quarta-feira, 27 de setembro de 2023

A Balaiada (Maranhão, 1838-1841)

A Balaiada foi uma revolta ocorrida no Maranhão entre 1838 e 1841 e começou com divergências entre grupos políticos. Profissionais liberais que formavam o grupo Bem-te-vi (nome do jornal publicado pelos liberais na província) criticavam os fazendeiros conservadores do Maranhão, que, por sua vez, sentiam os efeitos da queda na exportação do algodão e pressionavam os trabalhadores. Muitos vaqueiros livres e escravizados sofriam com a opressão e se uniram para lutar contra a miséria e a escravidão. Assim, os bem-te-vis iniciaram a revolta contra os fazendeiros com a participação dos sertanejos pobres. A revolta envolveu milhares de vaqueiros e escravos, e que foi chamada de Balaiada porque um de seus líderes era fabricante de cestos ou balaios.

A "revolta dos balaios" - ocorrida no Maranhão durante o período de 1830 a 1841 - resultou em mais uma manifestação do processo de crise por que passava a sociedade brasileira durante o período regencial. A Balaiada foi uma rebelião da massa maranhense desprotegida, composta por escravos, camponeses e vaqueiros, que não tinham a menor possibilidade de melhorar sua condição de vida miserável. Os sertanejos e os escravos formaram um grupo que percorria o interior atacando fazendas e libertando escravos, que fugiam para os quilombos, de onde passavam a atuar junto com os balaios.
Esses grupos sociais, que formavam a grande maioria da população pobre da província, encontravam, naquele momento, sérias dificuldades de sobrevivência devido à grave crise econômica e aos latifúndios improdutivos.
A crise econômica havia sido causada pela queda da produção do algodão - base da economia da província - que sofria a concorrência norte-americana.
Na época do movimento, a província contava com aproximadamente 200 mil homens, dos quais 90 000 eram escravos e outra grande parte formada de sertanejos ligados à lavoura ou à pecuária.
Herdando uma estrutura social gerada, em fins da época colonial na produção do algodão, a região encontrava-se, nesse momento, econômica e socialmente instável. A produção algodoeira, fundando-se apenas em razão de condições internacionais - guerra de Independência dos Estados Unidos, Revolução Industrial etc. -, declinou paralelamente ao desaparecimento dos acontecimentos externos favoráveis à economia exportadora.
Assim como havia ocorrido com os cabanos do Grão-Pará, essa massa de negros e sertanejos, cansada de ser usada pela classe dominante, terminou se envolvendo numa luta contra a escravidão, a fome, a marginalização e os abusos das autoridades e militares.
Os líderes do movimento foram o vaqueiro Raimundo Gomes, o fabricante de Balaios (daí o nome Balaiada) Manuel Francisco dos Anjos Ferreira e o negro Cosme, chefe de um quilombo e que organizou quase três mil negros sob sua liderança. O quilombo liderado pelo negro Cosme tinha cerca de 3000 escravos fugidos.
A rebelião havia se generalizado e os liberais maranhenses, chamados de bem-te-vis, resolveram usar o movimento na sua luta contra os conservadores que estavam no poder; passaram a apoiar os balaios, a quem forneceram armas, permitindo que, em julho de 1839, tomassem a cidade de Caxias, onde se instalou um governo bem-te-vi. Porém, a desorganização e a falta de união dos líderes, as divergências entre os líderes e a divisão desordenada dos grupos , onde cada chefe agia isoladamente, facilitaram a vitória das forças militares comandadas pelo coronel Luís Alves de Lima e Silva, enviadas pelo governo para reprimir o movimento. Em 1840, Luís Alves de Lima e Silva, comandando 8000 homens, atacou Caxias. Diante da força imperial, os liberais abandonaram os balaios, que foram massacrados.
Por ter vencido os rebeldes em Caxias, Luís Alves de Lima e Silva recebeu o seu primeiro título de nobreza: Barão de Caxias. Mais tarde, ele recebeu outros títulos, inclusive o de Duque de Caxias, pelo qual é mais conhecido.
Vale lembrar que a repressão à Balaiada marcaria o início da chamada "pacificação" através da qual Caxias sufocou as frequentes agitações que perpassaram a sociedade brasileira durante o império.

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