No lado oposto da rebelião gaúcha, que brigava pelos interesses da elite do Rio Grande, estava a Revolta dos Malês, ocorrida na Bahia, em 1835, que foi uma revolta de escravos e negros libertos contra os maus-tratos e discriminações que sofriam.
A maioria desses escravizados era malê, nome dado aos muçulmanos vindos da África Ocidental. Por causa de suas atividades, esses escravos de origem islâmica, de onde se origina o nome malê, que servia para identificar os negros que sabiam ler e escrever em árabe. Entre os líderes do movimento estavam Pacífico Licutã, Manuel Calafate e Luís Sanim. Os planos dos revoltosos incluíam a luta contra a escravidão, contra a imposição do catolicismo e contra a discriminação racial.
Metade da população de Salvador era formada por negros, a maioria escravos de ganho que faziam todo tipo de serviço para sustentar seus donos. A situação dos negros em Salvador era peculiar. Muitos deles exerciam pequenos ofícios rentáveis: eram alfaiates, carpinteiros, vendedores ambulantes, acendedores de lampião.
Esses trabalhadores deviam parte de seus ganhos a seus senhores e chegavam, em alguns casos, a comprar a liberdade.
Os malês eram tradicionalmente rebeldes, mas, em 1835, resolveram se armar e fazer uma revolução para matar os brancos e mulatos, libertar todos os escravos e fundar uma nação negra. A sociedade secreta que tramou a revolta contava com cerca de 1500 adeptos, entre escravos e negros forros.
Os malês juntaram dinheiro para conseguir armas e enfrentar os senhores brancos que os oprimiam. A revolta foi planejada para começar em 25 de janeiro, mas uma denúncia antecipou o movimento. Na noite de 24 de janeiro, alguns rebeldes foram cercados por policiais na casa de Manuel Calafate, mas não se entregaram. Os rebeldes saíram às ruas com facas, facões e machados para lutar contra as forças policiais que usavam armas de fogo.
A revolta foi rapidamente sufocada. Mais de 200 revoltosos foram presos, incluindo cerca de 30 mulheres. Ao final, quatro escravizados foram condenados à morte e outros tantos foram açoitados em público. Cerca de 500 africanos, entre escravizados e libertos, foram expulsos da Bahia e enviados para a África. A Revolta dos Malês fez aumentar o medo dos senhores de escravizados em relação ao poder dos negros de se rebelar.
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