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Economia na Segunda República

Nos 18 anos da Segunda República o país passa por um acelerado processo de industrialização por substituição de importações. Em meados dos anos 50 a indústria ultrapassa a agricultura na composição do Produto Nacional Bruto. A política econômica do governo Juscelino Kubitschek estimula a indústria nacional e, ao mesmo tempo, abre o mercado brasileiro para o capital estrangeiro sob a forma de empréstimos ou de investimentos diretos.

No final dos anos 50 os rumos a serem impressos à economia brasileira são o grande divisor de águas da sociedade civil. Os setores nacionalistas defendem um desenvolvimento autônomo, centrado no crescimento do mercado interno. A oposição quer ampliar a industrialização pela maior abertura do mercado aos capitais internacionais.

Queima de divisas

Durante a Segunda Guerra as exportações brasileiras superam as importações e o país acumula boa quantidade de divisas, a maioria paga após o final do conflito. A moeda brasileira também está valorizada. O governo Dutra promove uma verdadeira queima de divisas. Libera as importações de produtos totalmente supérfluos: de casacos de peles a ioiôs, de comida para cachorro a aparelhos de televisão, numa época em que não havia emissoras no Brasil.

Crescimento da indústria

Para Juscelino Kubitschek e os ideólogos do desenvolvimentismo, as profundas desigualdades do país só serão superadas com o predomínio da indústria sobre a agricultura. O governo JK empenha-se em baratear o custo da mão-de-obra e das matérias-primas, subsidia a implantação de novas fábricas e facilita a entrada de capitais estrangeiros. Entre 1955 e 1959 os lucros na indústria crescem 76% e a produtividade, 35%. Os salários sobem apenas 15%.

Desenvolvimentismo

Juscelino isenta de impostos as importações de máquinas, equipamentos e todo capital estrangeiro que aqui se estabeleça, desde que em associação com o capital nacional. Financia a ampliação da indústria pesada. Investe na construção de siderúrgicas e hidrelétricas, amplia a capacidade produtiva da Petrobrás, abre novas estradas e levanta Brasília. Em 1959 cria a Sudene (Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste) para integrar a região ao mercado nacional. Em 1960 obtém do FMI um empréstimo de US$ 47,7 milhões e cria o Grupo de Estudos da Indústria Automobilística (Geia), primeiro passo para a instalação das grandes montadoras de automóveis no Brasil.

Desnacionalização

Em 1961, das 66 empresas com maior concentração de capital, 32 são estrangeiras e apenas 19 pertencem a grupos privados nacionais. O capital estrangeiro controla 99,8% da indústria de tratores, 98% da indústria automobilística, 85% do setor de cigarros, 88% das indústrias farmacêuticas, 82% do setor de eletricidade, 70% das indústrias de máquinas e 76% das indústrias químicas.

Inflação e dívida externa

Os índices de inflação crescem durante a Segunda República. Eles resultam das constantes emissões de moedas para sustentar os investimentos estatais e pagar os empréstimos externos. Em 1960 a inflação chega a 25% ao ano, sobe para 43% em 1961, a 55% em 1962 e a 81% em 1963. O FMI passa a condicionar a concessão de novos empréstimos a uma política austera de estabilidade da moeda.

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