. O pregador concorre com o espelho, que é a doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o homem concorre com os olhos, que é o conhecimento. Ora suposto que a conversão das almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender que falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus?

GREGÓRIO DE MATOS 

Gregório de Matos - o grande representante do Barroco no Brasil. 

         Gregório de Matos, filho de uma família abastada nasceu na Bahia, mas foi para Portugal, onde se diplomou em Direito. De volta ao Brasil firma-se como o primeiro poeta brasileiro. Assim como outros poetas, também teve uma vida atribulada e polêmica, sempre metido em desavenças com pessoas poderosas e influentes.

Graças às suas sátiras, marcadas pela linguagem maliciosa, direta e muitas vezes ferina, recebeu o apelido de Boca do Inferno.

Existem muitas dúvidas quanto à autenticidade de sua obra, isto porque Gregório de Matos não publicou nada em vida, não deixou nenhum texto autografado ou produzido de próprio punho. Sua obra permaneceu praticamente inédita até o início do século XX quando a Academia Brasileira de Letras publicou seis volumes com sua produção.

A diversidade e o antagonismo do espírito Barroco também estão presentes em Gregório de Matos. Vejamos as principais características de sua obra.

DUALISMO = Refletindo o dualismo barroco oscilou entre o sagrado e o profano. Ora demonstrava aversão pelo sagrado, pelo religioso, escrevendo textos sensuais e pornográficos, ora seus poemas apresentavam uma profunda devoção a Deus e aos santos.

     INSATISFAÇÃO = Vários textos mostram sua insatisfação com a vida na colônia e sua inadaptação ao ambiente baiano, frequentemente criticado.

    FUGACIDADE = Gregório de Matos deixou claro sua consciência sobre a transitoriedade da vida. Seus textos mostram frequentemente as vaidades humanas como insignificantes e passageiras.

     OUSADIA = Ao contrário do Padre Antônio Vieira que apresentava um caráter mais conservador, com uma visão europeia, Gregório de Matos é considerado um poeta inovador e irreverente. Mesmo adepto do cultismo, também cultivou o jogo de ideias presente no conceptismo.

Embora conhecido como poeta satírico, criticando não só as pessoas, mas também as instituições da época, Gregório de Matos apresenta uma obra vasta:

                                -SACRA

*POESIA LÍRICA          -AMOROSA

                                -ENCOMIÁSTICA

*POESIA SATÍRICA

POESIA SACRA = Ou religiosa é marcada pelo conflito gerado entre a vida mundana e o a vida espiritual. Entre a consciência do pecado e o desejo de salvação. Vejamos um fragmento de sua poesia religiosa:

“ ... Esta razão me obriga a confiar,

Que, por mais que pequei, neste conflito

Espero em vosso amor de me salvar.”

POESIA AMOROSA = Na poesia amorosa, também encontramos a dualidade barroca oscilando entre o amor elevado, espiritual e o sensualismo e o erotismo do amor carnal. Vejamos dois fragmentos de sua poesia amorosa, em que o autor define o amor:

“ Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido:

Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal, em chamas derretido.

                    ------XXXXXX------

 “O Amor é finalmente um embaraço de pernas, uma união de barrigas, um breve tremor de artérias.

Uma confusão de bocas,
Uma batalha de veias, um rebuliço de ancas;
Quem diz outra coisa, é besta.”


Gregório de Matos também escreveu textos de circunstância, laudatórios, destinados a elogiar pessoas importantes da época, é a chamada POESIA ENCOMIÁSTICA. Em suas sátiras, criticou os vários tipos humanos de sua época, os costumes, os primeiros colonos nascidos no Brasil, conhecidos como “caramurus” e principalmente o relaxamento moral da Bahia, numa posição de recusa em relação à exploração da colônia. Vejamos um exemplo de sua sátira:


“Que os brasileiros são bestas
E estão sempre a trabalhar
Toda a vida por manter
Maganos de Portugal”


Padre Antônio Vieira (1608-1697) 

Vieira nasceu em Portugal e aos seis anos veio para o Brasil. Aqui ordenou-se padre jesuíta e, em 1640, quando terminou o período de dominação espanhola, voltou a Portugal. Atacado pela Inquisição por defender cristãos-novos (judeus convertidos ao catolicismo), voltou ao Brasil em 1652. Expulso do Maranhão por criticar a escravidão a que os colonos submetiam os indígenas, foi proibido de pregar e condenado a prisão domiciliar. Suspensa a pena, Vieira seguiu para Roma para pedir a anulação do processo. Voltou ao Brasil, onde morreu.

Missionário, homem de ação, político doutrinador e mestre no uso da palavra, Vieira talvez tenha vivido na época ideal, pois a Colônia não dispunha de imprensa, o público leitor era extremamente reduzido, sendo a linguagem oral o meio mais adequado para divulgar ideias e persuadir auditórios.

Sua obra divide-se em:

1) obras de profecia: em que conjuga seu estilo alegórico de interpretação da Bíblia à crença no Sebastianismo, segundo a qual um futuro de glórias estaria reservado a Portugal: História do futuro, Esperanças de Portugal e Clavis Prophetarum.

2) cartas: em que discorre sobre sua atuação, a situação da Colônia e a política da época — as relações entre Portugal e Holanda, a Inquisição, os cristãos-novos.

3) sermões (cerca de 200): longos e elaborados segundo raciocínios claros. Seus sermões compõem-se de:

intróito ou exórdio: a parte introdutória, de apresentação;

desenvolvimento ou argumento: defesa da idéia, com base, quase sempre, na exemplificação bíblica;

peroração: a conclusão, a parte final do sermão.

Seus principais sermões são:

a) Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda (Igreja Nossa Senhora da Ajuda, Salvador, 1640): nele Vieira conclama o povo a combater os holandeses que cercam a cidade;

b) Sermão do Mandato (Capela Real de Lisboa, 1645): nele o pregador desenvolve o tema do amor divino em oposição ao humano;

c) Sermão de Santo Antônio aos Peixes (Maranhão, 1654): aqui Vieira critica os colonos do Maranhão e pede que libertem os índios escravizados;

d) Sermão da Sexagésima (Capela Real de Lisboa, 1655): em que resume a arte de pregar.

Observe, neste fragmento do Sermão da Sexagésima, o uso das metáforas para os quatro tipos de corações e sua opinião sobre a efemeridade das coisas no mundo (tema barroco por excelência): 

Sêmen est verbum Dei (A semente é a palavra de Deus)

O trigo, que semeou o pregador evangélico, diz Cristo que é a palavra de Deus. Os espinhos, as pedras, o caminho e a terra boa em que o trigo caiu, são os diversos corações dos homens. Os espinhos são os corações embaraçados com cuidados, com riquezas, com delícias; e nestes afoga-se a palavra de Deus. As pedras são os corações duros e obstinados; e nestes seca-se a palavra de Deus, e se nasce, não cria raízes. Os caminhos são os corações inquietos e pertubados com a passagem e tropel das coisas do Mundo, umas que vão, outras que vêm, outras que atravessam, e todas passam; e nestes é pisada a palavra de Deus, porque a desatendem ou a desprezam. Finalmente, a terra boa são os corações bons ou os homens de bom coração; e nestes prende e frutifica a palavra divina, com tanta fecundidade e abundância, que se colhe cento por um: Et fructum fecit centuplum.

Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711) 

Brasileiro, estudou em Coimbra e foi amigo de Gregório de Matos. Publicou Música do Parnaso, uma coletânea de poemas escritos em português, castelhano, italiano e latim. Foi o primeiro poeta brasileiro a editar seus poemas. Dessa obra consta o poema “Ilha da Maré”, em que se percebem traços de nativismo:

Frutas do Brasil

E, tratando das próprias, os coqueiros
Galhardos e frondosos
Criam cocos gostosos,
E andou tão liberal a natureza
Que lhes deu por grandeza,
Não só para bebida, mas sustento,
O néctar doce, o cândido alimento.
De várias cores são os cajus belos;
Uns são vermelhos, outros amarelos,
E, como são vários nas cores
Também se mostram vários nos sabores,
E criam castanha,
Que é melhor que a de França, Itália, Espanha. (...)

No período barroco apareceram entre nós as primeiras academias literárias centralizadas na Bahia: em 1724, é fundada a Academia Brasílica dos Esquecidos e, em 1759, a Academia Brasílica dos Renascidos. Elas foram importantes porque, além de intensificarem o sentimento nativista, representaram a primeira tentativa de intercomunicabilidade literária (reuniram intelectuais e escritores e estabeleceram uma aproximação cultural entre os principais centros urbanos de então) e de contato com o público. As academias também fizeram um importante trabalho de pesquisa histórica. Sebastião da Rocha Pita, cujo pseudônimo era Vago, pertenceu à Brasílica dos Esquecidos e escreveu História da América Portuguesa.


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