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A República dos cafeicultores

 No tempo dos cafeicultores
O café era o produto rei

Durante o período da República Velha, a economia brasileira manteve as mesmas características dos períodos anteriores. Continuou sendo agrária, monocultora e dependente do mercado externo.
O café brasileiro dominou o mercado mundial e os maiores consumidores eram os Estados Unidos e a Inglaterra. Essa situação estimulou os cafeicultores a expandirem as plantações e tinham a seu favor a abundância de terra e a mão-de-obra barata.
Devido ao grande volume na produção de café, houve, uma crise de superprodução e consequente queda de seu preço. Isso levou os cafeicultores assinarem com o governo, em 1906, o Convênio de Taubaté.
Por esse acordo, o governo se comprometia a comprar o excedente da produção para estocar e esperar melhores preços no mercado. O preço do café voltou a subir e os altos lucros estimularam os cafeicultores a continuar investindo no café.

Coronelismo

Coronelismo, fenômeno político existente desde o período colonial e que se caracteriza pelo “mandonismo rural”, isto é, a força política dos proprietários territoriais.
A expressão “coronel”, neste sentido, foi usada desde o século XIX, por associação com a patente que existia na hierarquia da Guarda Nacional, formada em sua maioria por tais proprietários. Os “coronéis” dominavam a política municipal, controlando as respectivas Câmaras e tinham seus representantes nas Assembleias Estaduais e na própria Câmara Federal. Com frequência dominaram também os governos estaduais na Primeira República, conhecida como República Velha (1889-1930), especialmente no Nordeste.
Nessa sociedade agrária, os coronéis exibiam notável poder local.Tinham em suas fazendas muitos empregados, que recebiam salários miseráveis, e fornecedores de serviços (pedreiros, carpinteiros, veterinários etc.) que dependiam da sua contratação. Para sobreviver, esses trabalhadores dependiam dos “favores” do coronel: algum dinheiro extra, auxílio para educar os filhos, socorro na hora da doença etc.

Voto de cabresto

Em troca dos “favores”, o coronel exigia, por exemplo, que as pessoas votassem nos candidatos políticos por ele indicados (prefeito, governador, e presidente da república; vereador deputado e senador). Quem negasse apoio ao candidato do coronel perdia seus “favores” e, às vezes, ficava sujeito à violência dos jagunços ou capangas que trabalhavam na grande fazenda.
Cumprindo ordens do coronel, os jagunços controlavam o voto do eleitor. O voto dado sob pressão ficou conhecido como voto de cabresto.
Além do voto de cabresto, os coronéis ainda utilizavam fraudes para vencer as eleições. Documentos falsificados para menores e analfabetos votarem, pessoas mortas inscritas como eleitores, urnas violadas, votos adulterados e outras artimanhas eram feitas no pleito eleitoral.
As oligarquias estaduais organizaram uma rede de transmissão do poder, que abrangia desde o município até o governo federal. Nessa rede, o coronelismo desempenhava importante papel, costurando alianças em sua área de influência na base da troca de favores, do clientelismo e da corrupção.

As “artimanhas” do cafeicultor

Consolidando o regime republicano, os cafeicultores paulistas trataram de organizar o Estado de forma que atendesse aos seus interesses.
A posse de Prudente de Moraes foi significativa porque era o primeiro civil a ocupar a presidência e ratificava a classe cafeicultora no poder. De 1894 a 1930, as oligarquias paulistas e mineiras controlaram a vida política do país.
Em 1898, Campos Sales foi eleito presidente, governando até 1902. Era a supremacia da elite cafeeira.
No plano político, Campos Sales, para obter o apoio do congresso de que necessitava para o seu programa econômico, não hesitou em propor a política dos governadores. Nessa política, o governo federal se comprometia a apoiar os governos estaduais, não interferindo na política local e, em troca, esses governos estaduais se comprometiam a apoiar o governo federal.
A maior beneficiada, a nível federal, era a oligarquia paulista. Por isso, não hesitaram em indicar para a secessão de Campos Sales outro paulista, Rodrigues Alves. Os políticos do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Maranhão e Pernambuco reagiram a essa indicação. Campos Sales procurou equilibrar a situação buscando apoio da oligarquia mineira, fazendo uma aliança que previa a eleição de Rodrigues Alves para o período 1902-1906 e a indicação de um mineiro para a legislatura posterior. Surgia assim a política do café-com-leite, que era a união de São Paulo e Minas Gerais. Enquanto a economia de São Paulo se sustentava na cafeicultura, a de Minas era na pecuária.

Um mineiro no poder

Em 1906, o mineiro Afonso Pena assumiu o governo central. O novo presidente procurou desenvolver a agricultora, construir estradas, incentivar a indústria e estimular a entrada de mais imigrantes para o café.
Afonso Pena implantou o Plano Nacional de Valorização do café, comprando toda a safra do produto para armazena-lo e vende-lo no final da crise. Para executar o plano o presidente realizou novos empréstimos com a Inglaterra.

Política do café com leite

Política do Café com leite, expressão usada para designar a atividade política do período da República Velha brasileira na qual o poder central era controlado por uma aliança entre as oligarquias de São Paulo, maior produtor de café do país, e Minas Gerais, maior criador de gado leiteiro. Essa aliança conduziu à presidência da República, alternadamente, representantes paulistas e mineiros, até 1930, quando o presidente Washington Luís, um paulista, indicou outro representante paulista para sucedê-lo, dando início a uma grave crise política que culminou com a Revolução de 1930.

As alternativas de diversificação econômica

No final do séc. XIX, a borracha, teve o consumo aumentado na Europa e nos Estados Unidos. A valorização do produto contribuiu para aumentar a sua produção no Brasil. A produção, antes insignificante, aumentou muito e, em 1910, o Brasil era o primeiro produtor de borracha do mundo. O principal responsável pela crise da borracha brasileira foi o processo de exploração primitivo.
O cacau, cultivado no litoral baiano, adquiriu importância com o progresso da indústria de chocolate nos Estados Unidos e na Europa.
No final do período monárquico, houve um pequeno desenvolvimento industrial, favorecido pela liberação de capital com a abolição do trafico de escravos e a elevação das tarifas alfandegárias, a partir de 1844.
A partir de 1910, São Paulo substituiu o Rio de Janeiro, tornando-se o principal centro industrial do Brasil contribuíram para a industrialização de São Paulo: o capital acumulado com o café e a ampliação do mercado consumidor decorrente do aumento da população.

As finanças e o capital estrangeiro

No governo provisório, as emoções sem controle provocaram uma desvalorização da moeda e a elevação do custo de vida. O Brasil estava endividado e não conseguia mais empréstimos no exterior.
O presidente Campos Sales negociou a divida com banqueiros ingleses. Conseguiu um novo empréstimo e mais tempo para salda-lo. Em troca dessa concessão, os banqueiros exigiram que o governo combatesse a inflação. Conseguiu restabelecer o equilíbrio financeiro e a credibilidade do Brasil no exterior. Por outro lado, o Brasil ficou mais dependente do capital estrangeiro.
Quanto ao capital estrangeiro, sua entrada no Brasil ocorreu desde a monarquia, sob a forma de empréstimos e investimentos.

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