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O Mundo Feudal

 O que foi o feudalismo

O feudalismo foi a forma de organização política, social e econômica dominante na Europa ocidental durante a Idade Média. Mesmo não tendo se manifestado de maneira idêntica em todas as regiões do continente, pode-se dizer que, de modo geral, são estas as suas características fundamentais:
· Tinha na agricultura sua principal atividade produtiva;
· Baseava-se em uma sociedade rigidamente hierarquizada, na qual os indivíduos encontravam-se subordinados uns aos outros por laços de dependência pessoal;
· Uma pequena elite formada por grandes senhores de terra e pelo alto clero ocupava o topo da sociedade;
· O poder político estava fragmentado entre os senhores feudais e o rei.

Como surgiu o feudalismo

As origens do feudalismo remontam ao século III, quando o sistema escravista de produção no Império Romano entrou em crise. Diante da crise econômica e das invasões germânicas, muitos dos grandes senhores romanos abandonaram as cidades e foram morar nas suas propriedades no campo. Esses centros rurais, conhecidos por vilas romanas, deram origem aos feudos medievais.
O feudalismo começou a se estruturar por volta do século VIII, no Reino Franco, propagando-se depois para outras regiões da Europa ocidental. Uma das razões para esse começo entre os francos foi o fato de os governantes carolíngios terem colocado em prática, com modificações, um antigo costume dos povos germânicos: a vassalagem.
A insegurança provocada pelas invasões dos séculos IX e X levou os europeus ocidentais a se protegerem. Houve considerável migração das cidades para o campo. Construíram-se vilas fortificadas e castelos cercados por estacas e muralhas. Cada um se defendia como podia. Os mais fracos procuraram a ajuda de nobres poderosos. Camponeses, buscando a proteção dos senhores de terra, foram submetidos à servidão. Esse processo de ruralização da sociedade europeia assinala um período essencial no desenvolvimento do feudalismo: o da sua consolidação.
De modo geral, o feudalismo desenvolveu-se em três grandes etapas: formação (século V a IX); consolidação (século X a XIII); decadência (séculos XIV a XVI).

A organização do feudo

A organização dos baseou-se em duas tradições: uma de origem germânica, o comitatus, e outra de origem romana, o colonato. Pelo comitatus, os senhores de terra, unidos pelos laços da vassalagem, comprometiam-se a ser fiéis e honrar uns aos outros. No colonato, o proprietário de terras dava proteção e trabalho aos colonos que, em troca, entregavam ao senhor parte de sua produção.
No sistema feudal, o rei concedia terras a grandes senhores. Estes, por sua vez, davam terras a outros senhores menos poderosos, chamados cavaleiros, que, em troca lutavam a seu favor. Quem concedia a terra era um suserano, e quem a recebia era um vassalo. As relações entre o suserano e o vassalo eram de obrigações mútuas, estabelecidas através de um juramento de fidelidade. Quando um vassalo era investido na posse do feudo pelo suserano, jurava prestar-lhe auxílio militar. O suserano, por sua vez, se obrigava a dar proteção jurídica e militar ao vassalo.
O suserano e seu vassalo
As relações entre os senhores feudais eram estabelecidas pelo sistema de suserania e vassalagem, que se concretizava por meio de um “contrato”. O contrato de vassalagem compreendia alguns atos solenes, como:
· Homenagem – o vassalo, ajoelhado, cabeça descoberta e sem armas, perante o seu senhor, colocava as suas mãos juntas nas mãos do senhor:
· Fidelidade – o vassalo, em pé e com as mãos sobre os Santos Evangelhos, prestava juramento de fidelidade ao seu senhor.
O feudo era a unidade econômica básica de todo o sistema medieval. Nele a produção era de subsistência, auto-suficiente, controlada pelo senhor (do clero ou da nobreza) e trabalhada pelos servos. Dividia-se em três partes básicas: a reserva senhorial, onde ficava o castelo com terras de uso exclusivo do senhor; o manso servil, composto por vários lotes, chamados tenências, arrendados aos servos; e as terras comunais, composto por bosques e pastos usados tanto pelo senhor como pelos servos.

Economia feudal

O feudo constitui a unidade territorial da economia feudal e caracteriza-se pela autarquia e pela ausência quase total do comércio e de intercâmbios monetários. As cidades deixam de ser centros econômicos. Os feudos pertencentes ao patrimônio real são cedidos em usufruto a membros da nobreza e do clero. Os ofícios e o artesanato passam a realizar-se nos próprios castelos.

A sociedade feudal

A sociedade feudal era dividida em estamentos, isto é, uma sociedade composta por camadas estanques, em que a passagem de uma camada social para a outra era praticamente impossível. De acordo com a função específica de cada camada alguns historiadores classificam-na como uma sociedade formada por aqueles que lutam (nobres), aqueles que rezam (clero) e aqueles que trabalham (servos).
Os servos não tinham a propriedade da terra e estavam presos a ela. Não podiam ser vendidos como se fazia com os escravos, nem tinham liberdade de abandonar as terras onde nasceram. Nas camadas pobres, havia também os vilões. Os vilões eram homens livres que viviam no feudo, deviam algumas obrigações aos senhores, como por exemplo, as banalidades, mas não estavam presos à terra, podendo sair dela quando o desejassem.
A nobreza e o clero compunha a camada dominante dos senhores feudais, ou seja, aqueles que tinham a posse legal da terra e do servo e que dominavam o poder político, militar e jurídico. O alto clero era composto pelos seguintes membros: papa, arcebispos e bispos. O baixo clero era composto pelos padres, e monges. A nobreza era também hierarquizada estando dividida em alta e baixa nobreza. Alta nobreza: duque, marquês e conde. Baixa nobreza: visconde, barão e cavaleiro.

Trabalhadores da terra

Obrigados a pagar diversos tributos aos seus senhores, em produtos ou em serviços, os servos não estavam estimulados a produzir mais, pois, quanto mais produzissem, mais acabavam pagando. Dessa forma, não tinha incentivo para aperfeiçoar as técnicas agrícolas e desenvolver a produção rural. Os servos viviam em extrema miséria, pois, além de estarem presos à terra por força de lei, estavam presos aos senhores, a quem deviam obrigações como:
- a talha; a corvéia; a capitação; as banalidades; prestações etc.
A talha era a obrigação de o servo dar, a seu senhor, uma parte do que produzia. Essa parte, em geral, correspondia à metade.
A corveia era a obrigação que o servo tinha de trabalhar de graça alguns dias por semana no manso senhorial, ou seja, no cultivo das terras reservadas ao senhor.
A capitação era um imposto pessoal, devido pelos servos da gleba.
As banalidades eram os pagamentos que os servos faziam aos senhores pelo uso da destilaria, do forno, do moinho, do celeiro etc.
As prestações consistiam na obrigação de hospedar o senhor durante as suas viagens pelo feudo.

O predomínio do Poder Local

A força política dos senhores feudais, que se sobrepunha ao poder real, residia no domínio do feudo, fonte da riqueza medieval, e no monopólio da força ou poder militar. Cada feudo possuía seu próprio exército, composto principalmente pelos cavaleiros nobres, que eram guerreiros regulares, e por servos convocados, se houvesse necessidade de reforço. Cavaleiros eram nobres que se dedicavam à guerra.

A lealdade ao seu senhor e a coragem representava as principais virtudes de um cavaleiro. A cavalaria medieval constituía um verdadeiro exército particular, fundada nos ideais de honra lealdade e heroísmo. Ser cavaleiro era a ambição de todos os jovens nobres, que, para receberem tal título, deveriam passar por uma longa e difícil preparação.

Decadência do feudalismo

O fator que mais contribuiu para o declínio do sistema feudal foi o ressurgimento das cidades e do comércio. Com o ressurgimento das cidades, os camponeses passaram a vender mais produtos e, em troca, conseguir mais dinheiro. Com o dinheiro alguns puderam comprar a liberdade. Outros simplesmente fugiram para as cidades em busca de melhores condições de vida.

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