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A Reforma Religiosa ou Protestante

 A Reforma religiosa foi o movimento que, dividindo os cristãos do Ocidente no século XVI, originou diversas novas igrejas camadas protestantes, as quais não mais seguiram o comando e a orientação do papa de Roma. Quebrando a unidade religiosa cristã, a Reforma protestante estabeleceu o fim da quase milenar supremacia eclesiástica na Europa. Pode-se mesmo dizer que a Reforma foi, no plano espiritual, aquilo que o Renascimento representou nas transformações culturais que inauguraram o novo mundo do capitalismo comercial.

Atualmente, os cristãos representam cerca de 30% da população mundial, porém não formam um grupo homogêneo. Existem vários ramos do cristianismo, sendo mais numerosos os formados por católicos, ortodoxos e protestantes.

Os católicos são seguidores da Igreja Católica Romana, que tem suas origens no século I d.C., sediada em Roma, no atual Estado do Vaticano. Chefiada pelo papa, essa Igreja é a maior instituição cristã do mundo, reunindo cerca de 1,3 bilhões de fiéis. Os ortodoxos surgiram no século XI com a separação entre a Igreja Católica do Ocidente (com sede em Roma) e a Igreja Católica do Oriente (com sede em Constantinopla). Atualmente, a Igreja Ortodoxa possui cerca de 250 milhões de seguidores em diferentes países, sobretudo da Europa Oriental e da Ásia – como Romênia e Rússia. Os protestantes surgiram no século XVI, após cristãos da Europa Ocidental romperem com a Igreja Católica Romana.

As Origens do Movimento Reformista

Diversos fatores conjugaram-se para dar início à Reforma religiosa do século XVI.  Um deles era a posição que a Igreja conservava de maior proprietária de terras em toda Europa: controlava, por exemplo, perto de 1/3 das terras francesas e mais de 40% das terras férteis alemãs. A Igreja Católica acumulou grande riqueza e poder, o que proporcionou uma vida luxuosa, sobretudo para o papa e os membros do alto clero. A riqueza ostentada pelo clero contrastava com a miséria da maioria dos fiéis e com alguns valores católicos, como a simplicidade e a humildade. A Igreja representava muito do que restava da ordem feudal medieval. Dessa forma, tudo o que se opunha à velha estrutura feudal, colocava-se contrário ao poder de Roma.
Em cada reino do da Idade Moderna, o papa era visto como um estrangeiro que arrecadava os impostos cobrados em seus feudos, além de diversos outros tributos extraídos de todos os cristãos, para enviá-los a Roma, dificultando as finanças nacionais. Os reis fortalecidos com o desenvolvimento dos Estados nacionais, opunham-se a tal situação, favorecendo atitudes contrárias à Igreja e seus eclesiásticos.
Outro fator que contribuiu para o movimento reformista foi a existência de dois sistemas teológicos, dado significativo para a divisão espiritual dos cristãos. A Igreja de Roma continuava seguindo a teologia de São Tomás de Aquino (tomismo), típica da Baixa Idade Média, com seus clérigos defendendo o princípio do livre arbítrio, ou seja, a concepção de que cada indivíduo escolhe a sua salvação ou o caminho da perdição. Assim, o tomismo dava ao homem o poder de fazer o bem e evitar o mal, cabendo aos sacerdotes a tarefa de fornecer os sacramentos e orientar seus fiéis na escolha do caminho da salvação. Já os reformadores basearam suas na teologia agostiniana, sustentada na predestinação e na fé do indivíduo.
Nas relações econômicas, a Igreja defendia o “justo preço”, ou seja, o valor de um produto não deveria incluir lucro, apenas os seus custos. Condenava a prática da usura e a obtenção de lucros. Essa postura descontentava profundamente o seguimento burguês da sociedade europeia que retirava seu meio de vida das atividades lucrativas.
Finalmente, o desregramento moral que predominava sobre a hierarquia eclesiástica aumentou a descrença da população mais humilde com relação à Igreja e a seus representantes. Era uma prática constante a venda de cargos eclesiásticos, levando sacerdotes, bispos, arcebispos e até papas a exercerem seus cargos pela ambição do título e da posição, estimulando o mau comportamento dos clérigos e o descrédito entre os fiéis. Apesar de a Igreja Católica afirmar que os sacerdotes eram intermediários entre Deus e os fiéis, muitos deles não tinham boa formação religiosa nem escolar.
A venda de indulgência, por parte das autoridades da Igreja, intensificou a desmoralização. A fim de manter o luxo dos eclesiásticos, especialmente da corte pontifícia, a Igreja comercializou o perdão a pecados cometidos, com promessas de redução das penas do purgatório. Desse modo, os fiéis poderiam comprar sua “entrada para o reino do céu”. Além disso, vendia cargos religiosos e até vários sacerdotes enganavam os fiéis vendendo-lhes objetos falsificados como se fossem relíquias sagradas, por exemplo: “espinhos da coroa de Cristo”, “pedaços de madeira da cruz em que Jesus morreu”, “pedaços do tecido do manto sagrado”, “ossos do burrico de São José”. Essa comercialização desregrada transformou-se no estopim do movimento protestante. 

Ética da burguesia

A Igreja Católica recomendava aos comerciantes a prática de preços justos, evitando os lucros desenfreados. Além disso, a Igreja condenava a usura, que é a prática de cobrar juros sobre empréstimos. Isso porque alguns teólogos católicos consideravam que o “tempo” pertencia a Deus e, por isso, não se podia cobrar juros sobre o tempo em que o dinheiro permanecia emprestado.
A atitude da Igreja Católica de condenar a cobrança de juros e controlar os preços das mercadorias incomodava os burgueses, que se preocupavam basicamente em expandir seus negócios e aumentar seus lucros. Por isso, muitos burgueses passaram a apoiar uma nova ética que valorizasse suas práticas econômicas ao invés de criticá-las.

Estados nacionais

Com a consolidação dos Estados nacionais, alguns príncipes e reis passaram a encarar o papa e outras autoridades católicas como “estrangeiros” que interferiam em assuntos de seu país. Isso aconteceu, por exemplo, em regiões da Europa que atualmente correspondem a Alemanha, Dinamarca, Noruega, Suécia, Suíça, Holanda, Inglaterra e Escócia.
Na época, a Igreja Católica divulgava suas doutrinas em latim, possuía grandes propriedades de terras e enviava o dinheiro que recebia dos fiéis para sua sede em Roma. Entretanto, os novos monarcas tinham interesse em ampliar seus territórios, exercer sua autoridade, impedir que recursos saíssem de seus reinos e fortalecer a língua nacional de seu Estado. Assim, a ruptura com a Igreja Católica e as mudanças nas doutrinas religiosas favoreceriam os interesses de alguns monarcas.

Interpretações da Bíblia

Durante o período medieval, a Bíblia (livro sagrado do cristianismo) era escrita em latim e interpretada, principalmente, por sacerdotes católicos.
Além disso, existiam poucos exemplares da Bíblia, que eram copiados à mão e custavam caro.
A partir do século XV, isso foi mudando devido a dois fatores principais: a invenção da imprensa e as traduções da Bíblia, que passaram a ser escritas também nos idiomas nacionais dos Estados. A imprensa que utilizava tipos móveis de metal foi inventada pelo alemão Johann Gutenberg (1398-1468). Essa invenção facilitou a reprodução gráfica, aumentando a produção de livros e barateando seus preços. Desse modo, não era mais necessário saber latim para entender os textos sagrados. Com essas inovações, a Bíblia chegou a um número maior de leitores, que fizeram novas interpretações, às vezes diferentes dos ensinamentos dos sacerdotes católicos.

Os Precursores da Reforma

Antes que o prestígio da Igreja atingisse uma feição separatista, alguns intelectuais e membros da Igreja apresentaram propostas reformistas que visavam conter os abusos.
John Wyclif, professor da Universidade de Oxford, condenava a venda de indulgências e defendia a formação de uma Igreja nacional. Essas propostas foram retomadas pelo professor da Universidade de Praga, John Huss.
Tanto Wyclif quanto Huss foram perseguidos e excomungados pela Igreja de Roma. Suas idéias, porém, foram assimiladas por muitos cristãos que passaram a contestar enfaticamente a autoridade do papa.

O Reformismo de Lutero

Em 1517, na Alemanha, o monge e professor da universidade de Wittenberg Martinho Lutero (1483-1546) iniciou um movimento de ruptura com a Igreja Católica. Aos 22 anos, entrou para a ordem dos agostinianos, um grupo religioso católico inspirado pelas ideias de Santo Agostinho (354-430).
Lutero, rebelou-se contra o vendedor de indulgências João Tetzel, dominicano a serviço do papa Leão X, que recolhia recursos para a construção da Basílica de São Pedro. Lutero, revoltado com a desmoralização da Igreja, fixou na porta de sua igreja as 95 teses, onde criticava ferozmente a Igreja papal.
Em 1527, Lutero publicou um manifesto (95 teses) condenando as práticas da Igreja Católica. Entre os princípios da doutrina luterana, destacam-se:
• o direito dos fiéis ao livre exame das Escrituras Sagradas (Bíblia);
• a fé cristã como único caminho para a salvação eterna;
• a Bíblia como a única fonte para a fé;
• o batismo e a eucaristia como os dois únicos sacramentos;
• não aceitação do culto aos santos católicos, da adoração de imagens e da autoridade universal do papa.
Em 1520, Leão X ordenou a sua retratação, sob pena de ser considerado um herege. Lutero queimou em praça a orem papal, sendo excomungado (1521).
Apesar de consideradas heréticas pelo clero romano, as ideias luteranas espalharam-se rapidamente por toda a Alemanha, onde encontraram condições particularmente favoráveis para a sua difusão. Nobres e camponeses apoiaram Lutero; os nobres ambicionando apoderar-se das terras da Igreja e ampliar seus poderes abalados com a decadência feudal; os camponeses, desejando escapar da situação de miséria em que viviam.
Parte destes camponeses, conhecidos por anabatistas e comandada por um seguidor de Lutero, chamado Thomas Müntzer, reivindicava a divisão das terras da Igreja entre os mais pobres. Lutero acusou-os de radicais e apoiou violenta repressão da nobreza sobre eles, resultando na morte de mais de 100 000 camponeses.

Reação católica

Os líderes católicos reagiram à doutrina luterana e decidiram expulsar Lutero da Igreja Católica. Fugindo de perseguições, Lutero refugiou-se no castelo de um príncipe, onde traduziu a Bíblia para o alemão.
O imperador alemão, Carlos V, inquieto com a evolução reformista, apoiou o papa, pois julgava o luteranismo um fortalecedor dos nobres. Depois de muitos confrontos entre as tropas imperiais e os luteranos alemães liderados pela nobreza, Carlos V convocou uma dieta (assembleia), realizada em Spira (1529). Nela o imperador tentou fazer valer sua autoridade e determinou a submissão dos luteranos.
As ideias de Lutero ganharam seguidores entre camponeses, trabalhadores urbanos, burgueses e nobres do norte da Europa. Em 1529, nobres alemães luteranos protestaram contra as medidas da Igreja Católica que impediam cada Estado de escolher a própria religião. A partir daí, o nome protestante passou a designar os cristãos não católicos seguidores das novas igrejas que surgiram nesse período.
Somente em 1555 os príncipes alemães ganharam o direito de escolher a religião que desejavam em suas terras, confirmando o triunfo do luteranismo na Alemanha. Essa decisão foi alcançada graças a um acordo assinado entre o imperador católico e os nobres protestantes, o que foi chamado de Paz de Augsburgo.
Em meio à expansão luterana na Alemanha e aos conflitos com o imperador Carlos V, em 1530, Felipe de Melanchton, discípulo de Lutero, redigiu a Confissão de Augsburgo, definindo o credo dos protestantes. A doutrina tinha por base a teologia agostiniana, defendendo a fé, como única fonte de salvação, e o princípio da predestinação. Afirmava que o homem vinha ao mundo predestinado por Deus à salvação ou à perdição, e a fé era a prova divina dos bem-escolhidos. Para os luteranos a Bíblia era a autêntica base da religião e, portanto, o culto devia reduzir-se à leitura e ao comentário das Sagradas Escrituras. Também só deviam ser conservadas as práticas instituídas por Cristo e por ele transmitidas através do Novo Testamento.
Na mesma ordem de ideias, foi negada a existência de sete sacramentos, reconhecendo apenas dois: batismo e eucaristia. Não aceitavam o culto da Virgem e dos santos e negavam a existência do purgatório. Nos cultos religiosos adotaram a língua nacional no lugar do latim e os ministros religiosos deveriam integrar-se o mais possível na comunidade dos fiéis, abolindo o celibato clerical.

A Reforma Calvinista

João Calvino (1509-1564) nasceu em Noyon, na França. Era católico e estudou teologia e direito. Durante a juventude, recebeu a influência dos reformadores protestantes de sua época, como Lutero. Mas, posteriormente, criou seu próprio movimento reformista, chamado de calvinismo. João Calvino publicou, em 1536, uma obra chamada Instituição Cristã, na qual se acham apresentados os pontos centrais do que, mais tarde, viria a constituir-se na doutrina calvinista.
Em razão de sua doutrina, Calvino foi perseguido pelas autoridades católicas francesas e fugiu para a Suíça, onde se tornou líder do governo da cidade de Genebra, de 1541 a 1560. Suas pregações obtiveram rápido sucesso em Genebra, Suíça, onde conquistou a posição de chefe político e religioso. Governando Genebra como senhor absoluto e de forma intransigente. Calvino criou o Consistório, órgão que controlava a política, a economia e os costumes dos seus cidadãos. Em Genebra, o governo calvinista exigiu dos habitantes um comportamento moral rigoroso, incluindo a proibição do jogo, do culto às imagens de santos, das danças, do uso de roupas luxuosas e de joias. Assim, os calvinistas pregavam que os cristãos deveriam trabalhar muito, evitar gastos desnecessários e orar a Deus. 
O culto e as práticas religiosas estabelecidos pelos calvinistas eram simples, resumindo-se apenas no comentário da Bíblia, preces e cantos. Também não se admitiam imagens e só se aceitavam os sacramentos da eucaristia e do batismo. Os pastores (ministros do culto) não eram tidos como intermediários entre Deus e os homens, mas simples fiéis, encarregados da pregação e das preces.
Defendendo a predestinação, Calvino via no sucesso econômico a indicação divina dos escolhidos para a salvação eterna. Explicava que algumas pessoas eram eleitas por Deus para serem salvas e ninguém poderia interferir no plano divino. Para ele, a miséria era a fonte de todos os males e pecados. Reconhecendo e exaltando o lucro e o trabalho, passou a ser considerado o pregador espiritual do ideal burguês. A doutrina calvinista, adequada às expectativas capitalistas, conseguiu rápida assimilação pelo segmento burguês em toda a Europa. 
O calvinismo espalhou-se por regiões da França, Inglaterra e Escócia, dando origem a outras correntes religiosas que ficaram conhecidas, respectivamente, como huguenotes, puritanos e presbiterianos.
Os seguidores de Calvino na Escócia tiveram como principal pregador John Knox e adotaram o nome de presbiterianos, por organizarem sua Igreja a partir de conselhos, chamados presbíteros.
Na Inglaterra os calvinistas foram chamados de puritanos, os predestinados, e na França, huguenotes. Em outros países, como Holanda e Dinamarca, o calvinismo ganhou inúmeros adeptos, confirmando o sucesso da doutrina diante do progresso econômico capitalista.
No livro A ética protestante e o espírito do capitalismo, o sociólogo Max Weber (1864-1920) argumentou que os ideais calvinistas favoreciam os interesses da burguesia e do capitalismo, pois estimulavam o trabalho e o acúmulo de riquezas, além de defenderem o lucro.
Weber é considerado um dos fundadores da Sociologia. Seu trabalho destacou-se por analisar dimensões do capitalismo na modernidade, como a preocupação com a eficiência dos resultados, baseada em cálculos e planejamentos para a redução de riscos.

Henrique VIII e o Anglicanismo

No século XVI também ocorreu uma reforma religiosa na Inglaterra, conduzida pelo próprio rei Henrique VIII (1509-1547). Dessa reforma surgiu a Igreja Anglicana. Desejando apoderar-se das terras da Igreja inglesa, retirando, assim, a base de seu poder temporal, o monarca inglês rompeu com o papa.
Henrique VIII da Inglaterra
Um dos principais motivos da ruptura entre o rei inglês e a Igreja Católica foi a disputa pelo poder. O monarca pretendia limitar a influência da Igreja Católica, que também era proprietária de muitas terras na Inglaterra. 
O pretexto usado para isso foi o fato de o rei precisar casar-se novamente, pois, do casamento com Catarina de Aragão, não tivera filhos para sucedê-lo no trono. Isso não podia ser autorizado pela Igreja, que defendia a indissolubilidade do sacramento do matrimônio. Diante da recusa do papa, Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica e casou-se novamente com a aprovação do Parlamento inglês. Henrique VIII proclamou-se, por meio do Ato de Supremacia, em 1534, chefe da Igreja inglesa suprimindo os mosteiros católicos e confiscando os bens eclesiásticos, que foram incorporados ao Estado.
O papa Paulo III (1468-1549) reagiu, excomungando o rei inglês. Porém, não conseguiu impedir a criação da Igreja Anglicana. Desse modo, o anglicanismo tornou-se a religião oficial do Estado. Houve perseguições aos fiéis e às autoridades católicas. Porém, muitos católicos continuaram a viver no reino, embora não pudessem praticar livremente sua religião. Muito parecida com a Igreja católica em sua estrutura eclesiástica e no cerimonial, a Igreja inglesa, chamada anglicana, só se consolidaria durante o reinado de Elizabeth. Em 1563 organizou-se a lei dos 39 artigos, a verdadeira carta do anglicanismo, incorporando muitos princípios da doutrina calvinista.

A Contrarreforma ou a Reforma Católica

A expansão do protestantismo abalou seriamente a tradicional hegemonia religiosa de Roma sobre o continente europeu. Para conter a difusão das ideias protestantes surgiu um movimento denominado Contra reforma, que ao mesmo tempo buscava fortalecer a Igreja papal e moralizá-la, adotando medidas que compuseram a reforma católica. Assim, verifica-se que também o catolicismo foi obrigado a adequar-se aos novos valores, decorrentes do desenvolvimento do capitalismo comercial.
A reação da Igreja Católica ao protestantismo incluiu medidas como:
• repressão aos protestantes: na França, por exemplo, ocorreu o episódio conhecido como a Noite de São Bartolomeu (1572), quando milhares de huguenotes foram massacrados pelos católicos;
• criação da Ordem dos Jesuítas: o militar e religioso espanhol Inácio de Loyola fundou a Companhia de Jesus (1534), também chamada de Ordem dos Jesuítas. Os jesuítas consideravam-se “soldados da Igreja” com a missão principal de combater o protestantismo e expandir o catolicismo na Europa e em outras partes do mundo. Os jesuítas seguiam disciplina militar, constituindo um grupo bem formado e disciplinado, cuja missão principal era combater infiéis e protestantes. A importância que esses religiosos atribuíram à educação fez com que monopolizassem as instituições de ensino de diversas regiões, visando primordialmente difundir a ideologia católica romana. Para cumprir sua missão, os jesuítas criaram escolas religiosas e catequizaram povos dos continentes americano, asiático e africano;
 • convocação do Concílio de Trento (1545-1563): convocado pelo Papa Paulo III, no qual se discutiram os problemas do cristianismo e se definiu a atuação da Igreja diante da expansão protestante, também fez parte do movimento contra reformista e a Reforma católica. Depois de anos de trabalho, os membros do concílio reafirmaram pontos básicos da doutrina católica, como os sete sacramentos, a autoridade do papa e as fontes da fé cristã católica, sendo a Bíblia a principal fonte da doutrina religiosa e sua interpretação correta atribuída ao clero católico. A partir do Concílio de Trento reafirmaram-se os dogmas e preceitos tomistas do catolicismo, como o livre arbítrio – a salvação decorre da conjugação da fé do indivíduo e das obras que realiza –, e a infabilidade do papa. Em contraposição, proibiu-se a venda de indulgências e, visando a melhor formação dos clérigos, determinou-se a criação de seminários e a proibição da venda de cargos eclesiásticos. Em Trento, também ficou estabelecido o fortalecimento do Santo Ofício da Inquisição, no sentido de vigiar e normatizar a fé e a vida dos fiéis. 
Ilustração de cenas da inquisição
• volta da Inquisição: a perseguição inquisitorial a todos os que, de acordo com seus critérios, pusessem em risco a fé em Cristo assumiu muitas vezes um caráter de tortura e morte de milhares de pessoas.  Além disso, a Igreja Católica elaborou, em 1559, o Index librorum prohibitorum, uma lista de livros proibidos aos católicos. Dessa lista constavam, por exemplo, obras de Galileu Galilei, Giordano Bruno, Isac Newton, Nicolau Copérnico e todas as obras de autores protestantes.
Finalmente, com a elaboração do Índex (relação de livros proibidos aos católicos), a Igreja católica buscava impedir a difusão das ideias protestantes e das vozes discordantes do seu ideário religioso. O lado censor do index ao longo do tempo revelou-se um sério entrave ao progresso cultural e científico da Idade Moderna.

Difusão das reformas religiosas

O protestantismo se difundiu rapidamente pelo continente europeu, conquistando vários seguidores. Em aproximadamente 50 anos, cerca de 40% dos europeus ocidentais se tornaram protestantes. 
No atual Brasil, o protestantismo ganhou novos ramos com as Igrejas evangélicas, que se baseiam nos poderes do Espírito Santo para fazer milagres, como curar doenças, promover a prosperidade e expulsar o mal da vida dos fiéis. Segundo levantamento estatístico realizado em 2020 pelo Instituto Datafolha, cerca de 31% dos brasileiros se declaram evangélicos, enquanto por volta de 50% da população se declara católica.

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