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Religião católica no Brasil colonial

Igreja Católica e vida colonial

A Igreja Católica teve um papel muito importante na colonização do Brasil. Na época, o catolicismo era a religião oficial do Reino de Portugal. Isso significava que as pessoas submetidas à vontade do rei, isto é, os súditos desse reino, deveriam, obrigatoriamente, ser católicos. Do contrário, poderiam sofrer perseguições.

Além disso, havia um acordo entre a Igreja Católica e o Reino de Portugal. Esse acordo, chamado padroado, determinava os deveres e os direitos da Coroa em relação à Igreja. Assim, a Igreja atua como corresponsável, junto ao Estado, da tarefa de organizar a colonização do Brasil, promovendo o “controle das almas” na vida diária – a vinculação do indivíduo à Igreja através dos sacramentos – do nascimento à morte (do batismo à extrema-unção). Mas essa relação não se deu sem conflitos:

“Não existia na época, como existe hoje, o conceito de cidadania, de pessoa com direitos e deveres com relação ao Estado, independentemente da religião. A religião do Estado era a católica e os súditos, isto é, os membros da sociedade, deviam ser católicos.” (FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo, Edusp, 2002)

Na Espanha e na América espanhola também havia um acordo semelhante, que era chamado, em espanhol, patronato.

Estrutura da Igreja Católica

Os sacerdotes da Igreja Católica dividiam-se em clero secular (sacerdotes que viviam fora dos mosteiros e conventos) e clero regular (sacerdotes que pertenciam às ordens religiosas).

Os franciscanos, os beneditinos, os carmelitas e os jesuítas pertenciam a ordens religiosas que vieram da Europa para as Américas portuguesa (Brasil) e espanhola com a tarefa de evangelizar e educar indígenas e colonos dentro da doutrina católica.

Ao longo do tempo, essas ordens espalharam-se pelo território, e escolas religiosas foram fundadas nas principais vilas e cidades. As ordens também acumularam grande patrimônio econômico, formado por engenhos, fazendas de gado, imóveis urbanos etc.

Muitos indígenas foram dizimados no litoral e, por isso, os movimentos missionários avançaram para o interior da colônia a fim de catequizar novos nativos. Em relação aos negros escravizados que trabalhavam nos engenhos, praticamente nenhuma autoridade católica lutou contra sua escravização.

A Igreja Católica participa de todo o projeto de expansão ultramarina português por intermédio da Ordem de Cristo e está presente no Brasil desde o descobrimento. Os primeiros religiosos da Companhia de Jesus chegam com Tomé de Souza, na instalação do Governo Geral. Os jesuítas cuidam do registro de nascimentos, casamentos e mortes; estudam as culturas locais e se opõem à escravidão indígena.

A primeira atitude dos portugueses ao chegarem à América foi tomar posse da nova terra. Fizeram isso erguendo uma enorme cruz de madeira. Símbolo do cristianismo, a cruz era também o símbolo da posse e da conquista. O próprio rei dizia que pretendia fazer com que os povos dessas terras se convertessem a fé católica.
O trabalho dos padres foi muito importante para a dominação dos índios e para a ocupação da terra pelos portugueses. Os padres ensinavam aos índios que a religião católica é a única verdadeira, que eles deviam seguir os seus ensinamentos, que eles deveriam seguir os costumes europeus. Assim os padres defendiam a superioridade dos europeus e a submissão dos índios. Isso só facilitava o trabalho de conquista dos colonizadores.
A atividade dos padres e dos irmãos religiosos marcou sua presença de modo especial em dois campos: na educação, pois os padres e irmãos religiosos foram os únicos professores da época; e, nas missões religiosas, procuravam converter os índios à fé católica.

Os primeiros jesuítas

Os primeiros jesuítas chegaram à América portuguesa em 1549, com o primeiro governador-geral, Tomé de Sousa. A Companhia de Jesus, ordem religiosa à qual pertenciam, fora fundada em 1534 na Europa pelo padre espanhol Inácio de Loyola. Seu objetivo era fortalecer a Igreja e combater a Reforma Protestante. Além disso, procurava difundir o catolicismo nas terras conquistadas pelos europeus, sobretudo portugueses e espanhóis. Na América os jesuítas penetraram pelo interior do território a fim de catequizar os índios.
Os seis jesuítas que chegaram com Tomé de Sousa eram liderados pelo padre Manoel da Nóbrega. Com o segundo governador-geral, Duarte da Costa vieram mais jesuítas, entre eles José de Anchieta. Ao lado de Manoel da Nóbrega, Anchieta fundou o colégio de São Paulo de Piratininga. Ao redor desse colégio desenvolveu-se a povoação que deu origem à atual cidade de São Paulo.
Além dos jesuítas, outras ordens de missionários religiosos vieram para a América com o mesmo objetivo, as principais foram as dos carmelitas, beneditinos e franciscanos. Mas foram os padres jesuítas que tiveram papel fundamental na catequização dos índios.

A presença da Igreja Católica

Em vários momentos, ocorreram conflitos entre sacerdotes católicos, colonos e autoridades da Coroa. Existiam conflitos sobre a forma de administrar o trabalho dos indígenas e de controlar suas terras. No entanto, de modo geral, a Igreja Católica e o Estado português atuavam em sintonia.
Havia uma divisão das tarefas entre o Estado e a Igreja. Cabia ao Estado administrar a colônia e decidir, por exemplo, as formas de ocupação, povoamento, produção econômica etc. Os sacerdotes da Igreja tinham a tarefa de ensinar a obediência a Deus e ao rei. As atividades religiosas faziam parte do cotidiano da população. Nas igrejas ocorriam cerimônias que marcavam a vida das pessoas desde o nascimento até a morte, como batismo, casamento e missas rezadas pelos falecidos.
Além disso, a Igreja Católica organizava os momentos festivos da comunidade, como quermesses, procissões e celebrações de Páscoa, Corpus Christi, Natal etc. Durante as missas, o sermão do padre servia também para divulgar informações sobre a vida na comunidade. Por tudo isso, a paróquia tornou-se quase uma unidade administrativa do governo local, sendo responsável pela emissão de uma série de registros públicos, como certidões de nascimento, casamento e óbito.

Inquisição colonial

A Inquisição católica funcionou de formas diferentes na América espanhola e na América portuguesa. Os espanhóis criaram tribunais da Inquisição na América, sendo o primeiro deles estabelecido em Lima, no Peru, em 1570. Posteriormente, outros dois tribunais foram instalados: no México (1571) e em Nova Granada (1610).
Já os portugueses não criaram tribunais da Inquisição no Brasil. Eles enviaram representantes da Inquisição portuguesa
para a América. A atuação desses representantes era chamada de visitação. As últimas visitações ocorreram em Pernambuco e na Bahia (1591 e 1618), no sul da colônia (1605 e 1627) e no Grão-Pará (1769).
Em diversas regiões do Brasil, a Inquisição portuguesa montou uma rede de denunciantes, que, com a ajuda de sacerdotes, enviava os suspeitos para responderem a processos no Tribunal do Santo Ofício de Lisboa. As penas variavam conforme a gravidade da acusação. Os acusados podiam ser punidos com doutrinação (missas, peregrinações), perda dos bens, degredo ou morte.
Os principais alvos das Inquisições espanhola e portuguesa foram os judeus, cristãos-novos, protestantes e indígenas que insistiam em manter suas crenças originais. Além disso, foram perseguidos homossexuais e pessoas acusadas de heresia, isto é, de praticar atos que ofendiam a doutrina católica.

O Primeiro bispado

Em 1552, por insistência do jesuíta Manoel da Nóbrega, dom João III autoriza a criação do primeiro bispado em Salvador. Dom Pero Fernandes Sardinha, primeiro bispo, chega em junho daquele ano. Institui o sistema de padroado, pelo qual o rei age como perpétuo administrador da Ordem e Cavalaria do Mestrado de Nosso Senhor Jesus Cristo. Carmelitas fundam seu primeiro convento em Pernambuco, em 1584; franciscanos chegam em 1587. A partir de 1594 capuchinhos franceses instalam-se no Maranhão e monges beneditinos, no Rio, Bahia e Pernambuco. A ação missionária é regulamentada em 1696 pelo Regimento das Missões.

As missões religiosas

Para converter os povos indígenas à religião católica, os padres organizaram por todo o território colonial os aldeamentos, denominados missões, aldeias ou reduções. Como vimos, as missões foram importantes para a expansão da colonização portuguesa na América.
Os primeiros aldeamentos foram organizados na zona litorânea. Os índios eram conduzidos do interior para o litoral pelos padres com a ajuda de soldados. Quando resistiam, eram submetidos à força.
Em contato com as doenças trazidas pelos portugueses e devido ao regime de trabalho imposto pelos colonizadores, muitos índios morreram.
Diante desse problema, os padres resolveram mudar sua maneira de agir. Afastaram os aldeamentos dos núcleos de colonização e procuraram atrair os índios com métodos menos violentos. Assim organizados, os aldeamentos atingiram os objetivos que os padres haviam estabelecidos.
A catequização provocou profundas transformações nos grupos indígenas contatados pelos religiosos. Os índios eram obrigados a abandonar seus costumes e crenças para seguir os missionários. A nudez, por exemplo, considerada “selvagem” para os europeus, foi proibida. Além disso, tiveram de submeter-se a novas formas de trabalho impostas pelos jesuítas.

A presença dos padres nos engenhos

Nos engenhos, a capela geralmente ficava ao lado da casa-grande. O padre capelão era uma presença constante. Nos domingos e dias santos, os moradores da casa-grande reuniam-se na capela para acompanhar a missa e ouvir o sermão do padre. Nessas ocasiões, o padre procurava aconselhar os fiéis, instruindo-os na fé católica. A obediência e a submissão à autoridade faziam parte da catequese e da pregação religiosa.
A autoridade era o senhor de engenho. Como autoridade, abençoado pelo padre, em nome da igreja e de Deus, o senhor de engenho devia ser obedecido e respeitado. A desobediência era considerada pecado.
Na capela eram realizados os batizados, os casamentos e os funerais. Quando morriam, os familiares do senhor de engenho eram enterrados na própria capela. Por outro lado, as festas e cerimônias religiosas eram oportunidades de encontro social entre os senhores de engenho da mesma região e suas famílias.
Invariavelmente, os escravos recebiam os ensinamentos católicos. Eram batizados e obrigados a seguir os rituais católicos. Entretanto, na maioria das vezes, não podiam assistir à missa na capela da casa grande.

O ensino formal na colônia

Durante a maior parte do período colonial, os jesuítas foram os principais responsáveis pela educação formal na colônia. Por meio do ensino procuravam atingir grande parte da população: os índios, os trabalhadores livres e os senhores de engenho. Durante o período colonial e o império, e até 1888, quando foi abolida a escravidão, os escravos eram excluídos do sistema oficial de educação.
Os jesuítas logo perceberam que para ensinar a fé católica aos nativos era importante que eles aprendessem a cultura europeia. Por isso, construíram escolas de alfabetização nos aldeamentos. Ao mesmo tempo que ensinavam a ler, escrever e contar, pregavam o catolicismo.
Nos colégios organizados pelos jesuítas era ensinado o latim, língua em que se rezava a missa e se faziam as orações. Os primeiros colégios começaram a funcionar em 1550, na Bahia e em São Vicente.
Em meados do século XVIII, existiam dezoito colégios localizados nas principais vilas e cidades coloniais.

A expulsão dos jesuítas

Entre 1750 e 1777, Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, foi secretário dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, na prática ministro do rei de Portugal D. José I. Durante esse período, pombal fez mudanças administrativas significativas no governo português e procurou aumentar o controle sobre a colônia americana. Uma de suas medidas foi expulsar os jesuítas dos territórios portugueses.
Segundo Pombal, os jesuítas tinham se tornado muito poderosos e sua presença interferia na política da colônia. Acusou-os ainda de enriquecerem à custa das riquezas coloniais e de provocarem revoltas contra o rei de Portugal.
Assim, em 1759 o ministro expulsou os jesuítas de Portugal e de suas colônias. Ordenou que as missões fossem transformadas em vilas, dirigidas por leigos. Cerca de quinhentos jesuítas foram obrigados a deixar a colônia americana. Com a expulsão, todo o sistema de ensino que os jesuítas haviam organizado passou para o controle da administração colonial.

Religiosidades coloniais

Sabemos que a Igreja Católica tinha uma presença marcante em vários aspectos da vida social no Brasil Colônia. No entanto, parte da população também praticava religiões diferentes do catolicismo oficial. Com isso, surgiram religiosidades populares que misturavam crenças católicas com crenças de origem indígena e africana.

Religiões africanas

A religião é um aspecto fundamental das culturas africanas que não foi apagado pela violência da escravidão. Após viagens longas e cruéis, escravizados de diferentes povos conviveram entre si e recriaram seus modos de vida. Aqui, mesclaram suas crenças e criaram religiões afro-brasileiras como o tambor de mina maranhense, o xangô pernambucano, o candomblé baiano e o batuque gaúcho.
O candomblé, por exemplo, possui um conjunto de divindades chamadas orixás. Entre os orixás, destacam-se Ogum (ligado à metalurgia e à agricultura), Oxum (ligada à água doce e à beleza) e Iemanjá (ligada à maternidade e à água). Para essa religião, os orixás têm comportamentos semelhantes aos dos seres humanos, podendo oscilar entre a bondade e a raiva.

Religiões afro-brasileiras no passado e no futuro

No Brasil Colônia, as religiões afro-brasileiras foram perseguidas pelo Estado e pela Igreja Católica, que consideravam suas cerimônias manifestações de pecado, idolatria e feitiçaria. Apesar de reprimidas, essas religiões conseguiram preservar suas tradições.
Atualmente, as religiões afro-brasileiras reúnem milhares de seguidores de diferentes grupos sociais. Além disso, seus ritos e divindades inspiraram escritores, como Jorge Amado; pintores, como Djanira; e escultores, como Mestre Didi.

Religiões indígenas

Na época colonial, os indígenas que conseguiram evitar o contato com os portugueses mantiveram suas religiões. Já os que conviveram com os colonos criaram novas expressões religiosas. As mais comuns foram as santidades.
Santidade foi o nome dado pelos jesuítas a uma cerimônia tradicional dos Tupi que combinava aspectos da crença indígena – por exemplo, no paraíso terrestre – com elementos do catolicismo – como a celebração de santos e de Maria, rezas utilizando o terço católico, nomes da hierarquia católica (“papa”, “bispo”, “missionário”) etc.
Na celebração dos cultos da santidade, um caraíba (sacerdote Tupi) conduzia o transe dos indígenas e os instruía a fazer a guerra contra seus inimigos ou a migrar para outras terras. O movimento de rebeldia mais conhecido ligado à santidade Tupi ocorreu em Jaguaripe, na Bahia, na década de 1580. Para os colonos portugueses, “santidade Tupi” virou sinônimo de “ajuntamento de indígenas rebeldes”.

CRISTIANISMO POPULAR:

· As Beatas: Mulheres pobres que se organizavam fora dos quadros institucionais, optando pela virgindade.
· Os Eremitas: Exemplo de religiosidade popular que ocorria em torno de santuários (ermidas) que os próprios ermitões construíam e que eram muito concorridos em festividades religiosas.
· Quilombos: Com a prática do catolicismo no interior dos quilombos, eles acabaram por contribuir para a difusão do cristianismo.

Arte e literatura na colônia

A produção intelectual e artística dos colonos, assim como os outros aspectos da vida colonial, era controlada pelo governo português. Os governantes da metrópole não tinham interesse no desenvolvimento de uma arte e uma literatura próprias na América; aliás, procuravam impedir que se desenvolvessem.
Nesse propósito, o governo português era favorecido pelo fato de haver pouca comunicação entre os diversos núcleos coloniais, devido à grande distância entre eles.
Essas circunstâncias, no entanto, não impediram que houvesse uma produção bastante significativa e diversificada nas áreas de literatura, teatro, música, arquitetura e escultura.

A literatura

Durante o século XVI, grande parte do que foi escrito na colônia tinha a finalidade de ensinar a religião católica ou descrever os aspectos do território americano.
Os jesuítas faziam as duas coisas: por meio de textos catequéticos, ensinavam a religião; por meio das cartas que enviavam à Europa, contavam como era a vida na América.
Havia também viajantes europeus que vinham para a América e, com o que observavam aqui, acabavam escrevendo obras sobre a colônia; muitos padres também escreveram sobre suas experiências no continente. Os viajantes e religiosos portugueses e de outras nacionalidades escreviam principalmente sobre aquilo que achavam diferente na América: os costumes dos povos nativos, os animais desconhecidos (como o papagaio) e a densa vegetação topical.
Um nome de destaque no século XVI foi o do padre jesuíta José de Anchieta. Ele veio para a colônia com o objetivo de catequizar os índios e transmitir-lhes a religião católica. Com esse propósito, escreveu poemas religiosos e peças teatrais sobre a vida dos santos.
Nos textos, para cativar seu público, incluía elementos da cultura indígena. José de Anchieta foi também o primeiro a elaborar uma gramática das línguas nativas, com o intuito de facilitar a comunicação entre os religiosos e os povos indígenas.
Dentre os viajantes, merece destaque a história do aventureiro Hans Staden. Nascido na atual Alemanha, ele viajou duas vezes para a América: em 1547, como artilheiro, a bordo de um navio português com destino a Pernambuco; e em 1548 numa esquadra espanhola que ia explorar a região do rio da Prata.
Na segunda oportunidade, o navio em que viajava acabou naufragando e Hans Staden foi parar no litoral de Bertioga (São Paulo). Acolhido pelos colonos, foi empregado para trabalhar numa das fortalezas da região. Mas, em combate com os tupinambás, foi aprisionado. Os tupinambás costumavam praticar rituais antropofágicos, ou seja, devoravam seus inimigos.
Hans Staden, porém escapou desse destino, fazendo-se passar por francês, aliado dos tupinambás contra os portugueses. Mas decisivo mesmo foi o fato de chorar sempre que era ameaçado de ser devorado. Com isso, os índios o consideravam indigno de ser devorado.
Em 1555, de volta à Europa, decidiu escrever um livro sobre suas aventuras. Em pouco tempo, a publicação tornou-se um grande sucesso – era o povo europeu interessado em conhecer o Novo Mundo.
No século XVII, além dos textos de religiosos e viajantes que continuaram a ser escritos, destacou-se o poeta Gregório de Matos, conhecido como Boca do Inferno, pois em seus poemas criticava severamente a sociedade do seu tempo: senhores de engenho e escravo, padres e leigos, governantes e governados, índios, africanos, europeus e mestiços. Gregório de Matos foi ainda autor de poemas com temas de amor e religião.
No século XVII viveu ainda o jesuíta padre Antônio Vieira. Vieira escreveu e proferiu sermões famosos, tanto na América quanto na Europa.
No século XVIII, a cultura do mundo colonial sofreria grandes modificações com o desenvolvimento de várias cidades e a ocupação de vastas áreas do interior do continente. A população colonial aumentaria, assim como a estrutura existente. Era a época da descoberta do ouro e do aumento da pecuária e do cultivo de outros produtos agrícolas.
Em meados do século XVIII começam a proliferar no Rio de Janeiro e na Bahia os grêmios literários e artísticos. Integrados por médicos, funcionários públicos, militares, magistrados e clérigos, impulsionam pesquisas e obras com temas nacionais.

Arquitetura e escultura

As primeiras construções feitas pelos portugueses na América, em geral, utilizavam técnicas indígenas. Eram construídas com uma estrutura de madeira roliça e cobertas de palha ou sapé. O formato delas obedecia a padrões portugueses e não indígenas. Em geram eram quadradas ou retangulares e, ao contrário das habitações nativas tinham janelas.
No início de século XVI, poucas construções eram feitas de pedra e cal. Apenas com o desenvolvimento dos núcleos coloniais, essa técnica começou a ser mais utilizada. Muitas das fortalezas do litoral, por exemplo, eram construídas dessa forma. Outra técnica usada pelos colonos era a taipa de pilão, uma espécie de barro (saibro) misturado com cascalho. Entretanto, pouco resistente à água, a taipa de pilão tinha seu uso restrito a poucas regiões, como São Paulo. Ainda hoje é possível encontrar construções dos tempos coloniais que utilizavam essas técnicas.
Uma das principais características da arquitetura colonial foi a construção de igrejas. Até meados do século XVII, a maioria das igrejas, que pertenciam à Companhia de Jesus, eram pequenas e bem simples, feita de pedra e cal, em forma retangular. Poucas eram as igrejas mais amplas e mais ornamentadas. Dentre estas destacava-se a catedral de Salvador, na Bahia, cujo interior foi todo revestido de mármore trazido de Portugal.
À medida que as riquezas coloniais aumentavam, algumas construções religiosas ganharam novos formatos: passaram a ter fachadas mais imponentes e, muitas delas, como na Bahia e em Pernambuco, tiveram seu interior decorado com ouro.
Desses primeiros séculos de colonização, destaca-se também a construção das casas-grandes de engenhos. Feitas de alvenaria, abrigavam um grande número de pessoas. A elas estavam acopladas muitas vezes igreja e escola.
Durante os séculos XVI e XVII, a escultura esteve ligada à arquitetura religiosa. Os artistas, muitos dos quais eram padres, faziam imagens, a maioria em barro cozido, para colocar nas igrejas.
Na escultura, dois nomes se destacaram, os dos freis Agostinho da Piedade e Agostinho de Jesus. O primeiro chegou ainda jovem a Salvador, em 1620, vindo de Portugal. Em estilo renascentista e sempre utilizando barro cozido, produziu esculturas para igrejas de Salvador e Olinda.
Frei Agostinho de Jesus nasceu no Rio de Janeiro. Como religioso, passou por diversas regiões da colônia. Esteve em Salvador por volta de 1640, onde provavelmente aprendeu a arte da escultura com frei Agostinho da Piedade.

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