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Variedade Cultural no Brasil

A palavra cultura tem múltiplos significados. Em sentido amplo, quer dizer toda e qualquer criação humana, material ou espiritual, que distingue os grupos humanos das outras espécies animais. Em outras palavras, cultura é tudo que um grupo social cria e transmite a seus membros pela convivência e pela educação formal e informal. Fazem parte da cultura, portanto, agricultura, fabricação de utensílios, construção de casas, cidades e organização social, língua, normas de comportamento, hábitos, escrita, meios de comunicação, religião, etc.

Em sentido mais restrito, o termo cultura liga-se de modo especial às atividades do intelecto e da sensibilidade humana, aqui incluídos principalmente o saber, as artes e as técnicas. Esses dois significados de cultura são interdependentes, já que todas as atividades da vida social influem na formulação do saber e na produção artística. Assim, todos nós fazemos cultura, isto é, somos agentes sociais e produtores de cultura.
A cultura brasileira destaca-se por sua heterogeneidade, pela mistura de culturas herdadas de diferentes grupos sociais e étnicos. Podemos dizer que há diferentes culturas no Brasil, cujas características variam de acordo com a região do país e sua história. Portanto, a cultura brasileira é formada de singularidades históricas e particularidades regionais.
Entre tantas possibilidades, falaremos das festas populares, dos folguedos, das feiras populares, da música, da literatura, do teatro, da pintura, da arquitetura, do cinema e da televisão.

Folclore

O povo tem manifestações culturais próprias, nascidas das crenças, das lendas, dos hábitos e das tradições. Essas manifestações de cultura popular se expressam nas festas, nas danças, nos festejos religiosos, na literatura de cordel e no artesanato. Ao conjunto dessas manifestações chamamos folclore.
As festas populares variam de região para região, cada uma com suas características próprias, suas cores e suas riquezas de detalhes. No Nordeste temos o pastoril, a chegança, a vaquejada, o reizado, o maracatu, a congada, e o bumba-meu-boi.
Nas regiões de Minas Gerais, Goiás e São Paulo, onde a influência indígena foi marcante, temos o cateretê e o cururu. No Rio Grande do Sul temos a chimarrita e o fandango, danças de origem portuguesa.
Entretanto, hoje em dia as manifestações mais populares e queridas do Brasil são, sem dúvida, o futebol e o carnaval, que contam com amplo apoio dos órgãos oficiais e dos meios de comunicação de massa, como jornais, revistas, rádio e televisão.

As festas do Brasil

A maioria das festas populares do Brasil está ligada ao calendário litúrgico (calendário que registra as datas das festas da Igreja cristã). Assim, a dois grandes ciclos de festas populares. Um, mais significativo no Nordeste, são as festas natalinas, que vão do Natal (25 de dezembro) ao dia de reis (6 de janeiro); o outro abrange as festas juninas: Santo Antônio (13 de junho), São João (24 de junho) e São Pedro (29 de junho).
Dentre as festas juninas do Brasil, destacam-se a de Caruaru, em Pernambuco, e a de Campina Grande, na Paraíba. A festa de São João de Campina Grande é comemorada durante um mês, com fogueiras, danças de quadrilha, fogos de artifício e comidas típicas, como canjica, pamonha, bolo de fubá, etc.
Há outras manifestações características de certos grupos e de certas localidades (Festa do Bonfim, Festa de Iemanjá, Procissão do Círio de Nazaré, etc.). Atualmente, entretanto, como acelerado processo de urbanização, os festejos estão perdendo muito de seu cunho popular, e passam a constituir espetáculos organizados com fins turísticos.
O carnaval, a maior manifestação popular brasileira, mistura folclore, festa, espetáculo e arte, geralmente com grande liberdade de comportamento. Seu sucesso crescente tornou-o uma das imagens marcantes do país.
Trazido pelos portugueses, o carnaval ganhou aspectos diferentes nas cidades brasileiras ao assimilar elementos locais, principalmente da cultura africana. No Rio de Janeiro e em São Paulo, por exemplo, escolas de samba desfilam com fantasias e alegorias suntuosas; em Recife e Olinda, blocos de frevo e grupos de maracatu, de origem afro-brasileira, percorrem as ruas; em Salvador, trios elétricos se deslocam pela cidade arrastando multidões. O carnaval de Olinda e Recife também se tornou muito famoso por ser uma festa da qual milhares de pessoas participam durante vários dias.
Foi no carnaval de Salvador, a partir dos anos 1980, que surgiram ritmos como a lambada e a axé music, que se tornaram grandes sucessos nacionais.

Folguedos

Folguedos, autos ou danças dramáticas também estão muito ligados às festas religiosas. Associações chamadas “companhias”, mantidas pelos próprios participantes, organizam os folguedos, nos quais se misturam diversos elementos da arte popular: ritmos, danças, cantos, adornos trabalhados, comidas, bebidas, etc. Ritos africanos misturam-se aos costumes indígenas e as tradições católicas. Dentre os principais folguedos podem ser citados: bumba-meu-boi, fandango, congada, cordões-de-bichos, ciranda, maracatu, Moçambique, vaquejada, capoeira.

Feiras

As feiras e os mercados populares, especialmente os nordestinos são uma mostra da arte popular brasileira. Nesses locais encontram-se os cantores de embolada (poesia oral cantada, fundamentada no improviso), empunhado o pandeiro ou ganzá, compondo rimas e elogiando ou satirizando os assistentes, comidas tradicionais e objetos criativos, como apitos de chamar passarinhos, facas com bainha enfeitada, utensílios feitos de couro e chifre, traçados, folhetos de cordel, cerâmica decorativa ou de uso doméstico, etc.
Na cerâmica, destacou-se um grande artista de feira: Mestre Vitalino (1909-1963), o ceramista mais famoso do Nordeste. Seus pequenos bonecos de barro, vendidos principalmente na feira de Caruaru, em Pernambuco, retratam aspectos da vida nordestina.
Música

A música brasileira apresenta variedade de ritmos e gêneros, graças, sobretudo à diversidade cultural do país. Os gêneros vão da música folclórica à música popular brasileira (MPB), expressão que se tornou conhecida por ocasião dos festivais de música dos anos 1960 das emissoras de TV Record e Excelsior e passou a identificar um tipo de música feita no Brasil. Citamos ainda A música erudita, principalmente partir do inicio do século XX.

Música folclórica e erudita

O lundu, dança africana cheia de meneios e sapateado, antecessora do samba e do maxixe, e a modinha, canção amorosa e sentimental de origem portuguesa, são duas manifestações bastante antigas da música brasileira. Foram cultivadas no século XVII por um dos primeiros compositores populares do Brasil, Domingos Caldas Barbosa. A modinha teve grande aceitação popular no século XIX, ao lado de polcas, valsas e tangos.
Na passagem do século XIX para o século XX, dois nomes merecem destaque: Ernesto Nazareth- que tentou fazer a síntese do folclore urbano com a música erudita – e Chiquinha Gonzaga – que compôs operetas, peças de dança e as primeiras músicas de carnaval.
Um dos compositores mais reconhecidos do Brasil, além de Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga, é Heitor Villa-Lobos, que para sua criação, buscou inspiração no folclore brasileiro.

Choro e samba

O choro, caracterizado pela improvisação instrumental executada basicamente por violão, cavaquinho e flauta, nasceu por volta de 1870, no Rio de Janeiro.
Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga foram os primeiros compositores do choro. No inicio do século XX, o ritmo passou a ser cantado. A parti da década de 1930, surgiram vários compositores, entre eles Altamiro Carrilho, Zequinha de Abreu (autor de ´´ tico-tico no fubá ´´) e Jacó do Bandolim. Também se destaca Pixinguinha, autor de uma centena de choros e de outros gêneros musicais. “Carinhoso” é uma de suas músicas mais famosas.
O samba, que nasceu no final do século XIX, diversificou-se nos anos 1930, com o surgimento do samba-canção. Foi nessa década que surgiram três dos maiores nomes da música popular brasileira: Noel Rosa, Ari Barroso e Lamartine Babo. Toda uma geração de intérpretes também, apareceu nas décadas de 1930 e 1940: Silvio Caldas, Carlos Galhardo, Orlando Silva, Mário Reis, Araci de Almeida, Ciro Monteiro, Cármen Miranda, etc.
No fim da década de 1930, as valsas de Zequinha de Abreu, as serestas de Orestes Barbosa e os sambas-canções de Lupicínio Rodrigues também alcançaram sucesso. O baiano Dorival Caymmi e o mineiro Ataulfo Alves são exemplos de compositores da década de 1940.

Bossa nova

No final dos anos 1950, surge um novo movimento musical: a bossa nova, iniciada entre jovens compositores e cantores da classe média da zona sul do Rio de Janeiro. As letras das canções da bossa nova falam do cotidiano, com arranjos elaborados e maneira de cantar contida e intimista.
Em 1958, a gravação de “Chega de saudade”, de Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Morais, cantada por João Gilberto, e o disco de Elisete Cardoso, Canção do amor de mais, com composições de Jobim e Vinícius e a participação de João Gilberto, como violonista, marcaram o início da bossa nova.
A bossa nova revelou uma série de compositores e intérpretes: Carlos Lira, Baden Powel, Sérgio Ricardo, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli; cantoras como Nara Leão, Silvinha Teles, Alaíde Costa, Claudete Soares, Elis Regina; conjuntos como Quarteto em Cy, Os Cariocas, Tamba Trio e Zimbo Trio. Em 1963, a dupla Tom Jobim e Vinícius de Morais lançou um de seus maiores sucessos: “Garota de Ipanema “, gravada por inúmeros cantores e conjuntos internacionais, é uma das canções brasileiras mais conhecidas internacionalmente.

Música de protesto

Na década de 1960 surge um movimento de música “de protesto” relacionado à situação política do país. Marco importante nesse movimento é o espetáculo Opinião (1964), de João do Vale e Zé Keti, quando também se revelou a cantora Maria Bethânia, cantando “Carcará”. Jovens da classe média foram os mais típicos representantes dessa tendência: os irmãos Marco e Paulo Sérgio Vale, Geraldo Vandré, Ari Toledo, Edu Lobo e Chico Buarque de Holanda.
Politicamente engajados com as propostas de esquerda, muitos cantores e compositores faziam de sua arte uma forma de protesto contra a opressão e a ditadura. A música de protesto retratava as crenças por uma sociedade mais igualitária, abordando problemas sociais, econômicos e políticos. Os compositores engajados eram duramente perseguidos pela censura, e muitas de suas canções eram censuradas.
Geraldo Vandré compôs uma música que se tornou um hino contra a ditadura: Pra não dizer que não falei das flores. Geraldo Vandré e Chico Buarque de Holanda eram os alvos preferidos da censura. Em certa época, pra driblar os censores, Chico Buarque usou um pseudônimo, Julinho de Adelaide, e assim teve suas músicas liberadas. Assim mesmo, diante das pressões, ele exilou-se na Itália.

Jovem Guarda

Em 1965 estreou na tevê Record um programa chamado Jovem Guarda, que logo se transformou em sucesso absoluto. Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia dominavam esse cenário do iê-iê-iê. Esse estilo musical era voltado para jovens e estava sob forte influência de algumas bandas estrangeiras, como os Beatles e os Rolling Stones.
Os seus principais representantes foram Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Jerry Adriani, Martinha e Wanderléia. Influenciados pelo rock dos Estados Unidos, ficaram famosos sobretudo por lançarem, no Brasil, o iê-iê-iê, uma variação suave de rock.
O movimento Jovem Guarda influenciou a forma de vestir e de falar de grande parte da juventude brasileira daquela década. Muitas gírias foram criadas, como legal, gata, barra-limpa. É uma brasa, mora!, papo-firme, carango, etc.
Os cantores da Jovem Guarda eram famosos e adorados por muitos adolescentes e mesmo adultos. Porém, os setores de esquerda os acusavam de serem alienados, por não se posicionarem contra a ditadura que havia se instalado no país. A intelectualidade e os mais politizados desprezavam as canções de rimas leves que falavam de amor, como na letra Quero que vá tudo pro inferno, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.

Os festivais

A partir de meados da década de 1960, ocorreram festivais de música popular que mudaram o cenário musical do país. Os festivais de música popular organizados pelas emissoras de TV Excelsior e Record, em São Paulo, de 1965 a 1967, revelaram Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, José Carlos Capinan, Elis Regina, entre outros.
Em 1966, Chico Buarque, com “A banda”, e Geraldo Vandré, com “Disparada”, empataram no festival da TV Record. No ano seguinte, Chico Buarque venceu mais um festival da Record com “Roda Viva”. Foi nesse festival que o compositor Caetano Veloso escandalizou o público conservador com sua música “Alegria, alegria”. Umas das atitudes pouco conservadoras teria sido o uso de guitarras elétricas no acompanhamento da música. Outra apresentação polêmica foi a de Gilberto Gil, cantando”Domingo no Parque acompanhado pelos mutantes, de Rita Lee e dos irmãos Arnaldo e Sérgio Dias.
No Festival Internacional da Canção do Rio de Janeiro (1966 a 1972), tiveram destaque Milton Nascimento, Dori Caymmi e Guttemberg Guarabira.
Desses festivais nasceu um outro movimento que marcou a música nacional: o tropicalismo.

O tropicalismo

O tropicalismo foi um movimento artístico liderado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, que teve sua melhor expressão na música. O movimento tropicalista, no qual se misturam vários gêneros musicais, do tango-dramalhão “Coração materno”, de Vicente Celestino, ao rock inglês, passando pela bossa nova. Combinando instrumentos muito variados – desde o berimbau até as guitarras elétricas – os músicos uniam aspectos da cultura popular brasileira com elementos urbanos e industriais. Eles receberam também grande influência da música internacional e, por isso, muitos críticos os acusavam de alienados e de estar a serviço do imperialismo cultural norte-americano.
Sob a liderança de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Rogério Duprat, Tom Zé e outros, o tropicalismo marcou forte presença na música popular brasileira. Inspirado nas idéias do escritor Oswald de Andrade, esse movimento introduziu elementos de culturas estrangeiras e manifestou-se com irreverência e ousadia. O Tropicalismo estava sintonizado com o movimento hippie dos anos 1960.
Caetano e Gil foram vaiados por Alegria, alegria e Domingo no parque, respectivamente, no festival de 1967. No ano seguinte, Caetano Veloso foi vaiado e xingado no Festival Internacional da Canção, com sua música É proibido proibir, não conseguindo terminar a apresentação.
O tropicalismo não se restringiu somente à música. Destacou-se também no teatro (José Celso Martinez com seu grupo Oficina), no Cinema (Gláuber Rocha e outros) e nas artes plásticas (Hélio Oiticica, por exemplo).

Os ritmos dos anos 1990

Nos anos de 1990, a Música Popular Brasileira conheceu uma mistura de ritmos regionais com o rock (de origem negra norte-americana), o reggae (gênero de origem caribenha, sobretudo da Jamaica) e o funk (ritmo dançante originário dos Estados Unidos).
Todos esses ritmos são de origem negra, porém o estilo musical que melhor representa as raízes africanas e que se tornou mundialmente conhecido nos anos 1990 foi o rap. O ritmo surgiu nos Estados Unidos na década de 1970 e faz parte de um movimento social, o hip hop, que reúne o break (dança) e o grafite (pintura nas paredes).
No Brasil o rap nasceu na periferia das grandes cidades, como instrumento de crítica à exclusão social; proliferou rapidamente entre os jovens que vêem no rap a “voz da favela”. Mas o ritmo não está mais confinado a periferia, está também nos comerciais de TV, no cinema, em campanhas eleitorais, nas roupas, capas de revistas, etc.

Literatura

A partir da Semana de Arte Moderna, a criação literária no Brasil foi intensa e vigorosa.
É bem verdade que nem todos os autores seguiram uma mesma linha de idéias, pois se formaram vários grupos com tendências literárias diferentes. Entretanto uma coisa é certa: a grande maioria dos autores apresentava um espírito criativo e renovador.
No final dos anos 50 a literatura brasileira enriqueceu-se com a publicação de Grande sertão: veredas, a obra-prima do mineiro João Guimarães Rosa, e de Gabriela, cravo e canela, do baiano Jorge Amado. A isto soma-se o trabalho poético e vigoroso dos poetas João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes e outros.

Artes plásticas

O movimento modernista também resultou no desenvolvimento criativo dos nossos artistas plásticos, e alguns pintores, escultores e arquitetos tornaram-se mundialmente famosos. Como exemplos, podemos citar: Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Cândido Portinari, Lazar Segall, entre outros.
O ponto inicial do modernismo na pintura foi a exposição de Anita Malfatti em São Paulo, em 1917. A seguir, um dos pintores que mais se destacou foi Candido Portinari (1904-1962), com mais de 4500 trabalhos. Seus quadros evocam cenas históricas e do cotidiano brasileiro.
Com a criação da Bienal Internacional de São Paulo, em 1951, vários artistas brasileiros tornaram suas obras mais conhecidas do grande público, como Di Cavalcanti, Alfredo Volpi, Cícero Dias, Ademir Martins e outros.
Na arquitetura do século XX, a liberdade de expressão se manifesta nos grandes espaços, abertos e arejados, e nas linhas curvas, que se opõem aos espaços fechados e às linhas retas do estilo clássico. A Catedral de Brasília e o Palácio da Alvorada, também em Brasília, projetados por Oscar Niemeyer, são exemplos da utilização das linhas curvas, que caracterizam a arquitetura moderna. Outro representante da arquitetura moderna é Lúcio Costa, que, em 1960, juntamente com Niemeyer, elaborou o projeto urbanístico de Brasília, ganhando projeção internacional.

Artes cênicas: teatro e cinema

Duas atividades intelectuais que também se desenvolveram consideravelmente, a partir dos anos 40, foram o teatro e o cinema.
O grande inovador do teatro brasileiro foi Nelson Rodrigues, criador de Vestido de noiva, Álbum de família, Anjo negro e outras peças.
No final da década de 50, a temática social passou a ser o centro das atenções de teatrólogos e cineastas, e, nos anos 60, o teatro ganhou nova dimensão com o Teatro de Vanguarda.
Os grandes mestres do teatro e do cinema passavam a retratar os dramas das populações marginalizadas dos morros e das favelas e os da classe operária. Peças como Eles não usam black-tie e outras, encenadas por Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal no Teatro de Arena, em São Paulo, retratavam aspectos da vida operária. O Teatro de Arena, liderado por Guarnieri e Boal, e o Grupo Opinião, no Rio de Janeiro, liderado por Oduvaldo Viana Filho, representavam a vanguarda teatral brasileira.
No final dos anos 1970 surgiram muitos grupos cuja marca era a irreverência e o bom humor, como o grupo carioca Asdrubal Trouxe o Trombone e o grupo paulista Ornitorrinco.
Quanto ao cinema de cunho social podemos destacar os filmes Rio 40 graus, de Nelson Pereira dos Santos, que retrata a população pobre dos morros cariocas, O grande momento, de Roberto Santos, sobre o bairro operário do Brás, em São Paulo, Deus e o diabo na terra do sol, de Glauber Rocha, e Vidas secas, de Nelson Pereira dos Santos, estes dois últimos com temática nordestina.
O mais importante movimento de renovação do cinema brasileiro foi o Cinema Novo, que se desenvolveu a partir de 1958. O Cinema Novo, com o lema criado pelo cineasta Glauber Rocha – uma câmera na mão e uma ideia na cabeça –, propôs-se a realizar filmes baratos, de autores com preocupações sociais e enraizados na cultura brasileira. Os primeiros longas-metragens do Cinema Novo foram: Barravento, de Glauber Rocha; Porto das caixas, de Paulo César Sarraceni; Assalto ao trem pagador, de Roberto Farias; e Os cafajestes, de Ruy Guerra. Em 1998, o filme Central do Brasil, de Walter Salles Júnior, recebeu o Urso de Ouro no Festival de Berlim, além de vários outros prêmios internacionais.

Televisão

A televisão é um dos entretenimentos mais populares entre os brasileiros. Em 1950, pela primeira vez na América Latina, foi ao ar uma transmissão de televisão, emitida pela TV Tupi de São Paulo. Em 1956, os brasileiros assistiram à primeira partida de futebol pela televisão. O jogo era entre Brasil e Itália.
Na década de 1960, a televisão ganhou muita popularidade, principalmente porque introduziu os festivais de música popular brasileira, os programas de auditórios e as telenovelas.
Em 1972 foi inaugurada a televisão em cores. A partir dessa década a TV Globo tornou-se a maior rede de comunicações do país e passou a investir sistematicamente nas telenovelas. Dos autores de telenovelas, um dos mais conhecidos foi Dias Gomes, falecido em 1999. Ele criou personagens capazes de seduzir todos os tipos de público, inovando a linguagem das telenovelas com sátiras políticas. Seus maiores sucessos, entre outros, foram: O Bem Amado, Saramandaia e Roque Santeiro.

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