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O Império Muçulmano

Com a morte do profeta, seu sogro, Abu-Beker, se proclama califa, palavra que significa sucessor, e governa em nome do profeta. O califa era um misto de chefe político e religioso. Tinha como missão preparar os árabes para a conquistada Terra. Abu-Beker foi sucedido pelo califa Omar. Durante seu governo de onze anos, deu-se o início da expansão muçulmana. Guerreiros do Islã atacaram a Pérsia e o Império Bizantino, ambos debilitados por lutas internas.

Em pouco tempo, graças ao progresso militar atingido pelos muçulmanos, conseguiram dominar extensos territórios e controlar o comércio do Mediterrâneo. A Pérsia se rendeu após dez anos de luta. O Império Bizantino perdeu a Síria para os árabes.
No Egito, Alexandria resistiu ao cerco árabe durante dois anos. Depois, foi incendiada, junto com sua famosa biblioteca. Os muçulmanos construíram uma nova capital no Cairo. Guerreiros muçulmanos conquistaram o norte da África, Líbia e Trípoli, chegando até o local da cidade de Cartago.
Com a morte de Omar, o califa Ali continuou conquistando mais territórios. Mas, em pouco tempo, surgiram as primeiras disputas internas pelo poder, ocasionando uma guerra civil. A partir desse momento, duas dinastias governaram o império muçulmano:
· a dinastia dos Omeíadas, fundada pelo califa Muhawiya;
· a dinastia dos Abássidas, fundada pelos descendentes de Abas, tio de Maomé.

Os omeíadas: o império árabe

A dinastia dos Omeíadas governou o mundo árabe durante aproximadamente cem anos. Sob os omeíadas, deu-se a expansão territorial. Os califas abandonaram Meca e fixaram a capital do império em Damasco, na Síria, ocupando-se unicamente de questões políticas. Durante esse período, os exércitos muçulmanos conquistaram o Turquestão, o Cáucaso, a Armênia e chegaram até a Índia.
No norte da África, conquistaram Túnis, Argélia, Marrocos e chegaram até o oceano Atlântico. A partir daí, atravessaram o estreito de Gibraltar e tentaram tomar a península Ibérica e a França. Em 711, iniciaram a conquista da Espanha visigoda. Atravessaram os Pireneus e começaram a conquista da França. Em 732, após terem conquistado um terço do território da França, Carlos Martel os deteve em Poitiers. Os muçulmanos retrocederam até os Pirineus, mas permaneceram na Espanha até o século XV, quando foram expulsos pelos reis cristãos.

Os abássidas: esplendor e decadência

Em 750, uma revolta interna derrubou a dinastia dos Omeíadas. Os vencedores dessa revolta, descendentes de Abas, tio de Maomé, mudaram a capital do império para a Mesopotâmia, onde fundaram Bagdá. Os novos califas continuaram a expansão territorial e incentivaram o desenvolvimento científico e artístico. O apogeu dessa dinastia ocorreu durante o reinado de Harun al-Rachid (780-810): o império muçulmano se estendeu desde a Espanha até a China.
Durante esse período ocorreu a ruptura da unidade do mundo árabe sonhada por Maomé:
· em 760, os árabes da Espanha declaram independência;
· em 968, os árabes do Egito tornam-se independentes.

O império foi dividido em três califados. Em Bagdá, os califas se cercaram de guardas mongóis que, aos poucos, tornaram-se os verdadeiros governantes.

Os turcos

Os turcos eram tribos asiáticas que vieram da Mongólia, assim como os hunos, os búlgaros e os húngaros. Após séculos de luta contra o império chinês, dirigiram-se para a Europa e fixaram-se nas margens do mar Cáspio. Lá, entraram em contato com os árabes da Pérsia e logo se converteram ao islamismo. A partir de então, tornaram-se guerreiros de Alá e cuidaram da guarda pessoal do califa.
Em 1055, uma das tribos turcas mais importantes, a dos seljúcidas, tomou Bagdá e substituiu o califa pelo seu sultão. Os turcos conseguiram submeter todos os povos árabes da Ásia e da África, tornando-se um perigo para os reinos cristãos da Europa.

A cultura muçulmana

Os muçulmanos não criaram uma cultura original, mas assimilaram aquilo que de melhor havia no imenso império que conquistaram em tão pouco tempo. Sua civilização deixou marcas de tolerância cultural e de uma fantasia sem limites.

A organização do império muçulmano

Os árabes foram muito tolerantes com os povos conquistados durante a Guerra Santa: permitiram que conservassem sua religião, seus costumes e a administração de seus territórios em troca de um tributo. Por outro lado, mostravam-se cruéis com aqueles que abusavam dessa benevolência.
O califa era o chefe supremo, civil, político e religioso. Os califas governavam a partir das capitais do mundo árabe: Bagdá, Cairo e Córdoba. Nos territórios conquistados, o emir exercia o poder absoluto em nome do califa. As principais tarefas de governo eram desempenhadas pelos vizires, ou ministros, e os xeques, os chefes das tribos.

A economia do mundo muçulmano

O contraste entre a Europa empobrecida do início da Idade Média e a prosperidade do mundo muçulmano era gritante. Os árabes dominaram as grandes rotas comerciais e tornaram-se os maiores intermediários entre o Oriente e o Ocidente.

As ciências e as letras

Os árabes difundiram na Europa inventos chineses, tais como o papel, a bússola, a pólvora e o cultivo do arroz e do algodão. Introduziram o cultivo da cana-de-açúcar nas ilhas de Chipre e na Sicília. Foram grandes fabricantes de tecidos, tapetes, jóias, cerâmicas e vidro. E também:

· dedicaram-se à química, fabricando remédios, drogas, perfumes e tinturas;
· desenvolveram a cartografia e a astronomia;
· no campo da matemática, desenvolveram a álgebra e a trigonometria;
· Introduziram na Europa as obras de Arquimedes e Euclides, e os números arábicos que trouxeram da Índia;
· a literatura dos árabes é uma das mais ricas e fascinantes da História. Suas lendas e contos são apreciados ainda hoje. Os mais populares são A lâmpada de Aladim, As mil e uma noites e Sinbad, o marujo;
· no campo da filosofia, destacaram-se pela tradução das obras de Platão e Aristóteles, que chegaram à Europa medieval levadas por eles;
· sua medicina foi a mais avançada da Idade Média: criaram as primeiras clínicas e escolas médicas. Seus farmacêuticos e médicos desfrutavam fama mundial.

As artes

O Alcorão proibia a representação de figuras humanas. A civilização muçulmana produziu uma arquitetura admirável que introduziu novos elementos, tais como o uso do arco com ornamentos geométricos, o arabesco, presente em mesquitas e palácios.



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