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CULTURA E PENSAMENTO CIENTÍFICO NO SECULO XIX

 Transformações na ciência

A ciência e a técnica evoluíram consideravelmente durante o século XIX. Esse avanço levou o ser humano a ter maior crença e otimismo em relação aos progressos científicos.
Na virada do século, o progresso da ciência já era assombroso e parecia não ter fim. O homem passou a acreditar que a ciência resolveria todos os seus problemas. Darwin já havia revolucionado a biologia com sua teoria da evolução das espécies. Na medicina, a maioria das bactérias tinha sido identificada e vacinas para várias doenças eram elaboradas. No campo da física foram descobertos o raio X e a estrutura do átomo. Porém, a descoberta mais inovadora foi a teoria da relatividade de Einstein, que abriu novos horizontes para a ciência. Os avanços científicos foram decisivos para o desenvolvimento da indústria, assim como para o aumento da população e seu maior bem-estar.
Em 1831, na Inglaterra, foi criada a Associação Britânica para o processo da Ciência, exemplo seguido pelos Estados Unidos em 1848. Nesses dois países e por toda a Europa, aumentou o consumo de jornais e revistas científicas pelo grande público. Em 1840, era registrada então a palavra cientista. Dezenove anos depois, em novembro de 1859, todos os exemplares da primeira edição do livro Origem das espécies (onde segundo Darwin, as espécie vivas não foram criadas, mas sim evoluídas com o passar das eras) do cientista evolucionista Charles Darwin, foram vendidos num só dia.

O Positivismo

No decorrer do século XIX, as descobertas científicas e as invenções técnicas se multiplicavam. O progresso científico era valorizado sobretudo pela burguesia, que desfrutava mais diretamente dessas novidades.
Nesse contexto, o francês Augusto Comte formulou princípios que fundamentaram o chamado positivismo, corrente de pensamento que serviu de base à ciência da época.
Segundo Comte, somente a ciência leva ao verdadeiro conhecimento. A ciência deve ser objetiva, baseada no experimento e na observação, e não em crenças e ideais. A filosofia positivista orientou o desenvolvimento das ciências humanas, médicas, naturais e o incremento das invenções tecnológicas no século XIX. Paralelamente, justificou a desigualdade social e reforçou o poder da burguesia, visto que o conhecimento científico era compreendido pelos positivistas como um saber superior e acessível a poucas pessoas.
Nas artes, o Positivismo influenciou movimentos como o Realismo. Contrapondo-se aos românticos, os realistas se recusavam a mostrar uma face idealizada e sonhadora da sociedade. Seu principal objetivo consistia em ressaltar aspectos da natureza humana como falsidade, a traição, o egoísmo e a impotência de pessoas comuns ante as poderosas.

O avanço nas Ciências

O século XIX foi marcado pela confiança no conhecimento racional, nos experimentos científicos e nas transformações que produziriam um futuro melhor.
Várias áreas do campo das ciências naturais se desenvolveram, e surgiu a Sociologia ̶ “a ciência que estuda a sociedade” segundo um de seus precursores, o francês Émile Durkheim (1858-1917).

A medicina

A medicina avançava por meio de processos experimentais que resultaram na descoberta de diagnósticos, de vacinas para prevenir doenças como varíola e a raiva, além de procedimentos que eliminavam microrganismos presentes em alimentos e que eram danosos a saúde humana.
O monge austríaco Gregor Mendel (1822-1884) foi o pioneiro no estudo da genética. Durante anos ele realizou cruzamentos entre mudas de ervilha, experimento que lhe permitiu estabelecer leis sobre a hereditariedade.
Sigmund Freud (1856-1939), médico austríaco, é considerado o pai da psicanálise. Ele observou pacientes com doenças psíquicas durante anos e percebeu que, em muitos casos, esses problemas eram provocados por mecanismos inconscientes.

O Evolucionismo

Uma das principias formulações científicas do século XIX foi elaborada pelo naturalista inglês Charles Darwin (1809-1822). Ele contestou a explicação bíblica da criação do mundo e elaborou a teoria da evolução das espécies.
Durante uma viagem pela costa sul-americana, Darwin observou a existência a existência de uma diversidade de espécies de aves e outros animais no arquipélago de Galápagos, no Equador.
A partir daí ele pôde constatar que muitas daquelas espécies haviam se adaptado ao ambiente, enquanto outras ̶ em menor número ̶ não se adaptaram tanto. Com o passar do tempo, as espécies adaptadas iam tomando o especo das demais.
Ao estudar algumas espécies animais originárias de Galápos, Darwin percebeu que havia um fator decisivo para a sobrevivência dos seres vivos em determinados ambientes: a sua capacidade de adaptação às condições da natureza. Os mais aptos tinham mais chances de sobreviver e transmitiam essas características genéticas aos descendentes. O resultado de algumas dessas transformações, contudo, só aparecia depois de muitas gerações. Darwin chamou esse processo evolutivo de seleção natural.
Teóricos racistas, no entanto, encontraram nas descobertas de Darwin um pretexto para justificar a superioridade de certos povos sobre outros. Equivocadamente, as teorias darwinistas migraram do campo da biologia para o da sociologia.

A tecnologia

No campo tecnológico, as transformações estavam relacionadas, em sua maioria, ao desenvolvimento industrial. As estradas de ferro eram necessárias para interligar as áreas de produção e de consumo, e a invenção de motores serviu para movimentar as máquinas industriais e para acelerar a fabricação de produtos.
Outras invenções revolucionaram as comunicações e o entretenimento: o telefone, a fotografia e o cinema. A invenção da máquina fotográfica permitiu a popularização do retrato. Até então, somente a elite podia encomendar retratos, dado a alto custo das telas elaboradas pelos pintores.
Um número grande de pessoas passou a ter acesso a informação sobre pessoas e lugares depois que a fotografia tornou possível o registro e a propagação dessas imagens.
Novas máquinas de imprensa foram criadas, o que fez aumentar a produção de jornais e outros periódicos, e também o interesse das pessoas por notícias.

A invenção do cinema

Durante o século XIX foram desenvolvidas técnicas de captação de imagem em movimento que possibilitaram a criação do cinematográfico, aparelho que registrava e reproduzia imagens. Essa invenção foi patenteada pelos irmãos franceses Auguste e Louis Lumière em 1895.
Auguste e Louis Lumière realizaram em 1895 a primeira projeção pública, num café de Paris. Nos Estados Unidos, houve tentativas frustradas de projetar imagens, mas foram esses dois irmãos franceses que conseguiram aperfeiçoar o sistema e obter a patente. São considerados os pais do cinematógrafo.
O mundo ficou maravilhado diante da invenção do cinematógrafo, um novo meio de comunicação social que originou uma poderosa indústria. O avanço tecnológico e o aumento da população nas grandes cidades facilitaram o sucesso desse meio de expressão, chamado 'sétima arte'.
Com a divulgação da técnica e seu aperfeiçoamento, os Estados Unidos se tornaram grandes produtores de filmes. Entre 1909 e 1911, foi construído na Califórnia, Estados Unidos, um espaço destinado a instalação de estúdios para a produção de filmes. A Hollywood que acabou por se tornar uma grande indústria cinematográfica.
Apesar do desenvolvimento tecnológico, os primeiros filmes eram mudos. Em 1926, os irmãos Warner apostaram na técnica de sincronizar imagens e som, convertendo o cinema em um espetáculo visual e sonoro.
No século XIX houve um grande florescimento da ciência. Todas as áreas do conhecimento registraram avanços e a ciência passou para o domínio publico, tornou-se mais popular.

A invenção do avião

A invenção do avião trouxe inegáveis benefícios, especialmente para a indústria e para a área militar. A autoria do feito, no entanto, ainda é polêmica. Em 1903, os irmãos Wilbur e Orville Wright, americanos, afirmaram ter realizado um voo (em 17 de dezembro de 1903) sem testemunhas. Distribuíram uma foto do feito e no ano seguinte, tentaram uma demonstração para a imprensa. Em 9 de setembro, Wilbur voou, mas a aeronave norte-americana decolava com auxílio de uma catapulta e de um terreno em declive para ser lançada. Somente em 1910, os dois irmãos conseguiram desenvolver uma aeronave com propulsão. Quatro anos antes, em 23 de outubro de 1906, o brasileiro Alberto Santos Dumont levantara voo diante de uma comissão do Aeroclube da França em uma aeronave com propulsão interna. Para os Estados Unidos e alguns outros países, os irmãos Wright são os precursores da aviação. Para brasileiros e franceses, a invenção do avião é creditada a Santos Dumont.

A arte entre dois séculos

A arte é um reflexo da sociedade em que vivemos. Assim, no final do século XIX, os artistas aplicaram vários avanços científicos em suas obras, como a percepção da luz (impressionismo), criticaram as desigualdades sociais trazidas pela industrialização (realismo e naturalismo) ou elogiaram ideais políticos (romantismo). O artista tornou-se boêmio e, nos primeiros anos do século XX, a arte viveu uma revolução total. A pintura passou a ser baseada na expressão da cor (fauvismo), dissecou a realidade com formas geométricas (cubismo), refletiu a dor (expressionismo) ou explorou o mundo dos sonhos (surrealismo). Naquela ocasião, nascia uma nova arte: o cinema.

A literatura

No início do século XIX, o romantismo surgiu em oposição aos valores da sociedade burguesa. Esse sentimento era geral entre a aristocracia e os grupos conservadores, que sentiam saudades da época da dominação da nobreza.
Os românticos tinham ideias opostas ao Classicismo acadêmico e ao intelectualismo do século XVIII. Para eles o importante era os sentimentos e emoções no lugar da razão fria e eles destacavam o papel individual.
Alguns dos adeptos do romantismo por criticarem as condições de trabalho dos operários e a miséria em que viviam as classes populares sob o regime capitalista, passaram a adotar uma posição política revolucionária. Mas também divisão entre eles pois alguns apoiavam a monarquia e sonhavam com o feudalismo medieval, já outros queriam a revolução e sonhavam com a comunidade medieval como solução humana para os males do capitalismo.
Dentre os românticos franceses o de mais destaque foi Victor Hugo, sua obra mais conhecida é os miseráveis;
Na Inglaterra os destaque ficaram para as poesias de Lord Byron (Manfred) e os romances de Walter Scott.
O romantismo começou a ter um declínio a parti de 1850. Na poesia, começaram a afirmar-se a doutrina da arte pela arte e o Parnasianismo, hostil a exaltação dos sentimentos íntimos.
No romance, afirmava-se a corrente realista. Ao contrário do Romantismo, os realistas não procuravam tanto a expressão das emoções. O objetivo deles era mais em retratar a realidade de um modo direto e impessoal, isto é, sem se deixar envolver emocionalmente por ela. Embora isto não tenha impedido de vários dentre eles, adotarem posições críticas em relação à sociedade em que viviam. Entre os realistas, figuram os nomes de Leon Tolstoi (Guerra e paz).
Depois de 1875, alguns artistas e escritores aprofundaram as preocupações sociais do Realismo. Com este aprofundamento surgiu o Naturalismo, que acentuava a relação entre a pessoa e o ambiente social além de estimular a reflexão sobre as condições sociais de sua época.

A arquitetura

No período romântico, a arquitetura ficou limitada a reproduzir estilos do passado, tendo ainda o forte predomínio do gótico medieval, invocado em oposição ao Neoclassicismo dos tempos napoleônicos.
Em 1848, a invenção do concreto armado por Joseph Monnier serviu de base para novas mudanças na arte da construção. Empregado inicialmente na França, foi na América que o novo material encontrou aplicação especial. Os altos preços dos terrenos e a concentração urbana impuseram ali a construção de edifícios elevados, os arranha-céus. O primeiro deles foi construído em Chicago, entre 1884 e 1887.

A pintura

Em contraste com o Neoclassicismo, os pintores românticos davam a cor maiores importância que ao desenho. A orientação deles era mais o sentimento que a razão. Procuravam expor em suas obras figuras co maior dinamismo e cores expressivas.
Na Inglaterra, surgiu o pré-rafaelismo, tendência que propunha o retorno da pintura aos renascentistas anteriores a Rafael. Seus temas medievais e suas figuras idealizadas o aproximavam do Romantismo.
Na segunda metade do século, surgiu o Realismo, que dava maior atenção ao equilíbrio entre a cor e o desenho entre a emoção e a inteligência.

A pintura moderna

Em 1874, muitas obras de pintores não foram aceitas pelo júri do Salão Oficial de Paris, estes por sua vez foram atrás de quem os aceitassem e por isso expuseram suas telas na casa do fotógrafo Félix Nadar. Umas das telas expostas era Impressão, Sol Nascente, de Claude Monet. Ao olhar aquele quadro na parede, o jornalista Louis Leroy acusou o pintor e seu grupo de fazerem borrões. Com desprezo, chamou as obras de impressionistas. Este desprezo acabou por dar origem ao movimento: Impressionismo.
Os impressionistas captavam em suas telas as constantes alterações que a luz solar provocava nas cores da natureza e sobre os objetos. Quem não analisasse bem acharia mesmo que fossem borrões.
Depois dessa concepção artística, surgiram no inicio do século XX mais tendências que serviram para desintegrar as formas tradicionais de expressão artística. Uma dessas tendências era o expressionismo, que representou novo tipo de Academismo, e mesmo contra o Impressionismo. Os princípios expressionistas já existiam nas pinturas do Holandês Vincent Van Gogh.
Em 1905, surgiu o Fovismo na França. Seu maior representante foi Henri Matisse. Os fovistas abandonaram as regras tradicionais acadêmicas, que era o desenho detalhado e o claro-escuro. Eles passaram a Usar as cores de forma pura, com realces nos contornos com traços escuros.
Em 1907, aparece mais um pintor, estes com um algo bem diferente e expôs sua obra em Paris uma tela chamada As senhoritas de Avignon. Suas figuras eram tão deformadas que algumas pessoas ficavam pensativas em aprecia-las outras nem isso faziam. O artista era Pablo Picasso.
Picasso teve em mente procurar novas formas para representar o corpo humano e os objetos. Seu objetivo era reduzi-los a elementos geométricos básicos. Em seus quadros, os objetos eram recompostos num jogo de linhas e planos.
Em 1909, surgiu o Futurismo, este como o próprio nome expressa, tinha como objetivo deixar o passado no lugar dele, ou seja, no passado e preocupar-se mais com o futuro , isto de certa forma de maneira exagerada. Seus temas eram as multidões, as fábricas, as tecnologias. Na pintura futurista, as imagens apareceram dinamizadas pela repetição.
O cubismo, o Expressionismo e o futurismo todos estes movimentos estavam relacionados com o que é visível.
Em 1910, essa corrente foi cortada, com o russo Kandinski. Segundo ele, cada quadro tinha de expressar um estado de espírito, não se limitar apenas a uma simples representação de objetos.

Música

Na passagem do século XVIII para o século XIX, a musica europeia era dominada pelo Romantismo alemão. Ludwig Van Beethoven e Franz Schbert foram os nomes mais destacados da primeira geração romântica.
Na Itália, os destaques foram para Giuseppe Verdi e Giacomo Puccini, que eram mestres da ópera e cultores do Bel Canto. Em 1910, o russo Igor deixou a tradição musical na corda bamba, deu um verdadeiro abalo na música, com a composição O Pássaro de Fogo. Mas em 1912, o austríaco Arnold criou a musica serial.

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