Em Portugal, o Romantismo é a estética
literária que dá início à chamada Era Moderna ou Romântica. Didaticamente, o Romantismo Português tem início em
1825, com a publicação do poema Camões de Almeida Garrett e
permanece no cenário literário até as primeiras atitudes de rebeldia de um
grupo de estudantes de Coimbra, 1865, – na famosa Questão Coimbrã que abre
caminho para um novo movimento: o Realismo.
A partir de suas principais
características e da variedade temática, toda a produção literária desse
período, divide-se em três gerações ou momentos:
No primeiro
momento encontramos autores ainda presos a certos valores neoclássicos. Mas
foram eles os responsáveis pela incorporação do novo estilo. As duas grandes
figuras são: Almeida Garrett e Alexandre Herculano.
No segundo momento temos a intensificação das características românticas, ou seja, essas características são levadas ao exagero. É o chamado ultra-romantismo. Soares de Passos e Camilo Castelo Branco são os poetas mais populares.
Já no terceiro momento, encontramos um prenúncio do
Realismo, com os autores se distanciando das características
românticas do período inicial. Destacam-se nesse momento João de Deus e Júlio Dinis.
Veja agora a imagem do primeiro grande
poeta romântico português – Almeida Garrett:
Em seus primeiros textos encontramos um
Garrett, que mesmo livre da influência árcade ainda não escreve plenamente
dentro das vertentes românticas. Sua obra Camões
conta a história da grande figura do Renascimento Português, da sua vida
atribulada, das suas paixões e do seu amor pela pátria.
Já em Folhas Caídas (poesia) e Viagens na minha terra (prosa), encontramos um autor
tipicamente romântico, voltado para o amor, para suas experiências pessoais,
suas dores e angústias.
Garrett também se dedicou ao teatro,
sendo considerado o fundador do teatro “nacional português”. Não confunda:
Gil Vicente foi o fundador do “teatro português”. Lembre-se de que
nesse momento a burguesia detinha o poder econômico e era para essa burguesia
que Garrett escrevia, não para a nobreza como fez Gil Vicente em vários
momentos de sua produção literária.Garrett chegou a escrever uma peça chamada Um
auto de Gil Vicente, homenageandoo. Também, baseado no passado histórico,
escreveu um grande drama retomando o Mito do Sebastianismo e as situações
ligadas à Batalha de Alcácer-Quibir (século XII), é a peça Frei Luís de Sousa.
Nesse período temos também a presença de outro
importante autor:
Alexandre
Herculano foi ativista político e ao lado de Garrett, participou das lutas
liberais em Portugal. Podemos falar que Alexandre Herculano é o iniciador do
romance histórico em Portugal, ele soube como ninguém, aliar as características
do Romantismo ao registro histórico.
Eurico,
o presbítero, um romance histórico, é sua grande obra (presbítero é
sinônimo de padre). Nessa obra, além da história do amor impossível,
encontramos retratado o período das lutas da Reconquista em plena Idade Média e
uma forte crítica ao celibato clerical. Nessa época estava acontecendo a
expulsão dos árabes que dominaram grande parte da Península Ibérica. E quanto
ao celibato, Alexandre Herculano criticava o fato do padre, do religioso de uma
maneira em geral não poder se casar. Eurico e Hermengarda eram apaixonados, mas
viviam um amor impossível. Os pais da moça não aceitavam o casamento e os dois,
não tendo outra saída, acabam entrando para a vida religiosa. A certa altura da
história, Eurico se disfarça como um Cavaleiro
Negro para proteger a amada, libertando-a dos invasores árabes. Depois
Hermengarda descobre que seu Cavaleiro Negro era o próprio Eurico, mas devido
ao celibato, acabam se separando.
Veja o grande representante do 2º
momento romântico em Portugal:
Camilo
Castelo Branco foi primeiro escritor português a viver e sobreviver
exclusivamente da Literatura, isto porque ele escrevia por encomenda e de
acordo com o gosto popular.
O que hoje seria escrever de acordo com
o nosso Ibope. Se o público estivesse gostando da personagem, ela crescia e
ganhava mais destaque. Se o público não estivesse gostando a personagem acabava
indo fazer uma longa viagem e não voltava mais, e às vezes, até morria.
Sua agitada vida amorosa serviu de
inspiração para sua produção. Acredita-se que Camilo Castelo Branco tenha
vivido inúmeros casos amorosos, inclusive com mulheres casadas da alta
sociedade portuguesa. O mais conhecido desses relacionamentos é o seu romance
com Ana Plácido, jovem recém-casada que abandonou o marido para viver com ele.
Este amor é que o inspira em Amor de Perdição.
Amor de Perdição conta a história de amor de Simão e Teresa. Os pais dos jovens não
aceitavam o relacionamento dos dois fazendo de tudo para que eles se separem.
Teresa é mandada para um convento e Simão, acusado de um crime acaba sendo
preso e degredado para a Índia. Porém antes de ser preso acaba conhecendo
Mariana que fica apaixonada por ele, formando um triângulo amoroso. Mesmo
longe, Teresa e Simão permanecem comunicando-se através de cartas. É
interessante notar que, fiel às características desse segundo momento, marcado
pelos exageros do amor, no final, em poucas páginas, as personagens principais
acabam morrendo uma seguida da outra.
Soares
de Passos é o outro representante desse período, suas poesias de são marcadas
pelo sentimentalismo exagerado, pela solidão e por um lirismo fúnebre, mórbido.
A morte, outra característica desse 2º momento, é uma constante, nesta direção
é famoso o seu poema “O noivado no sepulcro”.
No 3º momento encontramos João de Deus, autor de uma única obra
lírica, Campo de flores. Mas o grande representante desse período é Júlio Dinis, autor de uma famosa obra
que já foi adaptada para uma novela de televisão. As pupilas do senhor reitor –
crônica da aldeia, obra que conta a história de duas moças órfãs que
vivem sob os cuidados do senhor reitor e que se apaixonam por dois irmãos,
Pedro, o lavrador e Daniel, o médico recém formado, que volta para a aldeia. Há
todo um conflito romântico durante o desenrolar da história, mas no final tudo
acaba bem e todos vivem felizes para sempre – é o típico final feliz.
Tudo o que falamos até agora diz
respeito a Portugal. Mas como foram as manifestações românticas aqui no Brasil?
O Romantismo brasileiro marca o início
de uma verdadeira literatura nacional e está intimamente ligado ao processo de
independência da colônia. Didaticamente, o Romantismo
brasileiro tem início em 1836, com a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades,
de Gonçalves de Magalhães e da revista Niterói e permanece no cenário literário
até 1881, quando ocorre a publicação de Memórias
Póstumas de Brás Cubas, romance realista de Machado de Assis e a publicação
de O Mulato, romance naturalista de
Aluísio Azevedo.
O Romantismo brasileiro foi um movimento
extremamente fértil, produziu-se muito e nos mais variados gêneros. Veja os
principais gêneros cultivados:
-POESIA
-ROMANCE
-TEATRO
A poesia foi marcada pelo fenômeno das
gerações; o romance destacou-se por uma grande amplitude temática e o teatro
ficou conhecido por suas comédias de costumes.
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