A revolução estética proposta pelo movimento modernista de 1922 consolida-se a partir da Revolução de 30. A tensão ideológica de toda a Era Vargas se faz presente na produção cultural. A literatura, por exemplo, é considerada um instrumento privilegiado de conhecimento do ser humano e de modificação da realidade.
Literatura – Poetas como Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade e romancistas como José Lins do Rego atingem a maturidade. Surgem novos escritores, como Érico Veríssimo, Jorge Amado e Graciliano Ramos. Na poesia, de linha intimista, sobressaem Cecília Meireles e Vinícius de Moraes. Mais para o final do Estado Novo destacam-se João Cabral de Melo Neto na poesia de temas regionais, Clarice Lispector, na prosa de ficção, e Guimarães Rosa, um dos mais importantes romancistas brasileiros.
Arquitetura e artes plásticas – Na arquitetura destacam-se Lúcio Costa, que projeta o prédio modernista do Ministério da Educação e Cultura (MEC) no Rio de Janeiro, e Oscar Niemeyer que, em 1942, planeja em Belo Horizonte o Conjunto da Pampulha. A obra inova nas linhas arquitetônicas e na decoração, feita com azulejos e painéis do pintor Cândido Portinari.
Música e teatro – No teatro, surge o dramaturgo Nélson Rodrigues. Em 1943 ele estreia no Rio de Janeiro a peça Vestido de noiva, que incorpora padrões teatrais revolucionários para a época. A música popular dá um salto de qualidade com o trabalho de compositores como Pixinguinha, Noel Rosa, Ary Barroso, Lamartine Babo, Ismael Silva e Ataulfo Alves. Na música erudita, Villa-Lobos compõe as Bachianas brasileiras, unindo Bach e a música folclórica nacional.
A cultura popular mostra seu valor
Getúlio Vargas e os políticos reformistas que o apoiavam tinham também o objetivo de valorizar a cultura nacional. Para eles, a Europa não deveria mais servir de referência cultural para o Brasil.
Muitos artistas e intelectuais do movimento modernista dos anos 1920 apoiaram a política cultural do governo Vargas.
A cultura negra foi valorizada. O samba foi elevado a principal gênero da música brasileira, a capoeira, reconhecida como arte marcial do Brasil e o carnaval carioca entrou para o calendário turístico da cidade do Rio de Janeiro. O governo incentivou financeiramente o teatro, o cinema e a publicação de livros.
O período iniciado em 1930 viu serem publicadas as obras de muitos escritores importantes, como Jorge Amado (1912-2001), Rachel de Queiroz (1910-2003) e José Lins do Rego (1901-1957). Eles falavam do Brasil, de seus problemas e da cultura popular. Alguns deles acabaram perseguidos pela censura no período do Estado Novo.
O negro e o teatro
Abdias Nascimento participou do processo de renovação cultural. Em viagem ao Peru, assistiu a uma peça teatral em que um ator branco se pintou com tinta para interpretar um personagem negro. Abdias ficou indignado com o que viu – acima de tudo, porque percebeu que também no Brasil os negros não tinham espaço nos palcos.
Ao retornar ao Brasil, planejou criar o Teatro do Negro Brasileiro, mas foi novamente preso em 1941, por ter resistido a agressões racistas. Na prisão do Carandiru, em São Paulo, criou o Teatro do Sentenciado, cujos atores eram os próprios presos. Libertado, Abdias retornou ao Rio de Janeiro. Com o apoio da União Nacional dos Estudantes (UNE), fundou o Teatro Experimental do Negro (TEN), que funcionou até 1968.
Um Brasil brasileiro
Canções podem ser utilizadas pelos historiadores para compreender o passado das sociedades. Veja, por exemplo, a canção “Aquarela do Brasil”, do compositor Ary Barroso (1903-1964). Ela foi tocada nas rádios pela primeira vez em 1939 e tornou-se uma das canções brasileiras mais conhecidas no mundo.
A letra da canção, produzida na época do governo Vargas, exalta o Brasil, valorizando seu povo e sua natureza.
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