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Revolução Industrial

A Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra, integra o conjunto das “Revoluções Burguesas” do século XVIII, responsáveis pela crise do Antigo Regime, na passagem do capitalismo comercial para o industrial. Os outros dois movimentos que a acompanham são a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa, que sob influência dos princípios iluministas, assinalam a transição da Idade Moderna para Contemporânea.

Momentos da Revolução Industrial

A Revolução Industrial transformou profundamente a natureza e as sociedades. De modo geral, as oficinas dos artesãos perderam espaço para as fábricas. As ferramentas simples foram trocadas por máquinas. Em vez das tradicionais fontes de energia – como água, vento e força muscular –, passou-se a utilizar o carvão e, posteriormente, a eletricidade.

A Europa agrária foi se tornando industrializada, com cidades cada vez mais populosas. Talvez em nenhuma outra época o conhecimento tecnológico tenha gerado tanta riqueza.

O processo de industrialização é longo e costuma ser dividido em, pelo menos, três grandes momentos. A Primeira Revolução Industrial foi um processo que se concentrou na Grã-Bretanha, entre os séculos XVIII e XIX. O maior destaque desse período foi a invenção das máquinas a vapor e o desenvolvimento da fábrica de tecidos de lã e de algodão.

A Segunda Revolução Industrial difundiu-se, entre os séculos XIX e XX, por países como França, Alemanha, Rússia, Estados Unidos e Japão. Entre as principais inovações desse momento, destacam-se a locomotiva e o navio a vapor. Além disso, posteriormente, foram criados, por exemplo, a lâmpada elétrica, o automóvel, o avião, o telefone, o rádio e o cinema.
A Terceira Revolução Industrial é um termo utilizado para afirmar que a industrialização está em pleno andamento. Desde meados do século XX, houve um grande salto em inovações tecnológicas, com o desenvolvimento da informática, da microeletrônica, da robótica e da engenharia genética.

Em seu sentido mais pragmático, a Revolução Industrial significou a substituição da ferramenta pela máquina, e contribuiu para consolidar o capitalismo como modo de produção dominante. Esse momento revolucionário, de passagem da energia humana para motriz, é o ponto culminante de uma evolução tecnológica, social, e econômica, que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Média.

Formas de produção

Nos centros urbanos da Europa, a produção econômica vinha principalmente do artesanato e da manufatura. Essa situação mudou depois da Revolução Industrial.
O artesanato foi a forma de produção característica da Baixa Idade Média, durante o renascimento urbano e comercial, sendo representado por uma produção de caráter familiar, na qual o produtor (artesão), possuía os meios de produção ( era o proprietário da oficina e das ferramentas) e trabalhava com a família em sua própria casa, realizando todas as etapas da produção, desde o preparo da matéria-prima, até o acabamento final; ou seja não havia divisão do trabalho ou especialização. 
No artesanato, os produtos são feitos manualmente, com o auxílio de ferramentas e em pequena escala. O artesão trabalha em casa ou em sua oficina, onde controla as fases da produção e administra seu tempo. Para produzir uma cadeira, por exemplo, um carpinteiro corta as tábuas de madeira, molda o encosto, o assento e os pés, encaixa essas partes e dá o acabamento final (polimento, pintura etc.).
É importante lembrarmos que nesse período a produção artesanal estava sob controle das corporações de ofício, assim como o comércio também se encontrava sob controle de associações, limitando o desenvolvimento da produção. Com a expansão marítima e a conquista de mercados na América, África e Ásia, cresceu a demanda por artigos da Europa.
Para dar conta dessa procura, comerciantes europeus organizaram grandes oficinas chamadas manufaturas, onde cada trabalhador executava uma parte da produção, que se somava às partes dos outros companheiros de profissão. Essa divisão do trabalho, com produção em série, aumentava a produtividade.
A manufatura, que predominou ao longo da Idade Moderna, resultando da ampliação do mercado consumidor com o desenvolvimento do comércio monetário. Nesse momento, já ocorre um aumento na produtividade do trabalho, devido a divisão social da produção, onde cada trabalhador realizava uma etapa na confecção de um produto. No caso da confecção de sapatos, um trabalhador projetava os modelos, outro preparava o couro, um terceiro recortava e assim por diante, até o acabamento final do produto. A ampliação do mercado consumidor relaciona-se diretamente ao alargamento do comércio, tanto em direção ao oriente como em direção à América, permanecendo o lucro nas mãos dos grandes mercadores. 
Outra característica desse período foi a interferência do capitalista no processo produtivo, passando a comprar a matéria prima e a determinar o ritmo de produção, uma vez que controlava os principais mercados consumidores.
Nesse momento, os produtos manufaturados já representavam cerca de 50% das exportações britânicas. A partir da Revolução Industrial, a produção ficou ainda mais rápida e eficiente com o desenvolvimento de máquinas e a implantação de fábricas, também chamadas maquinofaturas, nas quais a produção se multiplicou, pois, ao operar as máquinas, o trabalhador se especializava na mesma tarefa.
A maquinofatura é a forma mais elaborada de produção industrial. Nessa etapa, as máquinas substituem várias ferramentas, bem como o trabalho de grande quantidade dos operários. A maquinofatura, ou produção mecanizada, iniciou-se com a Revolução Industrial.
Porém, esse operário especializado perdia a visão de conjunto do processo produtivo. A especialização do trabalho levou a uma fragmentação do saber e do fazer.
Apesar dessas alterações nas formas predominantes de produção, o artesanato e as manufaturas continuam a existir até nossos dias. Com a concorrência dos produtos industrializados, os artesãos, por exemplo, encontraram um novo espaço no mercado, voltando-se para a confecção de produtos mais exclusivos e personalizados.

O PIONEIRISMO DA INGLATERRA

A Inglaterra industrializou-se cerca de um século antes de outras nações, por possuir uma série de condições históricas favoráveis dentre as quais, destacaram-se: a grande quantidade de capital acumulado durante a fase do mercantilismo; o vasto império colonial consumidor e fornecedor de matérias- primas , especialmente o algodão; a mudança na organização fundiária, com a aprovação dos cercamentos (enclausures) responsável por um grande êxodo no campo, e consequentemente pela disponibilidade de mão-de-obra abundante e barata nas cidades.
Pioneirismo britânico
Uma série de condições favoreceu o início da Revolução Industrial na Grã-Bretanha, entre elas:
• estabilidade social – a partir da Revolução Gloriosa (1688-1689), o desenvolvimento econômico passou a ser um dos principais objetivos do governo e da burguesia. Em 1694, foi fundado o Banco da Inglaterra, que disponibilizou créditos para financiar novas iniciativas econômicas;
• concentração de riquezas – entre os séculos XVI e XVIII, os britânicos acumularam capital por meio do tráfico de escravizados e da exploração de suas colônias. Além disso, lucraram com o comércio de produtos manufaturados enviados para América, África e Ásia;
• abundância de mão de obra – a população das cidades cresceu devido à migração de camponeses para áreas urbanas. As terras de uso comum onde os camponeses produziam seu sustento foram cercadas e transformadas em propriedades privadas, voltadas para produção de lã e outras mercadorias. Esse processo, chamado cercamento, começou nos séculos anteriores e, aos poucos, se intensificou;
• disponibilidade de recursos naturais – existiam ricas jazidas de ferro e de carvão mineral na Grã-Bretanha, que possibilitaram o desenvolvimento industrial. Outros países contavam apenas com o carvão vegetal, obtido da madeira;
• ética protestante – o puritanismo britânico, derivado do calvinismo, estimulava o trabalho árduo e disciplinado como um dever do cristão. Essa concepção religiosa não condenava a acumulação de riquezas. Lucrar, trabalhar e rezar eram valores fundamentais do puritanismo.

Inovações tecnológicas

Os seres humanos sempre utilizaram sua inteligência e criatividade para modificar o mundo à sua volta. Isso lhes permitiu inventar coisas extraordinárias, como a roda e o barco a vela. No entanto, a partir do século XVIII, as inovações tecnológicas deram um salto, tornando-se cada vez mais eficientes. A seguir, destacamos alguns dos marcos dessas inovações tecnológicas. 
O tear mecânico foi inventado em 1785, sendo utilizado na fabricação de tecidos de lã e de algodão. Usava-se, sobretudo, a lã produzida na Grã-Bretanha e o algodão produzido nas colônias britânicas da América e da Ásia.
A máquina a vapor, aperfeiçoada por James Watt em 1765, teve várias finalidades, mas ganhou destaque no século XIX, quando foi aplicada a meios de transporte como a locomotiva e o navio a vapor. 
A locomotiva a vapor foi, talvez, o maior avanço no transporte terrestre desde a construção das estradas romanas. Pelas locomotivas, circulavam pessoas, alimentos, cartas, jornais e grande diversidade de produtos, como roupas e livros. As viagens tornaram-se mais rápidas e os trens chegavam às estações em horários previstos. O percurso entre as cidades de Londres (na Grã-Bretanha) e Glasgow (na Escócia), que levava doze dias a cavalo no século XVIII, passou a ser feito em dois dias de trem. O inventor da primeira locomotiva a vapor foi o engenheiro britânico George Stephenson, em 1714.
O navio a vapor transformou profundamente o transporte marítimo. A partir dessa invenção, foi possível navegar sem ventos e por caminhos difíceis, como os estreitos marítimos. Com a construção do Canal de Suez, em 1869, ligando o Mar Mediterrâneo ao Oceano Índico, os navios a vapor reduziram pela metade a distância entre a Índia e a Europa. O inventor do primeiro barco a vapor bem-sucedido foi o engenheiro estadunidense Robert Fulton, em 1807.

As primeiras máquinas

Ao longo da Revolução Industrial, foram inventadas máquinas que não dependiam do esforço do trabalhador para funcionar. O que as diferenciava de outras ferramentas era a presença de um motor. Esse dispositivo aumentava a velocidade e a força aplicadas a determinada operação. Dessa forma, o emprego das máquinas na produção de objetos proporcionou lucro e produtividade em proporções desconhecidas até então.
As primeiras máquinas desenvolvidas eram voltadas à produção têxtil, setor em que as manufaturas inglesas eram mais fortes e controlavam um vasto mercado. Em 1735, John Kay criou a lançadeira volante. Três décadas depois, em 1764, James Hargreaves inventou a spinning jenny, que possibilitava a um só artesão fiar 80 fios ao mesmo tempo. Cinco anos depois, a waterframe, invenção atribuída a Richard Arkwright, movida pela força da água, foi projetada.
Entretanto, a waterframe precisava ser colocada próximo de um rio e era muito grande e cara para que um artesão a tivesse em casa. Por isso, ela só podia ser instalada em grandes espaços, ou seja, nas fábricas, o que demandava a concentração dos trabalhadores no local. Andrew Ure, um dos
principais defensores do sistema de fábrica, resumiu, em um livro publicado em 1835, a modificação do ritmo e da forma de trabalho que o novo sistema exigia.
Os inventos de Kay, Hargreaves e Arkwright foram importantes para o processo de industrialização. O acontecimento decisivo, porém, ocorreu na segunda metade dos anos 1760, quando James Watt aperfeiçoou a máquina a vapor, conseguindo controlar a força expansiva do vapor liberado pela água e usá-la para girar rodas.
Essa inovação completou um longo período de esforços científicos para aproveitar o aumento do volume da água em ebulição. A máquina a vapor passou a ser utilizada para movimentar as pesadas máquinas da indústria têxtil e para retirar a água que inundava as minas de carvão e de ferro.

Fontes de energia e comunicação

A partir, sobretudo, de meados do século XIX, a industrialização se expandiu por outros países. Esse período
foi marcado pelo desenvolvimento de novos materiais e fontes de energia.
O aço, por exemplo, passou a ser utilizado no lugar do ferro na produção de ferramentas, máquinas, trilhos de trem, edifícios e pontes. A energia elétrica foi utilizada em vez do carvão para fornecer iluminação e movimentar máquinas industriais, trens e bondes.
O petróleo e seus derivados, como a gasolina e o diesel, tornaram-se os principais combustíveis dos novos meios
de transporte.
Nos meios de comunicação, podemos destacar a invenção
do telégrafo e do telefone.
O telégrafo (do grego, tele = longe + grafia = escrita) foi outra invenção extraordinária, que facilitou a comunicação.
Esse aparelho, capaz de enviar mensagens codificadas por meio de fios, foi inventado por Samuel Morse (1791-1872) por volta de 1832. Morse também inventou um código (Código Morse) que foi o grande marco desse sistema. Além da via terrestre, foram instalados cabos submarinos de telégrafo.
No final do século XIX, uma mensagem telegráfica podia ser transmitida mundo afora em cerca de 24 horas.
O telefone (do grego tele = longe + fone = som) foi inventado,
em 1876, por Alexandre Graham Bell (1847-1922) nos Estados Unidos. Não demorou muito para que fossem instaladas linhas telefônicas de longa distância nos Estados
Unidos e em outras regiões do mundo.

Impactos da industrialização

As revoluções industriais provocaram transformações no
mundo do trabalho, na contagem do tempo, no meio ambiente
e na dinâmica de circulação de pessoas, mercadorias
e culturas.

Trabalho nas fábricas

Nesse período, surgiram duas classes sociais: a burguesia industrial (patrões) e o proletariado (operários). De modo geral, os burgueses eram donos das matérias-primas, das máquinas e das fábricas. Já os proletários vendiam sua força
de trabalho em troca de um salário.
Em geral, as fábricas tinham instalações insalubres, onde os  operários eram submetidos a uma disciplina rigorosa e a uma intensa fiscalização. Frequentemente, sofriam maus-tratos, que incluíam desde ameaças até agressões físicas.
As tarefas dos operários tinham horários definidos e a vida deles passou a ser controlada pela “tirania do relógio”. O atraso no trabalho era punido com redução salarial, embora quase nenhum operário ganhasse o suficiente para comprar um relógio pessoal.
O salário era tão baixo que o operário precisava cumprir longas jornadas diárias, de até 15 horas, para sobreviver.
Mesmo assim, muitos operários e suas famílias passavam por grandes dificuldades, como falta de alimentos, e viviam em condições precárias.
Em diversos casos, diferentes famílias moravam em um mesmo cômodo para dividir os gastos com o aluguel.

Trabalho feminino e infantil

Desde os tempos mais antigos, mulheres e crianças trabalhavam na agricultura, na criação de animais e no artesanato. No entanto, com a Revolução Industrial, elas passaram a cumprir longas jornadas de trabalho, recebendo salários bem mais baixos que os dos homens.
As mulheres, além de trabalharem nas fábricas, cuidavam da casa e dos filhos. É a chamada dupla ou tripla jornada de trabalho, uma injustiça que ainda permanece em várias regiões do mundo.
As crianças trabalhavam em condições semelhantes às dos adultos, o que provocava sérios danos à saúde, como dores no corpo e doenças crônicas (bronquites e alergias). Elas também não tinham acesso à educação. Atualmente, no Brasil, a exploração do trabalho infantil é considerada crime e o acesso à educação é um direito de todas as crianças.

Movimentos operários

No início da industrialização, não havia direitos trabalhistas para regular as condições de trabalho. A maioria dos contratos eram verbais e podiam ser encerrados a qualquer instante pela livre vontade do patrão.
Às vezes, impunham-se contratos verbais vitalícios, que equivaliam a uma servidão disfarçada. Havia, então, motivos de sobra para que os operários organizassem movimentos de resistência. Em 1791, por exemplo, operários anônimos incendiaram a primeira fábrica londrina a usar energia a vapor, que foi chamada de “moinho satânico”. Entre 1811 e 1812, outros operários destruíram máquinas fabris por considerá-las culpadas pela opressão. Esse movimento, conhecido como ludismo, foi severamente reprimido pelo governo britânico.
Apesar da repressão, os movimentos operários seguiram em busca de ideais. Assim, nasceram os primeiros sindicatos, associações de empregados que lutavam por melhores condições de trabalho.
Em 1824, no Reino Unido, entrou em vigor uma lei que permitiu a existência dos primeiros sindicatos. Em 1834 foi fundada por Robert Owen a União Nacional dos Sindicatos, que reuniu meio milhão de trabalhadores. Após anos de lutas, os operários britânicos conquistaram direitos trabalhistas, como a redução das jornadas de trabalho e a proibição do trabalho infantil.

No ritmo do relógio

Antes da Revolução Industrial, o tempo era basicamente contado em função das estações do ano, das atividades agrícolas, das festas populares e das celebrações religiosas. Essa contagem estava associada a fenômenos da natureza (chuvas e secas, calor e frio, o dia e a noite).
Com a Revolução Industrial, os trabalhadores, cumprindo as exigências da empresa, foram obrigados a se adaptar ao ritmo do relógio, que conta o tempo em horas e minutos. Difundiram-se, então, frases como “Tempo é dinheiro” e “Não perca tempo”. Tais expressões estavam ligadas ao funcionamento das fábricas, iluminadas pela energia elétrica, onde os trabalhadores se revezavam em turnos diurnos e noturnos. Com isso, os relógios mecânicos tornaram-se símbolos desse tempo que a indústria impôs aos trabalhadores.
Nos dias atuais, as relações das pessoas com o tempo também foram impactadas pelas tecnologias de comunicação, que trouxeram uma instantaneidade na troca de informações. Essa instantaneidade contribui, por exemplo, para dinamizar a economia. Hoje, é possível conversar por videoconferência com pessoas de diferentes países ao mesmo tempo, sem sair de casa. No entanto, essa rapidez nas comunicações também provoca problemas, como o aumento de casos de ansiedade, hiperatividade, depressão e insônia.
Vivemos numa “aldeia global”, conectados via internet em nossas “cabanas digitais” por meio de smartphones e computadores. Com a pandemia de covid-19, muitas pessoas passaram a trabalhar em casa (home office) usando aplicativos de mensagens, teleconferência e acesso remoto.

Devastação ambiental e sustentabilidade

Nas sociedades industriais, o carvão mineral (a partir de 1760) e os derivados de petróleo (a partir do século XIX) tornaram-se importantes fontes de energia. A queima desses combustíveis, no entanto, libera substâncias tóxicas que contaminam o ar, o solo e as águas.
Até meados do século XX, na maioria dos países industrializados, não era obrigatório o uso de filtros nas chaminés das fábricas e nos escapamentos dos automóveis, tampouco havia tratamento adequado de esgoto nas cidades.
A poluição impactou a vida de milhares de pessoas, causando doenças e mortes decorrentes, por exemplo, de problemas respiratórios. A maioria das pessoas não tinha consciência de que os recursos naturais são limitados e de que as ações humanas causam fortes impactos no meio ambiente. Atualmente, isso está mudando.
A preservação do meio ambiente é uma das principais questões do mundo contemporâneo. Cada vez mais, cidadãos e instituições preocupam-se com ecologia e desenvolvimento sustentável. É urgente a conscientização de que os recursos naturais podem acabar e de que o meio ambiente não suporta um crescimento econômico irresponsável. Assim, multiplicam-se iniciativas que visam à redução da produção de resíduos, ao uso responsável da água, à implantação de fontes de energia limpa, entre outras.

População e urbanização

Outro efeito marcante da Revolução Industrial foi o crescimento da população urbana. Isso ocorreu devido a três condições principais:
• migrações de pessoas do campo para a cidade, atraídas pela possibilidade de conseguir empregos e melhores condições de vida;
• melhorias nos padrões de saúde com a descoberta da vacina contra a varíola, da anestesia com éter, do bacilo causador da tuberculose (e de formas de combatê-lo) e da necessidade de assepsia nos procedimentos médicos;
• maior oferta de alimentos, devido à modernização agrícola, com a adoção de novos arados, debulhadoras e ceifadeiras.
Calcula-se que, em 1801, existiam apenas 23 cidades europeias com mais de 100 mil habitantes. Em 1900, já eram 135 cidades. No final do século XIX já havia 19 cidades com mais de meio milhão de moradores na Europa.

DESDOBRAMENTOS SOCIAIS

A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida do trabalhador braçal, provocando inicialmente um intenso deslocamento da população rural para as cidades, com enormes concentrações urbanas. A produção em larga escala e dividida em etapas irá distanciar cada vez mais o trabalhador do produto final, já que cada grupo de trabalhadores irá dominar apenas uma etapa da produção. Na esfera social, o principal desdobramento da revolução foi o surgimento do proletariado urbano (classe operária), como classe social definida. Vivendo em condições deploráveis, tendo o cortiço como moradia e submetido a salários irrisórios com longas jornadas de trabalho, a operariado nascente era facilmente explorado, devido também, à inexistência de leis trabalhistas.
O desenvolvimento das ferrovias irá absorver grande parte da mão-de-obra masculina adulta, provocando em escala crescente a utilização de mulheres a e crianças como trabalhadores nas fábricas têxteis e nas minas.
Mulheres e crianças nas fábricas
O agravamento dos problemas sócio-econômicos com o desemprego e a fome, foram acompanhados de outros problemas, como a prostituição e o alcoolismo. Os trabalhadores reagiam das mais diferentes formas, destacando-se o movimento “ludista” (o nome vem de Ned Ludlan), caracterizado pela destruição das máquinas por operários, e o movimento “cartista”, organizado pela “Associação dos Operários”, que exigia melhores condições de trabalho e o fim do voto censitário.
Destaca-se ainda a formação de associações denominadas “trade-unions”, que evoluíram lentamente em suas reivindicações, originando os primeiros sindicatos modernos.
O divórcio entre capital e trabalho resultante da Revolução Industrial, é representado socialmente pela polarização entre burguesia e proletariado. Esse antagonismo define a luta de classes típica do capitalismo, consolidando esse sistema no contexto da crise do Antigo Regime

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