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Economia na Era Vargas

Em agosto de 1931, durante o governo provisório, Vargas suspende o pagamento da dívida externa. No mesmo ano, reinicia a política de valorização do café e cria o Conselho Nacional do Café. Em 1º de junho de 1933 cria também o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) para coordenar a agricultura canavieira, controlar a produção, comércio, exportação e preços do açúcar e do álcool de cana. Vargas desenvolve uma intensa política de promoção da indústria e intervém fortemente na economia.

Crise da economia cafeeira

A política de valorização do café é mantida durante toda a Era Vargas. Entre 1930 e 1945, o governo chega a comprar e destruir cerca de 80 milhões de sacas de café. A medida, no entanto, alimenta um círculo vicioso pois as repetidas supersafras continuam forçando a queda dos preços do produto no mercado internacional. A crise da cafeicultura estimula a exploração de novos produtos, como frutas, algodão, óleos vegetais e minérios, mas seus rendimentos não conseguem equilibrar o balanço de pagamentos do país. A Segunda Guerra Mundial interrompe as vendas de algodão para o Japão e Alemanha, feitas em grandes volumes até 1939.
Crise no balanço de pagamentos – A redução das receitas com as exportações e o menor afluxo de capitais para o país devido à crise econômica que precede a guerra desequilibram o balanço de pagamentos entre 1931 e 1939. Para contornar o problema, Vargas promove sucessivas desvalorizações da moeda e adota medidas que desagradam aos investidores internacionais: reduz a margem de remessa de lucros, suspende os pagamentos dos juros da dívida externa e recusa-se a pagar parte substancial da dívida pública negociada com os bancos estrangeiros. A redução das divisas e da capacidade de importar favorecem o desenvolvimento da indústria.

Desenvolvimento industrial

Entre 1930 e 1945 o país passa por um surto de desenvolvimento industrial. Na década de 30 o crescimento da indústria é de 125% ao ano, em média, enquanto a agricultura cresce a uma taxa de 20%. Durante a Segunda Guerra o crescimento industrial cai para 5,4% ao ano, mas o setor consegue avançar pela superutilização dos equipamentos já instalados. Nesse período, o Brasil chega a exportar tecidos para a América Latina, África do Sul e Estados Unidos. A expansão industrial continua no pós-guerra e, em meados da década de 50, a indústria supera a agricultura na composição do Produto Nacional Bruto.
Intervencionismo estatal – O governo getulista tem papel fundamental na expansão do parque industrial do país. Ele institui tarifas protecionistas, dá incentivos fiscais às indústrias, amplia o sistema de crédito, controla os preços e estabelece uma política de contenção salarial. O Estado também faz investimentos diretos na ampliação dos setores de energia, transportes e na indústria de base, como a siderúrgica – áreas que não interessam aos capitalistas nacionais porque têm um retorno lento e exigem grandes capitais. Em 1941, com dinheiro público e financiamento do Eximbank norte-americano, Vargas monta a Companhia Siderúrgica Nacional, que só começa a operar em 1946 com a inauguração da usina de Volta Redonda, no Rio de Janeiro. Em 1942 cria a Companhia Vale do Rio Doce para explorar minério de ferro. No mesmo ano baixa um plano de saneamento econômico, desvaloriza a moeda e substitui o mil-réis pelo cruzeiro.
Dependência externa – A expansão das atividades industriais não diminui a dependência da economia brasileira em relação ao exterior. A maior produção de bens de consumo exige mais importações de bens de capital, matérias-primas e combustíveis. Mantém-se o desequilíbrio do balanço de pagamentos. As emissões de moeda e os empréstimos externos são freqüentes. O resultado é uma inflação constante durante todo o governo Vargas.
Com o aprofundamento da crise do café a partir de 1930 e a política industrializante de Vargas, a burguesia cafeeira passa a dividir o poder com a burguesia industrial em ascensão. As classes médias ampliam sua participação na vida política do país, inclusive com o surgimento do movimento estudantil. A classe operária cresce consideravelmente, mas é controlada pelo Estado por meio dos sindicatos, da legislação trabalhista e da repressão direta. Em 1930 é criado o Ministério da Educação e Saúde. A Constituição de 1934 torna o ensino primário obrigatório e propõe a expansão gradativa dessa obrigatoriedade aos outros níveis de ensino.

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