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Fim da Idade Média

 O comércio e as cidades transformam a Europa

Tradicionalmente, a queda do Império Romano do Ocidente marca o fim da Antiguidade e o início da Idade Média.
O período medieval europeu costuma ser dividido em duas grandes etapas:
Alta Idade Média (século V a X) – fase da completa decomposição da sociedade romana antiga e da formação do sistema feudal.
Baixa Idade Média (século XI a XV) – fase da decadência do sistema feudal e da formação do sistema capitalista.
A Idade Média, na Europa, foi caracterizada pelo aparecimento, apogeu e decadência de um sistema econômico, político e social denominado feudalismo. Este sistema começou a se estruturar na Europa ao final do Império Romano do Ocidente (século V), atingiu seu apogeu no século X e praticamente desapareceu ao final do século XV.

A ALTA IDADE MÉDIA

No feudalismo vimos que os aspectos sociais e econômicos se uniram com os culturais e ideológicos. Mas o modo de produção feudal não surgiu do nada. Foi um processo contínuo de ascensão até a decadência. Pode-se dizer que cada região teve sua influência nas características feudais.
O processo de formação do mundo feudal teve um aceleramento a partir do século V, com a queda do Império Romano do Ocidente, iniciando a Alta Idade Média.
As transformações que ocorreram na Europa, que foi dominada pelos bárbaros germânicos, nesse período, resultou em reinos quase sempre frágeis e efêmeros.

Características da alta idade média (séc. V ao X)

-Formação do feudalismo
-Decadência do comércio
-Ruralização econômica
-Fortalecimento do poder local por meio dos senhores feudais
-Ascensão da igreja e do teocentrismo
-Invasão bárbara na Europa

Baixa Idade Média

"A Baixa Idade Média corresponde ao período entre os séculos XII e meados do século XV. Nesse momento histórico ocorreram inúmeras transformações no feudalismo, como o renascimento do mundo urbano e o reaquecimento das atividades comerciais; o fim do trabalho servil; o surgimento da burguesia; a centralização política nas mãos dos monarcas; e as crises da Igreja Católica. Toda a trama histórica levou o sistema feudal ao seu limite, produzindo uma grave crise que desembocou na transição para o capitalismo.

As transformações internas do feudalismo

A partir do século XI até o século XV, a Europa passou por profundas transformações econômicas, políticas e sociais, que levaram à desagregação do feudalismo.
O sistema feudal começou a desmoronar a partir do século XI, dando origem ao capitalismo ou sistema capitalista de produção. A desagregação do feudalismo e as origens do capitalismo decorreram de um conjunto de fatores, tais como:

· crescimento populacional europeu;
· desenvolvimento das técnicas agrícolas de produção;
· renascimento comercial.

Isso ocorreu de forma lenta e contínua, pois nenhum sistema é substituído por outro repentinamente. O crescimento do mercado consumidor exigiu o aumento da produtividade da terra e, para isso, foi necessário aumentar as áreas de produção e desenvolver as técnicas agrícolas. Com o tempo, a comercialização do excedente produzido nos feudos provocou profundas mudanças nas relações entre servos e senhores feudais. Muitos senhores, interessados nos lucros provenientes da comercialização do excedente produzido no feudo, aumentaram a exploração dos servos, provocando a fuga em massa desses para as cidades, em busca de liberdade e de melhoria de vida.
A passagem do século X ao XI foi um momento de mudanças na Europa feudal. Com o fim das invasões bárbaras (vikings e magiares), o mundo medieval conheceu um período de paz, segurança e desenvolvimento.
O primeiro dado importante refletindo esse novo momento foi o aumento da população. O crescimento demográfico foi ocasionado pelo fim das guerras contra os bárbaros e pelo recuo das epidemias, gerando uma queda da mortalidade. Além disso, ocorreu uma suavização do clima, proporcionando mais terras férteis e colheitas abundantes.
Esse crescimento implicou maior demanda de alimentos, estimulando o aperfeiçoamento das técnicas agrícolas para aumentar a produção. Assim, o arado de madeira foi substituído pela charrua (arado de ferro), facilitando o trabalho de aragem; a atrelagem dos animais foi aperfeiçoada, permitindo o uso do cavalo na tração; os animais passaram a ser ferrados; os moinhos foram melhorados; e o sistema trienal se estendeu por toda a Europa, proporcionando melhor qualidade e maior quantidade de produtos agrícolas.
No entanto, todo esse inegável desenvolvimento técnico foi limitado, não atendendo ao crescimento da população e, portanto, do consumo. Inicialmente novas terras foram ocupadas e desbravadas. Além disso, ocorreu um fenômeno histórico novo para a Idade Média, o êxodo rural, ou seja, parcelas consideráveis das populações rurais dirigiram-se para as cidades.

Um novo cenário

Durante o predomínio do sistema feudal, a economia era basicamente agropastoril, o poder estava descentralizado e a sociedade dividia-se entre nobreza, clero e trabalhadores. No entanto, todo esse cenário foi sendo modificado aos poucos.

Trabalho e práticas agrícolas

A partir do século XI, em diversas regiões da Europa, os servos conseguiram melhorar suas relações de trabalho. Às vezes, conseguiam aliviar o peso de obrigações como a talha e a corveia. Ocasionalmente, conseguiam contratos de arrendamento por meio dos quais os senhores cediam lotes de terra por preços e prazos determinados.
Nessa época, houve ampliação das áreas de plantação e foram introduzidos novos instrumentos e técnicas agrícolas. Entre eles, podemos destacar:
• rotação de culturas – divisão da terra em três áreas; enquanto duas áreas eram cultivadas, a outra parte descansava. Essa prática permitia que o solo se recuperasse mais rapidamente;
• charrua – tipo de arado grande puxado por bois ou cavalos, que permitia arranhar e revirar solos mais duros, trazendo para cima os nutrientes acumulados nas camadas mais profundas da terra;
• ferradura – peça de ferro colocada nos cascos dos cavalos que evitava que se machucassem ao andar;
• moinho – equipamento utilizado para moer cereais, esmagar olivas, quebrar minérios etc. Durante a Idade Média, os moinhos movidos pela força da água ou do vento foram aperfeiçoados e difundidos. Em geral, eram mais eficientes do que os moinhos movidos pela força animal.

O ressurgimento do comércio e das cidades

Um dos fatores responsáveis pelo ressurgimento do comércio na Europa foram as Cruzadas, pois elas contribuíram para o restabelecimento das relações entre o Ocidente e o Oriente e para abertura do mar mediterrâneo aos mercadores da Europa ocidental.
Além disso, com as Cruzadas os europeus passaram a usar novos produtos trazidos do Oriente, como gengibre, pimenta, canela, cravo-da-índia, óleo de arroz, açúcar, figos, tâmaras e amêndoas. Tapetes vieram substituir a palha e o junco, usados para forrar o chão dos castelos. As sedas e os brocados modificaram as vestimentas, e espelhos de vidro substituíram os discos de metal polido usados até então.
Muitos desses produtos eram caros e difíceis de ser comprados. Por isso, alguns deles tornaram-se conhecidos como especiarias – é o caso, por exemplo, da pimenta e do gengibre.
O modo de vida dos mercadores não estavam fundamentado na agricultura ou na posse da terra, mas no comércio e no dinheiro. De maneira geral, eles utilizavam como rota comercial as antigas estradas romanas. Transportavam seus bens em caravanas de animais de carga e, muitas vezes, viajavam protegidos contra assaltos.
No ponto de confluência das principais rotas comerciais, realizavam-se grandes feiras. Nelas, podiam-se vender e comprar mercadorias vindas de diversas partes do mundo.

As rotas comerciais

Com o desenvolvimento das relações mercantis, o comércio do sul da Europa passou a ser monopolizado pelas cidades italianas, principalmente Gênova e Veneza, as mais importantes distribuidoras das especiarias orientais. Para maior intercâmbio entre os principais centros de comércio, foram criadas rotas comerciais, como as seguintes:

Rota do Mediterrâneo – Ligava as cidades italianas a Constantinopla e a outros pontos do litoral oriental do Mediterrâneo.
Rota de Champagne – Ligava a Itália a Flandres, passando por Champagne, na França.
Rota do Mediterrâneo – Atlântico Norte – Ligava o Mediterrâneo a centros comerciais do Atlântico Norte, como Inglaterra, França e outros.

Os burgos

À medida que o comércio se expandia, formaram-se vilas e cidades. Por razões de segurança, os mercadores procuravam-se concentrar em lugares próximos a uma zona fortificada, cercada de muralhas, denominada burgo. Muitas vezes, nesses lugares fortificados, localizavam-se a catedral, a moradia do bispo e, por vezes, o castelo do senhor das terras.
Nos burgos, além dos mercadores encontravam-se as oficinas dos artesãos, como sapateiros, ourives, ferreiros, oleiros e carpinteiros. Esses moradores eram chamados de burgueses e, aos poucos, foram se constituindo em um novo grupo social no interior do mundo medieval europeu: a burguesia.
Como inicialmente as cidades eram patrocinadas pelos senhores feudais, os burgueses se submetiam à sua autoridade. Todavia, com o crescimento do comércio e o fortalecimento da burguesia, as cidades iniciaram movimentos de independência (movimentos comunais).
Essas lutas ocorreram basicamente de duas maneiras:
· as cidades alcançavam sua liberdade de forma pacífica, pela compra de cartas de franquia, que lhes asseguravam autonomia política e administrativa;
· ou então através da luta violenta, muitas vezes com o apoio de alguns monarcas que procuravam se fortalecer diante dos senhores feudais.
Obtida a liberdade, as cidades passavam a ser governadas pelos setores mais enriquecidos do comércio e da manufatura, que organizavam seus setores e propiciavam o desenvolvimento econômico dos centros urbanos. Cada setor artesanal organizava-se de acordo com sua especialização (ferreiro, alfaiate, marceneiro, etc.), constituindo corporações de oficio (também conhecidas como guildas ou grêmios). Sua função era evitar a concorrência e, por isso, fixavam os preços dos produtos e os salários, controlavam a qualidade e a quantidade das mercadorias.

Corporações e guildas

A expansão do comércio e das cidades provocaram vários conflitos sociais. As áreas que as cidades ocupavam pertenciam aos senhores feudais, bispos, nobres e reis. Esses senhores pretendiam submeter os moradores dos burgos, cobrando deles impostos, taxas e serviços. Essa prática era comum em relação aos servos, mas os burgueses não estavam dispostos a aceitá-la. Eles julgavam que isso constituía um obstáculo para o desenvolvimento de suas atividades.
Em suas andanças, os mercadores haviam aprendido a importância da união. Eles viajavam em grupos por estradas, mares e regiões desconhecidas, para se proteger contra assaltantes e piratas ou mesmo para obter melhores negócios.
Assim, com o tempo, foram surgindo associações de artesãos e de comerciantes, cujo objetivo principal era defender os interesses econômicos de seus membros. As associações de artesãos eram chamadas corporações de ofício, e as de comerciantes, guildas ou ligas. Unidos eles pretendiam evitar a concorrência, fixar preços e regulamentar o trabalho, além de enfrentar os limites impostos pelos senhores e nobres feudais.
Em cada corporação havia uma rígida hierarquia, organizada do seguinte modo:
• mestre (dono da oficina);
• jornaleiro (assalariado);
• e o aprendiz, que trabalhava em troca de aprendizado do ofício, casa e alimentação.
No final da Idade Média essa divisão se acentuou com a monopolização da riqueza pelos mestres, que começaram a explorar a mão-de-obra assalariada. Portanto, lentamente o trabalhador servil foi desaparecendo das cidades.
Os comerciantes também organizavam suas corporações, conhecidas como hansas. As hansas eram sociedades mercantis poderosas, organizadas com o objetivo de ampliar o sistema de comércio e proteger os interesses dos seus associados.
A Liga Hanseática, reunião de várias hansas, destacou-se a partir de meados do século XIII (reunia inúmeras hansas de cidades da região de Flandres).
Mais ao norte, a Hansa Teutônica foi muito influente nas atividades comerciais, agrupando várias hansas na região da Alemanha.

As transformações na Europa

Com o fortalecimento das cidades e do comércio surgiu na Europa um novo ideal de vida. Até então, em geral, as pessoas só podiam almejar realizações pessoais, como reconhecimento por ser um guerreiro valente. Para o burguês, no entanto, o mais importante era acumular fortuna. Por isso, ele trabalhava intensamente, procurando aumentar cada vez mais os negócios e os lucros.
O aumento da prática comercial fez ressurgir a importância do dinheiro. O comércio, fundamentado antes na simples troca de produtos, passou a se basear na troca de produtos por moeda. O próprio mercador, precisando de dinheiro para viajar e comprar mercadorias, começou a pedi-lo emprestado, propiciando o desenvolvimento das casas bancárias.
Em conseqüência do, algumas regiões passaram a se especializar na produção e comercialização de determinados produtos. Borgonha e o vale do Reno, na atual França, por exemplo, especializaram-se em vinho; Provença, em sal, e assim por diante. Houve também o aumento do número de pessoas que trabalhavam por salário.
Todas essas mudanças alteraram a organização política e social da Europa.

Crises medievais

A partir do século XIV, houve uma queda na produção agrícola, grandes epidemias, revoltas populares e longas guerras. Isso gerou uma crise na sociedade medieval.
Nesse período, as melhores terras já tinham sido ocupadas para a produção de alimentos e ficou difícil continuar a expansão agrícola. Muitos nobres, por exemplo, impediram que mais florestas fossem derrubadas para o cultivo, pois queriam preservar essas áreas para a caça e a extração de madeira, mel e frutas.
Além disso, os problemas na agricultura se agravaram em função de guerras, fatores climáticos (secas, geadas, inundações) e técnicas inadequadas de cultivo. Assim, iniciou-se um período de escassez de alimentos, que levou milhares de pessoas à fome. Enfraquecidos pela fome ou pela subnutrição, muitos europeus ficaram vulneráveis a doenças. Algumas delas tornaram-se verdadeiras epidemias, como foi o caso da peste negra, nome dado a uma doença contagiosa e mortal que vitimou milhões de pessoas no século XIV.

Revoltas camponesas, guerras e a peste negra

Nos séculos XIV e XV, ocorreram diversas revoltas de camponeses e guerras entre nobres, com destaque para a Guerra dos Cem Anos. Esses conflitos contribuíram ainda mais para agravar a crise medieval.
Com o comércio, a nobreza feudal passou a utilizar novos produtos, sobretudo os de origem oriental. Para garantir os recursos necessários ao sustento desses novos hábitos, a exploração sobre os servos aumentou. Em resposta surgiram revoltas e fugas de camponeses para as cidades.
Diante do sofrimento causado pela fome e pelas mortes decorrentes da peste negra, os camponeses se revoltaram. Em 1358, milhares de camponeses franceses mataram nobres e destruíram castelos. Posteriormente, em 1381, camponeses ingleses exigiram do rei o fim da servidão e a diminuição de impostos. As duas revoltas camponesas foram severamente reprimidas pelos nobres, que, dispondo de armamentos e treinamento militar, massacraram os rebeldes.
Além disso, o aumento da população gerou uma expansão das zonas agrícolas, com a ocupação de áreas florestais e de pastagens. A ocupação das pastagens, por sua vez, provocou a falta de adubo animal. Como resultado as colheitas tornaram-se insuficientes, causando fome e subnutrição e tornando os europeus mais vulneráveis às doenças. 
Nos séculos XIV, a peste negra dizimou mais de um terço da população europeia. A peste foi provocada por bactéria originária do Oriente.
Essa doença era provocada por um microrganismo encontrado com frequência em ratos e podia ser transmitida por pulgas que picavam esses animais e depois picavam os seres humanos ou pela tosse de pessoas contaminadas. Naquela época, não havia remédios para a peste negra.
Em termos práticos, a melhor solução para evitar a doença era ficar isolado dos focos da epidemia. Muitos acreditavam que a doença era um castigo de Deus e organizavam orações e procissões suplicando a misericórdia divina. Estudiosos calculam que cerca de um terço da população europeia tenha morrido em razão dessa doença.

A vida nas cidades

O crescimento das cidades era limitado pelas muralhas dos burgos. Ninguém desejava morar fora delas, temendo por sua segurança. Como não era possível destruir os muros, e a população aumentava, as casas cresciam para cima, chegando a ter até três andares. A maior parte das casas era de madeira, o que favorecia os incêndios, que às vezes destruíam completamente uma cidade.
Não existiam calçadas nem esgotos, o que facilitava a proliferação de doenças. A noite quase não havia iluminação. De dia, as vilas também permaneciam bastante sombrias. As pessoas circulavam pela cidade no meio dos animais, que comiam os restos de alimentos jogados pelas janelas.
Artesãos e comerciantes agrupavam-se por ruas conforme suas atividades. Símbolos divertidos, como um gato que pesca, por exemplo, indicavam as lojas àqueles que não sabia ler.

O surgimento das Universidades

A partir do século XII, com a expansão das atividades comerciais e o crescimento das cidades, os comerciantes sentiram necessidade de saber ler, escrever e contar, para atender a essa necessidade, começaram a se organizar escolas.
As universidades, a partir do século XII, se multiplicaram pela Europa. Veja a data e o lugar das principais universidades que surgiram então: Bolonha (1158), Paris (1200), Cambridge (1209), Pádua (1222). Nápoles (1224), Toulouse (1229).
Nas universidades, os professores e alunos dedicavam-se a diversas áreas do conhecimento, como artes, gramática, matemática, retórica, direito, medicina, teologia. O ensino era dado em latim.

Mulheres na Idade Média

Assim como na Grécia e na Roma antigas, predominava na Idade Média o ideal de que as mulheres deveriam desempenhar os papéis de esposa e de mãe.
Porém, no dia a dia, havia mulheres que não ficavam limitadas à vida doméstica. Elas participavam de várias atividades nas ruas e praças, nos mercados, nas feiras e oficinas artesanais. Além disso, a condição das mulheres dependia de sua posição social: a opressão atingia de forma diferente as nobres e as camponesas livres e servas.
De modo geral, durante a Idade Média, as mulheres eram menos valorizadas do que os homens, sendo consideradas frágeis, emotivas e instáveis. Esses julgamentos foram usados como justificativa para a dominação masculina. Eram os homens que controlavam importantes instrumentos de poder como a Igreja, a guerra e os feudos.
Em uma sociedade profundamente influenciada pela Igreja, alguns pensadores cristãos defendiam que Eva havia cometido o pecado original, trazendo a maldade e a imperfeição ao mundo. Entretanto, a partir do século XI, desenvolveu-se o culto à Maria, “mãe de Cristo”, considerada santa e redentora. Essas duas figuras contrastantes marcaram o imaginário ocidental acerca da mulher.
Apesar das dificuldades enfrentadas, houve mulheres que administraram feudos, oficinas artesanais, comércios e que se dedicaram a atividades intelectuais, atuando como bibliotecárias, professoras e copistas, sobretudo em mosteiros femininos.
Também houve figuras femininas que se destacaram na vida social:
• Catarina de Siena (1347-1380): foi membro da ordem dominicana e desempenhou papel importante em sua época. Ela queria reformar a Igreja, promover a paz na Península Itálica e fortificar a Europa, ainda que fosse por meio das Cruzadas;
• Cristina de Pisano (c. 1364-1430): escreveu obras literárias e filosóficas, nas quais defendia os direitos das mulheres. No Livro da Cidade de Senhoras, por exemplo, a autora criou uma cidade fictícia habitada por mulheres famosas da história;
• Joana d’Arc (c. 1412-1431): liderou uma tropa francesa na Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra. Sua tropa venceu a batalha de Orleans, feito decisivo para o fim da guerra. Por razões políticas e religiosas, foi acusada de praticar bruxaria e condenada à morte na fogueira em 1431, aos dezenove anos de idade. No século XX, foi canonizada pela Igreja Católica e tornou-se padroeira da França.

A Guerra dos Cem Anos

O longo período de luta entre a França e a Inglaterra, que foi de 1337 a 1453, é conhecido como a Guerra dos Cem Anos. Foi um conflito que, na verdade, durou cerca de 116 anos com inúmeras interrupções. Esse conflito envolveu disputas pelo trono francês e por territórios na rica região de Flandres. Ao longo do conflito, houve vitórias importantes de ambos os lados. Porém, no final, o exército francês expulsou os ingleses de quase todos os territórios da França.
Fatores principais – Os principais fatores que desencadearam essa guerra eram:
· A disputa pela posse de Flandres (atuais Bélgica e Países Baixos), rica região produtora de tecidos.
· As pretensões de Eduardo III, rei da Inglaterra, ao trono francês.
Até 1380, os ingleses conseguiram uma série de vitórias, conquistando uma parte do território francês. Mas o rumo da guerra mudou com o aparecimento da jovem Joana D’Arc, cuja coragem despertou o exército francês. O exército francês reanimou-se, libertou Orleans e conquistou muitas vitórias até que, em 1453, os ingleses foram definitivamente expulsos da França.

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