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Conquista para o Interior da Paraíba

Os primeiros momentos da interiorização

Durante o século XVI e início do século XVII, a ocupação do território paraibano, assim como em todo o Brasil, concentrou-se predominantemente no litoral. As terras do sertão continuaram despovoadas, quando Teodósio Ledo recebeu a incumbência do governador da Paraíba para fundar o arraial do Piancó. Com sua chegada ali, não demoraram os campos da região sertaneja a se povoar com rebanhos de gados.

Depois da invasão holandesa foi que começou a intensificar-se a conquista para o interior, pelas Missões de catequeseentradas e bandeiras. De uma maneira geral as causas para as entradas no Brasil foram as seguintes:

- busca de metais preciosos (ouro e prata);

- captura de índios para vende-los como escravos, uma vez que o negro se tornava uma peça muito cara;

o espírito aventureiro de alguns portugueses que se sentiam atraídos pelo desconhecido e certos de que seriam recompensados;

- a possibilidade de obter sesmarias (terras não ocupadas que o rei concedia a quem quisesse desbravá-las e povoá-las à sua custa);

-  o desenvolvimento da criação de gado.

Na Paraíba essas três últimas causas foram responsáveis pelo desbravamento do seu interior sendo a criação do gado a principal. O gado chegou à paraíba representando um novo elemento econômico para a região. Bois, cavalos, cabras foram ocupando os currais das sesmarias e fizeram do sertão conhecida "civilização do couro".

No sertão prevaleceu a colonização portuguesa de forma natural, ou seja, sem fins lucrativos como ocorria no litoral, e sim, a instalação de famílias livres e pobres que trabalhavam em torno da lavoura de subsistência fornecendo feijão, milho, mandioca, carne de aves, para a alimentação nos engenhos.

Os portugueses enxergaram futuro enriquecido com a criação de gado e com a escravização de indígena, o que levou a investirem e ocuparem cada vez mais regiões do sertão paraibano, expulsando e escravizando diversas aldeias Tarairiús. No interior, algumas tribos uniram-se para formar uma frente  resistência desses contra as investidas dos colonos portugueses.

A resistência indígena - a Guerra dos Bárbaros

A presença de entradistas e bandeirantes, pelo sertão da Paraíba, dispunha de outra motivação, além de expandir a criação de gado pelos campos. Tratava-se de capturar índios, reduzidos ao cativeiro, para vendê-los no litoral.

Os índios decidiram reagir para defender seu território. Essa reação, gerou a chamada Guerra dos Bárbaros, vigente nos sertões nordestinos, de 1680 a 1730, recebeu igualmente a denominação de Confederação dos Cariris

A Guerra dos Bárbaros se desenrolou em várias etapas. A primeira rebentou na região norte-rio-grandense do Açú, onde os indígenas se apresentaram com armas de fogo e munições contrabandeadas pelos franceses. A Segunda de maior duração, teve lugar na Paraíba, ao longo de toda povoação de Bom Sucesso do Piancó. Expulsos da área, os índios refugiaram-se no Ceará, onde ocorreu a derradeira fase da Guerra dos Bárbaros.

As Missões de Catequese

Uma das bases da sociedade sertaneja foi, também a Igreja Católica que construindo capelas e exaltando seus santos conduziu toda a moralidade das vilas do interior.

As missões de catequese foram as primeiras formas de conquista do interior da Paraíba. Os missionários pregavam o cristianismo nas suas missões, alfabetizavam e ensinavam ofícios aos índios e construíam colégios para os colonos.

Em 1670 foi fundada por padre Martim de Nantes a Missão do Pilar. Esta missão deu origem à vila do Pilar.

Avançaram ainda mais os padres missionários pelas margens do rio Ingá. Chegaram em fim a um planalto com uma campina verde e um clima agradável. Organizaram neste local um segundo aldeamento de índios Cariris a quem deu o nome de Campina Grande.

Do ponto de vista da conquista do sertão da Paraíba, empreendida entre 1670 e 1730, as aldeias indígenas mais importantes foram aquelas dos Cariris, às margens do Paraíba, em Pilar e Boqueirão.

Descrita pelo missionário Martim de Nantes, que sobre elas produziu importante Relação, essas missões funcionaram como bases, a partir das quais os Oliveira Ledo alcançou o sertão. 

Francisco Dias D’Ávila e a Casa da Torre

 A famosa Casa da Torre tinha sede na Bahia. Seu proprietário – o coronel Francisco Dias D’Ávila – estabeleceu, de início, os seus currais na Bahia. Suas fazendas espalharam-se  em torno dos rios São Francisco e Parnaíba. Recebiam sesmaria e iam distribuindo gado pelos sertões do  Piauí, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

Era, como se vê, imenso território, a origem do sistema latifundiário que marcaria o sertão nordestino. Para adquirir suas imensas propriedades gastara apenas papel e tinta em requerimentos de sesmaria. Ao falecer, em 1695, legou o patrimônio da Casa da Torre à sua esposa, dona Leonor Pereira Marinho – como colonos, foreiros daquele potentado. Esses colonos eram arrendatários da Casa da Torre, já então sesmeira do vale do Piancó, Piranhas de Cima e Rio do Peixe. Só na ribeira desses rios, as propriedades de Dias D’Ávila ascendiam a vinte e oito.

Quando Antônio de Oliveira Ledo, cuja sesmaria se localizava atrás da de Vidal de negreiros, no vale do Paraíba, chegou a missão indígena Cariri de boqueirão, na serra do Carnoió, no curso médio daquele rio, em 1670, o Sertão da Capitania já se encontrava parcialmente ocupado pela Casa da Torre. Nesse sentido, a presença desta nos sertões paraibanos dataria de 1663. Os senhores da Torre foram os pioneiros na parte ocidental da nossa Capitania. Mas não se fixaram nessa região. Arrendaram ou doaram suas terras nas ribeiras dos rios Piancó, Peixe e Piranhas de Cima.

Não havia nenhum interesse da parte de Teodósio em descobrir terras. Tudo ali já havia sido descoberto pelos seus ancestrais e pela notável Casa da Torre. Teodósio levara para o sertão a sua própria família e muitas outras ali chegaram com as quais fundaram a povoação do Bom Sucesso, situada às margens do Piancó.


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