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RENASCIMENTO CULTURAL

Período da história europeia caracterizado por um renovado interesse pelo passado greco-romano clássico, especialmente pela sua arte. O Renascimento começou na Itália, no século XIV, e difundiu-se por toda a Europa, durante os séculos XV e XVI.

O renascimento abriu uma porta para o conhecimento e os estudos. Devido a preocupação maior dos renascentistas ser a vida humana, este movimento também foi chamado de Humanismo.
O Renascimento e o Humanismo nasceram na Itália, em função da riqueza das cidades italianas, da presença de sábios bizantinos, da herança clássica da Antiga Roma e da difusão do mecenato. A invenção da Imprensa contribuiu muito para a divulgação de novas ideias.

O Humanismo

O humanismo era a valorização de matérias que envolviam a vida humana, como matemática, línguas, história e filosofia laica. Procurava nas pessoas suas belezas, seus aspectos positivos, ou seja aspectos mais ligados ao pensamento burguês do que ao da igreja. O humanismo , ou seja , o homem sendo o centro das atenções, do universo, daí o termo Antropocentrismo.
Humanista era um sábio que criticava os valores medievais e defendia uma nova ordem de idéias. Valorizava o progresso e buscava revolucionar o mundo através da educação. Foi o grande responsável pela divulgação dos valores renascentista pela Europa.
Outro elemento responsável pela expansão das novas ideias foi a imprensa de tipos móveis, inventada pelo alemão Johan Gutemberg, tornando mais fácil a reprodução de livros.
No Renascimento desenvolveram-se as artes plásticas, a literatura e os fundamentos da ciência moderna.

MOTIVOS PARA SURGIR O RENASCIMENTO

O renascimento foi um movimento urbano, visto que foi muito bem apoiado pelos burgueses. Era a expressão do povo que habitava as cidades livres. Os primeiros focos renascentistas foram nas cidades italianas. Visto que viviam do comércio, entre elas estavam: Veneza, Pisa, Gênova e Florença. Estas cidades receberam uma forte influência dos sábios bizantinos, que haviam fugido de Bizâncio, por causa dos conflitos religiosos.
Outro fator que contribuiu para o renascimento foi o surgimento dos mecenas, estes eram ricos que patrocinavam os artistas renascentistas. Alguns o faziam apenas como forma de ajuda, ou investimento pessoal, outro também queria ganhar prestígio social. Alguns mecenas destacados foram : os Médicis ,em Florença e os Sforza, em Milão.
Além da influencia dos sábios bizantinos, havia os árabes que mantinham contatos comerciais com os italianos.
Em 1450, Johannes Gutenberg, criou a impressão mecânica, através do uso de tipos móveis de metal. Essa invenção facilitou a vida dos apaixonados por livros, já que o trabalho de um copista era manual e demorava muito para a conclusão da obra.
Mesmo com essa invenção o livro ainda não se tornou popular, por que sua fabricação ainda era cara e de difícil acesso para a população em geral.
Um fator importante sobre o renascimento é que ele foi um movimento de caráter elitista, intelectual e artístico, por isso suas obras estavam a disposição somente para os ricos.

As características do renascimento foram:

-o retorno a cultura clássica – o pensamento renascentista originou-se da reflexão sobre os textos greco- romano juntamente com a heranças dos valores medievais.

-Antropocentrismo- o homem passa a ser o centro de tudo. Não é uma tomada do lugar de Deus como o criador, mas sim de uma valorização pessoal e de suas qualidades, antes negadas pelo pensamento medieval.

-O ideal de universalidade- para os renascentistas a pessoa podia conhecer tudo que lhe fosse apresentado. O ser humano ideal era aquele que conhecia todas as ciências e todas as artes.

O Renascimento Italiano

A Itália foi o berço do Renascimento. O acentuado desenvolvimento comercial vivenciado por cidades como Veneza, Florença, Roma, Milão e Nápoles atraiu centenas de artistas, homens das ciências e intelectuais. Os artistas italianos ocuparam lugar de destaque no Renascimento. De acordo com o historiador Nicolau Sevcenko (1952-2014), a obra dos grandes pintores italianos serviu de base para o estilo renascentista e teve enorme influência na arte ocidental até o início do século XX. Os principais nomes do Renascimento italiano foram:

- Dante Alighieri (1265-1321) – autor do poema a Divina Comédia, escrita em dialeto toscano em substituição ao latim, descreve uma imaginária viagem ao inferno, purgatório e paraíso, fazendo ousada crítica à sociedade de seu tempo, especialmente aos membros da Igreja.

- Francesco Petrarca (1304-1374) – poeta considerado “pai do humanismo” escreveu De África e Cancioneiros. De África é um épico sobre as Guerras púnicas, em que o autor realça traços clássicos, especialmente o heroísmo dos homens.

- Giovanni Boccaccio (1313-1375) – autor de Decameron, coletânea de 100 novelas (dez partes de dez contos cada uma), nas quais se exprime numa linguagem muito espontânea, anticlerical e cheia de sensualidade, satirizando o mundo, exaltando o individualismo e os aspectos terrenos da vida.

- Giotto (1267-1337) – pintor florentino, autor de São Francisco Pregando aos Pássaros e de Lamento Ante o Cristo Morto. Em suas obras o divino assume uma feição humana, exprimindo dor ou alegria.
- Sandro Botticelli (1457-1510) – pintor, entre tantas outras obras, de Alegoria da Primavera e Nascimento de Vênus. Seus trabalhos buscam a perfeição, a beleza e a pureza humanas idealizadas.

- Leonardo da Vinci (1452-1519) – foi considerado um grande humanista. Sua obra se estende a diversos campos: anatomia, engenharia, mecânica, física, escultura, pintura etc. Pintou poucas telas e afrescos, mas suas criações são consideradas obras-primas, como A última ceia, Mona Lisa (ou Gioconda) e A virgem dos rochedos; aplicou estudos científicos à pintura, elaborando trabalhos sobre forma, cores, luz e sombra. Homem de inteligência invejável, dedicou-se a vários domínios da arte e da ciência. Famoso também por projetos dos quais destacamos alguns que podem ser considerados precursores do submarino e do helicóptero.

- Nicolau Maquiavel (1469-1527) – considerado o pai da ciência política por seu trabalho O Príncipe. Ao escrevê-lo, Maquiavel demonstra sua preocupação com o esfacelamento da Itália envolvida em guerras e lutas civis, exposta a toda sorte de ameaças estrangeiras. Defende a centralização política, onde o governante – o príncipe – deveria concentrar em si o poder, não importando os de que lançassem mão.

- Michelangelo Buonarroti (1475-1564) –  foi pintor, escultor e arquiteto. Pintou afrescos na Capela Sistina, em Roma (mais tarde integrada ao Vaticano). Como escultor, produziu obras-primas, como Moisés, Pietà e Davi. Como arquiteto, projetou a cúpula da Basílica de São Pedro, também no Vaticano.

- Rafael Sanzio (1483-1520) – pintor que se dedicou principalmente à representação de madonas e da Escola de Atenas, foi outro mestre da pintura influenciado por Leonardo da Vinci e Michelangelo. Esse artista produziu afrescos para decorar o Palácio Apostólico, projetou partes da Basílica de São Pedro (a partir de 1514) e pintou representações da Virgem Maria com o Menino Jesus. 

O renascimento entrou em decadência na Itália quando de sua difusão pelos demais países da Europa. Tal coincidência decorre fundamentalmente do declínio econômico das cidades italianas após a expansão marítima ibérica, e da Contra-reforma, que perseguiu violentamente todos os que se opunham aos dogmas e determinações da Igreja católica, chegando a executar alguns pensadores humanistas.

Europa Renascentista

Partindo da Itália, o Renascimento difundiu-se pelas demais nações europeias, sendo grandemente favorecido pelo desenvolvimento comercial que elas experimentavam naquele momento. Durante esse processo, o movimento foi adquirindo novas características e especificidades.
A seguir, vamos conhecer três grandes escritores renascentistas: o inglês William Shakespeare, o espanhol Miguel de Cervantes e o português Luís Vaz de Camões, que produziram obras de alcance universal, em sintonia com os ideais do Humanismo.
• William Shakespeare (1564-1616) ficou famoso por peças de
teatro como Romeu e Julieta (1595), Hamlet (1601), Otelo (c. 1603) e Macbeth (c. 1607). Romeu e Julieta é uma história de amor entre dois jovens que são impedidos de vivê-lo por causa da rivalidade entre suas famílias.
Miguel de Cervantes (1547-1616) se destacou pela obra Dom Quixote de la Mancha (1605), que satiriza os ideais da cavalaria medieval. Seus protagonistas são Dom Quixote e Sancho Pança. Dom Quixote é um sonhador fascinado por histórias em que heroicos cavaleiros defendem injustiçados e desamparados. Sancho Pança é mais realista e preso a valores materiais.
• Luís Vaz de Camões (1524-1580) ficou conhecido por sua obra Os lusíadas (1572), que narra de forma heroica a história de Portugal, desde sua origem até a época das Grandes Navegações, no século XV. A palavra “lusíadas” significa “portugueses” e deriva de Lusitânia, nome dado pelos antigos romanos para a região de Portugal.
Alguns nomes da Renascença europeia devem ser lembrados, como o dos literatos franceses Rabelais e Montaigne, autores de Gargântua e Pantacruel e Ensaios, respectivamente; dos ingleses Thomas Morus, autor de Utopia,  Albert Dürer pintor alemão autor de Cristo Crucificado e Adoração do Reis Magos; Erasmo de Roterdam, escritor holandês, autor de Elogio da Loucura, violenta crítica dirigida à Igreja;  e os portugueses Gil Vicente (dramaturgo), autor de Auto da Barca e Alta da Alma.

O RENASCIMENTO CIENTÍFICO

No Renascimento, muitos cientistas dedicaram-se a observar fenômenos naturais, fazer experimentos, propor hipóteses, testá-las e reavaliá-las. O próprio Leonardo da Vinci defendia que repetir ensinamentos do passado sem uma verificação pessoal significava apenas valorizar a memória, e não o entendimento verdadeiro dos fenômenos do mundo. A seguir, vamos conhecer cientistas daquela época que contribuíram para o desenvolvimento da astronomia.
As duas principais figuras do Renascimento Científico foram Leonardo da Vinci e Nicolau Copérnico (1473 1543). Da Vinci inventou inúmeros mecanismos e instrumentos bélicos. Projetou máquinas novas e aperfeiçoou outras já conhecidas. Dedicou-se ao estudo da anatomia humana, da Física, da Botânica, da Astronomia. Como já foi salientado, ele foi o modelo do renascentista, pois se dedicou a várias áreas de conhecimento.
O astrônomo e sacerdote polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) contribuiu na ampliação do da Matemática, da Mecânica e da Astronomia, propôs a teoria heliocêntrica, segundo a qual a Terra e outros planetas se movem em torno do Sol. Essa teoria contrariava a interpretação bíblica da época, segundo a qual o Sol se movia em torno da Terra (teoria geocêntrica). Copérnico evitou divulgar suas ideias porque temia a reação das autoridades católicas. Seu livro Da revolução de esferas celestes foi publicado no ano de sua morte, provocando indignação entre os religiosos.
Posteriormente, analisando a teoria de Copérnico, cientistas como o alemão Johannes Kepler (1571-1630) e o italiano Galileu Galilei (1564-1642) passaram a defendê-la, atacando um dos principais argumentos teocêntricos da Igreja. Por isso, Galileu foi acusado de heresia pelas autoridades católicas. No entanto,  para livrar-se das acusações e da pena de morte, ele negou publicamente suas convicções. 
Às ciências naturais progrediram graças à contribuição de muitos estudiosos, como Gesner e Rondelet, que investigaram a fauna; o geólogo Georg Bauer, que descobriu novas formas de aproveitamento dos minérios; na Medicina, André Vesálio e Miguel Servet aprofundaram os estudos de Leonardo da Vinci sobre anatomia humana e circulação sanguínea, enquanto Ambroise Paré criava a técnica de usar ataduras para estancar a hemorragia.
Atualmente, a religião não tem mais a influência que exerceu no passado sobre as pesquisas científicas. Mesmo assim, algumas pesquisas geram polêmicas no campo religioso. É o caso, por exemplo, daquelas feitas com células-tronco, que podem ajudar no tratamento de pessoas afetadas por doenças cardíacas, leucemia, trombose etc. No Brasil, as pesquisas com células-tronco foram autorizadas pela Justiça em 2008, mas esse assunto continua dividindo opiniões.

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