Como vimos, com o término da Segunda Guerra Mundial, os EUA e a URSS despontaram como grandes potências mundiais. A partir de então, o cenário geopolítico mundial passou a contar com dois grandes blocos antagônicos: um capitalista e o outro socialista.
Teoria capitalista
De acordo com o sistema capitalista, as leis de um país devem assegurar o direito à propriedade privada dos bens. Dessa forma, os cidadãos que possuem capital acumulado, chamados de capitalistas, podem investir na produção de novos bens e serviços, gerando lucros que aumentam ainda mais o capital acumulado.
Além disso, as leis de um país capitalista devem garantir aos cidadãos a possibilidade de escolherem os produtos que desejam comprar. O Estado deve evitar intervenções na economia, com base no pressuposto de que o mercado deve ser regulado pela lei da oferta e da procura.
Os capitalistas procuram promover o consumismo, estimulando os cidadãos a comprar grandes quantidades de produtos. O consumismo é incentivado principalmente pela propaganda veiculada pelos meios de comunicação de massa. Por meio das propagandas, os capitalistas apresentam os produtos destinados ao consumo de cada grupo social, tentando associar a posse desses produtos à aquisição de status e de prazer imediato.
O sistema capitalista foi disseminado pelo mundo durante a Guerra Fria pelos governantes dos EUA.
Teoria socialista
No sistema socialista, por outro lado, os meios de produção, como as terras e as indústrias, devem ser compartilhados. No socialismo não há propriedade privada de meios de produção, apenas propriedades estatais. Além disso, em todas as atividades, os trabalhadores devem servir à coletividade e ao Estado.
Outra característica importante do socialismo é a planificação da economia pelo Estado. São os altos funcionários do governo socialista que determinam diversos aspectos da economia, como o valor dos salários pagos aos trabalhadores, quais bens devem ser produzidos, a quantidade de cada produto que uma pessoa pode dispor etc.
Enquanto os EUA defendiam os princípios capitalistas, os governantes da URSS passaram o período da Guerra Fria buscando propagar pelo mundo o sistema socialista. Na URSS, esse sistema era chamado de “socialismo real”, ou seja, o socialismo que foi colocado em prática e que se caracterizava pela existência de um único partido político: o Partido Comunista (PC), responsável por todas as funções do Estado.
Os países não alinhados
Enquanto os EUA e a URSS disputavam áreas de influência, as potências imperialistas europeias, desgastadas pela guerra, não conseguiram impedir o processo de independência de suas colônias na Ásia e na África. Muitos dos governantes dessas novas nações independentes não pretendiam se “alinhar” a um dos dois blocos, o norte-americano ou o soviético.
Em abril de 1995, governantes de 29 países afro-asiáticos se reuniram na Conferência de Bandung, realizada na Indonésia, e criaram um documento no qual exigiam que todos os povos tivessem o direito de se constituírem como nações plenamente independentes, condenavam o imperialismo e o racismo, além de exigirem o direito de ter um papel mais ativo nas questões internacionais, principalmente naquelas que os afetavam diretamente.
Esses países deram início ao grupo que ficou conhecido como Movimento dos Países não Alinhados, ao qual aderiram a Índia, o Egito, a Iugoslávia, entre outros. Entre os Não Alinhados, havia países de regime socialista e também de regime capitalista. Eles rejeitaram a ideia de divisão do planeta em dois blocos ideológicos, o capitalista e o socialista, e enfatizaram que o mundo, na realidade, estava dividido entre países ricos e países pobres.
Dessa forma, os Não Alinhados se autodefiniram como países formadores do Terceiro Mundo, criando o chamado terceiro-mundismo; enquanto o Primeiro Mundo seria constituído pelos países capitalistas desenvolvidos alinhados aos EUA, e o Segundo Mundo seria composto pelos países socialistas desenvolvidos alinhados à URSS.
A CORRIDA ARMAMENTISTA
Os EUA e a URSS foram os países que saíram mais fortalecidos da Segunda Guerra Mundial. Eles se tornaram grandes rivais nas décadas seguintes. Essa rivalidade se manifestava de modo dramático na chamada corrida armamentista, que era a disputa pela capacidade de produzir armas cada vez mais destrutivas.
As armas nucleares
Desde 1942, com o chamado Projeto Manhattan, os EUA se empenhavam na construção da bomba atômica. Esse ambicioso plano foi dirigido pelo físico Robert Oppenheimer. A primeira produzida pelo projeto foi testada em junho de 1945, no deserto do estado norte-americano do Novo México. Nessa ocasião, Oppenheimer e mais três cientistas recomendaram a utilização da bomba contra o Japão, uma decisão da qual se arrependeriam posteriormente.
Após o fim da Segunda Guerra, em 1946, os EUA continuaram os testes atômicos no Atol de Bikini, no oceânico Pacífico, aperfeiçoando a tecnologia até criarem as bombas de hidrogênio, que tem poder destrutivo muitas vezes maior que o da bomba atômica.
Os soviéticos, que desde 1945 já tinham o projeto de construir uma bomba atômica, aceleraram seu programa nuclear e, em 1949, testaram, com sucesso, a sua primeira bomba no deserto do Cazaquistão.
A prática da espionagem foi essencial para que a URSS concretizasse seu projeto nuclear, tanto que os soviéticos também construíram bombas de hidrogênio, menos potentes que as norte-americanas, mas que podiam ser lançadas por aviões.
À medida que os dois países desenvolviam suas armas, o potencial destrutivo aumentava consideravelmente.
O medo da guerra nuclear
Além das bombas nucleares, os EUA e a URSS desenvolveram mísseis intercontinentais que podiam ser lançados a longas distâncias para atingir o território inimigo. A produção dessas armas e a possibilidade de uma guerra nuclear provocavam pânico nos habitantes desses países.
Em 1961, o presidente norte-americano John Kennedy iniciou uma política de incentivo à construção de abrigos antinucleares, a fim de que a população pudesse se proteger de ataques inimigos. As pessoas, dominadas pelo temor de uma possível guerra nuclear, construíram muitos desses abrigos, abastecendo-os com víveres suficientes para sobreviverem longos períodos caso houvesse uma guerra nuclear.
Os serviços de inteligência
Durante a Guerra Fria, o acesso às informações secretas do inimigo era essencial e, por isso, tanto os EUA como a URSS mantinham serviços de inteligência. Os norte-americanos tinham a Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês), criada em 1947, e os soviéticos, o Comitê de Segurança do Estado (KGB, na sigla em russo), criado em 1954.
Cada uma dessas instituições atuava na obtenção de informações secretas por meio da espionagem, infiltrando seus agentes em muitos países sob influência da potência rival. Com isso, planos políticos, projetos militares para construção de aviões supersônicos, submarinos atômicos e espaçonaves, por exemplo, não estavam seguros.
Além disso, essas agências de espionagem exerciam um papel importante dentro de seus próprios países, pois, por serem controladas pelo governo, perseguiam pessoas que eram consideradas subversivas, ou mesmo “traidoras”, que pudessem agir de forma a favorecer o rival. Assim, as agências de espionagens representavam também um mecanismo de controle ideológico sobre a população.
Rumo ao espaço
Durante a Guerra Fria, os EUA e a URSS também investiram no desenvolvimento de tecnologia espacial. Esses investimentos eram estratégicos, pois os foguetes utilizados nos lançamentos de espaçonaves e satélites podiam ser utilizados para lanças mísseis nucleares a longa distância. Além disso, os satélites colocados na órbita terrestre poderiam servir para a monitoração e o controle do que acontecia nas mais diversas regiões do planeta.
Os soviéticos saíram na frente, dando início à corrida espacial ao lançar um satélite artificial na órbita da terrestre, o Sputnik I, em 1957. Eles também foram os primeiros a enviar um homem ao espaço, Yuri Gagarin, em 1961, e uma mulher, Valentina Tereskova, em 1963.
Os norte-americanos, por sua vez, foram os primeiros a alcançar a Lua, com Neil Armstrong, Michael Collins e Edwin Aldrin a bordo da astronave Apolo 11, em 1969. A partir de então, os dois países passaram a adotar uma política de cooperação, compartilhando informações das suas pesquisas espaciais.
[...] a exploração espacial passou a ser vista cada vez mais como uma aventura da humanidade como um todo e não de uma nação em particular. Além de expandir o conhecimento humano do cosmo, ela estimulou novas tecnologias e levou ao desenvolvimento de novos materiais e processos de fabricação. Muitas dessas inovações tiveram aplicação comercial, do isolamento e lubrificação avançados até a conservação de alimentos por congelamento e secagem a vácuo.
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